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A Origem Secreta da Tradição

Ritualística da AMORC
A AMORC tem influência tradicional. Este é o segredo
escondido em seus rituais de iniciação.

Hoje eu irei destrancar um segredo bem guardado dentro da AMORC. Irei


mostrar de onde os rituais de iniciação realmente vêm e por uma boa razão. A
AMORC provavelmente mantém esta pequena joia longe do alcance de seus
membros, pois ela acha um pouco embaraçoso. Seus rituais de iniciação não
são antigos per se, mas eles têm uma bela história para contar.

Como um tradicionalista, eu acredito que a AMORC deve estar orgulhosa


dessas raízes.

Este post também foi feito em apreciação aos membros da AMORC que se


juntaram à nossa comunidade no Facebook. É, de fato, um adendo ao
comentário anterior da AMORC.

Em meu último post eu fiz uma revisão da AMORC, sendo este o primeiro dos
meus comentários das Ordens Rosacruzes. Esta avaliação inicial foi feito para
medir a sua pontuação tradicional, medindo quão bem eles são em relação aos
ideais estabelecidos pelos nossos antepassados Rosacruzes. Como os leitores
sabem, esta série objetiva rever todas as suas principais Ordens Rosacruzes em
relação a seus méritos tradicionais e espirituais.

Parece que a avaliação da AMORC perturbou algumas pessoas. Esse não era o
propósito.

Diversos fãs da AMORC expressaram certa decepção, chegando a sugerir que o


meu blog era um ataque direto à AMORC. Não era. Como mencionado, há dois
comentários para cada Pontuação, sendo o primeiro em relação ao Tradicional
e o segundo em relação ao Espiritual
Vou repetir aqui: a AMORC faz muito bem em termos de pontuação
Espiritual.

A razão da AMORC fazer tão mal na avaliação foi porque eu comparei-a contra
os Pilares da Tradição Rosacruz, um padrão que eu estabeleci com base nos
documentos iniciais da Tradição Rosacruz.

Para recapitular a revisão:

A AMORC tem uma forma escassa de Pansofia, muito pouca Trinosofia


(alquimia, cabala, magia) e praticamente ao zero de Cristianismo. Foi
determinado que todos estes aspectos eram parte integrante da nossa
corrente, tal como estabelecido nos primeiros manifestos Rosacruzes. Estes
três aspectos, Pansofia, Trinosofia e Cristianismo Hermético, são inevitáveis
em termos de tradição Rosacruz.

É por isso que, por todos os meios e fins, a AMORC tropeçou com uma
pontuação de 29 em 100.

MAS existe mais coisa nesta história. A trama aqui


engrossa. Encontrarei as raízes mais ocultas.

Os Pilares R.C são uma importante vara de medição. Eles utilizam os primeiros
fundamentos conhecidos em alemão como a “fase inicial Rozenkreuzer,”
sendo no início de 1600. Mas é claro que a tradição Rosacruz não parou por
aí. Ela continuou a evoluir.

Na verdade, várias Ordens Alemãs e Francesas surgiram afirmando-se ser a


“verdadeira fraternidade oculta” que estava se revelando abertamente pela
primeira vez. Várias dessas Ordens alegaram ter a Pedra Filosofal ou conhecer
os verdadeiros segredos da iniciação e da Maçonaria, que eles próprios
criaram a Maçonaria e que somente eles poderiam explicar a grandeza dos
mistérios existentes desde o tempo da queda de Adão. A atividade destas
Ordens é conhecida como a “segunda fase Rosenkreuzer“.
Considerar que a AMORC fez mal em sua Pontuação Tradicional não amortiza
o valor tradicional da AMORC completamente. Na medida em que foi
pontuada, ela apenas foi analisada em relação a fase inicial Rosenkreuzer.
Mas não foi avaliada em relação à segunda fase Rosenkreuzer.

Deixe-me começar aqui, que a avaliação de qualquer Ordem tradicional é feita


contra as normas dos pilares da Tradição Rosacruz, considerando-se
especificamente como essa Ordem se sai em relação às proposições
apresentada pelo nossos fundadores em seus primeiros estágios. Os seis
manifestos documentais que compõem o padrão foram publicados em um
período muito curto, de apenas 1616 até 1618. Estes seis manifestos
absolutamente determinam as intenções dos nossos verdadeiros fundadores.

As avaliações demonstram quão verdadeira é a causa de uma Ordem em


relação a essas intenções originais.

Ao mesmo tempo; negar que a tradição Rosacruz não continou e evoluiu seria
um engano. O segundo período Rosenkreuzer mostra isso e essas Ordens
expandiram o escopo original. Assim, em comparação, meus pilares da
Tradição RC vê as Ordens de um ponto de vista muito PURISTA e depois de
tudo eu irei definir a minha própria Ordem aqui.

