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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Análise de Vibrações
por Órbitas

Em máquinas, algumas vezes é preciso mostrar duas características de um


mesmo sinal sendo então muito conveniente agrupá-las em uma mesma representação.
Em máquinas, por exemplo, a resposta dinâmica envolve amplitude e fase. Esta fase,
ou defasagem, representa um atraso de tempo entre a excitação e esta resposta. A
combinação destas duas informações constitui o Diagrama de Bode, mostrado na fig. 1
abaixo.

A representação das duas variáveis do diagrama de Bode em um único gráfico


tem suas vantagens. É o chamado Diagrama de Nyquist, também mostrado na figura
abaixo.

Figura 1 – Bode e Nyquist

Figura 1 - Diagramas associando a amplitude e a fase em função da freqüência de excitação, o de


Bode à esquerda e o de Nyquist à direita

Outra forma muito antiga e eficiente, é descrever o movimento de um corpo


dentro de um espaço, ou seja, sua órbita. As pessoas tem um bom entendimento sobre
órbitas. Ótimos exemplos são as órbitas dos planetas e satélites no sistema solar, as

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órbitas dos elétrons no átomo. A órbita representa então o caminho de um corpo em um


espaço. O desenho da órbita indica a regularidade ou aleatoridade deste movimento.

Em máquinas é comum mostrar a órbita das pontas e eixo dos mancais, ou do


rotor dentro da carcaça. Para isto, instala-se dois sensores de proximidade separados
de 90o, no local da medida.

A figura 2 abaixo mostra a montagem de dois sensores que medem


simultaneamente as vibrações nos eixos x e y.

Figura 2 – Instalação dos sensores de proximidade para medida de órbita

São dois canais de medição, chamados x e y, o próprio sistema cartesiano. Os


sinais de vibração dos sensores depois de tratados e combinados formam a curva de
Lissajous que plotada, mostra a movimentação do eixo no mancal, ou seja, a órbita que
o eixo executa dentro do mancal.

A figura abaixo mostra uma órbita típica formada por duas componentes de

freqüência, uma de 1 X e outra de 1 X.


2

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Rotação
Rotação

Componente 1X

Vibração Total
Componente 1/2X

Figura 3 – Órbita de um eixo

A figura 4 mostra as ligações dos sinais a um display, tipicamente um


osciloscópio analógico e mais recentemente, digital (para incorporar outros recursos de
análise). Esta configuração típica tem um terceiro sensor que marca na órbita uma
referência física do eixo na órbita. O sensor de fase ligado ao canal z do osciloscópio
(controle de brilho do traço) interrompe o feixe luminoso e cria um ponto forte indicando
a posição de uma chaveta e o sentido da órbita.

O sentido de rotação da órbita é a precessão do movimento, chamada positiva


se for o mesmo da rotação e de negativa ou reversa se for o oposto.

Osciloscópio

Figura 4 – Esquema de instrumentação de órbita utilizando-se um osciloscópio

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A forma mais antiga, porém ainda usada, para visualizar as órbitas é o


osciloscópio. Nele são conectadas as saídas dos transdutores, a vertical na y e a
horizontal na x. Quando o osciloscópio tem a entrada z, do comando do brilho do traço,
usa-se um terceiro sensor de proximidade que percebe a passagem da chaveta no eixo.
O sinal deste detector de fase cria um ponto brilhante no traçado da órbita indicando
seu sentido de giro (figura 5).

O ponto mais luminoso do detector de fase incluído na órbita fornece


informações adicionais para a análise, por exemplo:

- Cria uma referência da vibração em relação a uma posição física do eixo,


uma fase;

- Facilita a identificação das harmônicas e sub-harmônicas (na componente de


1 X aparecem duas marcas de fase, vide figura 5);
2

- O sentido da órbita, se é o mesmo da rotação ou contrário. Ou seja, se o


rotor está com precessão positiva ou negativa;

- Com a referência de fase, é possível definir por exemplo, um ponto ou região


de roçamento

Órbitas não filtradas onde a marca de fase atua como um estroboscópio, segue
abaixo:

Figura 5 – Exemplos de órbitas com várias frequências

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Muitos transdutores de vibração estão disponíveis no mercado atual. Através da


escolha correta de um transdutor para uma aplicação específica é uma questão crucial,
tanto para a precisão da monitoração de vibração da máquina quanto para a
capacidade do diagnóstico.

As informações em relação à capa do mancal não podem indicar


verdadeiramente a resposta dinâmica do eixo num estado de mau funcionamento.

Medições ocasionais realizadas por transdutores sísmicos (tanto de velocidade


quanto de aceleração) podem ser muito imprecisas. Portanto, usando um sistema de
transdutor que aciona casualmente pode ser visto apenas como um método indireto
para quantificar as falhas da máquina.

Os sensores de proximidade podem medir diretamente as respostas relativas do


rotor para o alojamento dos mancais.

Para algumas máquinas que processam alta atividade da caixa do mancal, tanto
o sensor de proximidade quanto o transdutor ocasional, podem ser usados, resultando
no que chamamos de deslocamento absoluto do eixo.

Quando aos sensores de proximidade e a corrente de turbilhão de óleo são


usados para monitorar o deslocamento lateral do eixo, o sensor indica os seguintes
componentes :

- Um o sinal DC proporcional à média de posicionamento do eixo de


acordo com o sensor ocasional.

- Um sinal AC (neste caso com flutuação negativa) correspondente à


dinâmica de movimentação do eixo de acordo com o transdutor ocasional.

