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ENERGIA
TRANSIÇÃO

A espiral do tempo geológico – Um caminho para o

passado: um pôster criado por Joseph Graham, William
Newman e John Stacy no US Geological Survey. General
Information Product 58, pôster, 2008. Crédito: US
Geological Survey http://pubs.usgs.gov/gip/2008/58/.

24 GEOSCIENTISTA | OUTONO 2021

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Reimaginando a
geociência aplicada
para a transição energética
Phil Ringrose oferece algumas perspectivas de enquadramento sobre
o que a transição energética pode acarretar para os geocientistas
praticantes que trabalham nas indústrias de recursos da Terra
geociência de
O QUE IRÁ transição de energia?
Existe tal
coisa como geociência
sustentável? E, talvez mais urgente para muitos,
haverá um trabalho para mim como geocientista
praticante? Essas estão entre as questões mais
debatidas e desafiadoras para a atual geração de
geocientistas, principalmente aqueles que
trabalham nas indústrias extrativas.
Lembro-me que quando me formei em geologia
há muitos anos, o conselho de carreira era
essencialmente escolher entre ouro, diamantes e
petróleo – estes eram os principais setores da
indústria que empregavam geólogos na época. Um
clichê talvez – mas refletindo a natureza
fundamentalmente exploradora das geociências no
século 20, com a busca por energia e a exploração
de minerais e hidrocarbonetos formando um guarda-
chuva dominante para grande parte das ciências da
Terra. Na verdade, escolhi uma quarta opção e
consegui um emprego como consultor em ciências
ambientais da Terra, apenas para descobrir que a
'geociência ambiental' estava intimamente ligada à
'geociência de exploração', já que trabalhávamos
principalmente em aspectos geológicos de descarte
de lixo nuclear ou limpeza. de derramamentos de
óleo.
Muitos geocientistas acadêmicos 'sentados
em suas torres de marfim' também acharam difícil
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA | PERSPECTIVAS
isolam-se da mentalidade de exploração, uma
vez que várias disciplinas geológicas, incluindo
petrologia ígnea e metamórfica ou análise de
sistemas de bacias sedimentares, receberam
financiamento de pesquisa motivado pelos
motores econômicos das indústrias de mineração e
petróleo.
Agora, com duas décadas do século 21
atrás de nós, o impulso para uma abordagem
mais sustentável da geociência, e
particularmente das indústrias de recursos da
Terra, é primordial e a urgência de responder ao
desafio da mudança climática é a questão
dominante da ciência da Terra. . A transição
energética está sobre nós – como respondemos?
Uma mentalidade revisada
Nos últimos anos, muitos
departamentos universitários descontinuaram
ou renomearam seus programas de
graduação em geologia do petróleo e relataram
dificuldades em recrutar a próxima geração de
estudantes. Geocientistas em início e meio de
carreira que estavam em demanda há uma década,
especialmente em campos relacionados ao petróleo,
agora estão encontrando o mercado de trabalho
escasso, principalmente devido à atual desaceleração
econômica causada pelo duplo golpe de uma
pandemia global e uma crise climática global . A
nova iniciativa do Centro de Formação Doutoral (ver
página 34) é um bom exemplo de uma resposta
proactiva a estes desafios.
TENDÊNCIAS EMERGENTES
NA IDADE DE
Algumas das tendências emergentes
DESCARBONIZAÇÃO
para a geociência na era da descarbonização
(com base em Stephenson et al. 2019):
1. Armazenamento de energia para economias
dominada por sistemas de energia
renovável, incluindo armazenamento térmico,
armazenamento de ar comprimido e
armazenamento de barragens hidrelétricas.
2. Captura e armazenamento de carbono (CCS),
abrangendo tanto o CCS para indústrias de
emissão líquida zero e como um veículo para
permitindo caminhos de emissões negativas.
3. Fornecimento de matérias-primas (metais
e elementos de terras raras) para apoiar
os setores de energia solar e eólica em
rápido crescimento e a demanda associada
para baterias elétricas e sistemas de
transmissão de energia.
4. A economia do hidrogênio, onde a eletrólise
da água ou a reforma do metano são usadas
para impulsionar uma nova economia de
'moléculas verdes'.
5. Energia nuclear, onde geológicas
instalações de eliminação de resíduos
radioativos são implantadas com sucesso para
tornar a energia nuclear existente e futura
genuinamente sustentável.
(NB: Esta revisão não incluiu outras
carreiras importantes no campo das
geociências aplicadas, como o ambiente
construído, geohazards ou geologia e
