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Manejo de Problemas de Saúde

Autolimitados

QUANDO? COMO? ONDE?


POR QUE?
Por que a
Prescrição
Farmacêutica
Qual a dimensão?
3 US
Betim – MG - 2010

US Fortaleza
2010

Landsberg et al., 2012; Pimentel et al., 2012


E a automedicação?

40%
27%

1%
Precisamos de um farmacêutico
para prescrever MIP?
Mas como é a prescrição
farmacêutica?
Tipos de prescrição pelo mundo

Prescrição independente
• Farmacêutico é responsável pela entrevista, diagnóstico e
prescrição ao paciente
• Necessário conhecimento e habilidade para prescrever

Prescrição dependente
• Muito comum em outros países
• Feita com base em listas ou protolocos
O que podemos
prescrever?
Medicamentos isentos de
prescrição
• Devem ser eficazes para os sintomas que motivaram o seu
emprego
- Geralmente de natureza autolimitada

• Oferecer resposta consistente e suficientemente rápida


• Seguro
• Aplicados em situações de bom prognóstico
Legislação Mips

RESOLUÇÃO ANVISA Nº INSTRUÇÃO NORMATIVA


98 DE 01/08/2016 - IN N° 11, DE 29 DE
SETEMBRO DE 2016

Dispõe sobre os critérios e Dispõe sobre a lista de


procedimentos para o medicamentos isentos de
enquadramento de prescrição
medicamentos como isentos de
prescrição e o
reenquadramento como
medicamentos sob
prescrição
Critérios para ser Mip

• Tempo de comercialização;
• Perfil de segurança;
• Indicação para tratamento de doenças não graves;
• Indicação de uso por curto período;
• Ser manejável pelo paciente ou sob orientação farmacêutica;
• Baixo potencial de risco em situações de mau uso ou abuso;
• Não apresentar risco de dependência
Quando podemos
prescrever?
Problema de saúde
autolimitado
“Enfermidade aguda de baixa gravidade, de breve período de latência,
que desencadeia uma reação orgânica a qual tende a cursar sem dano
para o paciente e que pode ser tratada de forma eficaz e segura com
medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja
dispensação não exija prescrição médica, incluindo medicamentos
industrializados e preparações magistrais - alopáticos ou
dinamizados-, plantas medicinais, drogas vegetais ou com medidas
não farmacológicas.”
Processo da prescrição
farmacêutica
Prescrição Farmacêutica

Coleta de Tomada de decisão Documentação


informações • Encaminhamento • SOAP
• A partir de uma • Prescrição • Encaminhamento/
queixa • Orientação Parecer
• A partir de uma • Prescrição
solicitação farmacêutica
Contextos

Paciente solicita um produto específico

Queixa

Blenkinsopp et al. Symptoms in the Pharmacy: a guide to the


management of common illness. Wiley-blackwell, 6ª ed.
Semiologia Focal
O que perguntar?
Tempo • Início, duração e frequência dos sintomas

Localização • Área precisa dos sintomas

• Termos descritivos específicos sobre o sintoma


Qualidade ou característica
(ex. dor aguda, catarro com presença de sangue)

Quantidade ou severidade • Leve, moderada ou grave

• O que o paciente estava fazendo quando os


Ambiente
sintomas ocorreram
Fatores que agravam ou que • Fatores que fazem com que os sintomas
aliviam melhorem ou que fiquem piores
• Outros sintomas que ocorrem com os sintomas
Sintomas associados
primários
Identificação de alertas para
encaminhamento
• Avaliar a presença de alertas para encaminhamento
• Avaliar a natureza, complexidade e gravidade a fim de determinar
se o problema de saúde do paciente pode ser atendido no serviço
ou se requer, a priori, encaminhamento a outro profissional ou
outro serviço de saúde.
• Podem ser identificados no acolhimento da demanda ou durante a
anamnese.
Fatores modificadores da conduta

Situações adicionais de Situações que indicam


alerta para o necessidade de
encaminhamento personalização da conduta
Fatores modificadores da conduta
Fatores modificadores de conduta

Informações sobre
o gênero e o ciclo Preferências, Comorbidades,
da vida (neonatos, condição tratamentos em História pregressa
crianças, sociodemográfica, uso e histórico de de tratamento da
adolescentes, crenças e alergias a demanda
adultos, idosos, limitações do medicamentos apresentada
gestantes e paciente
lactantes)
Populações específicas
• Crianças <2 anos – sintomas inespecíficos!!!

• Crianças >2 anos

- Mãe, avó ou outro familiar

- Interpretam ao invés de relatar


Exageros X Conhecimento valioso

- Indagar também a criança


Populações específicas
Idosos
• O paciente informa pouco sobre sua doença
• O paciente fica intimidado pela pressa do profissional
• O paciente esconde sintomas por receio de gastos

• Múltiplas comorbidades
• Polimedicação
- Mascaramento de sintomas
- Risco de interações - RAMs
Populações específicas

Gestantes

• Categoria de risco do medicamento

• Risco/benefício da utilização

• Há medicamentos mais seguro?


