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XXIII Encontro Nac. de Eng.

de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003

Utilização da metodologia FMEA para a análise dos impactos


ambientais em uma empresa do ramo de usinagem

Manoel Fernando Martins (UFSCar) manoel@power.ufscar.br


Tatiane Fernandes Zambrano (UFSCar) tatiane@dep.ufscar.br

RESUMO
O trabalho foi realizado em uma empresa de pequeno porte fabricante de pinos de pistão
para compressores, localizada no centro do Estado de São Paulo. O objetivo deste trabalho
foi verificar a viabilidade da aplicação da metodologia FMEA - Análise do Modo e Efeito de
Falhas para a análise dos impactos ambientais. Para tanto, foi realizado um levantamento
das entradas e saídas de cada operação do processo de usinagem do pino de pistão.
Posteriormente, para cada resíduo e efluente, foi calculado o Risco Ambiental através da
multiplicação dos índices adotados para a severidade do impacto ambiental, para a
probabilidade de ocorrência do impacto e a para facilidade de detecção do impacto.
Finalmente, foram recomendadas ações para minimizar os impactos existentes e prevenir os
impactos potenciais.
Palavras chave: FMEA, Impactos Ambientais, Gestão Ambiental.

1. Introdução
Nos últimos anos, a sociedade mundial tem assistido ao cenário de constante degradação
ambiental, refletindo na escassez dos recursos naturais, na poluição das águas e do ar, nas
mudanças climáticas e na disposição inadequada dos resíduos tóxicos. Desta forma, os
consumidores que exigiam produtos de melhor qualidade e de menor preço, têm se
conscientizado passando a se preocuparem também com a variável ambiental.
As organizações necessitam se direcionarem não só para a melhoria da qualidade, mas
também, para a melhoria do desempenho ambiental de seus processos. Para tanto, convém
adaptar as ferramentas e as metodologias já desenvolvidas pelo Gerenciamento da Qualidade
Total – TQM para o Gerenciamento Ambiental. Segundo KINLAW (1997: XX), “para os
líderes empresariais, torna-se cada vez mais evidente que a responsabilidade ambiental é o
passo seguinte à qualidade total, e é um passo imprescindível às empresas para que
permaneçam competitivas e lucrativas”.
A metodologia Análise do Modo e Efeito de Falha – FMEA já foi bastante difundida e
utilizada para a análise de falhas de projeto e processo. Este trabalho objetivou verificar a
viabilidade da aplicação da metodologia FMEA para a análise dos impactos ambientais
gerados pela operação de usinagem em uma empresa de pequeno porte localizada no centro
do Estado de São Paulo. Para tanto, este artigo se inicia com a descrição da metodologia
FMEA, ilustrando as adaptações dos índices de severidade, ocorrência e detecção. Em
seguida, tem-se uma breve introdução sobre a poluição das águas, do solo e do ar.
Posteriormente, no item “Estudo de Caso”, apresenta-se a aplicação da metodologia e a
análise dos resultados. Finalmente, tem-se a conclusão deste estudo.
2. Análise de Modo e Efeitos de Falha – FMEA
De acordo com a definição de HELMAN & ANDERY (1995: 25), “FMEA – Análise dos
Modos e Efeitos das Falhas – é um método de análise de projetos (de produtos ou processos,

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industriais e/ ou administrativos) usado para identificar todos os possíveis modos potenciais


de falha e determinar o efeito de cada uma sobre o desempenho do sistema (produto ou
processo), mediante um raciocínio basicamente dedutivo”.
A metodologia FMEA consiste no cálculo do Risco de ocorrência de uma falha, através da
multiplicação dos índices dados para a “severidade”, “ocorrência” e “detecção” das falhas.
Para utilizar esta metodologia com ênfase ambiental, foi necessário adaptar a classificação dos
índices de “severidade”, “ocorrência” e “detecção”, porém o cálculo do Risco se manteve o
mesmo. Nos quadros seguintes estão descritas as classificações de “severidade”, “ocorrência”
e “detecção” para uma análise ambiental.

