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Resumen: Este artículo tiene como objetivo discutir la realidad de la transformación del
espacio y el territorio con un análisis de caso de la implementación de Fiat en la ciudad de Be-
tim (MG). Para ello traeremos las nociones y conceptos de territorio y territorialidad trabaja-
dos con algunos autores canónicos como Milton Santos, a partir de ahí intentaremos hacer una
pequeña digresión histórica en planificación y desarrollo en el estado de Minas Gerais, y sólo
entonces podremos esbozar un conjunto de posibles conceptos para esta realidad.
Abstract: This article aims to discuss the reality of the transformation of space and ter-
ritory with the case analysis of the implementation of Fiat in the city of Betim (MG). For this
we will bring the concepts and concepts of territory and territoriality worked with some
canonical authors such as Milton Santos, from there we will try to make a small historical tour
in planning and development in the state of Minas Gerais, only then to outline a set of possi-
ble concepts for this reality.
1
Bacharel em Ciencias do Estado pela UFMG, mestrando do PGDPLAT da UFSJ sob orientação do Prof. Dr.
Cláudio Gontijo e Bolsista CAPES. Email: gabriel.de.souza.o.e.silva@hotmail.com.
1. Introdução: noções metodológicas e referenciais teóricos.
Para trazermos Ivan Domingues, podemos colocar que existirá uma diligência no
sentido de suprassumirmos as três estratégias de fundamentação da ciencia moderna - a
estratégia essencialista (século XVII), a fenomenista (século XVII), e a histórica (século
XIX). Tudo dentro do sistema trazido a lúmen por Hegel e nada fora dele.
2
Ver HEGEL, G.W.F. Filosofia da História. Trad. Maria Rodrigues e Hans Harden. 2. ed. Brasília: Ed. UnB,
1999, p. 35.
bem Chantal Mouffe3. O segundo fato é que essa confusão não se dá de forma despretensiosa
ou casuística. A não ocorrência da “confusão casual”, é explicitada, por sua vez, por Naomi
Klein4. Tanto uma quanto a outra agem de forma baste similar, mas possuem diferenças
sensíveis, que precisamos dominar para que possamos desarticular o que engessa o
desenvolvimento brasileiro; curiosamente a denúncia de ambas é sobre os países que compões
o globo, mas aqui tentaremos nos ater ao Brasil.
E por onde entra a confluência dessas ideias? Onde está a moderação dessa questão?
José Eli da Veiga estrutura sua obra em duas partes, uma sobre o desenvolvimento e
outra sobre a sustentabilidade, depois amarra nas bem fundamentadas ilações próprias que
chama de conclusão. Para esse enxerto apenas a primeira nos é útil, aliás, apenas a primeira
parte da primeira parte, já que no capítulo dois o autor trabalha a quantificação do
desenvolvimento, o que para nós é ainda mais exótico.
Nas palavras de Rivero (2002: 132), São os gurus do mito do desenvolvimento que têm
uma visão quantitativa do mundo. ignoram os processos qualitativos histórico-culturais, o
progresso não linear da sociedade, as abordagens éticas, e até prescindem dos impactos
ecológicos. com o fundo em crescimento econômico com o desenvolvimento de uma
modernidade capitalista que não existe nos países pobres. Com tal perspectiva, eles só
percebem fenômenos econômicos secundários, como o crescimento do PIB, o comportamento
das exportações, ou a evolução do mercado acionário, mas não reparam nas profundas
disfunções qualitativas estruturais, culturais, sociais e ecológicas que prenunciam a
inviabilidade dos ‘quase-Estado-nação subdesenvolvidos”. (VEIGA, 2010. p. 22-23).
Com tais ricas e amplas referências, o que Veiga tenta nos entregar é que o
desenvolvimento é um processo aberto que criam complexidades e diversidades. “Múltiplas
generalidades são fontes de múltiplas diversificações - algumas ocorrendo simultaneamente,
em paralelo, outras em sequência. Portanto, um simples processo básico, quando se repete, se
repete e se repete, produz atordoante diversidade” (VEIGA, 2010. p. 52).
