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Grandes Brasileiros: GT

Malzoni
O segundo GT Malzoni foi feito pelo filho de Rino, pai do primeiro
GT, que por sua vez deu origem ao Puma
Por Fabiano Pereira
access_time9 jan 2018, 18h42 - Publicado em 13 dez 2017, 22h04

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Foram produzidas menos de 50 unidades no final dos anos 1970

Foram produzidas menos de 50 unidades no final dos anos 1970 (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Criar um carro faz parte do sonho de boa parte dos meninos. Mas, daí para a
realidade, as chances são quase as mesmas de se tornar um super-herói.

Já para o universitário Francisco “Kiko” Malzoni, que intercalava os estudos


na faculdade de economia com modificações nos carros que dirigia, a
empreitada não exigiria superpoderes. E aceitou o desafio de um amigo que
queria um carro totalmente novo.

Aqui vale uma explicação e referência genética. Se você ainda não


estabeleceu a ligação, Kiko é filho de Genaro “Rino” Malzoni, idealizador do
Puma e um dos sócios da fábrica que o produziu.
As lanternas eram feitas com exclusividade para o esportivo

As lanternas eram feitas com exclusividade para o esportivo (Christian Castanho/Quatro Rodas)


Para executar o pedido de um carro exclusivo, ao fim de 1975 Kiko pediu ao
pai a forma do GT 4R – esportivo do qual foram feitos apenas três
exemplares, sorteados em 1969 entre os leitores de QUATRO RODAS (a
história completa foi publicada aqui, e o relato do último exemplar restaurado
recentemente você lê aqui), que serviria de base para o projeto.
O GT foi desenvolvido na oficina de um amigo no Rio de Janeiro. Pintura e
acabamento foram feitos em São Paulo.

Rino gostou tanto do trabalho do filho que decidiu levar o carro ao Salão do
Automóvel de 1976, ainda que achasse que o preço alto deveria inviabilizá-lo.
Surpreendentemente, o custo de produção não foi suficiente para afastar os
candidatos e os dois decidiram produzir o carro em Araraquara (SP), local em
que foram concebidos os protótipos Puma.

Originalmente, os bancos eram de veludo com portas e painel de couro

Originalmente, os bancos eram de veludo com portas e painel de couro (Christian Castanho/Quatro


Rodas)
Atrás dos bancos, um espaço para levar bagagens – ou crianças

Atrás dos bancos, um espaço para levar bagagens – ou crianças (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quando QUATRO RODAS publicou suas Impressões ao Dirigir do GT em


agosto de 1978, a produção já tinha sido transferida para Matão (SP), onde
ficava a Marques Indústria e Comércio de Veículos, que adquiriu a patente do
projeto.

Durante a reportagem, numa visita à fábrica, a reportagem conferiu uma


versão conversível sendo desenvolvida. O cupê custava 220.000 cruzeiros,
equivalente hoje a 162.000 reais.

Os bancos eram originalmente de veludo e reclináveis e as portas, revestidas


de couro, tinham vidros elétricos.

Ao volante, a ergonomia não era perfeita: o pé tocava de lado o acelerador e o


freio de mão baixava até espremer os dedos. Forrado de couro, o painel era
completo, mas o volante atrapalhava a visão.
Painel completo, com direito a voltímetro, amperímetro e manômetro de óleo

Painel completo, com direito a voltímetro, amperímetro e manômetro de óleo (Christian


Castanho/Quatro Rodas)

A genérica opção pela mecânica Volkswagen a ar facilitava a vida do


construtor, mas impunha realistas 65 cv à proposta esportiva do carro.
“Equipado com motor VW 1600, o carro não supera em velocidade máxima
nem mesmo o Passat com motor de 1 500 cm3”, dizia QUATRO RODAS.
O motor VW 1600 a ar limitava a potência a 65 cv

O motor VW 1600 a ar limitava a potência a 65 cv (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Em compensação, o teste registrava que, nas frenagens mais bruscas, o carro


não alterava a trajetória e ressaltava o reduzido nível de ruído. Em defesa do
desempenho de sua criatura, o criador afirma que, pelo fato de ter acordo com
os principais preparadores da divisão 3 na época, boa parte da produção saiu
com motor 2.0 e potência em torno de 110 cv.

“O último deve ter sido feito em 1978”, diz Kiko. Sua estimativa é de 35 a 45
unidades produzidas no total. Ele seguiu carreira em economia e finanças, mas
guarda em sua garagem algumas das melhores obras de Rino. Homenagem a
um clássico da nossa indústria, o segundo GT Malzoni foi um atraente
exemplo de como a paixão por carros passa de pai para filho.

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Faróis duplos escamoteáveis e carroceria de fibra de vidro

Faróis duplos escamoteáveis e carroceria de fibra de vidro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ficha técnica – GT Malzoni 1978

 Motor: traseiro, 4 cilindros boxer, 1.584 cm³, 2 carburadores de corpo


simples, comando de válvulas no cabeçote
 Diâmetro x curso: 85,5 x 69 mm
 Taxa de compressão: 7,2:1
 Potência: 65 cv a 4.600 rpm
 Torque: 11,7 mkgf a 3.200 rpm
 Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
 Dimensões: comprimento, 390 cm; largura, 168 cm; altura, 114 cm; entre-
eixos, 240 cm; peso: 770 kg
 Suspensão: Dianteira: independente, com barras de torção em feixes, barra
estabilizador. Traseira: independente, com semieixos oscilantes, barras de
torção, barra compensadora
 Freios: disco nas rodas dianteiras e tambor nas traseiras
 Rodas e pneus: liga de antálio, 6 x 13 na dianteira e 8 x 13, pneus radiais
185/70 HR 13

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