Severidade do Impacto Ambiental Classificação


Muito Alta: Produtos muito danosos ao meio ambiente que não são tratados
pela organização. (Exemplos: resíduos que apresentem as características:
9 - 10
corrosividade, reatividade, explosividade, toxicidade, inflamabilidade,
patogenicidade e reatividade).
Alta: Produtos danosos ao meio ambiente que não são tratados pela
7-8
organização. (Exemplos: metais, vidros, plásticos).
Moderada: Produtos pouco danosos ao meio ambiente que não são tratados
4–6
pela organização. (Exemplos: resíduos de fácil decomposição).
Baixa: Produtos muito danosos, danosos ou pouco danosos ao meio
2-3
ambiente que são tratados pela organização.
Menor: Produtos que não afetam o meio ambiente. 1
Fonte: Adaptado do Processo de Aprovação de Peça de Produção (2000).
Quadro 1: Classificações de Severidade

Ocorrência do Impacto Ambiental Classificação


Muito Alta: O dano ambiental não pode ser evitado e ocorre várias vezes. 9 – 10
Alta: O dano ambiental pode ser evitado e ocorre várias vezes. 7–8
Moderada: O dano ambiental ocorre ocasionalmente. 4–6
Baixa: O dano ambiental ocorre poucas vezes. 3
Muito Baixa: Não ocorre dano ambiental. 1-2
Fonte: Adaptado do Processo de Aprovação de Peça de Produção (2000).
Quadro 2: Classificações de Ocorrência

Detecção do Impacto Ambiental Classificação


Não detecção: A organização dificilmente detectará o dano ambiental e a
9 - 10
sociedade pode sofrer contaminação.
Detecção: A organização detecta facilmente o dano ambiental, porém não
7-8
adota ações preventivas e corretivas. A sociedade pode sofrer contaminação.
Detecção: A organização detecta facilmente o dano ambiental, porém não
4–6
adota ações preventivas e corretivas. A sociedade não sofrerá contaminação.
Detecção: A organização detecta facilmente o dano ambiental e adota ações
1–3
preventivas e corretivas.
Fonte: Adaptado do Processo de Aprovação de Peça de Produção (2000).
Quadro 3: Classificações de Detecção

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3. Poluição das Águas, do Solo e do Ar


O descarte incorreto de resíduos, durante o processo produtivo, pode provocar a contaminação
do solo, ar e da água.
Segundo uma definição proposta pela Organização Mundial da Saúde apud VALLE
(1955:25), “um resíduo é algo que seu proprietário não mais deseja, em um dado momento e
em determinado local, e que não tem um valor de mercado”. Desta forma, nem todo resíduo é
nocivo. Para um resíduo ser considerado perigoso é necessário que ele possua algumas
propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas como: corrosividade, reatividade,
explosividade, toxicidade, inflamabilidade, patogenicidade e reatividade.
A poluição das águas pode contaminar a cadeia alimentar, levando o homem à ingestão de
alimentos com substâncias tóxicas, pesticidas agrícolas ou resíduos de atividades
mineradoras. Há outro ponto a se observar, como a água dos rios está em contato com o solo,
ela pode contaminá-lo e também as águas do subsolo.
A contaminação das águas pode-se dar por várias formas como:
- Poluição orgânica: as bactérias presentes na água degradam os resíduos, acarretando um
consumo excessivo de oxigênio e provocando a mortandade de peixes.
- Presença de nutrientes (nitratos e fosfatos): consiste na eutrofização das águas, ou seja,
o crescimento descontrolado das populações de algas e plantas aquáticas que consomem
grandes quantidades de oxigênio. Esta contaminação é geralmente causada pela
agricultura devido aos fertilizantes utilizados.
- Poluição causada por produtos tóxicos: liberados pelas indústrias.
- Poluição térmica: causada pela liberação de águas quentes, utilizadas para refrigeração
em indústrias. O aumento de temperatura diminui a concentração de oxigênio na água e
também propicia a proliferação de bactérias que o consomem, causando a mortandade de
peixes.
A poluição do solo se dá pela má disposição de resíduos e produtos contaminados. “O maior
risco da contaminação do solo por substâncias poluentes está no fato dessas substâncias serem
arrastadas pelas águas superficiais e subterrâneas até distâncias que se encontrem fora das
áreas sob controle e monitoramento, gerando uma pluma de contaminação cuja remediação
será custosa e demorada. Por essa razão, o estudo da contaminação do solo e as soluções
adotadas para evitá-la estão quase relacionados com a contaminação das águas” (VALLE,
1995: 35).
A contaminação do ar pode ocorrer por fontes fixas, como chaminés de indústrias ou por
fontes móveis como carros, atividades de mineração etc. Os principais poluentes são: óxido de
enxofre, gerado por indústrias que trabalham com a queima de combustíveis fósseis, óxido de
nitrogênio e monóxido de carbono, cuja principal fonte são os veículos, hidrocarbonetos e
solventes orgânicos, gerado nas indústrias na aplicação de tintas etc. Atualmente, devido aos
avanços tecnológicos no projeto de instalações de filtragem e de tratamento de gases e
vapores, a emissão de poluentes no ar pode ser controlada.
4. Estudo de Caso
Neste item será apresentada uma adaptação da metodologia FMEA, com o intuito de analisar
os impactos ambientais em uma empresa de pequeno porte do setor de usinagem. Esta
empresa produz atualmente 22 tipos diferentes de pinos de pistão para compressores.