Por fim, e não menos importante, e para deixar nosso texto preparado para realizar o
que ele se diz pretenso temos duas e não menos importantes conceptualizações que amarram
essa importante diferença seminal entre crescer e desenvolver, bem como, aponta para onde
imaginamos ser o ambiente propicio para que nossas ideias floresçam. Trabalhando a ideia de
renúncia do conceito de desenvolvimento e tentando o explicá-lo, o autor traz a inferência de
que esse fato não passa de uma armadilha ideológica, inventada para perpetuar as assimétricas
relações entre as minorias dominadas e as maiorias dominantes nos países e entre países. Essa
corrente tenta explicar o conceito, mesmo que não concreto e sem conteúdo operacional, de
uma possibilidade de estágio de ‘pós desenvolvimento’. É pontuado a importância desse
conceito, no sentido de entender a finitude do planeta, portanto a possibilidade de um
crescimento indefinido do produto material, entretanto, essa verdade óbvia, porém, não
fornece e não oferece sugestões do que deveria ser feito nas próximas décadas, para superar
os dois grandes problemas do século XX, apesar de seus progressos científicos e técnicos sem
precedentes; o desemprego em massa e a desigualdade crescente (VEIGA, 2010. p. 79-80).
Estes tão são incômodos nossos.
Para o autor é notável que “o ponto de partida que se entende por ‘desenvolvimento’ é
sua compreensão como processo histórico, como processo marcado por contradições, por
interesses conflitantes.” E tendo isso em vista ele faz referência a uma passagem de REIS,
1968 que explicita muitíssimo bem essa questão: “o BDMG logrou formar em sua equipe algo
equivalente a uma escola de pensamento, cujo maior mérito é, sem dúvida, o de haver
defrontado mitos e derrubado pseudotruísmos acerca da problemática econômica e social do
Estado.” E é claro, cabe ressaltar que não existe consenso sobre a presença do Estado no
desenvolvimento econômico e social, não existiu e nem existe.
E como sabemos, nem tudo são congruências amistosas, a criação do Indi - Agência de
Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais, seguido por parte do
BDMG e pela pressão do CDI, como nos conta Clélio Campolina (DINIZ, 1981. p. 156-159),
“no afã de industrializar o Estado a qualquer custo, desenvolveu sua estratégia de apoio
irrestrito ao capital estrangeiro e de concentração em torno de Belo Horizonte.”
Por fim, e não menos importante, é necessária a citação do BDMG enquanto instituição.
Com sua criação também no mesmo período, entretanto um pouco antes no ano de 1962, é
peça fundamental da história do desenvolvimento e planejamento de Minas Gerais aqui
discutida; nas sempre sábias palavras de João Antônio: “é nesse contexto que foi criado o
BDMG, instituição típica de uma época de um ethos, marcado pela ideologia do
desenvolvimentismo, o qual englobou o poder público, o ensino, a pesquisa, os meios de
comunicação, as forças políticas e sociais do país.” (DE PAULA, 2016. p. 1091)10.
Por fim, De Paula rende uma homenagem à instituição que dirigiu de 1989 a 1991,
sucedendo ao professor Campolina, diretor de 1987 a 1989:
Aqui nossa digressão tende a passar por um agente, por nós escolhido, para ser uma
espécie de referendador das ideias aqui propostas e articuladas. A fábrica Italiana de
Automóveis de Turim – FIAT vem para Betim no ano de 1976, a planta possui capacidade de
oitocentos mil veículos por ano e concluiu recentemente um investimento de 7 bilhões de
9
Duas obras fundamentais de Furtado e Tavares respectivamente que recomendamos com muita convicção de
tamanha importância para entendermos o desenvolvimento do pensamento brasileiro sobre desenvolvimento.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
TAVARES, M. A. Subdesenvolvimento, dominação e luta de classes. In: SOUSA, C. M., THEIS, I. M., and
BARBOSA, J. L. A., eds. Celso Furtado: a esperança militante (Interpretações): vol. 1 [online]. Campina
Grande: EDUEPB, 2020, pp. 203-227. Projeto editorial 100 anos de Celso Furtado collection. ISBN: 978-65-
86221-08-.
10
Ainda na página 1091, do mesmo artigo, João Antônio faz referência a obra de Obregon de Carvalho que
explica e explicita o que vinha sendo ensinado nas escolas de economia naquele momento com forte influência
francesa.
