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O homem conduz a sua vida e ergue as instituições sobre terra firme. Todavia, procura
compreender o curso da sua existência na sua totalidade, de preferência, com a metáfora
da navegação temerária (p. 21)
Frequentemente, a representação dos riscos no alto mar serve apenas para representar a
comodidade e a tranquilidade, a segurança e a serenidade, do ponto onde a viagem
marítima deve chegar ao seu fim (p. 21)
Só no caso de ter de excluir o alcançar de um fim (...) é que a calmaria no mar alto pode
até mesmo representar a intuição da pura felicidade (p. 21)
...o homem, apesar de ser um ser vivo da terra firme, apresenta a totalidade do seu
estado no mundo, de preferência no imaginário da viagem marítima (p. 22)
O que pode ser salvo no naufrágio da existência não se revela ser uma posse de algum
modo recuperada para a interioridade, mas sim a posse de si mesmo, que é alcançável
no processo da auto-descoberta e auto-apropriação (p. 29)
...[a satisfação do espectador do naufrágio como] o sucesso da sua autopreservação. Ele
está na margem firme, fora de perigo, graças à capacidade de se manter à distância, ele
sobrevive graças a uma das suas propriedades inúteis: a de poder ser espectador (p. 32)