engenharia ambiental aplicada.)
GEOSCIENTIST.ONLINE | OUTONO 2021 25
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ENERGIA
TRANSIÇÃO
1 Pensar diferente é um precursor para se
Figura 1: Redimensionando a escala de tempo geológica para capturar o conceito de 'cronograma de geociência
sustentável' (esquerda), sem esquecer a importância de entender a escala de tempo linear da história da Terra (direita).
Uma revisão recente das tendências
emergentes para a geociência na era da
descarbonização (Stephenson et al. 2019;
veja caixa, página anterior) fornece um instantâneo
de algumas das maneiras pelas quais a geociência
pode contribuir para os esforços internacionais para
manter o aquecimento global bem abaixo de 2°C e
aponta para algumas das prováveis áreas de foco
para muitos geocientistas nas próximas décadas. Esta
é uma lista orientada por necessidades de energia e,
claramente, muitos geocientistas trabalharão em
tópicos como mudanças climáticas, riscos geográficos
e processos da Terra.
A ciência do clima e as Nações Unidas
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
também são importantes para enquadrar as demandas
emergentes por ciências da Terra em nossa sociedade
e, sem dúvida, os geocientistas estão bem posicionados
para entender o que os ODS significarão na prática.
Nosso mundo de 2030 precisará de mais acesso a
energia confiável (não menos), significativamente
Pensar de forma diferente é um precursor
para se comportar de forma diferente, e
mudanças significativas no comportamento
devem fazer parte da transição energética
26 GEOSCIENTISTA | OUTONO 2021
sistemas de energia renovável expandidos, novos
investimentos em infraestrutura e uma
conjunto completo de tecnologias atualizadas para
fornecer serviços de energia modernos, eficientes e
sustentáveis para todos – tanto em países em
desenvolvimento quanto em economias maduras.
Tudo isso exigirá novos recursos da Terra e, mais
importante, formas mais inteligentes e sustentáveis de
usar esses recursos, incluindo muito mais reciclagem.
A mentalidade de exploração deve ser substituída por
uma mentalidade de sustentabilidade - onde
(parafraseando definições complementares de
sustentabilidade dos campos da ciência ambiental,
sociologia e ecologia) sustentável significa sem danos
significativos ao meio ambiente, incluindo a atmosfera
e o sistema climático, e sem danificar o longo equilíbrio
ecológico de longo prazo, para as futuras gerações de
humanos e para outras espécies. Bastante desafio!
comportar de forma diferente, e mudanças
significativas no comportamento devem fazer parte da
transição energética, que por si só é parte da mudança
fundamental para uma sociedade mais sustentável e
inclusiva. Três temas abrangentes emergem:
1. Um foco na estratigrafia mais jovem –
com um viés estratigráfico para o Quaternário
e o Antropoceno.
2. Diferentes fluidos em foco - carbono
dióxido, hidrogênio e metano no topo
da lista.
3. Inteligência ambiental – usando tecnologia
espacial, sensoriamento geofísico e
ferramentas geoquímicas para coletar
informações sobre nosso espaço vital
planetário.
Foco na estratigrafia mais jovem
Todos os geocientistas terão aprendido a
coluna geológica em algum momento de sua
educação e provavelmente passaram algum tempo
conhecendo partes limitadas dela muito bem. O
Mesozóico costuma atrair os mais
atenção para os geocientistas de petróleo, enquanto o
Proterozóico e o Paleozóico são provavelmente mais
importantes para os geólogos de mineração. Uma
implicação significativa do desafio da sustentabilidade e
da mudança climática é a necessidade de focar na
história geológica muito recente – o Quaternário e o
Holoceno.
O Antropoceno é agora amplamente
reconhecido como o período geológico mais
recente da Terra, marcando a fase atual de
extensos efeitos influenciados pelo homem nos
processos do sistema terrestre. Embora ainda
não tenha sido oficialmente aprovado como uma
subdivisão formal do tempo geológico, este
período é crítico para a ciência sustentável da Terra.
Senta-se ao
junção entre a compreensão do passado
geológico recente e a previsão de possíveis futuros
da Terra – cenários que envolvem a modelagem
do sistema climático, da hidrosfera, dos oceanos e dos
diversos processos geológicos envolvidos.
A Figura 1 mostra um reescalonamento
intencionalmente provocativo do tempo geológico
usando o log inverso do tempo para ilustrar como a
compreensão do tempo
Os processos da Terra provavelmente serão dominados
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pelo período Holoceno e Antropoceno.
