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O traço distintivo dos sistemas estruturais
arquitetônicos reside no seu compromisso original
com a formação do ambiente que há de
caracterizar o abrigo das atividades humanas. Em
outras palavras, para assegurar a qualidade
arquitetônica é mais importante a adequação da
estrutura ao ambiente e deste às atividades que
ele vai envolver e abrigar, do que o correto
equacionamento das cargas, do trabalho dos
materiais e das resistências dos elementos
estruturais.
É necessário e urgente, decerto, alcançar o
rigoroso equilíbrio entre as cargas, as resistências e
os apoios que garantem a estabilidade da formal
estrutura - mas o importante, tratando-se de
arquitetura, é fazer com que essa forma contribua
para a indispensável adequação do ambiente às
atividades humanas que ele deve favorecer.
Partenon (Acrópole, Atenas, séc. V a.C.)
Isso significa que a estrutura arquitetônica, além e
acima dos compromissos técnicos com a
estabilidade da construção, compromissos de
caráter estático, por assim dizer, tem um
compromisso maior, de caráter psicológico e
estético.
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto
O arquiteto e o desenvolvimento tecnológico no século XIX
O mesmo não acontece com as estruturas operadas pela engenharia, que normalmente têm apenas
um compromisso indireto com as atividades, cotidianas dos homens.
O contraponto da represa que alimenta a usina é com o empuxo e as infiltrações da água: a energia
gerada vai iluminar a morada humana ou acionar seus aparelhos a dezenas de quilômetros de
distância e os homens fruem dos benefícios da luz e do trabalho dos motores sem tomar
conhecimento da existência da usina perdida no fundo do vale, e sem sequer imaginar a forma
assumida pela estrutura da represa no seu entendimento com a força das águas e a topografia do
sítio.
(...)
Também a ponte ocasionalmente marca presença na paisagem, mas ela é feita de fato para servir
como passagem, uma espécie de prolongamento do caminho sobre o rio ou outro qualquer acidente
topográfico: o homem que a utiliza raramente toma conhecimento da sua forma/estrutura
"escondida" lá embaixo.
Aliás, foi com a realização das primeiras estruturas metálicas para pontes e edifícios que se
encaminhou decisivamente o processo de desenvolvimento da tecnologia da construção no século
XIX.
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto
O arquiteto e o desenvolvimento tecnológico no século XIX
(...)
No intermezzo desses grandes acontecimentos -
realmente marcantes do início do desenvolvimento
tecnológico da engenharia nascente - ocorreu a
primeira contribuição notável para o desenvolvimento
revolucionário da tecnologia da arquitetura: em 1786,
sete anos após a construção da ponte de Darby e sete
anos antes da construção da ponte de Sunderland,
procede-se à substituição da estrutura de madeira da
cobertura do Teatro Francês por uma estrutura de ferro
forjado. O trabalho é projetado e realizado pelo
arquiteto Victor Louis, famoso construtor de teatros.
Sobre essa obra, Giedion tece o seguinte e muito
significativo comentário:
“A elegância e a ousadia requeridas pelo uso do ferro em um
edifício desse tipo permaneceriam como uma característica
constante das construções francesas em ferro. As mesmas
qualidades aparecem, daí em diante, em todas as obras francesas
durante mais de um século, até que a construção em ferro alcance
seu apogeu na Exposição de Paris, em 1889.
O teto em ferro do Teatro Francês merece ser comentado por uma
razão muito precisa. O conjunto da construção está tão bem
equilibrado que paredes muito leves podem sustentá-lo. Como
alguns técnicos franceses asseguram, a forma das suas armações
revela um conhecimento intuitivo do momento de inércia, do qual
não se havia ainda elaborado a fórmula científica. (Giedion, p.
Biblioteca Ste-Geneviéve
176).”
Labrouste (1838 - 1850)
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto
O arquiteto e o desenvolvimento tecnológico no século XIX
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Foi tão grande e rápida a aceitação desse
embrião dos modemos centros comerciais
(shopping centers), que em muito pouco tempo
além da Panoramas outras cinco galerias
estavam construídas em Paris. Por volta de 1840
elas chegavam a uma centena, só na capital da
França. (...)
Em pouco tempo as galerias se difundiram por
toda a Europa e, logo, pelo mundo todo.
Em arquitetura, uma revolução tecnológica por
si só não é suficiente para criar novas formas de
agenciamento do espaço habitado - essa
inovação só se dá em termos consideráveis
quando a nova solução espacial, a nova
ambientação alcança aceitação pública. Essa
aprovação pelos moradores é que leva à
reprodução das soluções propostas. O grande
sucesso das passagens cobertas e galerias na
primeira metade do século, denotando a
calorosa aceitação por parte do público,
contribuiu de maneira decisiva para a criação de
condições subjetivas favoráveis à plena
manifestação de uma nova arquitetura, já em
processo de gestação.
Os novos programas
arquitetônicos puderam ser
satisfatoriamente atendidos
mediante adaptações de edifícios
antigos: as vilas e castelos
inspiraram palácios; as basílicas e
templos conduziram às igrejas.
A ausência de novos e complexos
problemas técnico-construtivos
permitiu que logo o arquiteto-
mestre-de-obras fosse substituído
pelos pintores e escultores nas
tarefas da concepção e projeto dos
espaços arquitetônicos
renascentistas. É quando se
destacam figuras gigantescas
como Bramante, Michelangelo,
entre dezenas de outros
escultores-pintores-arquitetos que
armaram o cenário da
extraordinária aventura do
Renascimento.
Piazza Capitolina
(Michelangelo – Roma: séc. XVI)
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto
Arte e técnica na formação do arquiteto: ontem e hoje
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Enquanto tenta soluções alternativas,
de emergência, o DAA-UCG vem
estudando uma solução definitiva, sob
orientação do arquiteto João Filgueiras
Lima, implicando a instalação de uma
usina-laboratório para criação de
novas tecnologias e produção de
protótipos de peças e elementos de
construção, e de edifícios inteiros,
principalmente à base de concreto e
argamassa armada.
A própria pesquisa exigirá os testes de
armazenamento, transporte e
aplicação em obra dos protótipos em
elaboração, vale dizer, as experiências
implicam necessariamente os
canteiros de construção e montagem..
CIEP:
João Filgueiras Lima (Rio de Janeiro, 1984)
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto
Arte e técnica na formação do arquiteto: ontem e hoje