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Brazilian Journal of Health Review 16659

ISSN: 2595-6825

A importância da escolha dos excipientes na manipulação de


medicamentos

The importance of the choice of excipients in drug manipulation

DOI:10.34119/bjhrv4n4-180

Recebimento dos originais: 05/07/2021


Aceitação para publicação: 06/08/2021

Andresa de Sousa Costa


Pós-graduada na Universidade Estácio de Sá (UNESA).
Farmácia Magistral, Rio de Janeiro, Brasil.
Rua André Rocha, 838, Taquara, CEP 22710-560, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
E-mail: andresa0280@gmail.com

Deborah Demarque Martins da Silva


Mestranda na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Departamento de Farmácia, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.
Rua José Lourenço Kelmer, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
E-mail: deborah.demarque@gmail.com

Lays Cordeiro de Jesus


Pós-graduada na Venda Nova do Imigrante (FAVENI),
Faculdade em Farmácia Clínica e Hospitalar, Videira, Santa Catarina, Brasil.
Av. Ângelo Altoé, 888, CEP 29375-000, Venda Nova do Imigrante, ES, Brasil.
E-mail: layscordeirodejesus@gmail.com

Leandro da Conceição Luiz


Pós doutorando em Física, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Departamento de Física, Grupo de Engenharia e Espectroscopia de Materiais, Juiz de
Fora, Minas Gerais, Brasil.
Rua José Lourenço Kelmer, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
E-mail: livroleandro@gmail.com

Rafaela Tavares Batista


Doutora em Física, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro (IFRJ). Campus Eng. Paulo de Frontin, Paulo de Frontin, Rio de Janeiro, Brasil.
Av. Maria Luiza, S/N, 26660-000, Eng. Paulo de Frontin, RJ, Brasil.
E-mail: rafaela.batista@ifrj.edu.br

Maria José Valenzuela Bell


Docente na Universidade Federal de Juiz de Fora, Departamento de Física
Juiz de Fora, Minas Gerais.
Rua José Lourenço Kelmer, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
E-mail: mjbell06@gmail.com

Virgílio de Carvalho dos Anjos


Docente na Universidade Federal de Juiz de Fora, Departamento de Física.
Juiz de Fora, Minas Gerais.

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Rua José Lourenço Kelmer, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
E-mail: virgilio.anjos@ufjf.edu.br

RESUMO
Para o desenvolvimento de uma formulação, estável, eficaz e segura é necessário
considerar as características de todos os componentes utilizados na manipulação de um
medicamento. A biodisponibilidade dos fármacos é influenciada por diversos fatores,
como a solubilidade e permeabilidade, sendo necessário minimizar esta influência através
da introdução de substâncias que os melhorem. O Sistema de Classificação
Biofarmacêutica classificou os fármacos em quatro classes, a classe I com alta
solubilidade e permeabilidade, classe II com baixa solubilidade e alta permeabilidade,
classe III com alta solubilidade e baixa permeabilidade e classe IV com baixa solubilidade
e permeabilidade. Sendo assim, os excipientes apresentam finalidade específica nas
formulações, podendo atuar como diluentes, lubrificantes, aglutinantes, desintegrantes,
entre outros, na forma farmacêutica. O presente trabalho tem por objetivo atentar para a
importância da escolha correta dos excipientes na manipulação de medicamentos, pois
eles podem ser incompatíveis com certos princípios ativos e com isso resultar em um
medicamento ineficaz e sem segurança de uso A metodologia seguida foi levantamento
bibliográfico sobre as diversas classes de excipientes, suas funções e compatibilidades.
Para a coleta de informações foram utilizados artigos publicados em periódicos, contidos
nas bases de dados Scientific Electronic Library Online- ScIELO, National Library of
Medicine - PUBMED, bem como artigos técnicos de entidades como a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA. Conclui-se, portanto, que a escolha correta dos
excipientes na manipulação de medicamentos favorece a liberação e absorção de
fármacos, sendo de extrema importância para um bom desempenho terapêutico.