Certamente, os estudos sobre mudanças
climáticas usam muitas informações do
era cenozóica e muito menos do
registro geológico anterior. Da mesma forma, os
esforços para prever a disponibilidade de águas
subterrâneas e superficiais para populações humanas
tenderão a usar registros recentes (Holoceno) para
calibrar as previsões para as próximas décadas.
Este conceito é bem capturado na 'espiral do
tempo geológico' (página 24).
O resultado prático dessa perspectiva
de escala de tempo modificada é encontrada em
muitas das atividades de transição energética.
A construção de parques eólicos offshore
normalmente envolve engenharia de fundação dos
100 m superiores de substrato (tipicamente sedimentos
Holoceno e Pleistoceno). A aquisição de minerais
necessários para a transição energética,
esperançosamente de maneira responsável e
sustentável, também exigirá muito mais foco no
ambiente próximo à superfície e
processos hidrogeológicos (mesmo que os
próprios minerais venham de uma antiga
sistema rochoso). As atividades crescentes de
armazenamento subterrâneo de CO2 e H2
geralmente se concentram nas profundidades de
armazenamento dentro do intervalo de 1-3 km, com
um trabalho significativo necessário para entender a
sobrecarga do 1 km mais alto.
Tais estudos sobre a rocha mais rasa
sequência muitas vezes encontra uma 'lacuna de dados'
Figura 2: Imagens de canais glaciais do Pleistoceno Superior a partir de dados sísmicos rasos. O objeto do canal verde tem ~ 500 m de largura, ~ 12 km de comprimento e a uma profundidade de ~ 200 m sobrejacente a um
amplo sistema de canais em azul a ~ 400 m de profundidade. Do trabalho relatado por Furre et al. (2015) In: Terceira Conferência e Exposição de Ciências da Terra Sustentáveis 2015(1), 1-5, EAGE. (Imagem cortesia da Equinor.)
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA | PERSPECTIVAS
ou pelo menos uma escassez de informações
para a seção de sobrecarga. Muitas
sondagens e pesquisas sísmicas relacionadas
ao petróleo visaram os intervalos profundos, de
modo que faltavam conjuntos de dados de
registro e imagens sísmicas de alta qualidade
nos intervalos mais rasos. Onde raso
dados de imagens sísmicas estão disponíveis
(como o uso de conjuntos de dados de aquisição
sísmica de banda larga), as sequências rasas
revelam muito mais complexidade do que se
imaginava anteriormente. Por exemplo, na bacia
do Mar do Norte, o intervalo superior de 500 m
revela uma incrível rede de depósitos de canais
glaciais das glaciações do Pleistoceno (Fig. 2).
Compreender esses depósitos glaciais rasos tem
implicações práticas para a avaliação dos sistemas
de contenção de CO2 (Landrø et al. 2019), além de
revelar novos insights sobre o recuo do gelo britânico-
irlandês e fennoscandian
Folhas (Bradwell et al. 2019). Outro
desenvolvimento fascinante na geociência marinha
rasa tem sido a aceleração na compreensão dos
assentamentos paleolíticos e mesolíticos submersos
da região sul do Mar do Norte – especialmente
Dogger Land – provocada pela aquisição de novos
dados sísmicos e de poços de desenvolvimentos de
parques eólicos offshore (Bailey et al. 2008; Ward,
2014). Eu não tinha percebido o quanto o
O benefício das energias renováveis levaria a uma
revolução na arqueologia marinha.
Um conjunto diferente de fluidos
O estudo do escoamento multifásico em meios
rochosos permeáveis – um importante ramo da
geociência e da física aplicada – tem sido por muitas
décadas dominado pelo estudo de sistemas petróleo-
água.
No entanto, a última década viu uma rápida
expansão no estudo de sistemas de CO2 -salmoura
e sistemas de hidrogênio-salmoura como importantes
variantes da ciência do fluxo multifásico em meios
rochosos. Portanto, é provável que vejamos várias
bifurcações de análise de fluxo multifásico na
transição de energia.
Os insights dos sistemas de fluidos óleo-
gás-água muito estudados já estão sendo
aplicados a sistemas de CO2 -salmoura e
sistemas de hidrogênio-salmoura, mas novos
desafios também estão surgindo. O CO2 é muito
mais reativo com as fases aquosa e mineral no
sistema de rocha hospedeira; O CO2 se dissolve
em salmoura (produzindo água com gás) e pode
precipitar como minerais de carbonato (uma
forma de cimentação acelerada). Esses processos
contribuem para um princípio importante em projetos
de armazenamento de CO2, a saber, que o CO2
armazenado
geralmente se torna mais seguro em função
do tempo (Ringrose et al. 2021).
GEOSCIENTIST.ONLINE | OUTONO 2021 27
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ENERGIA
TRANSIÇÃO

