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Noschang J et al.

/ Diagnóstico por imagem do tromboembolismo pulmonar

A B
Figura 7. TC em corte axial (A) e mapa de iodo realizado pela técnica de subtração (B) identificando falhas de enchimento em ramos subsegmentares bilateral-
mente, em correlação com os defeitos perfusionais associados.

(Figura 7), isto porque, na prática clinicorradiológica, pe- agudo, enquanto a combinação de SPECT/TC e cintilo-
quenos trombos segmentares e subsegmentares podem grafia de ventilação-perfusão teve sensibilidade de 85,7%
não ser detectados pela TC. e especificidade de 87,5%(46).
Estudos avaliando o uso da TCDE vêm demonstrando Apesar do limitado número de estudos comparando a
melhora na detecção de TEP quando essa técnica é utili- perfusão pulmonar demonstrada pelo mapa de iodo e com
zada, comparando-a com o uso da TC convencional. Aná- a demonstrada pela RM pulmonar, os resultados não são
lise realizada em estudo experimental demonstrou maior satisfatórios. Até o momento, parece não haver correlação
sensibilidade na detecção do TEP com o uso da TCDE significativa entre os métodos, evidenciando-se apenas um
(67% na TC convencional versus 89% na TCDE)(40). Em nível moderado de correlação visual(47).
concordância com estudo experimental, os estudos clíni- Com relação à TCDE, destaca-se a possibilidade de
cos também demonstram benefícios no uso da dupla ener- correlação entre a extensão do defeito perfusional e o
gia. A sensibilidade e a especificidade para avaliação do prognóstico, uma vez que volume de defeito de perfusão
TEP por paciente chegaram a 100%(41), com sensibilidade significativamente maior (35% ± 11% versus 23% ± 10%;
variando de 84,6% a 100% e especificidade variando de p = 0,002) está associado a desfecho clínico adverso(48).
93,3% a 100%. Já a avaliação com base no segmento pul-
monar apresenta sensibilidade de 60% a 82,9% e especifi- Limitações da TCDE
cidade de 99,5% a 99,8%(41,42). Apesar de a TCDE ser uma ferramenta promissora
Deve-se ressaltar importantes característica da TCDE, para o diagnóstico do TEP, há alguns desafios para o uso
que são as altas taxas de concordância interobservador e na prática clínica. Citam-se como fatores que limitam o
intraobservador, demonstrando boa aplicabilidade do mé- uso da TCDE:
todo na prática clínica(43). No entanto, os contatos dos – Relacionados ao scanner: acesso limitado à TCDE,
segmentos pulmonares com o mediastino superior e com alto custo, tempo de processamento das imagens relativa-
as câmaras cardíacas foram considerados fatores limitan- mente longo, o field of view menor do tubo B pode não in-
tes para adequada avaliação do TEP na TCDE(44). cluir a porção periférica do tórax e assim a TCDE não pode
Os achados de defeitos perfusionais demonstrados ser usada para o pós-processamento de dupla energia.
pela TCDE possuem boa concordância com os achados da – Relacionados ao paciente: a obesidade pode aumen-
cintilografia ventilação-perfusão. Em estudo comparando tar o ruído da imagem, o que interfere em análise estru-
a TCDE com a cintilografia em pacientes que receberam tural e funcional. Além disso, frequentemente, o peso do
ambas as técnicas, com intervalo médio entre elas de três paciente excede o permitido nos aparelhos de TCDE.
dias, a acurácia do diagnóstico por paciente mostrou sen- – Interpretação: número pequeno de médicos radio-
sibilidade de 75%, especificidade de 80% e valor preditivo logistas que possuem conhecimento sobre a técnica. Uma
negativo de 93%. A sensibilidade avaliada por segmento terminologia padrão ainda não foi definida.
pulmonar foi 83%, a especificidade, 99%, e o valor predi-
tivo negativo, 93%(45). Outro estudo, comparando a perfu- Artefatos na interpretação da imagem
são pulmonar com a TCDE e a SPECT/TC, a TCDE de- Artefatos nas imagens do mapa de concentração do
monstrou sensibilidade/especificidade de 100% para TEP iodo devem ser considerados, a fim de evitar diagnósticos

184 Radiol Bras. 2018 Mai/Jun;51(3):178–186

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