Palavras-chave: Excipientes, Manipulação, Sistema de Classificação Biofarmacêutica.

ABSTRACT
For the development of a stable, effective and safe formulation it is necessary to consider
the characteristics of all the components used in the manipulation of a drug. The
bioavailability of drugs is influenced by several factors, such as solubility and
permeability, and it is necessary to minimize this influence by introducing substances that
improve them. The Biopharmaceutical Classification System has classified drugs into
four classes, class I with high solubility and permeability, class II with low solubility and
high permeability, class III with high solubility and low permeability, and class IV with
low solubility and permeability. Thus, the excipients have specific purposes in the
formulations, and may act as diluents, lubricants, binders, disintegrants, among others, in
the pharmaceutical form. The present work aims at highlighting the importance of the
correct choice of excipients when manipulating drugs, since they may be incompatible
with certain active principles, thus resulting in an ineffective drug without safety of use.
The methodology followed was a bibliographic survey on the various classes of
excipients, their functions and compatibilities. To collect information, we used articles
published in periodicals, contained in the databases Scientific Electronic Library Online
- ScIELO, National Library of Medicine - PUBMED, as well as technical articles from
entities such as the National Health Surveillance Agency - ANVISA. It is concluded,
therefore, that the correct choice of excipients in drug manipulation favors the release and
absorption of drugs, being of extreme importance for a good therapeutic performance.

Keywords: Excipients, Manipulation, Biopharmaceutical Classification System.

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1 INTRODUÇÃO
Na fórmula de um medicamento, os fármacos ou insumos farmacêuticos ativos
raramente estão isolados, geralmente são combinados com um ou mais agentes não
farmacológicos, denominados excipientes, tendo a função de solubilizar, suspender,
espessar, diluir, emulsificar, estabilizar, colorir, conservar, flavorizar, ou seja, possibilitar
a obtenção de formas farmacêuticas estáveis, seguras e eficazes (LUIZ et al., 2015). Os
excipientes são adicionados às formulações para possibilitar a sua ação terapêutica
(ANSEL et al., 2000). Uma formulação racional precisa compreender a influência dos
excipientes (FLORENCE et al., 2011).
Os excipientes são responsáveis por inúmeras reações adversas relacionadas a
medicamentos, como hipersensibilidade e reações alérgicas, que se não for abordado de
forma adequada no momento das avaliações de casos suspeitos de reações adversas a
medicamentos, podem ser confundidos como sendo manifestações ocasionadas pelo
princípio ativo e não pelos excipientes (NAPKE, 1994)(LUIZ et al., 2014). Um outro
problema que tem chamado a atenção, recentemente, das agências reguladoras em todo o
mundo é a presença de fármacos e seus excipientes em alimentos (LUIZ et al.,
2018)(PEREIRA et al,. 2020)(TEIXEIRA et al., 2020).
As características ideais para a utilização de um excipiente numa forma
farmacêutica são: ser inerte química e fisicamente, ser toxicologicamente inativo,
apresentar compatibilidade com outros excipientes e com os fármacos, apresentar alta
capacidade de sofrer compressão, possuir elevada fluidez e boa capacidade de
escoamento em caso de sólidos, apresentar custo adequado, ser de fácil armazenamento,
ter características reprodutíveis lote a lote (BERMEJO, 2004; BANAKAR, 1992).
A biodisponibilidade é um dos fatores determinantes da eficácia de um fármaco e
depende diretamente das propriedades de solubilidade e permeabilidade deste fármaco.
Diferentemente da área de alimentos, na qual a biodisponibilidade é compreendida como
a fração de nutrientes e alimentos ingeridos que é absorvida e usada nas funções
metabólicas fisiológicas e normais e armazenamento, em farmácia ela significa a
quantidade de fármaco e a velocidade com a qual esse atinge a corrente circulatória (LUIZ
et al., 2018)(CRF-SP 2020). O Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB)
consolidou-se como ferramenta de auxílio na predição da biodisponibilidade de fármacos
e tem sido empregado no desenvolvimento de formas farmacêuticas, sendo assim, oferece
indicações sobre a eficácia dos medicamentos, sem trazer riscos à população (DEZANI,
2010).

