Instituto de Ciências Humanas

Departamento de História
Prática de Pesquisa Histórica – HIS 0126
Professor: Francisco Doratioto
Evelyn Gonçalves da Silva Lopes – 190086904

Eleição do Presidente Lula (27/10/2002)

Nas eleições presidenciais de 2002, após três tentativas frustradas de
1989, 1994 e 1998, Luíz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT)
manteve a liderança da disputa presidencial durante todo o primeiro turno nas
pesquisas. No segundo turno, disputando com José Serra do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), Lula foi eleito presidente da República. Após
três derrotas, sempre ocupando o segundo lugar, houve uma mudança no
comportamento eleitoral de cidadãos que sempre votavam em adversários,
desta vez decidindo elegê-lo. No dia 27 de outubro de 2002, Lula foi eleito com
61,27% dos votos.
Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito no
primeiro turno. Impedido de se reeleger e com o nível de popularidade
diminuído durante o segundo mandato, criou-se um cenário complicado para o
seu sucessor José Serra (PSDB) na disputa em 2002. Apesar do governo
desgastado, da queda na taxa de crescimento, do desemprego e aumento da
dívida pública, algumas conquistas de seu governo, como a estabilidade
econômica eram reconhecidas pela população, e além disso, a imagem do
FHC havia sido preservada e continuava sendo prestigiada.
Esse fato ajudou que o candidato José Serra pudesse chegar ao
segundo turno, porém, também o atrapalhou. Seu principal problema é que ele
representava a continuidade de um governo cuja avaliação estava
majoritariamente negativa. Fundamentalmente, o descontentamento da
população era por perceber que o governo FHC não fez o suficiente para
melhorar a vida das pessoas mais pobres (CARREIRÃO, 2004). Podendo
concluir que a população queria mudanças, mas também não desprezava os
avanços que haviam sido conseguidos pelo governo FHC.
 A eleição presidencial de 2002 foi a primeira a receber uma grande
visibilidade da mídia, tanto em número de quantidade de pesquisas, como em
quantidade de debates promovidos. No caso da televisão, isto ocorreu de modo
ainda mais intenso. A emissora Rede Globo, por exemplo, inovou em sua
cobertura, dando início a realização de entrevistas individuais ao vivo com os
candidatos no Jornal Nacional. Entretanto, os grandes responsáveis pelas
alterações nos percentuais de votos dos candidatos foram o horário partidário e
o horário eleitoral gratuito (COUTINHO; FIGUEIREDO, 2003, pág. 98).
Durante o primeiro turno, disputaram seis candidatos: Luís Inácio Lula da
Silva (Partido dos Trabalhadores), José Serra (Partido da Social-Democracia
Brasileira), Anthony Garotinho (Partido Socialista Brasileiro), Ciro Gomes
(Partido Popular Socialista), José Maria (Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificado) e Rui Pimenta (Partido da Causa Operária). Nenhum candidato
obteve maioria absoluta dos votos válidos, passando ao segundo turno Lula
(46% dos votos válidos) e Serra (23% dos votos válidos). No 2º turno, Lula
ganhou o apoio de Anthony Garotinho e de Ciro Gomes.
Antes do início do processo eleitoral, Roseana Sarney (PFL), filha do ex-
Presidente José Sarney (1985-1990), tinha grandes chances de vencer Lula no
segundo turno, segundo pesquisas DataFolha (CARREIRÃO, 2004, pág. 182).
Porém, sua candidatura foi derrubada pela Polícia Federal devido a apreensão
de uma enorme quantia de dinheiro em espécie em uma empresa de sua
propriedade.
Dentro do contexto da época, conclui-se que a maior parte do eleitorado
estava disposta a votar em um candidato que representasse uma mudança nos
rumos políticos do país. Algo que favorecia o candidato Lula, que durante o
governo de FHC manteve uma posição crítica em relação a gestão do mesmo.
Entretanto, apenas esse fato não assegurava a vitória do candidato.
Tendo em vista a estratégia da mídia de hipervisibilidade das eleições
durante o ano de 2002, houve a tentativa da mesma de se manter imparcial e
também uma grande diversidade de posicionamento político dentro e fora dos
