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NATAL/RN
2022
1
NATAL/RN
2022
2
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
OS QUE LUTAM
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são
muito bons; há aqueles que lutam muitos dias; e
por isso são muito bons; há aqueles que lutam
anos; e são melhores ainda; porém há aqueles
que lutam toda vida; esses são os
imprescindíveis.
Bertolt Brecht.
8
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13
2 A FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
NO BRASIL ........................................................................................................... 19
2.1 LUTAS SOCIAIS POR EDUCAÇÃO E CONTRADIÇÕES NO PÓS-
DEMOCRATIZAÇÃO ............................................................................................. 32
2.2 EDUCAÇÃO SUPERIOR NO CIRCUITO DE REPRODUÇÃO AMPLIADA DO
CAPITAL ................................................................................................................ 46
3 UNIVERSIDADE NÃO É PARA TODOS, MAS SOMENTE PARA ALGUMAS
PESSOAS: educação superior no ultraneoliberalismo do governo Bolsonaro
.............................................................................................................................. 59
3.1 A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO CONTEXTO ULTRANEOLIBERAL
.............................................................................................................................. 59
3.2 EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E AS LUTAS DE CLASSE ................... 71
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 76
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 81
13
1 INTRODUÇÃO
1
Por capital compreendemos todo bem econômico que é ou está suscetível à produção.É uma forma
de riqueza que pode ser aplicada. Mas para Karl Marx, Capital é uma relação de produção socialmente
definida, que conforma a história da sociedade.
2
O Capitalismo periférico e dependente que se estabelece no Brasil, é, portanto, uma condição a qual
existe para atender as demandas dos países capitalistas centrais. Essa relação baseia-se numa
dependência econômica e numa desigualdade social que organizam a estrutura das sociedades
capitalistas.
14
3
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
4
A educação na visão de Frigotto, é uma formação “omnilateral” dos seres humanos, designando uma
forma de ensinar concomitantemente o trabalho manual e o intelectual, levando os indivíduos a
compreender o caráter humano do trabalho, assim como o mundo das mercadorias (vulgo
necessidades). O autor relaciona a educação às esferas sociais, intelectuais, culturais, lúdicas,
estéticas, artísticas, culturais e afetivas. Em síntese, para Frigotto (2009, p. 72), a Educação conforma
o “mundo das liberdades”.
5
No capitalismo vigente, o poder político deriva da organização da sociedade civil, quando nos
distinguimos em classes, gêneros, partidos, culturas e demais interesses pessoais. E enquanto
sociedade civil, somos o “povo” organizado em grupos sociais – que temos como instância superior o
Estado, sendo responsável por organizar a sociedade e controlar/exercer poder sobre as coisas – e
também sobre os indivíduos. Logo, a sociedade civil pode ser considerada não como o objeto sobre o
qual o Estado exerce seu poder, mas como um de seus elementos constitutivos (SEVERINO; SOUZA,
2015).
6
Na visão da ABED (2014) , o empreendedorismo tem componentes atitudinais e comportamentais.
Como atitude refere-se a disposição de um indíviduo ou organização de abraçar novas oportunidades
e assumir responsabilidades por mudanças criativas e na forma comportamental inclui um conjunto de
atividades necessárias para avaliar uma oportunidade, definir um conceito de negócio ou estimar e
adquirir os recursos necessários para fazer seu próprio sustento, assim operar e colher os seus
resultados produzidos.
15
educação que não visa o mercado de trabalho formal. Esse movimento restringe e
reitera que a educação pode ser considerada privilégio, porque não são todos que
devem acessá-la. Visto dessa maneira, o Ensino Superior enquanto modalidade de
ensino mais alto (ao se considerar aqui a necessidade anterior de perpassar pelos
níveis fundamental e médio), tem sido determinante na condição de vida objetiva e
subjetiva dos seres humanos, principalmente quanto ao alcance e não chance ao
ensino superior.
Certamente nesse processo estão imbricadas as contradições pertencentes ao
mundo do emprego e ao modo de produção vigente, considerando que, não é somente
a qualificação técnica que determina a possibilidade de uma vaga no mercado de
trabalho, porque o que mais observamos em nossas sociedades, são, profissionais
altamente qualificados que estão desempregados ou submetendo-se a situações
extremamente informais de subemprego7. Por isso, tecemos uma análise sobre a
Educação Superior como um instrumento de classe, voltada ao mercado financeiro, a
capitalização e privatização do que entendemos por educação.