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O SCB estabelece quatro classes de fármacos, classes I, II, III, IV. Os de classe I
apresentam alta solubilidade e alta permeabilidade, os de classe II baixa solubilidade e
alta permeabilidade, os de classe III alta solubilidade e baixa permeabilidade e os de
classe IV baixa solubilidade e permeabilidade (CAMPOS, 2008).
As farmácias magistrais são fundamentais na preparação de medicamentos, pois
permitem a individualização do medicamento através do ajuste de doses e mudanças de
excipientes, de acordo com a necessidade de cada paciente (BONFILIO et al., 2010).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem dado atenção especial ao setor
através de resoluções que dispõem sobre as Boas Práticas de Manipulação, como a RDC
67/2007, que instrui os estabelecimentos quanto às diretrizes a serem seguidas, além de
preconizar que os excipientes utilizados na manipulação de medicamentos devem ser
padronizados com embasamento técnico-científico (BRASIL, 2007).
O presente trabalho tem por objetivo atentar para a importância da escolha correta
dos excipientes na manipulação de medicamentos, pois eles podem ser incompatíveis com
certos princípios ativos e com isso resultar em um medicamento ineficaz e sem segurança
de uso.

2 METODOLOGIA
A metodologia seguida foi levantamento bibliográfico sobre as diversas classes
de excipientes, suas funções e compatibilidades. Para a coleta de informações foram
utilizados artigos publicados em periódicos, contidos nas bases de dados Scientific
Electronic Library Online- SciELO, National Library of Medicine - PUBMED, bem
como artigos técnicos de entidades como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA.
Como descritores foram utilizados os termos: “excipientes farmacêuticos”,
“farmácia magistral”, “sistema de classificação biofarmacêutica”, “manipulação
fármacos”.

3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Farmácias de manipulação
De acordo com a RDC 67/2007 – Resolução da Diretoria Colegiada da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária Nº 67, de 08 de Outubro de 2007, que dispõe sobre Boas
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em
Farmácias:

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“... a farmácia é um estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e


oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e
correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de
unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica, em
que a manipulação se converge em conjunto de operações com a finalidade de
elaborar preparações magistrais e oficinais, fracionar produtos industrializados
para uso humano”.

Segundo esta mesma RDC, as farmácias de manipulação, deve possuir um


laboratório de controle de qualidade capaz de realizar os testes no processo e preparação
manipulada, visando a segurança e eficácia do medicamento produzido (GIL, 2007).
Para as preparações sólidas, devem ser realizados os ensaios de descrição,
caraterísticas organolépticas, aspecto, peso médio, de acordo com a Farmacopéia
Brasileira ou outro Compêndio Oficial reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – ANVISA, em todas as preparações magistrais e oficinais. Devendo também
ser realizadas análises de teor e uniformidade de conteúdo do princípio ativo (BRASIL,
2007).
A farmácia deve realizar análise de uma fórmula a cada dois meses e o número de
unidades que compõem a amostra deve ser o suficiente para a realização das análises
propostas (BRASIL, 2007).