Agora, algumas pessoas recentemente me chamaram de “líder de pensamento


Rosacruz” e talvez, eventualmente, o título poderá se sentar
confortavelmente. De qualquer maneira, sem os meus amigos me cutucando
com nomes e tirando sarro de mim, tenho o compromisso de ajudar os outros
a enriquecerem a sua viagem Rosacruz. Em grande parte enfatizar a tradição e
criar consciência sobre a nossa herança.

As Avaliações Rosacruzes encapsulam minha busca inicial para recuperar as


nossas raízes perdidas.

Eu não espero que todas as Ordens façam bem contra os pilares. A AMORC fez
mal e não é o pior desgaste em comparação com as próximas revisões. O que
aconteceu na minha avaliação da AMORC, porém, foi que eu formulei um
ponto, que era uma conclusão original minha.

Eu destaquei uma conexão entre a AMORC e uma certa Ordem Egípcia.

Esse pensamento me manteve incomodando. Cavei um pouco mais profundo.

Mas não se engane. Antes de eu divulgar essa revelação, eu ainda estou firme
em relação à avaliação anterior.

As monografias da AMORC não ensinam mistérios Rosacruzes. Hoje a sua


administração sabe pouco sobre mistérios Rosacruzes. Muito pouco de sua
revista ou museu contêm ensinamentos Rosacruzes (Trinisofia, Hermetismo,
Pansofia, Theosofia), mas o reino onde podemos descobrir sua herança
tradicional está nas iniciações que eles usam, incluindo os símbolos e a
decoração.

O que a maioria das pessoas não sabe é que a tradição ritualística da AMORC
veio de outra ordem.

Introduzindo o Ritual Egípcio de Memphis-Misraim.

Estranhamente muita gente nunca ouviu falar do Memphis-Misraim, que é um


organismo muito Rosacruz. A maioria dos membros da AMORC tem
mencionado algumas vezes que eles acham que a AMORC tem pouco a ver com
a Maçonaria. De um modo geral, eles estão certos. AMORC e Maçonaria são
duas entidades separadas com diferentes objetivos. E, no entanto, esta
suposição é absolutamente errada quando se trata do Rito de Memphis-
Misraim, amplamente conhecido como Maçonaria Egípcia, uma tradição que
eu tive a sorte de ser iniciado na Suécia, graças a Mikael Gejel & Fin N.

Como e por que a AMORC está relacionada com o M.M é fascinante. Este post
vai provar o ponto.
Na minha avaliação da AMORC afirmei que “a AMORC é essencialmente o
rito egípcio de Memphis-Misraim sem a lenda do construtor maçônico“.
Isto não foi um palpite que acabou por ser um bang, mas também descobriu-se
que o fundador da AMORC, Harvey Spencer Lewis, propositadamente fez isso,
sabendo muito bem que ele estava mudando os rituais e eviscerando a lenda
maçônica.

Para os leitores que não conhecem, a Maçonaria Egípcia não é a mesma


Maçonaria regular. Esta última é em grande parte Inglesa ou Escocesa, e
baseia-se na lenda do construtor em torno do templo do Rei Salomão. A
história tradicional dentro da Maçonaria regular afirma que um dos mestres
construtores do rei Salomão foi chamado Hiram Abif e foi ele que aprendeu a
sabedoria secreta de Salomão, que foi transmitida através de sua guilda de
construtores, dentre a qual estavam os mistérios secretos da elaboração do
templo. Seu ofício se tornou filosófico, com o objetivo de construir um templo
para uma humanidade iluminada.

A Maçonaria Egípcia, por outro lado, é geralmente detestada por Maçons


regulares. Ao invés de ter apenas 33 graus, o Rito de Memphis-Misraim tem
99 iniciações de mistérios no total.

A principal diferença aqui é que eles alegaram uma origem egípcia. Ao invés
de remontar aos construtores do templo de Salomão, eles se viam como uma
extensão dos arquitetos do Egito, que havia criado as pirâmides e
testemunhado os antigos mistérios lá mesmo. Foi a sua fraternidade, segundo
eles, que tinha continuado as antigas religiões de mistério do Egito, Pérsia, dos
Hebreus e da Grécia, todas as quais eles tinham testemunhado e transmitido
em sua Maçonaria Egípcia.

A AMORC em sua história tradicional também reivindica ser oriunda dos


egípcios, ou seja, a partir de Imhotep, ou, como alguns dizem, Akhenaton. Isto
é onde você vai começar a ver o cross-over da Maçonaria Egípcia.

