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Segundo o CENSO 2010, no Espírito Santo, são mais de oitocentos e vinte e quatro mil
pessoas com algum tipo de deficiência, ou seja, 23,45% da população do estado. No
Brasil esses números já ultrapassam quarenta e cinco milhões de habitantes, sendo
quase 24% da população portador de necessidades especiais.
Segundo Vescia (2012), as escolas regulares, de ensino público e privado, mudaram sua
metodologia e incluem entre seus alunos crianças e adolescentes com deficiências.
Dessa maneira, ao longo do tempo, surgiu-se a necessidade de criar locais que
funcionassem como apoio a essas escolas, recebendo e dando suporte aos deficientes. O
centro de apoio é um local aonde as pessoas portadoras de necessidades especiais
podem realizar atividades extracurriculares, aprimorar suas habilidades e desenvolver os
conteúdos aprendidos na escola, aprimorando o projeto de vida da criança, além de dar
apoio e o suporte necessário aos familiares.
Segundo a Fenapaes (2011), uma das principais preocupações dos centros de apoio é
garantir a participação da família dos deficientes das diversas atividades promovidas pela
instituição, pois a família é o primeiro universo social da criança. O nascimento de um filho
com deficiência intelectual requer uma estrutura econômica, emocional, social, dentre
outros. A vida com uma criança especial pode fragilizar a família, trazendo sentimentos de
incertezas, de incapacidades e de menos-valia, mas também pode ocorrer o
fortalecimento, vencendo medos, incertezas e preconceitos.
De Acordo com Bucher-Maluschke (2011), é dever dos centros de apoios contribuir para o
fortalecimento dessas famílias, acompanhando e tratando das crianças desde o
nascimento até a fase de adolescência, ajudando-os a desenvolver suas habilidades e
procurando proporcionar a elas uma melhor qualidade de vida.
Fenapaes (2011) realizou uma pesquisa com 3.929 pais ou responsáveis pelos
portadores de necessidades especiais nas cinco regiões do Brasil que são atendidos pelo
movimento Apaeano. Após essa pesquisa foi aplicada para cada pessoa um questionário
que abordava a caracterização da ApaeS, tempo de frequência da pessoa na instituição, a
deficiência da pessoa e suas necessidades, tipo de residência em que a família vive grau
e como ela participa dos cuidados pessoais dela própria e as atividades de lazer.
Verifica-se também no gráfico que o maior número de crianças entra na instituição a partir
de um ano de idade e os usuários ficam satisfeitos com o trabalho desenvolvido e passam
a ser usuários assíduos até um período de cinco anos, que é a frequência mais alta
analisada pela pesquisa. Pode-se verificar que, assim que essa faixa passa dos cinco
anos de tratamento, ela cai 20%, por o indivíduo ter desenvolvido suas habilidades e na
adolescência e conseguir ter autonomia nas suas atividades diárias. Já os usuários que
permanecem por mais de dez anos, são pessoas que dependem de um apoio mais
intensivo, geralmente pacientes com uma deficiência mais intensa e que necessitam de
apoio desde a infância até a velhice (BUCHER-MALUSCHKE, 2011).
Hoje no Brasil, a maior instituição que apoia e trata pessoas portadoras de necessidades
especiais é a Apae, que segundo Fenapaes (2013), já passam de 2.123 Instituições em
todo o Brasil1. A Apae trabalha diariamente para garantir aos portadores de necessidades
especiais um espaço aonde elas possam ser vistas como cidadãos que precisam de um
cuidado especial, dando todo o suporte psicológico e terapêutico que eles necessitam. E
é dentro desse contexto que o próximo subitem se refere (FENAPAES, 2013).
Segundo Fenapaes (2013), a Apae foi fundada em 1954 no Rio de Janeiro e atualmente
conta com 2.123 unidades de apoio em todo o Brasil, como foi explanado anteriormente.
Essas unidades estão disponíveis em tempo integral ao seu público alvo, que são
pessoas com deficiências intelectuais, múltiplas e síndromes, além de suas famílias,
atuando na área da educação, saúde, trabalho e assistência social. Essa entidade está
muitas vezes assumindo o papel da saúde e da educação, fazendo um trabalho educativo
1 Na Região Norte são 119 unidades, no Nordeste são 266 unidades, no Centro Oeste 164
unidades, no Sul são 743 unidades e na Região Sudeste com o maior número de instituições que chegam a
831 unidades, sendo 40 delas no estado do Espírito Santo ( Fenapaes, 2013).
e preventivo de grande importância, há dezenas de anos.