Apreender, portanto, em nossos estudos, como a Educação Superior se inseriu
no circuito da mercadoria, se efetivando como uma, mesmo não possuindo
materialidade é o nosso desafio. Nesse momento, utilizamos a categoria da mediação 8
para captar o movimento de financeirização 9 e a absorção de mais valia10 para a
classe empresarial. Para isso, adentramos às “raízes”, isto é, sua historicidade e
funcionalidade ao capitalismo.
Utilizamos os marcos legais da Educação Superior, mas recorremos as
primeiras formas do seu surgimento. Assim, tocante de sua necessidade e origem, o
significado histórico da educação aparece nos seus momentos iniciais e ali já
demonstrava seu caráter de classe.
A compreensão que temos das sociedades em que predomina o Modo de
Produção Capitalista (MPC) nos suscita muitas reflexões sobre o modo de vida
7
Essa nomenclatura designa as condições de emprego informais, sem vínculos empregatícios e sem
a garantia de direitos sociais.
8
A mediação é uma das categorias centrais da dialética, inscrita no contexto da ontologia do ser social
e que possui uma dupla dimensão: ontológica - que pertence ao real, está presente em qualquer
realidade independente do conhecimento do sujeito e reflexiva - elaborada pela razão, para ultrapassar
o plano da imediaticidade (aparência) em busca da essência, necessita construir intelectualmente
mediações para reconstruir o próprio movimento do objeto (MORAES; MARTINELLI, 2012).
9
A financeirização dos mercados e das instituições financeiras ocorre como uma forma de organização,
definição, gestão e realização de riqueza no capitalismo.
10
Mais valia é o excedente produzido. Para Karl Marx, é o trabalho não pago, em síntese, o lucro.
16
11
O modo de vida operante pode ser traduzido como uma forma determinada de produzirmos e
reproduzimos nossas condições de existência, mesmo por vezes não nos reconhecermos neste
processo automático de operação.
12
O Estado nasceu com um papel de conciliação de classes, numa mediação de conflitos que são
permanentes. Mas apresenta um lado nessa disputa, e por isso, não o compreendemos como uma
instância conciliadora, mas sim como um Estado de caráter de classe. O Estado é responsável pela
organização da economia e das demais estruturas da sociedade, e utiliza estratégias para desenvolver
planos e projetos em prol da classe burguesa – a sua aliada (NETTO, 2011).
17
Superior surge como um privilégio, considerando que sua criação foi para a classe
burguesa, mas que foi arduamente conquistada pelas classes populares. Entretanto,
em momentos de crise a burguesia tende a restringir esse direito através da
mercantilização.
O trabalho presente, portanto, tem como uma de suas motivações o interesse
pelo grande campo da educação, especialmente, pela superior e a forma como ela
tem sido tratada. Desde a inserção na universidade, surgiram muitos questionamentos
em como a educação superior embora legalmente constitua-se como um direito social,
assim não se configure – vistas todas as dificuldades e desafios postos à classe
trabalhadora para seu acesso assim como para sua manutenção e permanência. Além
disso, a motivação se deu pela investigação da relação existente entre educação e
mercadoria porque ambas são temáticas do interesse do pesquisador, uma vez que
sua trajetória acadêmica se debruçou principalmente nestes dois campos de análises.
Enfatizando, também, a dimensão política que é possível ser construída em relacionar
duas categorias “abstratas”, não palpáveis, mas que possuem condições e
determinações em nossas vidas.
Visamos contribuir com a análise crítica acerca dos processos educacionais
decorrentes do capitalismo periférico brasileiro, e das influências externas no trato à
educação superior. Buscamos desmistificar processos e projetos que sugerem a
educação privada como a melhor saída, principalmente em sua configuração à
distância. Concluímos que a educação definida como um direito social fundamental
possui na sociabilidade capitalista uma lógica própria de mercadoria, em que não
permite sua efetivação enquanto um direito social.
Para melhor compreendermos essa conclusão, este trabalho está estruturado
em dois capítulos. Trazemos as formas embrionárias de educação no Brasil e como a
passagem do capitalismo concorrencial para o monopolista 13 influencia os processos
educacionais. O primeiro capítulo trata da formação sócio-histórica da educação e a
política de Educação Superior no Brasil. Com objetivo de propiciar a discussão
envolvendo os principais atores da formação brasileira, como foi o caso dos Jesuítas
e a forma como o apelhos de Estado e Igreja foram importantes para o trato da
educação, naquela época. Além disso, elucidamos a trajetória histórica e as
tendências da educação superior pública e a sua inserção no circuito de reprodução
13
Isto é, a passagem do processo competitivo e com espírito inovador, para um capitalismo que tende
a concentrar riquezas, em acumular renda.