3.2 EXCIPIENTES
Os excipientes, também chamados de insumos farmacêuticos não ativos, são
produtos químicos usados para a elaboração de formas farmacêuticas que carreiam os
farmoquímicos para os organismos a que se destinam humano ou veterinário
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). Eles são fabricados a partir de diversas fontes,
incluindo plantas, minerais, animais e síntese química (NACHAEGARI & BANSAL,
2004).
Os excipientes vêm sendo cada mais pesquisados como objeto de grande
consideração na fase pré-formulação, devido a importância em obter o efeito terapêutico
desejado (VILLANOVA, 2009). Mesmo o princípio ativo sendo o responsável para ação
farmacológica, a qualidade dos medicamentos também depende do desempenho dos
excipientes (PESSANHA, 2011).
As propriedades e a natureza química dos excipientes são fatores que influenciam
a velocidade com o qual será liberado o fármaco até atingir a circulação sanguínea na
concentração desejada, ou seja, influencia na biodisponibilidade do princípio ativo
(VILLANOVA, 2009).

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3.3 ESCOLHA DOS EXCIPIENTES E SEUS EFEITOS NA FORMULAÇÃO


A escolha do excipiente adequado deve ser embasada nas características físico-
químicas dos princípios ativos presentes nas formas farmacêuticas, bem como na
capacidade de interação fármaco-excipiente (CAMPOS et al., 2012; FERREIRA, 2010).
Essa escolha deve ser criteriosa, visto que podem prevenir problemas futuros
(PESSANHA, 2012).
Os excipientes devem ser selecionados baseados na literatura técnica e científica,
sendo sujeitos ao controle de qualidade avaliado pelo teste de dissolução (VILLANOVA
& SÁ, 2010). A RDC 67/2007 preconiza que os excipientes utilizados na manipulação de
medicamentos devem ser padronizados, porém não obriga a realização dos testes de
dissolução como recomendam as monografias oficiais.
Dentre as inúmeras classes de excipientes, os diluentes, desintegrantes,
aglutinantes e lubrificantes são os que mais interferem na biodisponibilidade formas
farmacêuticas sólidas (FERREIRA, 2010).
O diluente é o excipiente mais utilizado na preparação de uma formulação de um
sólido para aumentar a densidade do produto. Deve ser quimicamente inerte, ter um gosto
aceitável, não ser higroscópico e ter boas propriedades biofarmacêuticas. Estas
características não são encontradas em apenas uma sustância, sendo assim, diversos
produtos têm sido utilizados como diluente (AULTON, 2005).
Um dos mais usuais em comprimidos é a lactose, pois a apresenta as seguintes
propriedades: baixa reatividade, rápida solubilidade em água, sabor agradável, não
higroscópica. Tendo como desvantagem o fato de muitas pessoas possuírem intolerância
á lactose (AULTON, 2005).
O desintegrante é utilizado na formulação facilitando a desagregação ou
desintegração do comprimido após a administração em partículas de pó, fazendo com que
ocorra uma maior superfície de contato do fármaco com os fluídos gastrointestinais. A
escolha do desintegrante e sua concentração tem importante influência na
biodisponibilidade de um medicamento (AULTON, 2005). São utilizadas como
desintegrantes as celuloses, com diversas características de tamanho de partícula, fluidez,
densidade e graus de mistura (KIBBE, 2000).
Os aglutinantes melhoram a dissolução de fármacos pouco solúveis devido às
propriedades hidrofílicas das superfícies dos grânulos, normalmente sendo compostos
poliméricos. Promovem o aumento da viscosidade formando uma película que pode
retardar a dissolução do fármaco. Já os lubrificantes atuam diminuindo o atrito entre o pó

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e as superfícies dos equipamentos. O estearato de magnésio é o mais utilizado por ser


hidrofóbico (AULTON, 2005).

3.4 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO BIOFARMACÊUTICA


Gordon Amidon propôs um sistema de classificação, baseado na primeira lei de
Fick, que distinguia os fármacos em relação à sua solubilidade e permeabilidade, sendo
uma importante ferramenta para prever o comportamento de um fármaco e sua dissolução,
pois a baixa solubilidade e permeabilidade de fármaco compromete diretamente sua
biodisponibilidade (AULTON, 2005; STORPIRTIS et al., 2009).
A solubilidade é a extensão na qual ocorre a dissolução de um soluto solvente,
sendo medida a capacidade que a maior concentração de um fármaco tem de se dissolver
em 250 mL de água. (VILLANOVA & SÁ, 2010).
Neste sistema, que tem como princípio a solubilidade e permeabilidade, os
fármacos são classificados em quatro categorias, conforme mostra a figura 1 (AMIDON
et al., 1995).