Para o armazenamento de hidrogênio, que 3

muitos argumentam ser essencial em um

mundo dominado por energia renovável, há um
novo conjunto de reações geoquímicas para nos
preocupar (Heinemann et al. 2021). Por exemplo,
certos microrganismos frequentemente presentes
em formações subterrâneas podem ser grandes
consumidores de hidrogênio, o que pode levar a
perdas indesejáveis ou desafios técnicos durante
um projeto de armazenamento de hidrogênio. No
entanto, ao entender o comportamento dos 'insetos'
em diferentes faixas de temperatura, salinidade e
acidez, essas reações podem ser controladas e
gerenciadas. Isso significa, no entanto, que a
biologia de microrganismos profundos será um
tema importante na futura geociência. Figura 3: Imaginando fluidos no subsolo usando dois copos – um com azeite e água (esquerda) e outro com espumante e CO2 (centro). À
direita está um experimento de laboratório mostrando o azeite (verde) preso como uma fase residual em um meio poroso saturado de água
granular (escala em mm) como um análogo ao aprisionamento de CO2 em formações rochosas subterrâneas. Modificado de Ringrose &
Bentley (2021) Design de modelo de reservatório (2ª ed.) Springer, Dordrecht.
Compreender esses novos sistemas (Fotos de Britta Paasch e Philip Ringrose.)

de fluidos trará novos e empolgantes desafios

para os geocientistas que trabalham em
interações fluido-rocha e fluxo em Sistema de vinho espumante CO2 (Fig. 3). Inteligência ambiental e
meio rochoso permeável. Embora muito ampla É claro que existem muitos outros fatores que sistemas de monitoramento da Terra
para resumir aqui, talvez a figura 3 desperte controlam o CO2 na subsuperfície que não são Há pouca dúvida agora que vivemos em um

seu interesse. CO2
no subsolo torna-se um líquido abaixo de
uma profundidade de ~ 800 m, e nessas
profundidades ele se comporta mais como o
sistema azeite/água do que como o sistema
capturados por esta ilustração simples (como
efeitos térmicos no comportamento da fase in
situ), mas é um bom ponto de partida para
discussões na barra.
era de grandes desafios ambientais e climáticos,
que muitos argumentariam estar em níveis de
crise. Isso diz respeito não apenas à nossa
resposta ao aquecimento global induzido pelo
homem, mas também à forma como abordamos