18
O ensino que essa classe procurava era o mesmo fornecido pela elite
brasileira, um ensino propedêutico, desassociado de qualquer pretensão
profissionalizante, uma vez que o trabalho manual era diretamente associado
ao trabalho escravo e, portanto, considerado degradante e indigno
(NEGREIROS, 2019, p. 91-92).
14
A questão social diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas
na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no
caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o
trabalho -, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. A questão social
expressa portanto disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por
relações de gênero, caracterísitcas étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa as
relações entre amplos segmentos da sociedade civil e o poder estatal (IAMAMOTO, 2001, p.16-17).
25
15
Modernização conservadora é o que Netto (2005) vai chamar do momento em que a modernização
e a reestruturação de relações de produção tradicionais são apresentadas numa ótica de nova
roupagem, quando na verdade trata da intensificação das relações de exploração da força de trabalho.
30
16
Dependência que marca a história da educação superior brasileiras aos países europeus.
31
à discussão da questão da terra, classe, etnia e gênero, para além de questões ligadas
à educação, à ciência e tecnologia, ao sindicalismo e à própria organização dos
professores.
No entanto, conforme nos explica Florestan Fernandes (2020), aquela rápida
ampliação de matrículas não alterou substancialmente o acesso da classe
trabalhadora ao ensino superior. Isso significa dizer que a parte dinâmica e vital do
sistema capitalista de ensino nada mais representa do que um fim essencial de
alimentar um pequeno polo privilegiado, que poderá ter acesso à educação superior,
dando justificativa e sentido pedagógico ao que Florestan chama de pirâmide da
educação. Nessa pirâmide, podemos refletir algumas questões que nos fazem
enxergar vários problemas em relação ao ensino superior, principalmente aqueles
relacionados à organização, expansão e aproveitamentodo ensino superior. Conforme
nos explica Florestan (2020), em primeiro lugar aparecem as questões quantitativas,
quando analisamos que a proporção de pessoas com formação superior é mínima.
Em segundo lugar estão os problemas de natureza pedagógica, quando “em virtude
da predominância dos interesses econômicos, sociais e políticos de elites culturais
ralas e egoístas, o ensino superior foi praticamente confinado à função de preparar
profissionais liberais” (FERNANDES, 2020, p. 87).
Se tradicionalmente o sistema educacional superior brasileiro foi tratado como
excludente, entendemos que ele irá refletir as desigualdades sociais, econômicas,
culturaise políticas do país. Enfim, essas análises nos sugerem que o ensino superior
que fora constituído numa base elitista e que vem se perpetuando através de
tendências postas ao regime de acumulação flexível e seus resultados no campo das
políticas sociais – sobretudo, a política de educação enquanto foco de nosso estudo.
Diante do cenário de crise econômica e da necessidade do capital de investir
em novos polos de acumulação, ampliando a disseminação político-ideológica dos
conceitos neoliberais, houve uma redefinição na atuação do Estado perante a
promoção das políticas educacionais, no final do século XX e com muita força nesse
período da história.
Essa citação nos leva a concluir que há uma perspectiva que justifica e estimula
36
são adotadas diversas medidas pelo Estado brasileiro que deslegitimam os direitos
sociais garantidos na constituição. A educação superior é um exemplo claro dessa
relação. Uma vez que, evidencia-se a expansão das instituições de ensino superior
pirvadas, fazendo com que estas se beneficiem, quando “através da transmutação
dos direitos em serviços privados, mercantilizáveis” (NEGREIROS, 2019, p. 147).
Para tanto, torna-se visível que as necessidades sociais dos indivíduos para
sua autorreprodução são atendidas, em todos as esferas sociais, pela sua mediação
com o mercado. E nesta relação, ocorre o sucateamento dos serviços para
atendimento da demanda populacional. A partir da década de 1990, foram legitimados
outros marcos regulatórios para educação superior – mas que materializam,
sobretudo, os interesses políticos do capital, quando entram em disputa com o campo
da educação.
Destacamos, portanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e o Plano
Nacional da Educação que expressam a consolidação de um projeto burguês de
educação, quando também são instituídas medidas de financiamento estudantil, como
o Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, o reconhecimento da Educação À
Distância - EAD na Lei de Diretrizes e Bases Orçamentárias (LDB) e a sua
regulamentação posterior. Embora de um lado aparente que a Educação Superior
Pública está em expansão, na verdade nesse período há fortemente uma
intensificação da privatização desse nível de ensino tanto de forma interna quanto
externa. Assim, a universidade pública vai se distanciando cada vez mais da classe
trabalhadora, visto a ausência de recursos para sua manutenção, seja pela sua
infraestrutura quanto pelos investimentos direcionadas à pesquisa – motor das
universidades.
