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As Redes Humanas: “À procura um do outro”, num quadro global em

construção

Fatores climáticos: produção e fome:

Figura 1. Um gráfico composto, suavizado, da temperatura estimada do hemisfério


norte nos últimos 1000 anos.

A rápida subida de temperatura no último século é em parte resultado de mudanças na


atmosfera provocadas pela ação humana (0.7ºC de subida da temperatura desde 1860).
Da mesma forma, a maior parte do aumento da temperatura mundial desde 1975
deve-se às emissões de gases com efeito de estufa pelo ser humano.

Crises de fome, climáticas e sociais da História (Contexto do gráfico)


Causas da fome:
● extremos climáticos que provocam quebra nas colheitas e a morte do gado;
● pragas de gafanhotos ou roedores;
● surtos de doenças fúngicas;
● degradação da qualidade dos solos;
● guerra e conquista de territórios.

As fomes foram uma ocorrência comum na História da humanidade. Apesar do clima


ser menos irregular na Europa (e na América do Norte) do que na maioria do resto do
mundo, a Europa também foi afligida por este fenómeno diversas vezes. Durante
muitos séculos, as dietas europeias eram marginais, por exemplo: até 1870, dois terços
da dieta francesa consistia em pão e batatas. A carne e o peixe eram itens de luxo. Os
animais também rendiam menos carne (e derivados, em geral).
A média de calorias ingeridas durante séculos, na Europa, era inferior a 2000 kcal,
caindo para 1800 kcal nas zonas mais pobres do continente. Esta insuficiência calórica
persistente gerava, inevitavelmente: subnutrição, suscetibilidade a doenças infecciosas
e uma baixa esperança de vida.
As fomes constantes ‘abatiam’ a população, muitas vezes drasticamente.

Exemplo dramático de fome durante a época medieval:


● A grande fome de 1315-17 na Europa
Durante esta década, as condições climáticas deterioraram-se, causando: quebras nas
colheitas, aumento generalizado dos preços, fome e morte. Isto despontou uma
inquietação na sociedade que acabou na multiplicação de assaltos, na invasão de
campos por grupos de camponeses e em canibalismo. Doenças em animais
proliferaram-se, o que resultou na morte de metade das ovelhas e bois no continente
europeu.
Todos estes eventos associados à peste negra, que surge trinta anos mais tarde, são
encarados por alguns historiadores como fatores contribuidores para o
enfraquecimento e dissolução do feudalismo na Europa.
Depois disso, e como podemos ver no gráfico da Figura 1, a Europa experiencia 400
anos de clima mais frio durante a Pequena Era do Gelo, que dura, aproximadamente,
de 1450 a 1850.
É nos séculos XVI/XVII que a temperatura na Europa atinge o seu ponto mais baixo,
coincidindo com uma população europeia bastante mais alargada, agora recuperada da
peste negra. Na década de 90 do século XVI, quatro más colheitas em sequência
acabam por levar ao consumo de carne de gatos, cães e, supostamente, humana.
Porém, o ano europeu mais frio do último milénio talvez seja o de 1602, quando um
vulcão nos Andes espalha uma cortina de fumo pelos céus do mundo inteiro (que
reduziu a atividade solar durante grande parte do século). O decréscimo na produção
alimentar que acabou por se verificar na primeira parte do século XVII levou a:
instabilidade política, fome, doenças infecciosas e morte. Episódios semelhantes
ocorrem durante este século.
A ocorrência de períodos de fome na Europa só reduziu durante o século XVIII com o
surgimento de práticas agrícolas mais modernas.

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