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4.1 Classificação da Atividade da Empresa Estudada


A empresa estudada pode ser classificada como uma empresa do setor metal-mecânico, cujo
processo se caracteriza pela usinagem de aço.
De acordo a Fiesp / Ciesp (2001), as atividades potencialmente poluidoras e que utilizam
recursos ambientais podem ser classificadas em alto, médio ou pequeno. O setor metal-
mecânico é classificado como “médio”.
4.2 Levantamento das Entradas e Saídas das Operações de Usinagem
As operações de produção do pino de pistão são: torneamento, centrífuga, tamboreador,
furação, retífica, aplicação de protetivo e classificação.
Durante o ano de 2002, a empresa estudada produziu 9.743.480 pinos de pistão. A
quantificação das entradas e saídas do processo de usinagem foi estimada para todos os pinos
fabricados durante este período. O levantamento das entradas e saídas de cada operação de
usinagem do pino de pistão está descrito nos quadros seguintes.
Entradas Saídas
Matéria-prima fora de Reuso ou
Produto Quantidade Unidade →
especificação Reciclagem
Aço 120900 kg Refugo - equivalente a
→ Reciclagem
Bits 246 un. 343.942 produtos
Afiação →
Blank 246 un. Ferramentas sem corte → Reciclagem
Torno ou Descarte
Retorna ao
Garra 6 un. →
Processo
Pinça 78 un. Óleo → Desperdiçado
Não pode ser
Perfil 18 un. → Reaproveitado
Óleo: Ecocut Produto + Óleo +
2400 litros → Centrífuga
M202HD Cavaco
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 4: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Torneamento

Entradas Saídas
Centrífuga Óleo → Aditivado → Retorna para o Torno
Produto + Óleo + Cavaco
Produto + Cavaco → Tamboreador
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 5: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Centrífuga

Entradas Saídas
Tamboreador Cavaco → Reciclagem
Produto + Cavaco
Produto → Furação
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 6: Descrição das Entradas e saídas da Operação de Tamboreamento
Durante o ano de 2002, o total de cavaco descartado no setor de torneamento foi 20.184 kg; a
água consumida nos setores de torneamento, centrífuga e tamboreamento foi 201.000 litros e
a energia elétrica consumida nestes setores foi 42.160 kw.

