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Preparação, Estabilidade e

Interações
Medicamentosas
Prof. Msc. Maykon Jhuly Martins de Paiva
Perfil Profissional
• Farmacêutico Generalista – Centro Universitário Presidente Antônio
Carlos
• Aperfeiçoamento em Saúde Pública – Universidade Cruzeiro do Sul
• Especialista em Biotecnologia – Universidade Católica Dom Bosco
• Especialista em Farmácia Clínica e Hospitalar – Faculdade Dom Alberto
• Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade
Federal do Tocantins
• Membro da Comissão de Farmácia Comunitária do CFF
• Presidente do Conselho Regional de Farmácia do Tocantins
Preparação de Medicamentos
• A prática da preparação de medicamentos é uma
atividade frequente para farmacêuticos, enfermeiros,
e técnicos de enfermagem, constituindo-se um fator
de grande relevância dentro do processo de
prevenção e cura.

• A administração e preparo dos medicamentos, prática


realizada nas instituições hospitalares, deve ser vista
por todos os profissionais de saúde envolvidos com a
terapia medicamentosa sendo, portanto, apenas uma
das etapas do processo de medicação.
Preparação de Medicamentos
• Em vista ao tamanho da responsabilidade delegada à equipe envolvida no preparo dos
medicamentos, não somente é necessário se ater aos procedimentos técnicos e básicos
inerentes à profissão, mas identificar os caminhos percorridos pelo medicamento desde
o momento que o médico o prescreve, até a sua administração ao paciente.

• E analisar criticamente o sistema de medicação, refletindo sobre suas possíveis falhas e


causas.

• A equipe de enfermagem constitui uma importante ferramenta na aquisição de


segurança do sistema, buscando soluções para os problemas existentes nessa prática.
Preparação de Medicamentos
• A capacidade de administrar medicamentos é uma das
habilidades mais importantes que o profissional leva ao
leito do paciente. A administração segura e efetiva dos
medicamentos é considerada por muitos profissionais
da como a razão de seu sucesso.

• A organização das rotinas de administração de


medicamentos é importante e deve ser compreendida
por todos os que participam do serviço. Assim, vários
métodos são adotados para assegurar precisão na
preparação, distribuição e anotação dos medicamentos.
Preparação de Medicamentos
• Medicamento é toda substância que, introduzida no organismo humano, vai preencher uma das
finalidades enunciadas a seguir:
• Preventiva ou profilática - quando evita o aparecimento de doenças ou diminui a gravidade das
mesmas;
• Diagnóstica - quando não só auxilia o médico em decidir o que está causando a sintomatologia
apresentada pelo paciente, como também localiza a área exata afetada pela doença;
• Terapêutica - quando é usada no tratamento das doenças. Existe grande variedade de substâncias
químicas cujas ações terapêuticas mais comuns são:
• Curativa ou específica - quando remove o agente causal das doenças.
• Ex.: antibiótico antimalárico;
• Paliativa ou sintomática - quando alivia determinados sintomas de uma doença, destacando-se
entre eles a dor. Ex.: analgésico;
Conceitos Básicos

• Droga - substância ou matéria-prima que tenha a finalidade medicamentosa ou


sanitária;
• Medicamento - produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico;
• Medicamento prescrito – substância que pode ser usada com segurança apenas sob
supervisão de um profissional de saúde licenciado para prescrever ou ministrar
medicamentos de acordo com as leis federais; 
• Medicamento sem prescrição - substância que pode ser usada com segurança pelos
consumidores sem a supervisão de um profissional de saúde licenciado, desde que
sejam seguidas as orientações;
Preparação de Medicamentos
• Medicamento controlado – substância controlada por leis federais, estaduais e
municipais porque sua utilização pode levar ao uso abusivo ou à dependência;
• Insumo Farmacêutico - droga ou matéria-prima aditiva ou complementar de
qualquer natureza, destinada ao emprego em medicamentos, quando for o caso, e
seus recipientes;
• Correlato - a substância, produto, aparelho ou acessório não enquadrado nos
conceitos anteriores, cujo uso ou aplicação esteja ligado à defesa e proteção da
saúde individual ou coletiva, à higiene pessoal ou de ambientes, ou a fins
diagnósticos e analíticos, os cosméticos e perfumes, e, ainda, os produtos dietéticos,
óticos, de acústica médica, odontológicos e veterinários;
Preparação de Medicamentos