Com o reconhecimento da Educação à Distância, foram importadas tecnologias
para sua manutenção, - na década de 1990 e continuou nos anos 2000, durante o
governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011). Os direitos sociais continuamente
foram utilizados em razão da “expansão” do ensino superior. Defendia-se a
necessidade de promover maior acesso e democratização para os estudantes, isso
perdurou também no governo de Dilma Roussef (2011-2016). Neste momento,
delimitamos nosso marco temporal do trabalho, porque nossa análise se amplia deste
período até a vigência do governo neoliberal de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Assim, o governo do PT implementou muitas ações voltadas à democratização
do acesso e de garantia da permanência dos estudantes nas instituições de ensino –
39
17
Grupo Kroton é o maior grupo privado educacional. Embora a empresa recentemente venha
utilizando a marca Cogna Educação, oficialmente seu nome permanece registrado como Kroton
Educacional S.A. A Kroton é o maior grupo educacional do Brasil, de acordo com o ranking da Revista
Valor publicado no ano de 2019. Ela se destaca pela abrangência nacional e pela atuação multivariada
que abarca todos os níveis de Ensino (da Educação Infantil ao Ensino Superior) assim como a produção
de material didático, elaboração de métodos pedagógicos e plataformas virtuais de ensino
(TRICONTINENTAL, 2020, p. 9).
40
18
Classe trabalhadora e classe burguesa.
41
19
O grupo Ser Educacional aparece em quinto lugar no ranking da Revista Valor no ano de 2019, dentre
as maiores empresas do setor educacional brasileiro. A Ser Educacional foi fundado em 1993 pelo
empresário pernambucano José Janguiê Diniz. Inicialmente voltada para cursos preparatórios para
concursos públicos, já no final daquela década a empresa ampliou sua atuação para os cursinhos pré-
vestibulares, com ênfase na preparação para as faculdades de Direito. Em 2003, o grupo fundou a
43
Faculdade Maurício de Nassau e foi ampliando sua atuação pelos estados do Nordeste brasileiro. Em
2007, o grupo fundou também a Faculdade Joaquim Nabuco. Em 2010, o grupo identificado pela marca
Maurício de Nassau passou a ser denominada de Ser Educacional. A oferta de ações da empresa na
Bovespa iniciou em 2013. A partir de 2008, a Ser Educacional iniciou o processo de aquisições de
outras empresas. Adquiriu o Centro de Ensino e Tecnologia da Bahia (2008), Sociedade de
Desenvolvimento Educacional Avançado (2008), Faculdade CDF (2008), AP Teresina (2013),
Faculdade Aliança (2013), FAP Parnaíba (2013), Faculdade Anglo Líder (2014), Universidade da
Amazônia (2014) e Faculdades Integradas Tapajós (2014). A partir de 2015, o grupo chegou à região
Sudeste com a aquisição da Universidade de Guarulhos (2015) e deu continuidade à sua ampliação
com a compra da Faculdade Talles de Mileto (2015), Faculdade São Camilo (2016), Centro Universitário
Bennett (2016) e Uninorte (2019) (TRICONTINENTAL, 2020, p. 19).
44
20
É o tipo de capitalismo que gera lucro a partir da compra e venda de ativos, isto é, ações de grandes
empresas.
46
umdireito de todos, mas não é pontuada como um direito universal. E que para além
disso, está explícito neste artigo que a educação visa o preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho – de maneira que problematizamos a
formação para o trabalho alienado. Destarte, através dessa afirmativa podemos
perceber que o caminho para exercer essa cidadania está relacionado ao trabalho, ou
seja, a educação e trabalho formam aqui uma unidade na qual educação possui uma
finalidade: formar força de trabalho.
Na história do capitalismo, a formação/educação possui relação com a
atividade laboral, - artesãos, aprendizes são colocados num movimento contínuo de
reprodução da vida e do trabalho pelo aprendizado transmitido de geração para
geração. com o desenvolvimento do capitalismo e a separação entre trabalho manual
e intelectual outras formas de aprendizado se constituem - momento histórico de
surgimento das instituições de ensino. Assim a formação passa a ser um momento da
produção/reprodução do capitalismo.
Na fase atual do capitalismo em virtude das novas necessidades de reprodução
do capital cuja lógica dessa reprodução ampliada é desenfreada, e organiza-se,
sobretudo, para essa expansão, a educação e seus processos é alterada para
responder a tais necessidades economicas. ou seja, articula-se a formação às
pressas, aligeirada, precarizada como uma tendência recente.