Classificação Categorias de risco
durante gestação FDA
Plano de cuidado
Tomada de decisão
O QUE EU FAÇO?
Medidas não
farmacológicas?

Prescrição
Encaminhamento?
farmacêutica?
Plano de cuidado
• O farmacêutico deve selecionar a melhor intervenção para
resolução da necessidade ou problema de saúde do paciente,
levando em consideração:

• O plano de cuidado deverá apresentar a seleção e determinação


de estratégias para a implantação e avaliação de resultados.

• Baseado nas melhores evidências disponíveis

• Construído em conjunto com o paciente


Plano de cuidado
Síntese da necessidade ou problema
de saúde do paciente

Detalhes sobre a(s) intervenção(ões)


para resolução da necessidade ou
problema de saúde
CONSTRUÍDO EM
CONJUNTO COM Objetivos terapêuticos
O PACIENTE
Parâmetros de monitoramento para
avaliação dos resultados
Opções de intervenções

Tratamentos
farmacológicos

Encaminhamento
Medidas não para outros
farmacológicas profissionais e
serviços de saúde
TERAPIA FARMACOLÓGICA
• A seleção de uma terapia farmacológica deve ser resultante de um
processo de decisão baseado nas melhores evidências disponíveis
contendo a definição dos seguintes componentes:

Indicação
Meta – Objetivo terapêutico
Medicamento
Regime terapêutico
Instruções adicionais -
orientações
Motivos para encaminhar

Sinais ou sintomas de ALERTA

• Sangue na expectoração, vômito, urina ou fezes, perda de peso;


• Duração, recorrência ou piora dos sintomas
• Dor intensa (a pior dor que já senti na vida!)
• Falha da medicação
• Suspeita de reação adversa a medicamentos
E se o paciente recusa o
encaminhamento?
• Avalia a gravidade (dilema ético)
• Tenta convencer
• Explica riscos e consequências

A DECISÃO SEMPRE É DO PACIENTE!!!


Orientação do paciente
A orientação do paciente deve ser precisa em relação a sua
necessidade, nível socioeconômico e complexidade do
tratamento

O farmacêutico deve garantir que o paciente entenda o seu


problema de saúde, as intervenções realizadas, o plano de
cuidado a ser seguido e a avaliação dos resultados.
Adicionalmente, deve esclarecer qualquer dúvida que o
paciente apresente
Orientação do paciente
A forma, na maioria das vezes, será verbal tendo o receituário
como documento escrito de referência. Contudo, recomenda-
se que estejam disponíveis materiais educativos para
situações específicas que sejam comuns no cotidiano do
cuidado em saúde

A educação para o autocuidado daquele momento em diante


deve ser o foco principal.
Orientação do paciente

Como seguir o plano de cuidado


Como utilizar corretamente os medicamentos e seguir
as medidas não farmacológicas
O que fazer caso os sintomas não melhorem com as
medidas adotadas
Quanto tempo esperar até os efeitos surgirem e quais
serão os efeitos
Reações adversas a medicamentos e interações
medicamentosas que sejam relevantes
Instruções de armazenamento
Avaliação dos resultados
• A avaliação dos resultados deve ser feita por meio de:

Reavaliação dos sinais e sintomas apresentados pelo


paciente

Reavaliação de resultados de exame físico, laboratorial,


de imagem e outros.
Avaliação dos resultados
• Tal avaliação pode constatar quatro diferentes resultados:

Melhora
Resolução
parcial

Ausência
de Piora
melhora
Documentação
Documentação

• Compreende o registro das informações, desde o acolhimento


da demanda até a monitoração dos resultados em saúde

• Inclui, pelo menos, o registro no prontuário do paciente, a


redação da prescrição e do encaminhamento a outros
profissionais ou serviços de saúde
Redação da prescrição
• A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por
extenso, de modo legível, observados a nomenclatura e o
sistema de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou rasuras,
devendo conter os seguintes componentes mínimos:

I - identificação do estabelecimento farmacêutico ou do serviço


de saúde ao qual o farmacêutico está vinculado;

II - nome completo e contato do paciente;


Redação da prescrição
III - descrição da terapia farmacológica, quando houver,
incluindo as seguintes informações: a) nome do medicamento ou
formulação, concentração/dinamização, forma farmacêutica e
via de administração; b) dose, frequência de administração do
medicamento e duração do tratamento; c) instruções adicionais,
quando necessário.

IV - descrição da terapia não farmacológica ou de outra


intervenção relativa ao cuidado do paciente, quando houver;
Redação da prescrição
V - identificação do farmacêutico, nome completo, assinatura e
número de registro no Conselho Regional de Farmácia;

VI - local e data da prescrição.