CARVALHO, Obregon. A Procura de bens de consumo. Revista da Faculdade de Ciências Econômicas, da
Universidade de Minas Gerais, Ano III, n. 5, janeiro-junho, 1954.
11
Sobre reflexões do pensamento único de filosofia especulativa e propositiva recomendamos Gonçal Mayos.
MAYOS SOLSONA, G.. Limites da hiperespecialização: Necessidade da macrofilosofia. Revista de Ciências
do Estado, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 1–21, 2021. DOI: 10.35699/2525-8036.2021.35658. Disponível em:
https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e35658. Acesso em: 27 ago. 2021.
reais, que modernizou a fábrica de Betim. em seu próprio site a empresa diz ter” compromisso
com o Brasil pioneirismo e inovação como características marcantes, produtos de alta
qualidade e tecnologia, design admirado, respeito ao consumidor e responsabilidade
socioambiental”12. Complementa que: “A Fiat Automóveis também investe no
desenvolvimento de novos produtos, novas tecnologias, qualidade e capacitação da
engenharia para executar projetos cada vez mais ousados e inovadores. Tudo em sintonia com
os desejos e as aspirações dos clientes”.
Sendo a fiat uma marca global da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), o sétimo maior
fabricante mundial de automóveis. O Grupo tem unidades produtivas em 40 países e presença
comercial em aproximadamente 150 países. A FCA é líder em vendas no mercado de
automóveis e veículos comerciais leves no Brasil.
Segue dizendo que “prega a constante adoção de práticas de gestão que a colocam como
sinônimo de excelência e orgulho entre seus clientes, acionistas, empregados”.
12
Disponível em: https://www.fiat.com.br/institucional.html. Acessado em 30/08/2021
13
Op. Cit. Ibidem
que façam um minucioso estudo comparativo das plantas de Cassino na Itália e Betim no
Brasil.
Quadro 1 de elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo artigo de Adriana Vieira e
Fernando Coutinho Garcia.
Quadro 2 de elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo artigo de Adriana Vieira e Fernando
Coutinho Garcia.
Os autores trazem uma postulação inicial bastante conclusiva, mesmo que essa esteja no
início do texto: “pode-se dizer que, em nível tecnológico, as duas fábricas situam-se em
extremos opostos, ou seja, a fábrica no Brasil caracteriza-se pelo uso de uma automatização
reduzida e tradicional, enquanto a de Cassino/Itália pode ser considerada uma das fábricas
mais automatizadas do grupo Fiat, e da Europa”. (VIEIRA; GARCIA, 2004. p.57).
Quadro 3 de elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo artigo de Adriana Vieira e Fernando
Coutinho Garcia.
14
A sequência de quadros Utilizada foi apresentada na aula da Prof. Dr. Simone Narciso de Faria Shiki no
seminário final da disciplina de Espaço, Região e Território, onde tentamos esmiuças o artigo de Adriana Vieira
e Fernando Coutinho Garcia relacionando com os conceitos de território
Quadro 4 – Qualificação Formal dos Trabalhadores Cassino/Italia.
Quadro 4 de elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo artigo de Adriana Vieira e Fernando
Coutinho Garcia.
E concluem que o que está em jogo é o controle do trabalho, o que permite que
diferentes requisitos de escolarização convivam em espaços diferentes de produção:
É muito claro, para Milton Santos que, a formação do território é uma tarefa dinâmica
realizada, ou como consequência da ação antrópica; o que não é diferente para a
implementação da planta produtiva da empresa Fiat no município de Betim. É muito nítida
também, a percepção dialética do autor para interpretar a realidade, em seu “1992: a
redescoberta da natureza” ele explica autocrítica da seguinte maneira: “autocrítica é - no
caminho - a busca de revisão do caminho”. Nesse entendimento fica claro, mais uma vez, que
o processo constitutivo, seja ele do território, ou da autocrítica, por exemplo, são “auto
constitutivos”. Ou seja, dessa forma, a dinamicidade verificada é ainda maior.