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Entradas Saídas
Retorna ao
Produto Quantidade Unidade →
Água + Óleo processo
Água 603000 litros → Desperdiçada
Afiação →
E.E. 13165 KW Broca sem corte → Reciclagem ou
Furação
Descarte
Broca 10190 un. Cavaco → Reciclagem
Óleo:
Refugo equivalente a
Ecocool 960 litros → Reciclagem
129.793 produtos
MH6000
Produto Produto → Retífica
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 7: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Furação
Durante o ano de 2002, o total de cavaco descartado no setor de furação foi 4.919 kg; a água
consumida neste setor foi 603.000 litros e a energia elétrica consumida foi 13.165 kw.
Entradas Saídas
Produto Quantidade Unidade Retorna ao
Água + Óleo →
Óleo: Ecocut Sistema
1000 litros
M202HD Rebolo → Descarte
Contaminação
Antiespumante Retífica Pó de cavaco →
40 litros do ar
SE
Refugo
equivalente a → Reciclagem
Rebolo 12 un.
39.813 produtos
Produto Produto → Aplic.Protetivo
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 8: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Retífica

Entradas Saídas
Aplicação
Produto Quantidade Unidade Retorna ao
de Óleo →
Óleo: Anticorit Sistema
400 litros Protetivo
DFOC Produto → Classificação
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 9: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Aplicação de Protetivo

Entradas Saídas
Classificação
Produto para ser classificado Produto final
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 10: Descrição das Entradas e Saídas da Operação de Classificação
Durante o ano de 2002, a água consumida nos setores de retífica, aplicação de protetivo e
classificação foi 18.5000 litros e a energia elétrica consumida nestes setores foi 89.840 KW.
4.3 Aplicação da Metodologia FMEA para Análise dos Impactos Ambientais
Para aplicar a metodologia FMEA com ênfase ambiental, foi necessário adaptar a tabela
tradicional, incluindo a coluna “Aspecto / Impacto Ambiental Potenciais” e também substituir
a coluna “Descrição da Falha” pela descrição genérica das saídas do processo em questão.

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Tipo de Efeito da Causa da Aspecto / Impacto Controles


Descrição das
Falha Falha Falha Controles Atuais Ambiental S O D R Ambientais - Ações
Saídas - Função Potenciais
Potencial Potencial Potencial recomendadas
Não-
O material pode Produto
Aço - Matéria- conformidade
Matéria- Produto Final ser reaproveitado refugado pode
prima para a do Fornecedor
prima fora de fora de por outra empresa poluir o meio 3 2 2 12 -
fabricação de - Falha na
especificação especificação ou encaminhado ambiente –
pino inspeção de
para a reciclagem Poluição do solo
recebimento
Produto Implementação de
Bits, Blank, Reciclagem dos refugado ou afiações preventivas
Perfil, broca - Material sem Produto fora Período de produtos e componente já para evitar que
componentes sem corte
Peças corte ou de afiação muito Reciclagem ou utilizado pode 7 9 6 378 produzam produtos não-
componentes do desgastados especificação longo Descarte destes poluir o meio conformes - Reciclar
torno componentes ambiente – 100% dos componentes
Poluição do solo descartados
Produto
Implementar limpezas
A sujeira das Reciclagem dos refugado ou
Garra e Pinça - periódicas destes
Não fixação Produto fora barras pode produtos e componente já
Peças componentes do torno
da barra de de acumular na Reciclagem ou utilizado pode 7 9 6 378
componentes do - Reciclar 100% dos
aço no torno especificação pinça e na Descarte destes poluir o meio
torno componentes
garra componentes ambiente –
descartados
Poluição do solo
Óleo descartado
Óleos A mistura deve ser
Dificuldades Mistura no esgoto pode
reaproveitados - Baixa ou alta refeita. Produto
para a inadequada do poluir o meio
Auxiliar o viscosidade, não pode ser 3 2 2 12 -
operação de óleo com o ambiente -
processo de impurezas descartado no
usinagem aditivo Poluição das
usinagem esgoto
águas
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 11: FMEA para Análise dos Impactos Ambientais

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Tipo de Efeito da Aspecto / Impacto Controles