• Dispensação - ato de fornecimento ao consumidor de drogas,


medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado
ou não;
• Denominação Comum Brasileira (DCB) - denominação do fármaco ou
princípio farmacologicamente ativo aprovada pelo órgão federal
responsável pela vigilância sanitária:
• Denominação Comum Internacional (DCI) – denominação do fármaco ou
princípio farmacologicamente ativo recomendada pela Organização
Mundial de Saúde:
Preparação de Medicamentos
• Medicamento Similar – aquele que contém os mesmos princípios ativos apresenta a mesma
concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva
ou diagnóstica do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância
sanitária. Podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de
validade, embalagem, rotulagem, recipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome
comercial ou marca:
• Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende
ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária
ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado
pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI;
• Medicamento de Referência – produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância
sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas
cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro;
Interações Medicamentosas
• É modificação que sofre a ação de um
fármaco ou
• medicamento pela presença simultânea de
outro ou outros medicamentos, substâncias
fisiológicas ou substâncias exógenas não
medicamentosas no organismo ”.
Interações Medicamentosas

• É um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados


pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente
químico ambiental.
Interações Medicamentosas
•Medicamentos administrados concomitantemente:

 Podem agir de forma independente;


 Interagir entre si;
Aumento ou diminuição do efeito terapêutico ou tóxico de um ou de
ambos;

Desfecho pode ser perigoso quando promove o aumento da toxicidade


de um fármaco.
Associação de Medicamentos
•Principais Objetivos

• Potencialização dos efeitos terapêuticos;


• Diminuição dos efeitos colaterais;
• Diminuição de doses terapêuticas;
• Prevenção da resistência;
• Proporcionar maior comodidade ao paciente.
Causas de Interações Medicamentosas
• Introdução de fármacos cada vez mais ativos

• Prescrição de vários fármacos


simultaneamente (Polifarmácia).

• Automedicação
Interações Medicamentosas

• Fatores relacionados com o paciente


 Estados patológicos
 Função renal
 Função hepática
 Nível sérico de proteínas
 Ph URINÁRIO
 Fatores alimentares
 Idade
 Alterações na microbiota intestinal
Interações Medicamentosas

• Fatores relacionados com administração


dos fármacos
 Seqüência da administração
 Via de administração
 Duração da terapia
 Dosagem
Tipos de Interações Medicamentosas
 FARMACÊUTICA

 FARMACOCINÉTICA

• FARMACODINÂMICA

 DE EFEITO
Interação Farmacêutica
• Incompatibilidade Farmacêutica

 Inativação

 Precipitação
Interação Farmacêutica
• Incompatibilidade entre substâncias

• DIAZEPAN + SOLUÇÕES FISIOLÓGICAS: PRECIPITAÇÃO

• FENITOINA + SOL. FISIOLÓGICAS : PRECIPITAÇÃO

• HEPARINA + HIDROCORTIZONA : INATIVA HEPARINA

• PENICILINA + HIDROCORTISONA : INATIVA PENICILINA


Interação Farmacêutica

•Incompatibilidade com material

• Seringas,
• Catéteres,
• Vidro,
• Plástico.
Interação Farmacêutica

• Diluentes ESTABILIDADE
• Estocagem
• Outros agentes
PERDA PRODUTO TÓXICO
ATIVIDADE
INTERAÇÃO FARMACOCINÉTICA

ABSORÇÃO DISTRIBUIÇÃO

METABOLISMO

ELIMINAÇÃO
ABSORÇÃO

• Envolvem mecanismos decorrentes de:


– alterações no esvaziamento gástrico
– modificações na motilidade gastrointestinal
– formação de quelatos e precipitados,
interferência com transporte ativo
– ruptura de micelas lipídicas
– alteração do fluxo sanguíneo portal
– efeito de primeira passagem hepático e
intestinal
Interação Farmacocinética
DISTRIBUIÇÃO
• Após a absorção o fármaco distribui-se para os tecidos intersticiais e
intracelulares, dependente de fatores fisiológicos e das propriedades físico-
químicas dos fármacos.

• A distribuição do fármaco ocorre principalmente pelo sistema circulatório,


enquanto o sistema linfático contribui com um componente menor.

