O documento discute as causas históricas de fome na Europa, incluindo eventos climáticos extremos que danificaram colheitas, pragas e doenças. Ele fornece detalhes sobre a Grande Fome de 1315-1317 na Europa, quando as condições climáticas ruins levaram a quebras de colheitas, aumento de preços, fome e morte. Também discute como a Pequena Era do Gelo entre 1450-1850 levou a temperaturas mais baixas e produção alimentar reduzida na Europa.
Descrição original:
Título original
As Redes Humanas: “À procura um do outro”, num quadro global em construção
O documento discute as causas históricas de fome na Europa, incluindo eventos climáticos extremos que danificaram colheitas, pragas e doenças. Ele fornece detalhes sobre a Grande Fome de 1315-1317 na Europa, quando as condições climáticas ruins levaram a quebras de colheitas, aumento de preços, fome e morte. Também discute como a Pequena Era do Gelo entre 1450-1850 levou a temperaturas mais baixas e produção alimentar reduzida na Europa.
O documento discute as causas históricas de fome na Europa, incluindo eventos climáticos extremos que danificaram colheitas, pragas e doenças. Ele fornece detalhes sobre a Grande Fome de 1315-1317 na Europa, quando as condições climáticas ruins levaram a quebras de colheitas, aumento de preços, fome e morte. Também discute como a Pequena Era do Gelo entre 1450-1850 levou a temperaturas mais baixas e produção alimentar reduzida na Europa.
As Redes Humanas: “À procura um do outro”, num quadro global em
construção
Fatores climáticos: produção e fome:
Figura 1. Um gráfico composto, suavizado, da temperatura estimada do hemisfério
norte nos últimos 1000 anos.
A rápida subida de temperatura no último século é em parte resultado de mudanças na
atmosfera provocadas pela ação humana (0.7ºC de subida da temperatura desde 1860). Da mesma forma, a maior parte do aumento da temperatura mundial desde 1975 deve-se às emissões de gases com efeito de estufa pelo ser humano.
Crises de fome, climáticas e sociais da História (Contexto do gráfico)
Causas da fome: ● extremos climáticos que provocam quebra nas colheitas e a morte do gado; ● pragas de gafanhotos ou roedores; ● surtos de doenças fúngicas; ● degradação da qualidade dos solos; ● guerra e conquista de territórios.
As fomes foram uma ocorrência comum na História da humanidade. Apesar do clima
ser menos irregular na Europa (e na América do Norte) do que na maioria do resto do mundo, a Europa também foi afligida por este fenómeno diversas vezes. Durante muitos séculos, as dietas europeias eram marginais, por exemplo: até 1870, dois terços da dieta francesa consistia em pão e batatas. A carne e o peixe eram itens de luxo. Os animais também rendiam menos carne (e derivados, em geral). A média de calorias ingeridas durante séculos, na Europa, era inferior a 2000 kcal, caindo para 1800 kcal nas zonas mais pobres do continente. Esta insuficiência calórica persistente gerava, inevitavelmente: subnutrição, suscetibilidade a doenças infecciosas e uma baixa esperança de vida. As fomes constantes ‘abatiam’ a população, muitas vezes drasticamente.
Exemplo dramático de fome durante a época medieval:
● A grande fome de 1315-17 na Europa Durante esta década, as condições climáticas deterioraram-se, causando: quebras nas colheitas, aumento generalizado dos preços, fome e morte. Isto despontou uma inquietação na sociedade que acabou na multiplicação de assaltos, na invasão de campos por grupos de camponeses e em canibalismo. Doenças em animais proliferaram-se, o que resultou na morte de metade das ovelhas e bois no continente europeu. Todos estes eventos associados à peste negra, que surge trinta anos mais tarde, são encarados por alguns historiadores como fatores contribuidores para o enfraquecimento e dissolução do feudalismo na Europa. Depois disso, e como podemos ver no gráfico da Figura 1, a Europa experiencia 400 anos de clima mais frio durante a Pequena Era do Gelo, que dura, aproximadamente, de 1450 a 1850. É nos séculos XVI/XVII que a temperatura na Europa atinge o seu ponto mais baixo, coincidindo com uma população europeia bastante mais alargada, agora recuperada da peste negra. Na década de 90 do século XVI, quatro más colheitas em sequência acabam por levar ao consumo de carne de gatos, cães e, supostamente, humana. Porém, o ano europeu mais frio do último milénio talvez seja o de 1602, quando um vulcão nos Andes espalha uma cortina de fumo pelos céus do mundo inteiro (que reduziu a atividade solar durante grande parte do século). O decréscimo na produção alimentar que acabou por se verificar na primeira parte do século XVII levou a: instabilidade política, fome, doenças infecciosas e morte. Episódios semelhantes ocorrem durante este século. A ocorrência de períodos de fome na Europa só reduziu durante o século XVIII com o surgimento de práticas agrícolas mais modernas.