Na verdade, o Rito de Memphis-Misraim é uma combinação de dois ritos


anteriores, sendo o primeiro o Rito de Misraim e o segundo o Rito de
Memphis. Ambos tiveram diferentes lendas de fundação.
O Rito de Misraim começou em 1803 como uma extensão da Maçonaria
Egípcia de Cagliostro. De acordo com sua lenda, Misraim foi o neto de Noé, que
depois de sobreviver à inundação fundou o Egito. Ele é conhecido como
Menes, o primeiro dos faraós, e introduziu a Cabala e a Arquitetura para os
Egípcios. Tal como acontece com Rosenkreuz, ele tinha um túmulo de sete
lados, rodeado por sete pedras planetárias e, acima de seu sarcófago,
queimava um fogo que nunca se apagava. Este Rito era Hermético, Cabalístico
e possuía 80 graus.

O Rito de Memphis foi criada em 1838. Ela também teve altos graus,
aparentemente 88 no total. Sua lenda de fundação foi Rosacruz, alegando que
um sábio egípcio chamado Ormus, que era um sumo sacerdote no templo de
Serápis, foi convertido ao Cristianismo por Marcos no ano 96 D.C. Ormus é dito
como aquele que retificou os mistérios de Ísis e Osíris com esta nova revelação
de Cristo.

A diferença que o Rito de Memphis tinha em relação ao de Misraim era que ele
tinha mais ênfase sobre Templarismo, Cavalaria e Cristianismo gnóstico. De
acordo com o meu amigo historiador Milko, o Rito de Memphis foi uma
tentativa de cristianizar o anterior rito de Misraim. Ambos os ritos
ensinavam iluminismo, a doutrina da Reintegração e tinha fases de trabalho
filosóficas, cabalísticas e magísticas.

Foi em 1881 que os Ritos de Memphis e de Misraim foram reunidos em uma


forma de Maçonaria Egípcia.

A nova forma de Maçonaria Egípcia, o Rito de Memphis-Misraim, tornou-se


uma mistura de ambos, que contém os melhores elementos de cada Ordem.
Pessoalmente eu prefiro o Rito de Misraim na medida em que contém mais
ritual oculto. Eu também poderia acrescentar que muitas figuras
proeminentes foram membros, incluindo Blavatsky, Steiner, Westcott,
Crowley, Papus, Reuss e Yarker, para citar alguns.

E, é claro, Harvey Spencer Lewis foi um membro.

Isto é onde fica interessante.


F.U.D.O.S.I investiu Harvey Spencer Lewis.

O ano era 1934, 8 de Agosto, para ser exato. Spencer Lewis neste dia foi
iniciado no 6°, 87°, 88° 89° e 90°. Neste dia especial, uma reorganização da M.M
foi decidida entre os líderes Rosacruzes, que mutuamente reconheciam-se e
que tinham trocado iniciações para ajudar a ratificar a sua autoridade
Rosacruz. Eu não preciso repetir a história F.U.D.O.S.I aqui, mas mencionarei o
fato de que a maioria dos corpos Rosacruzes Franceses e Belgas estavam
presentes.

Nesta conferência, que durou vários dias, chegou-se a uma conlusão. A


F.U.D.O.S.I concordou que a origem do “Antigo e Primitivo Rito de Memphis-
Misraim” tinha que ser de fonte Rosacruz.

Assim, na reunião, os irmãos Belgas usaram isso para afirmar que o ramo
Francês era um órgão que representava o Rito de Memphis ao invés do
Memphis-Misraim juntos. Eles declararam que tinham encontrado
documentação antiga do ano de 1818 do Rito original de Misraim e
consideraram que era o momento certo para uma renovação completa do
Rito.

O historiador e amigo pessoal Milko Boogard escreve:

“De acordo com a F.U.D.O.S.I esta seria uma “Renovação Rosacruz”,


realizada pelo Primeiro Imperator da Ordem Rosacruz, Harvey Spencer
Lewis”.

É aqui que vemos evidência de uma transição dos rituais do estilo maçônico
dos ritos de Memphis-Misraim, que agora seriam transformados em
puramente Rosacruzes e, posteriormente, utilizados pela AMORC. Agora que
Spencer Lewis tinha a autoridade e concordância de seus pares Rosacruzes, ele
iria levá-lo a si para levar o essencial dos rituais e transformá-los em uma
nova forma de Rosacrucianismo.
A Renovação Rosacruz do M.M também significava que os elementos
maçônicos tiveram que ser removidos. Não há mais lenda sobre Hiram Abif, o
mestre de obras. Não há mais segredos sobre o templo de Salomão. Não há
mais esquadro e compasso. Mas os elementos egípcios que fizeram Memphis-
Misraim tão especial permanecem. É por isso que o Parque Rosacruz parece
dessa forma.

Há outras
duas provas principais para finalizar o argumento da origem M.M da AMORC.