meios de comunicação. Com essa superexposição, gerou-se uma disputa de
visibilidade entre os candidatos em busca de votos, assim como de emissoras
em busca de audiência (BOLSHAW, 2006).
 Lula, candidato já derrotado em três eleições passadas, era
estigmatizado por sua inexperiência administrativa, pela sua imagem como
líder radical de esquerda, por promover greves e por não ter diploma de ensino
superior. Dessa forma, o futuro presidente precisava mostrar como pretendia
governar o Brasil num cenário complexo, marcado por crises sucessivas.
O candidato Lula do PT foi o presidenciável que mais soube tirar
proveito desta situação com sua estratégia de marketing político. De acordo
com COUTINHO e FIGUEIREDO (2003), o candidato soube tirar vantagem do
fato de já ser conhecido das eleições passadas e do seu posicionamento de
diálogo permanente com a imprensa durante a campanha. Assim como,
encontrou como solução para sua imagem de “líder radical de esquerda”,
mostrando um Lula conciliador de classes, e para a falta de um diploma de
nível superior, o candidato mostrou-se amparado por uma equipe de
especialistas, de forma a tentar compensar a falta de preparo acadêmico e
prático do presidenciável. O candidato revelou-se disposto a continuar com as
linhas principais da política econômica do governo FHC e afirmando que
saberia ser flexível e negociar o que fosse necessário para o bem do país.
Na “Carta ao povo brasileiro”, título dado a um texto assinado em junho
de 2002 pelo então candidato à presidência da república do Brasil, Luiz Inácio
Lula da Silva, assegurando que, em caso de sua vitória, o Partido dos
Trabalhadores (PT), respeitaria os contratos nacionais e internacionais,
assumindo compromisso com a manutenção dos contratos, metas de inflação e
superávit primário. Fato que contribuiu para reduzir o medo de certas camadas
em relação ao “radicalismo” petista e de Lula.
Diferente das três primeiras eleições, no qual Lula adotava uma
estratégia centrada na crítica ao passado e ao presente, na quarta optou por
uma estratégia voltada para o futuro (BOLSHAW, 2006). Outra grande
mudança foi o fato dos programas eleitorais se tornarem mais personalistas,
sendo mais centrados no candidato Lula, e não mais no partido, tornando o
candidato um grande líder populista.
Além disso, o presidenciável usou como estratégia também o fato de se
manter em primeiro lugar nas pesquisas durante todo o tempo, resultando na
disputa dos outros candidatos pelo segundo lugar, para então passarem ao 2°
turno, permitindo Lula manter uma campanha assertiva, enquanto os demais
candidatos brigavam entre si.
De retirante nordestino a chefe de Estado, pela primeira vez na história
brasileira venceu um candidato de um partido de esquerda. Lula ganhou as
eleições devido a sua capacidade política de dialogar com a mídia, com os
eleitores, com os outros partidos e candidatos, com as instituições e com a
realidade social brasileira. No ano de 2002 os eleitores brasileiros elegeram
pela primeira vez em toda sua história, e com o maior número de votos até
então, um candidato que não fazia parte da elite e que contestava seus
interesses, mudando a representação da identidade nacional do país.

Referências Bibliográficas
ALDÉ, Alessandra. As eleições presidenciais de 2002 nos jornais. Alceu
Revista de Comunicação, Cultura e Política, v. 3, n. 6, p. 93-121, 2003.
BOLSHAW, Marcelo Gomes. A imagem Pública de Lula e as Eleições
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13.
CARREIRÃO, Yan. A eleição presidencial de 2002: uma análise
preliminar do processo e dos resultados eleitorais. Revista de Sociologia e
Política, p. 179-194, 2004.
FIGUEIREDO, Rubens; COUTINHO, Ciro. A eleição de 2002. Opinião
Pública, v. 9, p. 93-117, 2003.
FILHO, Otávio Frias. Lula alcança 58%; Serra mantém 32%. Folha de
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PATÚ, Gustavo. PT precisa definir quem ganha e quem perde. Folha de
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04c195a32891a5d8ccd949a1539fc45f>