• Os órgãos e os tecidos variam na sua capacidade de captar os diferentes


fármacos, bem como na proporção de fluxo sanguíneo sistêmico que recebem.
(LAMATTINA; GOLAN, 2009; BUXTON
METABOLISMO
 Metabolismo - são processos enzimaticamente catalisados capazes de
produzir modificações estruturais no fármaco, alterando atividade
farmacológica e velocidade de excreção.
METABOLISMO
 Biotransformação - primeira fase do metabolismo (Fase 1)
– Convertem o fármaco original em um metabólito mais polar através de reações de :
• oxidação
• redução hidrólise

 Conjugação - segunda fase do metabolismo


(Fase 2)
– formar conjugados ainda mais hidrossolúveis para serem excretados - reações de:
• glicuronidação sulfatação acilação metilação
• formação de aductos com gluta
EXCREÇÃO
 Os fármacos são eliminados sem alteração ou na forma polar, mais
hidrossolúvel (metabolizado);

 O rim é o principal órgão de excreção ;

 As fezes eliminam fármacos ingeridos por via oral que não foram
absorvidos ou metabólitos excretados pela bile ou secretados
diretamente no trato
EXCREÇÃO

• Na excreção renal, um dos principais mecanismos de eliminação de 25 a


30% (BUXTON; BENET, 2012), os fármacos podem ser filtrados no glomérulo renal,
secretados no túbulo proximal (ativa), reabsorvidos a partir da luz tubular
e transportados de volta ao sangue, e excretados na urina. (LAMATTINA; GOLAN,
2009).
Mecanismo de Interação Farmacocinética
• Alteração no pH gastrintestinal.
• Adsorção, quelação e outros mecanismos de formação de complexos.
• Alteração na motilidade gastrintestinal.
• Má absorção causada por fármacos.
Na distribuição
• Competição na ligação a proteínas plasmáticas.
• Hemodiluição com diminuição de proteínas plasmáticas.
Na biotransformação
• Indução enzimática (por barbituratos, carbamazepina, glutetimida, fenitoína, primidona,
rifampicina e tabaco).
• Inibição enzimática (alopurinol, cloranfenicol, cimetidina, ciprofloxacino, dextropropoxifeno, dissulfiram, eritromicina, fluconazol,
fluoxetina, isoniazida, cetoconazol, metronidazol, fenilbutazona e verapamil).
Na excreção
• Alteração no pH urinário.
• Alteração na secreção tubular renal.
• Alteração no fluxo sanguíneo renal
• Alteração em excreção biliar e ciclo êntero-hepático.

(HOEFLER, 2008)
Interações Farmacodinâmicas
• Locais de Ação:
 Enzimas
 Moléculas transportadoras
 Canais iônicos
 Receptores
 DNA
 Matriz óssea
Interações Farmacodinâmicas
• Decorrem do efeito sinérgico ou antagônico entre fármacos no sítio de ação da atividade
biológica (receptores, enzimas), alterando a ação de um ou ambos os medicamentos

•Fármaco pode aumentar o efeito de um agonista:


 por estimular a ativação do seu receptor (sinergismo)
 por inibir enzimas que o inativam no seu local de ação

•Fármaco pode diminuir o efeito (antagonismo)


 Competição e bloqueio do mesmo receptor, tendo o
• antagonista maior afinidade e nenhuma atividade
Interação Farmacodinâmica
 ANTAGONISMO FARMACOLÓGICO: DOIS FÁRMAOCS AGEM NO MESMO
LOCAL COM AÇÕES DIFERENTES (EX. EXPECTORANTE E ANTITUSSÍGENO)

 ANTAGONISMO FISIOLÓGICO: DOIS FÁRMACOS EXIBEM EFEITOS


OPOSTOS POR MECANISMOS INDEPENDENTES (EX. VASODILATADORES
E VASOCONSTRITORES)

 ANTAGONISMO QUÍMICO: SUBSTÂNCIAS REAGEM ENTRE SI


• (EX. VERSENATO DE SÓDIO + CHUMBO)

 ANTAGONISMO FÍSICO: DUAS SUBSTÂNCIAS INTERAGEM SEM


• REAGIR (EX. ESTRICNINA + CARVÃO ATIVO)
Interação Farmacodinâmica

• Ex. Interação sinérgica:


Sulfametoxazol + Trimetropima – aumento do espectro bacteriano.

• Antagonismo:
 Naloxone + opióides – bloqueio da toxicidade dos opióides
(superdosagem de opióides – depressão respiratória fatal)
Interações de Efeito
• Ocorrem quando dois ou mais fármacos em uso concomitante tem ações farmacológicas
similares ou opostas, atuando em sítios e por mecanismos diferentes.
• Podem produzir sinergismos ou antagonismos sem modificar a farmacocinética ou o
mecanismo de ação.
•Ex.
 Potencialização do efeito sedativo dos hipnóticos e antihistamínicos pelo
etanol.