Figura 4: Sensoriamento acústico distribuído da subsuperfície rasa de um cabo submarino de telecomunicações. À esquerda, imagem processada a partir de sísmica convencional (um streamer de canal único
rebocado com uma matriz de hidrofones de 24 elementos de 7 m de comprimento ativo). À direita, imagem processada a partir de um cabo de telecomunicações do fundo do mar usando sensor acústico distribuído
(com comprimento de bitola de 4 m). Ambas as imagens usam o mesmo aprimoramento de sinal. As setas amarelas indicam reflexões de subsuperfície vistas em ambas as aquisições (os horizontes laranja, verde
e azul mostram as janelas usadas para calcular as relações sinal/ruído e o espectro). Imagens de Taweesintananon et al (2021) Geophysics 86(5), 1-69; https://doi.org/10.1190/geo2020-0834.1, reproduzido com
permissão.

28 GEOSCIENTISTA | OUTONO 2021

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inúmeros outros impactos ecológicos, como perda de
biodiversidade, degradação de solos, perda de áreas
florestais e danos aos recursos hídricos. A transição
energética, portanto, envolve tanto uma mudança rápida
para sistemas de energia de baixa/zero emissões
quanto um impulso para usar os recursos da Terra sem
danos significativos ao meio ambiente.
A mentalidade de sustentabilidade precisa ser
incorporada em tudo o que fazemos. Para os
geocientistas, isso significa um foco no
monitoramento e medição do sistema natural da
Terra – a hidrosfera e a biosfera, o marinho e o
terrestre.
EXEMPLOS DE AVANÇOS RECENTES
EM SISTEMAS DE MONITORAMENTO DE TERRA
Ilustração do
satélite TerraSAR-X
(por DLR, CC
BY 3.0 via
Wikimedia Commons) CO2 (Vasco et al. 2010).
• Do espaço, agora podemos detectar emissões de CO2 e
CH4 com níveis cada vez mais altos de exatidão e
precisão. Por exemplo, os dados publicamente disponíveis
são fornecidos pelo instrumento SCIAMACHY no Envisat,
AIRS no satélite Aqua, nos satélites GOSAT e GOSAT-2,
no satélite OCO 2 e no instrumento OCO-3
montado na Estação Espacial Internacional. Esses
satélites são importantes tanto para monitorar as emissões
de gases de efeito estufa produzidas pelo homem quanto
para entender as emissões naturais (dos oceanos, plantas
terrestres e vulcões).
• Também do espaço, agora podemos medir a
deformação do solo em escala de mm quase
diariamente. O radar de abertura sintética interferométrica
(InSAR) passou na última década de uma atividade de
nicho para um sistema de monitoramento geodésico de
rotina. Os satélites atualmente em operação incluem
COSMO-Skymed e TerraSAR-X (na banda X) e Sentinel-1
e Radarsat-2 (na banda C). Várias nações agora têm
cobertura completa do InSAR disponível para o público,
permitindo que você verifique a subsidência ou elevação
em torno de estruturas feitas pelo homem e
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA | PERSPECTIVAS
ambientes, a Terra rasa e o sistema profundo da Terra.
O problema é que muitas vezes a sociedade em geral
não tem uma apreciação da importância dos recursos
da Terra para a vida moderna. Todo mundo quer 'verde',
mas poucos sabem realmente o que 'verde' significa na
prática. Quanto a nós, geocientistas, também devemos
admitir que ainda há muito
sobre o processo da Terra, especialmente os
processos de longo prazo. Lembro-me do poema de
Emily Dickinson Que mistério permeia um poço! onde
pondera os mistérios da “água [..] de outro mundo que
reside em uma jarra” e escreve:
cidades (Bischoff et al. 2020) ou em relação a riscos
naturais, como deslizamentos de terra (Carla et al. 2019).
O método também pode ser usado para monitorar