Com vistas a esse objetivo de SE expandir, o Capital não mede esforços para
SUPERAR tudo que se colocar à sua frente. É por meio desse poder de controle e
destituição de uma classe sobre a outra21 que o capitalismo se expande. Assim, o
capital busca sempre sua autorrealização e Segundo Mészaros (2008) o Capital é em
síntese uma relação social expansiva, que fundamenta seu modo de ser ao seu
próprio incremento, de modo que sua expansão é sinônimo da sua própria existência.
É, portanto, a partir destas premissas que a Educação Superior no Brasil se
legitima e fundamenta dentro do modo de produção capitalista. É necessário que
apreendamos a Educação Superior como uma expressão das contradições existentes
em nossa sociabilidade, que está diretamente associada ao mundo do trabalho, das
relações sociais e sobretudo, da mercadoria. Sendo assim, devemos partir de uma
perspectiva de que a definição de Educação, aqui orientada por uma noção esboçada
21
Classe burguesa detentora dos meios de produção sobre a classe trabalhadora.
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por Frigotto (2009), quando ele discute a função daquela na reprodução social e em
sua totalidade, afinal, possui um papel determinante para ampliação de ideais no
interior da sociedade capitalista. E também é pela educação que se reproduz a Força
de Trabalho necessária ao desenvolvimento e ampliação do capitalismo na sua busca
por expansão. Nesse sentido, o nexo educação/trabalho se constiui como uma
unidade dialética funcional e vital ao capitalismo. ao mesmo tempo em que é
fundamental para a classe trabalhadora que luta para que seja conquistada como
direito social para este segmento.
É no capitalismo que a educação formal se expande e mostra-se necessária as
necessidades de acumulação do capital. mas este ponto discutiremos mais à frente.
nesse momento é importante discutirmos sobre a categoria fundante do ser social,
para que apreendamos a função social que a educação possui enquanto uma
mediação para reprodução da sociabilidade capitalista, que se configura como um
modo operante e funcional ao capital.
É através do trabalho que os seres humanos são diferenciados dos demais
seres vivos, considerando que aqueles possuem a capacidade teleológico que é
ausente em todos os seres vivos. São os seres humanos, os únicos capazes de
projetar suas ações ematerializá-las através do trabalho. Isso é a denominação de
teleologia, isto é, a capacidade decolocar em prática aquilo que inicialmente é
projetado nos planos das ideias. Desse modo, com a realização do trabalho os
indivíduos conseguem modificar a sua própria natureza, isto é, sua própria história
(MARX, 1996). Também é por meio do trabalho que os sujeitos podem atender suas
necessidades e criar novas. Para tanto, o trabalho possui uma função social. E por
isso, também constitui um caráter coletivo, do qual estamos relacionando-o ao
atendimento das necessidades sociais desenvolvidas no berço das relações sociais
sob o modo de produção capitalista. Para o atendimento dessas necessidades sociais,
o trabalho passa a ser o mecanismo fundante da sociedade, e insere-se no circuito
das mercadorias, causando processos de estranhamento aos seus produtores. No
circuito de (re) produção do capital a relação produção, distribuição e consumo a
educação aparece em todo o ciclo capitalista
De acordo com Frigotto (2016), a reprodução ampliada do capital é anacrônica,
nefasta, antipopular e elitista. É nesse contexto que os projetos de educação em
disputa, a qual carrega os interesses antagônicos do capital e do trabalho, no que se
refere a educação.
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humanas dos homens, por isso, não interessa como essa mercadoria satisfaz a
necessidade humana, seja diretamente ou indiretamente, isto é, como forma de
subsistência, por exemplo, através do alimento ou de forma indireta, como meio de
produção ou de utilidade material. Analisado isso, Marx define que a utilidade de uma
coisa, ou seja, de uma mercadoria, faz dela um valor de uso, porque ela é útil para
o/os indivíduo(s), tornando-se um valor de uso para ele. Se essa mercadoria exigiu ao
homem mais ou menos trabalho, para Marx, não tem importância, o que deve ser
observado é a sua utilidade para os homens, porque através desta o valor de uso
constitui “o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social desta”
(MARX, 1996, p. 166).