Figura 1: Sistema de Classificação Biofarmacêutica de Fármacos

Fonte: (Amidon, et al., 1995)

Os fármacos classe I apresentam alta solubilidade e alta permeabilidade, portanto,


se dissolvem rapidamente e são transportados para a parede do intestino. Faz parte desta
classe fármacos como o Alprazolam, Amitriptilina, Azitromicina, Besilato de Anlodipina,
Cloridrato de Diltiazem, Cloridrato de Fluoxetina, Cloridrato de Labetalol, Cloridrato de
Paroxetina, Cloridrato de Propranolol, Digoxina, Domperidona, Isoniazida, Prednisona
(AULTON, 2005; VILLANOVA, 2009). Para melhorar a formulação são utilizados
excipientes das classes dessecantes, lubrificantes e diluentes.
Os fármacos classe II apresentam baixa solubilidade e alta permeabilidade, sua
velocidade de absorção é maior que a dissolução. São exemplos de fármacos deste grupo:
Albendazol, Carvedilol, Cetoprofeno, Dexametazona, Diazepam, Espironolactona,
Fenitoína Sódica, Itraconazol, Lamotrigina, Loratadina, Nimesulida, Rotonavir
(AULTON, 2005; FERREIRA, 2008). Para esta classe, portanto, é recomendado utilizar

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excipientes que favoreçam a dissolução como os diluentes solúveis, agentes molhantes e


desintegrantes.
Fármacos classe III apresentam alta solubilidade e baixa permeabilidade, ou seja,
apresentam dificuldade de atravessar a parede do intestino com velocidade suficiente para
que ocorra absorção completa. São exemplos de fármacos deste grupo: Acetilcisteína,
Ácido Ascórbico, Atenolol, Captopril, Cimetidina, Codeína, Losartana Potássica e
Metildopa (AMARAL, 2003; VILLANOVA, 2009). Para a classe III é necessário utilizar
excipientes que favoreçam a permeabilidade dos fármacos, como diluentes, lubrificantes,
desagregantes e adsorventes.
Já os fármacos classe IV são os que apresentam baixa solubilidade e baixa
permeabilidade, sendo escassamente solúveis e pouco permeáveis. Pertence a este grupo:
Ácido Nalidíxico, Alopurinol, Dapsona, Doxiciclina, Famotidina, Furosemida, Glicazida,
Meloxicam, Oxicodona, Sulfametazol (AULTON, 2005; FERREIRA, 2008). Para estes
fármacos a melhor solução seria usar excipientes com características dessecantes,
desintegrantes, diluentes e molhantes.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biodisponibilidade é um dos fatores determinantes da eficácia de um fármaco e
depende diretamente da solubilidade e permeabilidade deste.
A escolha correta dos excipientes na manipulação de medicamentos favorece a
liberação e absorção de fármacos, sendo de extrema importância para um bom
desempenho terapêutico.
Para a elaboração de um medicamento devem ser analisadas as características do
fármaco e principalmente dos excipientes que irão compor a formulação, exigindo
cuidado e conhecimento na seleção dos excipientes.
Sendo assim, o Sistema de Classificação Biofarmacêutico, que classifica os
fármacos em quatro classes, é uma ferramenta de auxílio na predição da
biodisponibilidade de fármacos, oferendo indicações sobre a eficácia, segurança e
qualidade de medicamentos.

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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem as agências de fomento do Brasil, CNPq - Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológic, FAMEPIG - Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais e CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior.

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