O Altar Shekinah tem sido usado em cerimônias de AMORC desde o seu


início. É sempre mostrado como um altar de três lados. Ele aparece no centro
da sede da San Jose nos principais rituais. Você pode vê-lo representado aqui
em uma convocação da AMORC realizada no ano passado. Eu também poderia
acrescentar que Papus incluiu o uso deste altar em rituais Martinistas, mas
Papus admitiu abertamente que ele o tirou do Rito de Memphis-Misraim. Hoje
a AMORC não possui a tradição oral que se passa com este altar triplo, embora
ela permanece em alguns organismos do Misraim e quando eu a recebi eu
senti que o altar é importante o suficiente para ser incluído em nossa própria
Ordem como um objeto que retrata um casamento místico, de natureza
místico-erótica, e relacionado com os mistérios Isis-Osiris.
Vou ainda acrescentar que o Rito de
Misraim realmente obteve isto de
Cagliostro e seu anterior Ritual Egípcio. Você
pode vê-lo em sua forma original de altar triplo
como representado em sua Trinosophia, muitas
vezes atribuída a St Germain, ao lado. A
linhagem de Cagliostro para a M.M é bastante
interessante e vale a pena um estudo mais
aprofundado.

Além disto, há um segundo símbolo do M.M.


usado na AMORC.

O Selo da AMORC foi um
objeto de muita disputa.
Na verdade, este selo é o mesmo selo derivado do Rito de
Memphis-Misraim na Alemanha, então liderado por
Theodore Reuss. Harvey Spencer Lewis ainda esteve
sobre ataque em outro ponto neste mesmo assunto
porque Crowley tornou-se o chefe do rito e a partir de
então afirmou que, portanto, deveria exercer autoridade
sobre a AMORC também. Desnecessário será dizer que a
AMORC não usa este selo de hoje devido à ligação
M.M/OTO. Mas, se você olhar para os certificados
F.U.D.O.S.I da AMORC (antes utilizados) verá que eles
eram selados com a própria assinatura do Lewis ao lado do símbolo do ovo
alado do Rito Egípcio.

A história tradicional do Rito de Memphis-Misraim afirma que o rito começou


com Misraim, o primeiro faraó do Egito. É por isso que depois de falar com
Lewis, Crowley também escreve sobre Lewis dizendo: “Ele disse que a Ordem
foi fundada por um dos primeiros reis egípcios e professavam ter provas
documentais de uma hierarquia ininterrupta de iniciados desde então”.

Claramente neste momento Lewis estava tomando


emprestado a história tradicional de Memphis-Misraim e
não a dos manifestos Rosacruzes que fala apenas de
Christian Rosenkreuz.

Mais tarde, descobrimos que Lewis poderia substituir o bom rei ‘Misraim “por
Akhenaton em seus mitos fundadores. Isso foi feito, a fim de separar ainda
mais a AMORC da lenda maçônica de Misraim. Minha estimativa é que Lewis
realmente teve pouco tempo para digerir e planejar isso com cuidado, pois a
renovação da MM de forma Rosacruz foi finalmente concluída em 1934 e, de
fato, Lewis já vinha trabalhando neste Rito Egípcio desde antes de 1920.

Para adicionar o selo e o altar triplo (como se não é suficiente), devemos


considerar como o Memphis-Misraim foi estilizado em termos não só de seus
rituais, mas também suas regalias e certificados. Lewis viu que a AMORC se
beneficiaria de tudo isso, tendo em vista o uso de emblemas Egípcios com o sol
alado, as colunas Egípcias dos ritos e também selos hieroglíficos que adornam
documentos da AMORC. Embora o altar triplo do M.M é realmente o elefante
rosa na sala de AMORC, desnecessário será dizer que a iconografia egípcia fala
por si. Antes da AMORC nenhum outro organismo Rosacruz tinha feito uso do
extenso imaginário egípcio de tal forma, a não ser o Rito de Memphis-
Misraim, que claramente deixou suas pegadas em cima da Ordem Rosacruz
criada pelo Lewis.

Eu acredito que você deve seguir essas pegadas para rastrear o caminho de
volta para onde sua tradição veio. Se você é um membro da AMORC e este post
é tão chato como o meu passado, eu vos digo: não se preocupe.  Isto é algo que
enriquece a sua herança. O Rito de M.M é bonito, atraente e rico. Com seus
misteriosos 99 graus iniciáticos, o rito herdou à altura dos ensinamentos
iluministas da época. A carga de Lewis para renovar os rituais do M.M não é
um prego no caixão provando uma história, é uma conexão real que você pode
se orgulhar.

Além do mais, este rito em si já tinha uma origem Rosacruz anteriormente.


Mas isso é outra história…

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