Na forma de sociedade a ser por nós examinada, eles constituem, ao mesmo
tempo, os portadores materiais do – valor de troca. Nessa afirmação, Marx quer dizer
que o mesmo valor de uso, que possui utilidade para os homens, também pode,
simultaneamente, possuir valor de troca, que no início de sua análise aparece como
sendo uma relação quantitativa entre as mercadorias que podem ser trocadas pelos
homens, sendo “a proporção na qual valores de uso de uma espécie se trocam”
contravalores de uso de outra espécie (LE TROSNE, 1846, p. 889 apud MARX, 1996,
p. 166). Essa relação de troca pode mudar constantemente porque é algo casual e
relativo, e por isso, inicialmente, Marx considera os valores de troca das mercadorias
como sendo múltiplos e nas mais diferentes proporções de mercadorias, onde estas
possuíam diversos valores de troca, ao invés de um único, e isso evoluiu bastante no
decorrer de sua análise.
Iniciando sua leitura sobre a sociedade burguesa e, consequentemente, o
modo de produção do capital, Marx parte da Mercadoria e do que a constitui. É central,
para esse autor, compreender a importância do valor de troca nessa sociabilidade,
onde através do valor de troca das mercadorias e de sua permutabilidade entre outros
valores de troca, as relações sociais se estabelecem. Isso significa dizer que, para
que haja essa troca entre mercadorias, elas têm de ser reduzidas a algo comum.
Entretanto, as suas especificidades e características distintas que configuram,
precisamente, seus valores de uso para os homens, devem ser abstraídas para que
a troca ocorra por meio desse fator comum. Devido a isso, a abstração dosvalores de
uso é o principal aspecto caracterizante da relação de troca entre mercadorias, porque
a utilidade delas não é considerada, aliás, esta utilidade deve ser ponderada no valor
deuso. Nesse âmbito, para simplificar a compreensão, Marx (1996, p. 167) explica
54
que:
Como valores de uso, as mercadorias são, antes de tudo, de diferente
qualidade, como valores de troca só podem ser de quantidade
diferente, não contendo, portanto, nenhum átomo de valor de uso, por
isso o valor de uso precisa ser deixadode lado porque assim, resta a
todas as mercadorias apenas uma propriedade, que é a de serem
produtos do trabalho.
determinação das atividades produtivas e no caráter útil dos trabalhos. Quando Marx
apontava sobre expressões objetivas de diferentes tipos de trabalho uteis, ele tratava
da unidade comum, que considera o trabalho enquanto um dispêndio de forçahumana,
onde as diferentes formas de serem realizados, isto é, as atividades produtivas
qualitativamente distintas, são em suma o dispêndio da força de trabalho humana –
onde os homens utilizam-se dos músculos e do corpo para realização do seu trabalho
Essa força de trabalho humana pode estar mais ou menos desenvolvida, o que
depende da força produtiva existente para realização de determinado tipo detrabalho.
Desse modo, em síntese, o trabalho humano é aquele onde domina o dispêndioda
força de trabalho simples que todos os homens possuem (MARX, 1996). Já o trabalho
mais complexo:
Vale apenas como trabalho simples potenciado ou, antes, multiplicado, de
maneira que um pequeno quantum de trabalho complexo é igual a um grande
quantum de trabalho simples. Sendo assim, “uma mercadoria pode ser o
produto do trabalho mais complexo, seu valor a equipara ao produto do
trabalho simples e, por isso, ele mesmo representa determinado quantum de
trabalho simples” (MARX, 1996, p. 174).
22
Essa frase foi dita pelo Ministro da Educação Milton Ribeiro.
60
23
Reestruturação produtiva é o termo que engloba o grande processo de mudanças ocorridas nas
empresas e principalmente na organização do trabalho industrial nos últimos tempos, via introdução de
inovações tanto tecnológicas como organizacionais e de gestão, buscando-se alcançar uma
organização do trabalho integrada e flexível (GARAY, 1997).
61
24
A Emenda Constitucional, a iniciativa para modificar a Constituição proposta pelo Governo, tem como
objetivo frear a trajetória de crescimento dos gastos públicos e tenta equilibrar as contas públicas. A
ideia é fixar por até 20 anos, podendo ser revisado depois dos primeiros dez anos, um limite para as
despesas: será o gasto realizado no ano anterior corrigido pela inflação (na prática, em termos reais –
na comparação do que o dinheiro é capaz de comprar em dado momento – fica praticamente
congelado). Se entrar emvigor em 2017, portanto, o Orçamento disponível para gastos será o mesmo
de 2016, acrescido da inflação daquele ano. A medida irá valer para os três Poderes – Executivo,
Legislativo e Judiciário. Pelaproposta atual, os limites em saúde e educação só começarão a valer em
2018.
62
25
A organização social é uma qualificação, um título, que a Administração outorga a uma entidade
privada, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do Poder Público
(dotações orçamentárias, isenções fiscais etc.), para a realização de seus fins, que devem ser
necessariamente de interesse da comunidade.