Descrição das Causa da Falha Controles
Falha Falha Ambiental S O D R Ambientais - Ações
Saídas - Função Potencial Atuais Potenciais
Potencial Potencial recomendadas
Vendidos para
Óleo descartado
outros
Óleos que já não no esgoto pode
empresas
podem ser - - - poluir o meio 3 5 2 30 -
utilizarem
reaproveitados ambiente -
como
Poluição das águas
combustíveis.
As máquinas não
Quando a fabrica é
possuem proteção
lavada, o óleo do
Óleo para evitar que as Fixação de proteção
- - - chão é arrastado 8 10 8 640
Desperdiçado gotas de óleo nas máquinas
para o esgoto –
expelidas retornem
Poluição das águas
ao processo
As máquinas não Fixação de proteção
possuem proteção para As gotas de água nas máquinas para
Água - Misturada Desperdiço Escassez
evitar que as gotas de - evaporam – 7 10 8 560 que as gotas
com os óleos de água de água água expelidas Poluição do ar expelidas retornem
retornem ao processo ao processo
Implementação de
Refugo / Cavaco
Programas para
pode poluir o meio
Refugo / Cavaco - - - Reciclagem 3 2 3 18 diminuir a
ambiente –
quantidade de
Poluição do solo
refugo
Rebolo da Fim da Produto não é Disposição Final
- - Poluição do solo 7 8 5 280
Retífica vida útil reciclável Adequada
Pó do Cavaco – O pó entra em Exaustão do pó e
Resíduo da - - - - contato com o ar – 7 8 5 280 posterior disposição
Retífica Poluição do ar final adequada
Fonte: Empresa Estudada
Quadro 11: FMEA para Análise dos Impactos Ambientais

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4.4 Análise dos Resultados


Analisando a matriz do FMEA, acredita-se que o maior risco ambiental é o óleo desperdiçado.
Durante o processo de torneamento e furação, as gotas de óleo expelidas não retornam ao
processo, mas aderem ao chão da fábrica. Quando a fábrica é lavada este óleo é arrastado para
o esgoto. De acordo com a ficha técnica dos óleos utilizados pela empresa estudada, estes
produtos podem contaminar os cursos d’água.
Porém este dano ambiental pode ser facilmente evitado. A solução seria fixar uma proteção
nas máquinas para que as gotas de óleo retornem ao processo.
Como no setor de furação o óleo é misturado na água, a solução descrita acima também
acarretaria em uma economia d’água.
Por outro lado, a disposição final das ferramentas sem corte ou desgastas nem sempre é a
mesma, ora elas são encaminhadas para reciclagem, ora elas são descartadas junto com o lixo
comum. Para evitar este dano ambiental, convém que a empresa adote a coleta seletiva e
conscientize seus funcionários sobre sua importância.
O último ponto a ser considerado é a diminuição da quantidade de refugo. A solução
recomendada é a implementação de programas de qualidade e a intensificação as
manutenções preventivas nos equipamentos.
No geral, a empresa estudada não causa grandes danos ao meio ambiente. Uma vez que não
utiliza produtos tóxicos e uma certa parte dos metais são encaminhados para a reciclagem.
Porém, recomenda-se que a organização estudada sistematize o tratamento dado às saídas do
processo de usinagem.
5. Conclusão
Embora o FMEA seja uma metodologia bastante utilizada para a análise das falhas de projeto
e processo, esta metodologia também se mostrou importante para a análise dos impactos
ambientais.
Conclui-se que o FMEA pode ser utilizado como uma importante metodologia para a análise
dos impactos ambientais, pois este se mostrou ser de fácil utilização, interpretação dos dados
e pode ser divulgado e entendido por várias pessoas da organização.

Referências
FIESP / CIESP. Micro e Pequenas Empresas no Estado de São Paulo e a Gestão Ambiental, São Paulo,
2001.
HELMAN, H. & ANDERY, P. R. P. Análise de Falhas (Aplicação dos Métodos) de FMEA e FTA), Belo
Horizonte – MG, Fundação Christiano Ottoni, 1995.
KINLAW, D. C. Empresa Competitiva e Ecológica: Desempenho Sustentado na Era Ambiental, São Paulo,
Makron Books, 1997.
_________, Processo de Aprovação de Peça de Produção (PPAP), São Paulo, IQA, terceira edição, 2000.
VALLE, C.E. Qualidade Ambiental: Como Ser Competitivo Protegendo o Meio Ambiente: (Como se
Preparar para as Normas ISO 14000), São Paulo, Pioneira, 1995.

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