mudanças de pressão associadas ao armazenamento de
• Na superfície da Terra, a maioria dos geocientistas
estão acostumados com o valor da imagem sísmica
para ver o que 'está sob nossos pés', mas talvez menos
conscientes de como a qualidade dessas imagens
melhorou ao longo dos anos. Por exemplo, a aquisição
sísmica marítima de banda larga pode aumentar as
frequências utilizáveis de alguns Hz até 200 Hz (em
comparação com o sistema de aquisição convencional
normalmente entre 8-80 Hz), levando a imagens muito
melhores de recursos mais rasos e profundos na mesma
pesquisa.
Além disso, os métodos sísmicos de lapso de tempo
permitem que movimentos de fluidos e mudanças de
pressão no subsolo sejam detectados com níveis
crescentes de precisão (Landrø 2001) e se mostraram
muito adequados para monitorar locais de armazenamento
de CO2 (Chadwick et al 2010).
• Na superfície e abaixo da superfície da Terra, a detecção
por fibra óptica está abrindo uma nova caixa de
possibilidades para monitoramento. Os cabos de fibra
óptica são baratos e podem ser usados para várias
finalidades. Por exemplo, um cabo de telecomunicações
padrão pode
ser usado para obter imagens do subsolo (Fig. 4;
Taweesintananon et al. 2021) e para detectar
terremotos (Lindsey et al 2017).
Layouts de fibra ótica dedicados, usando cabos
de fibra ótica de superfície e de fundo de poço, podem
ser usados para monitorar locais de armazenamento de
CO2 (Harris et al 2017) ou riscos de deslizamento de terra
e, em alguns casos, o ruído do tráfego pode ser usado como
a fonte sísmica (Dou et al 2017).
Mas a natureza ainda é uma estranha;
Os que mais a citam
Nunca passei por sua casa assombrada,
Nem simplificou seu fantasma.
Mesmo como geocientista praticante, concordo
com esse sentimento – o mundo natural ainda é
um estranho e aqueles que a citam mais precisam fazer
mais para entender o 'assombrado
lar'.
É aqui que a revolução em curso na
o sensoriamento remoto tem um papel importante a desempenhar.
Monitorar a superfície da Terra por satélite e sondar
o interior da Terra usando ferramentas de
sensoriamento geofísico e geoquímico será vital nas
próximas décadas. Uma série de inovações
empolgantes e rápidas (veja o quadro à esquerda)
significam que os geocientistas agora têm um conjunto
sem precedentes de ferramentas e métodos para
monitorar a Terra e, com a "mentalidade de
sustentabilidade" que precisamos desenvolver, teremos
acesso a muitas de dados para entender melhor o
mundo natural.
Então, como devemos re-imaginar a geociência
nas profissões de utilização de recursos?
Não estamos aqui apenas para encontrar recursos e
explorá-los, estamos disponíveis para ajudar nossa
sociedade a usar os recursos da Terra de maneira
sustentável. Todos os recursos, incluindo água, metais,
minerais, hidrocarbonetos, unidades de armazenamento
porosas e recursos geotérmicos, precisam de uma
etiqueta 'Manuseie com cuidado' anexada, e a análise
avançada e inteligente de sistemas terrestres deve ser
parte integrante do que oferecemos à sociedade.
Acho isso emocionante – espero que você também.
Reconhecimentos
Agradeço a Martin Landrø (NTNU) e Kit
Taweesintananon (NTNU) por conselhos e insights sobre
sensor de fibra óptica e Anne-Kari Furre (Equinor) por
conselhos e insights sobre interpretação sísmica.
Uma lista de leitura adicional está
disponível em geoscientist.online
PROFESSOR PHILIP
RINGROSE
Philip Ringrose é
professor do Centro de
Previsão Geofísica da
NTNU, Trondheim, Noruega
e especialista em geociências da Equinor
philip.ringrose@ntnu.no
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