63
e sua articulação com a escola média” (1968), enfatizamos que a Educação também
é voltada para lógica e atendimento dos interesses do mercado de trabalho. O próprio
documento se intitula como uma agenda de reformas para o Brasil e se trata de
reformas, que impulsiona o capital financeiro e distancia cada vez mais a educação
superior a um direito social.
O documento “Um Ajuste Justo”, expressa a proposta do Banco Mundial (BM)
para Educação. A análise deste documento revela que os interesses do mercado são
visivelmente atendidos quando são direcionados a maior parcela dos recursos
públicos aos grupos de empresários. Fala-se do caráter excepcional que deveria ter
sido dado à Educação Privada, da sua centralidade como tem acontecido e a sua
propagação na sociedade capitalista. Neste documento são avaliados os gastos
públicos do Brasil, a fins de oferecer estratégias de controle diante o investimento dos
recursos, com a hipótese de uma crise financeira em decorrência dos altos gastos e
poucas despesas sendo geradas. Esse documento apresenta estratégias para
superação de uma crise fiscal, analisa a eficiência e equidade dos gastos, e aponta
as manobras fiscais realizadas, assim como os erros políticos consecutivos que
ocasionaram na situação de crise financeira e gigante dívida pública brasileira.
Na ótica do Banco Mundial, a Educação é entendida como uma
despesa/gasto não prioritária para o desenvolvimento nacional. Na concepção em
questão, presente no documento, utiliza termo “gasto”, afirmando que cada aluno nas
universidades e institutos federais gera um custo dispensioso. Alude-se que
equivale a uma grande parte do orçamento público que deveria ser redistribuído. O
documento sugere, portanto, que os estudantes paguem pela própria educação para
que isso gere uma economia do PIB brasileiro. E nesse momento, o torna-se mais
evidente que a educação não é entendida como direito, muito menos a busca por sua
instituição acontece.
No documento “Uma ponte para o futuro – 29 de outubro de 2015”, existe uma
corroboração com todos os indicativos de “Um Ajuste Justo”, de certa forma, ambos
se complementam. Mais uma vez, a prioridade é atender os interesses dos capitalistas
e manobrar as isenções fiscais a fim de sopesar os impostos regressivos para
população. É um programa que se propõe a preservar a economia brasileira e tornar
“viável” o seu desenvolvimento, devolvendo ao Estado a capacidade de executar
políticas sociais que combatam efetivamente a pobreza. Em nome de um “equilíbrio
fiscal” reduz-se o direito à educação, diminuindo cada vez mais os recursos voltados
à educação, demonstrando que esta não é uma prioridade na escala de valores do
estado e que seu acesso deverá ser limitado, isto é, permitido mediante a renda
individual de cada família. Essa interferência das agências multilaterais nos projetos
educacionais, mostra que o direito à educação é nitidamente destituído.
Além destes documentos investigamos algumas organizações que
representam os interesses dos grupos empresariais da educação. A fim de identificar
através de seus discursos, as propostas que estas instituições elaboram e
implementam para a educação superior.
A ABED – Associação Brasileira de Ensino à Distância, objetiva promover o
estímulo e defesa voltados à lógica da privatização do Ensino Superior, mas que
gradualmente tem adentrado aos outros níveis de ensino, colocando todas as
vantagens que a formação à distância proporciona, sejam da facilidade do acesso –
por ser tudo digital, como das mais diversas “portas” que são abertas no mercado de
trabalho.
Tem por objetivo incentivar a prática, o desenvolvimento de projetos em
educação à distância em todas suas formas, como também apresentar a qualidade
de serviços para os alunos, professores, instituições e empresas que utilizam a
educação à distância. Também busca apoiar a criação da “indústria do conhecimento”,
elencando que é possível reduzir as desigualdades causadas pelo isolamento e
distanciamento dos centros urbanos. Para a ABED, a educação é entendida como um
processo de formação para o mercado de trabalho (igual a concepção do banco
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26
Centro Universitário Maurício de Nassau
27
Centro Universitário UNIVERITAS
28
Centro Universitário do Norte
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Centro Universitário UNIFAEL
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30
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
31
Associação Nacional das Universidades Particulares
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
a educação não é vista e defendida sob essa forma ampliada. Essa forma de
apreender a educação, nos faz enxergá-la num sentido além da formação
propriamente dita, perpassada no interior das salas de aulas (em sua forma
presencial) ou sob as formas privadas (que sequer conceituam a educação como
construção de conhecimento crítico). É salutar, perceber, que a Política de Educação
abrange todos os contextos da vida social, sejam eles econômicos, políticos, sociais,
culturais, raciais e outros. É preciso superarmos os aspectos ideológicos que
alimentam a educação enquanto iniciativa individual e dotada de meritocracia.