Ainda em seu 1992, o autor utiliza se de alegorias quase que místicas, digamos, para
conseguir trazer a lúmen a sua forma de compreensão da realidade. A relação da Natureza
mágica e da Natureza racional, como o professor em alguns momentos cinde a realidade,
para explicá-la, se reconcilia na natureza atroz e no homem atroz, como o próprio autor
explica. Santos (SANTOS. 1992, p.96.). Portanto é muito claro que todas as possíveis
transformações que o espaço escolhido (Betim) venha a sofrer estão aqui explicadas nessa
natureza quase que caótica relatada pelo geógrafo brasileiro.
Parece que os esforços do poder público mineiro no caso Fiat, por exemplo, no afã de se
resolver o problema industrial - e sediado em um outro paradigma de entendimento de
15
Robin Hood (conhecido em Portugal como Robin dos Bosques) é um herói mítico inglês, um fora-da-lei que
roubava da nobreza para dar aos pobres. Teria vivido no século XII, aos tempos do Rei Ricardo Coração de
Leão, e das grandes Cruzadas. Era hábil no arco e flecha e vivia na floresta de Sherwood, onde era ajudado por
um bando de amigos, do qual faziam parte João Pequeno, Frei Tuck, Allan Dale e Will Scarlet, entre outros
moradores do bosque. Prezava a liberdade, a vida ao ar livre, e o espírito aventureiro. Ficou imortalizado como
"Príncipe dos ladrões". Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Robin_Hood#cite_note-1. Acessado em
31/08/2021.
desenvolvimento - gerou a longo prazo talvez mais complicações do que soluções. É muito
simples olhar para trás e apontar defeitos, não é o que pretendemos. Pretendemos com o olhar
para trás, não repetir os erros do passado. O escritor mineiro Pedro Nava dizia que “a
experiência é um farol voltado para trás”, de fato o é. Entretanto, toda experiência possui
serventia, tudo que está posto, tudo que ocorreu será fator de produção do presente e do
futuro; somente a ave representante da sabedoria - a coruja de Minerva 16 - consegue voar para
“frente”, com o seu pescoço lançando visão para “trás”; sem deixar de continuar seguindo
para frente de forma ininterrupta, todos os dias, após todos os crepúsculos.
16
Na mitologia grega, o mocho-galego (Athene noctua) tradicionalmente representa ou acompanha Atena, a
deusa virgem da sabedoria, ou Minerva, sua encarnação sincrética na mitologia romana. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coruja_de_Atena#cite_note-Eason_2008-1. Referenciado em: Eason, Cassandra
(2008). Fabulous Creatures, Mythical Monsters, and Animal Power Symbols: A Handbook (em inglês). Minerva,
a deusa romana da sabedoria, possui a coruja como sua criatura sagrada, assim como fez Atena, sua antiga
homóloga grega. Atena foi muitas vezes representada com uma coruja, cuja esta é considerada um símbolo da
sabedoria em ambas as culturas. A imagem mais conhecida da coruja de Atena, o mocho-galego, é vista em
moedas atenienses antigas que datam do século V, AEC. Para os romanos, uma pena de coruja colocada perto
duma pessoa a dormir, poderia fazê-la falar e revelar seus segredos, enquanto dormia. No entanto, em Roma, a
coruja era considerada um prenúncio da morte, se estivesse empoleirada num telhado ou num edifício público a
piar. As mortes de vários imperadores romanos, incluindo o assassinato de Júlio César, foram assinaladas por
uma aterragem e pio duma coruja. Westport: Greenwood Publishing Group. 71 páginas. ISBN 9780275994259
Referências Bibliográfica:
HEGEL, G.W.F. Filosofia da História. Trad. Maria Rodrigues e Hans Harden. 2. ed.
Brasília: Ed. UnB, 1999, p. 35.
HORTA, José Luiz B. FREIRE, Thales M.; SIQUEIRA, Vinicius de. A Era Pós-
Ideologias e suas ameaças à Política e ao Estado de Direito. Confluências (Niterói), v. 14, p.
120-133, 2012.
HORTA, José Luiz B. Entre o Hegel Racional e o Hegel Real. In. BAVARESCO,
Agemir; MORAES, Alfredo. Paixão e Astúcia da Razão. Porto Alegre: Editora Fi, p.125-142,
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HORTA, José Luiz Borges. História do estado de direito. Imprensa: São Paulo,
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2000, Cap. 1 e 5.
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