• Adicionalmente às recomendações da Resolução 586/2013,


ressalta-se em prol da segurança do paciente sugere-se que
informação da via de administração dos medicamentos venha em
destaque antes da especificação dos mesmos.
Redação da prescrição
• As terapias não farmacológicas devem estar descritas claramente
na receita especificando-se qual medida concreta,
quantidade/dosagem, duração do seu emprego, instruções e
precauções do seu uso.

• Quando houver encaminhamento a outro profissional ou outro


serviço de saúde, adicional a outra intervenção, o farmacêutico
deve especificá-la no receituário e emitir o documento de
encaminhamento endereçado ao outro profissional ou outro
serviço de saúde.
Registro do prontuário
Identificação Nome, idade, peso, altura, IMC, HPM (condições -
intervenções relevantes)...

S Subjetivo Informação fornecida pelo paciente

O Objetivo Informação mensurável (exames clínicos objetivos)


Interação entre a análise de info. subjetiva + objetiva,
A Avaliação consideração de hipóteses e necessidade do paciente

Tomada de decisão: definição objetivos terapêuticos e


P Planejamento intervenções
Exemplo
IMO, 32 anos

06/10/2014

S# Paciente relata sensação de queimação no estômago que piora quando se


deita. Também refere sensação de saciedade. Refere estar em uso de ibuprofeno
oral, se dor muscular (joga futebol semanalmente).
O# ----
A# Dispepsia induzida por AINE.
P# Substituir por gel anti-inflamatório;
Iniciar hidróxido de alumínio + hidróxido de magnésio (suspensão) e
manter enquanto houver sintomas

Assinatura

Nome do profissional
Farmacêutica responsável
CRF-PR: XXX-XX
Exemplo
Ambulatório de Anticoagulação
Evolução em prontuário físico

Encaminhada para acompanhamento da farmacoterapia pelo uso de


anticoagulante e polimedicação.

Resumo:
M.R., homem, 87 anos, com histórico de fibrilação atrial, Acidente isquêmico
transitório (AIT) prévio, hipertensão, artrite, gastrite leve, depressão. Queixa-se
de dor na região gástrica e enegrecimento das fezes. Em uso de metoprolol
50mg/dia, varfarina 5mg/dia, pantoprazol 40mg/dia, domperidona 10mg/dia,
mirtazapina 30 mg/dia, diclofenaco potássico 50mg se dor.
Exemplo
Consulta: 15/05/2013

#S Paciente refere fezes de coloração negra, dor na região do estômago,


aumento na frequência das dores nas articulações devido ao frio com
consequente aumento do uso de diclofenaco. Refere facilidade no uso dos
medicamentos.
#O PA=127/84; Temperatura corporal=37ºC; hemoglobina = 11,9g/dL há
uma semana; último RNI relatado= 4,2 há uma semana.
#A Fezes enegrecidas com dor na região gástrica – possibilidade de
sangramento por conta do uso de varfarina. Fator agravante: uso de AINE.
#P Encaminhamento com urgência ao médico para investigação de
sangramento do trato gastro-intestinal, elaboração carta de encaminhamento ao
médico com sugestão de substituição do diclofenaco por outro
antiinflamatório/analgésico alternativo e manejo do uso de varfarina se
confirmado sangramento.
Encaminhamento
Apresentação
• Identificação do paciente, medicamentos e problemas
envolvidos/comorbidades na situação.

Motivo do encaminhamento (síntese de S# e O#)


• Problemas de farmacoterapia identificados e/ ou
manifestações clínicas que fundamentam a suspeita (sinais,
sintomas, medidas clínicas).
• Utilizar linguagem técnica e evitar proposições de diagnóstico
ou prognóstico.
Encaminhamento
Avaliação farmacêutica (síntese de A# e P#)

• Relação entre os problemas encontrados e a farmacoterapia


do paciente, incluindo possíveis causas.

• Proposta de solução do problema, incluindo alternativas


terapêuticas e sugestões.
Encaminhamento

Fechamento

• Despedida formal, reforçando a solicitação de avaliação do


médico sobre o problema, colocando-se à disposição e
reforçando a continuidade do cuidado que será prestado.
• Identificação do estabelecimento
farmacêutico ao qual o farmacêutico
está vinculado.

• Nome completo e contato do paciente.


• Descrição da terapia não farmacológica
ou de outra intervenção relativa ao
cuidado do paciente, quando houver,
por exemplo, encaminhamento do
paciente a outro profissional da saúde.

• Data do atendimento.
• Nome completo do farmacêutico,
assinatura e número de registro no
Conselho Regional de Farmácia.
Resumo
• A indicação e prescrição de um MIP deve ser pautada em
evidências;
• A avaliação da condição e do paciente devem ser individualizadas
– Não existem fórmulas mágicas;
• Considere populações de risco e sinais de alerta;
• Exclua possíveis diagnósticos diferenciais;
• Seja cauteloso, reavalie o paciente;
• Se necessário, faça o encaminhamento ao médico.
Colocando
em prática!

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