Um estudo realizado pela Apae, segundo Tibola (2001), mostrou que a idade de
atendimento para os deficientes varia de 2 meses de idade até 88 anos, tendo uma média
de 12,4 anos, sendo 68% das pessoas com idade abaixo de 20 anos e somente 10%
possui mais de 30 anos.
Ainda segundo a autora, o Movimento Apaeano está dividido em quatro níveis, sendo eles
em ordem hierárquica, a Federação Nacional das Apaes, a Federação das Apaes do
Estado, a Delegacia Regional e a Apae, demonstrados na figura a seguir (Figura 7).
Ainda segundo Tibola (2001), a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e
é nela que a criança de zero a seis anos começa a desenvolver aspectos físicos,
psicológicos, intelectual e social, com apoio da família. O ensino fundamental é obrigatório
para o desenvolvimento da capacidade de aprender e a formação de atitudes e valores
para a vida por meio da aprendizagem e o programa de formação profissional é formado
por três etapas (iniciação para o trabalho, qualificação para o trabalho e colocação no
trabalho) que dá ao educando a oportunidade de aprender uma profissão e ser inserido
em um mercado de trabalho.
Em estudos feitos pela Apae, concluiu-se que a atividade física para crianças e
adolescentes excepcionais como a dança, a natação, a educação física, são ótimos para
o desenvolvimento e a expressão corporal deles, prevenindo doenças que possam vir a
desencadear ao longo da vida (TIBOLA, 2001).
O conteúdos trabalhados nos centros de apoio ligados à atividades físicas indicados para
excepcionais de 7 a 9 anos são o trabalho com a expressão corporal como domínio sobre
os movimentos do corpo, controle da inibição, relações afetivas com objetos, participação
em lutas e jogos sem discriminação, participação e apreciação de brincadeiras mostradas
pelos colegas, resolução de problemas corporais de cada indivíduo, entre outras
atividades. Para crianças de 10 a 12 anos são trabalhadas a parte do eu-corporal como
participação de competições obedecendo as regras das mesmas suportando possíveis
frustrações, sem atitudes violentas, análise do desempenho dos colegas, além de reflexão
do seu próprio desempenho, participação da elaboração de coreografias e de
apresentações coletivas (TIBOLA, 2001).
Figura : Estrutura dos projetos especiais ligados a educação física, desporto e lazer.
Fonte: TIBOLA, 2001, p.28.
Figura : Cozinha montada na instituição Apae para o programa cozinha experimental com jovens
excepcionais.
Site da Apae ES < http://www.apaees.gov.br>. Acesso em: Outubro de 2013.
O programa de qualificação profissional oferece o desenvolvimento de suas habilidades
específicas em uma profissão e tem como objetivo treinar o trabalhador para exercer suas
atividades profissionais em um mercado de trabalho concorrido, aperfeiçoar os
conhecimentos básicos necessários para a profissionalização e oferecer a ele condições
para o desenvolvimento de sua postura adequada ao trabalho. (FIAROVANTE, 2011).
A Meta 4 do PNE2 do Plano Nacional de Educação cita o corte das verbas públicas que
Portanto, os alunos excepcionais que serão incluídos no ensino regular terão a educação
base como todos os outros brasileiros, porém no ensino regular não se tem um
acompanhamento psicológico devido, nem terapias que possam ser trabalhadas as
limitações da criança ou do adolescente para um melhor desenvolvimento. Fica então a
dúvida com relação à inclusão escolar. Será que ela está suprindo as reais necessidades
de uma pessoa portadora de necessidades especiais e faz com o que o desenvolvimento
dela seja similar ou melhor do que em um centro de apoio? Uma medida de solucionar tal
problema talvez fosse conciliar o ensino regular e manter as atividades nos centros de
apoio pedagógico, como havia sido assinado o decreto nº 7.611, com a matrícula dupla.
No próximo capítulo são analisados três estudos de caso, um centro de apoio no Estado
do Espírito Santo, sendo a principal instituição de apoio do Estado; um centro de apoio
em São Paulo, que é uma referência no Brasil; um centro de apoio na Espanha que é um
modelo de instituição na Europa.