 Fentolamina e as fenotiazinas (clorpromazina) bloqueiam a ação da noradrenalina sobre


os receptores alfa-adrenérgicos nos vasos sanguíneos.
Psicofarmácos

• Utilização da polifarmácia ou associação de medicamentos;

• Uso prolongado;
•distúrbios neuropsíquicos não excluem o aparecimento de outras doenças
intercorrentes agudas ou crônicas
• aumento do nº de prescrições de psicotrópicos.
Psicofarmácos
•Tratamento medicamentoso de distúrbios neurológicos e psiquiátricos pode ser:
•-Crônico
•-Preventivo ou de manutenção

•Principal Objetivo:
•-Garantia da continuidade do efeito terapêutico
•-Bem estar do paciente
Psicofarmácos
•Tratamentos crônicos:
•São poucos que, por tempo prolongado, conseguem manter constantes as
•condições terapêuticas.

•Fatores responsáveis pela alteração da terapêutica crônica


•A melhora ou piora do paciente, a modificação da dose, a posologia, e o tempo de uso, aparecimento de novos sintomas e
exacerbação dos já existentes e a substituição ou inclusão de outros medicamentos.

•Podem levar:

•Uso abusivo e automedicação sem orientação Interações medicamentosas


•Graves reações adversas
•Psicofármacos :
• Os principais grupos são classificados em grupos terapêuticos de acordo com seus efeitos
neuropsíquicos principais. São eles:

• Ansiolíticos
• Hipnóticos
• Neurolépticos (Antipsicóticos)
• Antidepressivos
• Anticonvulsivantes
Interações Medicamentosas Importantes

• Associação entre anticonvulsivantes (fenobarbital, ácido valpróico,


carbamazepina, alprazolan e fenitoína) com antipsicóticos
(clorpromazina e haloperidol) pode causar a diminuição do efeito
anticonvulsivante, além de aumentar a depressão do SNC. A associação
da fenitoína e sulfas pode causar um aumento da toxicidade da
primeira.
Interações Medicamentosas Importantes

• Anticonvulsivantes (fenobarbital, ácido valpróico, carbamazepina,


alprazolan, fenitoína) quando associados a antipsicóticos
(clorpromazina e haloperidol), pode haver uma diminuição do efeito
anticonvulsivante, com risco de aparecimento de crises epilética.

• Um outro risco para esta associação é a depressão aditiva do SNC.


Interações Medicamentosas Importantes

• A fenitoína, quando associada a sulfas, pode apresentar um aumento


do efeito da primeira com risco de toxicidade, tornando-se necessário
ajustar a dose de fenitoína.
• Isto ocorre também com a cimetidina (ranitidina não causa esta
reação).
Interações Medicamentosas Importantes

• A clorpromazina, flufenazina e o haloperidol quando associados com


drogas agonistas adrenérgicas como a adrenalina, noradrenalina,
dobutamina, podem apresentar severa hipotensão e taquicardia.
• – Se a hipotensão ocorrer, usar um simpatomimético alfa-
adrenérgico.

• Clorpromazina, quando associada com cisaprida, pode ocasionar


risco de vida ao paciente  arritmias graves.
Interações Medicamentosas Importantes

• Haloperidol com sais de lítio  encefalopatias, febre, leucocitose e alterações


de consciência.
– quando esta associação for estritamente necessária é importante fazer um acompanhamento
próximo do paciente principalmente nas três primeiras semanas.

• Clorpromazina e flufenazina quando associadas a drogas anti-hipertensivas


(clonidina, captopril, hidroclorotiazida, enalapril, espironolactona, furosemida,
metildopa e propranolol) causam hipotensão aditiva;
– haloperidol associado a metildopa  maior toxicidade
Interações Medicamentosas Importantes
• Interações com agentes anti-inflamatórios não esteroidais
(AINEs).
• Diclofenaco sódico quando associado a aminoglicosídeos, pode aumentar a
concentração plasmática em crianças prematuras, pela redução da taxa de filtração
glomerular aumentando com isso o risco de nefropatia causada por estas drogas.
• Associado com o lítio  aumento do nível sério  risco de
• intoxicações por lítio.

• Piroxican associada a ciclosporina pode aumentar o potencial nefrotóxico de ambas


as drogas, sendo importante a monitoração da função renal do paciente.
• A prescrição das drogas AINEs com anticoagulantes orais pode
• aumentar o risco de hemorragias dos pacientes.
Muito Obrigado
Prof. Maykon Paiva
(63) 992617382
maykonjhulyfm@gmail.com

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