O discurso meritocrático, por sua vez, atrela a educação como um instrumento
que deve partir do sujeito à procura, mas também num discurso ideológico e
engessado no qual se não existir a “força de vontade” como o principal condicionante
da realidade dos sujeitos, nada se faz possível. Sob essa ótica, os indivíduos são
culpabilizados por sua atual condição. No âmbito educacional, pelo discurso burguês
e de meritocracia, a ausência ou existência da força de vontade é suficiente para
explicar o acesso ou não ao ensino. A meritocracia é muito popularizada em veículos
midiáticos diversos, desde as redes sociais aos programas de televisão, jornais, rádios
e pelo senso comum. Nesse caminho, o mérito surge como um protótipo de realização
dos direitos sociais e de uma boa condição de vida.
Importante descartamos que esse discurso meritocrático é direcionado não só
à educação, mas também ao cotidiano das pessoas perpassando suas condições de
moradia, saúde, alimentação, transporte e outros; tudo isso sugerindo que o
crescimento pessoal e profissional depende, único e exclusivamente, da capacidade
e do interesse de cada pessoa. No entanto, parece-nos que acreditar nisso é uma
negação da realidade concreta e da vida social sob um sistema econômico excludente
e cruel. Por isso, saber o papel e a necessidade para a classe burguesa da reprodução
ampliada do capital enquanto estratégia de controle político e ideológico sobre os
indivíduos é fundamental.
Somado a esse discurso político e ideológico, trazemos a afirmação do ex
Ministro da Educação, Milton Ribeiro, que fez um discurso infeliz – mas dotado de
ideologia de um projeto de classe burguêsa e de um governo ultraneoliberal,
revelando a forma como pensam e agem para que se construa a educação superior
no Brasil. a afirmação foi “universidade não é para todos”, mas “somente para algumas
pessoas”. apontou ainda que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite
intelectual, que não é mesma elite econômica”.
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32
A Organização Mundial da Saúde declarou situação de pandemia apenas no dia 13 de março,
portanto até então o novo coronavírus era abordado como epidemia, ainda que já estivesse avançando
em inúmeros países referência (CALIL, 2021).
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e uma segunda onde a Educação significa uma mercadoria, a qual possui princípios
e finalidades definidas para atendimento do Mercado, e essencialmente, da classe
dominante. Possuindo, sobretudo, as determinações internacionais relevantes como
a crise estrutural do capital, hegemonia da financeirização da economia e as lutas de
classe.
Por fim, a educação superior no Brasil se insere na luta de classe e se expressa
na disputa de dois projetos opostos, em que em razão do predomínio dos interesses
econômicos, sociais e políticos da elite brasileira, a educação superior foi
praticamente resumida e destinada à função de formar profissionais liberais.
Sabemos, afinal, que a educação de qualidade ainda existe, no entato, continua
sendo um privilégio assim como foi na colônia, no império, na república velha e na
república nova. mudaram-se as estruturas e bases econômicas e de domínio, mas
prevaleceram-se o atendimento às exigências de uma classe superior (dominante) a
uma classe dominada (de trabalhadores). As mudanças ocorridas 2003-2016
ampliaram o acesso, mas foram revertidas com uma ofensiva que novamente
distanciou – por enquanto – as classes trabalhadoras do direito a educação de
qualidade.
Assim, num país de capitalismo dependente, periférico e pertencente a um
projeto de dominação de classe, que vem sendo expresso pelo neoliberalismo, com
seus pilares voltados à financeirização e privatização das formas de ensino, ancora-
se um debate de dívida pública como justificativa principal para o mecanismo de
transferências de recursos. A política de tributação regressiva do Brasil, que significa
maiores tributos para classe trabalhadora e menos para classe capitalista, como
explica Brettas (2017), nos permite compreender que somente a ruptura com esse
modo de produção é possível vislumbrarmos a emancipação humana, tratando a
educação como o mundo das liberdades – e possibilidades, como nos indica um dos
percurssores da defesa da educação.
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REFERÊNCIAS
FOSTER, J.B. Educação e crise estrutural do capital: o caso dos Estados Unidos.
Revista Perspectiva, v. 31, n.1, p. 85-136, 2013.
FREITAS, L.C. A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias. São
Paulo (SP): Expressão Popular, 2018.
MESZÁROS, I. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo:
Boitempo, 2008.
NETTO, J.P. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós
64. São Paulo: Cortez Editora, 2005.