Nas aplicações de plantas típicas os sinais dos transdutores são processados e


disponibilizados pela monitoração da vibração radial. Os sensores de proximidade são
primeiramente utilizadas em máquinas com mancais, turbinas, bombas e componentes
com filme de fluido lubrificante.

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Para a monitoração mínima das máquinas, dois sensores de proximidade


ortogonais devem ser instalados na caixa do mancal. Isto vai proporcionar o sinal AC e
outros sinais para a monitoração on-line, além dos diagnósticos. Quando usado no
conjunto de revezamento de sensores, a capacidade do diagnóstico é muito mais
notável.

Fig 6- Mostra a Posição Média


da Linha central do Eixo dentro
da cavidade do mancal, usando
dois sensores fixados
ortogonalmente. Para rotações
no sentido horário esta resposta
é considerada aceitável.

Estes transdutores promovem a maioria dos dados necessários para a


propriedade de monitoração da rotação da máquina, assim como a órbita e a Posição
Média do Eixo. Mesmo assim, os sensores de identificação, instalados na máquina ou
em cada mancal radial, devem ser considerados como fonte da mais completa
informação e diagnósticos de falhas.

Componente AC – Órbitas

A componente AC do transdutor produz um sinal periódico com formato de onda,


uma onda para cada sensor (fixados ortogonalmente na folga). Uma onda típica é
mostrada na Figura 7. Note que as ondas estão separadas. A Figura (onda) da
esquerda filtra a velocidade (1X), mostrando um sinal suave, já a da direita capta a
vibração.

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As órbitas são formadas estavelmente e você deve saber primeiramente que


cada onda produzida representa um processo individual de sinal de vibração. Este sinal
é gerado pela locação angular específica do sensor no rotor, relatando o movimento
lateral do eixo no plano. Quando dois sensores são fixados ortogonalmente (XY
configurados a 90º) as duas ondas (sinais) representam o deslocamento pico a pico do
eixo em seus respectivos planos angulares, e são descritos (desenhados) como
amplitude ou deslocamento versus tempo. (Figura 7 e 8).

Uma órbita é gerada pela parceria dos sinais (ondas) dos dois sensores (XY),
então o elemento tempo é excluído deixando o elemento amplitude X versus o elemento
amplitude Y, descrito (plotados) no Sistema de Coordenadas Cartesianas (ou nas
coordenadas polares).

Fig 7 - A onda da esquerda representa a resposta da sincronia da vibração lateral do


rotor, enquanto a onda da direita é a representação da vibração geral presente no
sistema. Freqüências do tempo geral estão entre 0 Hz e 10 Hz.

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Fig 8 - Resultados gráficos plotados nas equações 1 e 2 do tempo T1 e T2. À direita das
ondas as associações de órbita do eixo são representadas como amplitude versus amplitude.
Os pontos numerados (1, 2, 3, etc.) ao longo da onda correspondem a pontos específicos na
previsão da órbita. As mesmas entradas são usadas na figura 4.

Para ilustrar esta questão, vamos considerar um par de ondas XY, que são
separadas por uma diferença de fase de 90º e cujas amplitudes são 1.00 mil (no sensor
vertical) e 0.50 mil (no sensor horizontal). Estes dois sinais são descritos abaixo:

X (θ) axial horizontal = 0.50 cos (θ) (equação 1)

Y (θ) axial vertical = 1.00 sen (θ) (equação 2)

Onde (θ) = ft (wt) (f = freqüência de rotação e t = tempo) representando a revolução do


eixo (T1 a T2) nas radiais e os valores numéricos (1.00 e 0.50 mil) são amplitudes da
vibração lateral do eixo.

Na Figura 8, as equações 1 e 2 são descritas na amplitude versus domínio do


tempo (formação da onda). Resultados similares são obtidos utilizando o 1X filtrado da
máquina, o par de ondas XY ou pares de ondas que não tenham sido filtradas de cada
mancal. As ondas e as apresentações de órbita podem ser facilmente mostradas em
dois canais osciloscópios.

É importante notar que o osciloscópio deve ter um terceiro canal, o canal Z para um
sinal de entrada do sensor (Figura 9). Quando dois sinais de vibração são absorvidos

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pelo par de canais do osciloscópio e observados no display, as vibrações podem ser


descritas com base no tempo (onda senoidal) ou na forma orbital (Figura 9).

Neste modelo de órbita, o osciloscópio localiza os sinais da vertical (Y) e da


horizontal (X) de acordo com suas respectivas axiais para criar um display de amplitude
versus amplitude. O formato que este irá tomar é governado pela seguinte equação :

X (r, θ) axiais horizontais ≡ r Cos (θ) equação 3

Y (r, θ) axiais verticais ≡ r Sen (θ) equação 4

Onde (θ) = ft (wt) (f = freqüência de rotação e t = tempo) representa uma


revolução do eixo (na radial) e r denota a amplitude lateral do eixo.

Uma órbita padrão, como vista no osciloscópio, é simplesmente um raio de luz


ponteado que se move tão rapidamente que aparenta ser uma linha contínua na tela.
Este rápido movimento dos pontos representa o movimento da linha central do eixo,
como visto nos sensores de proximidade. A órbita é o percurso, o caminho da linha
central do rotor na posição lateral dos sensores de proximidade.

As pulsões quando alimentam o canal Z na entrada intensiva do osciloscópio,


intensificam os pontos instantaneamente quando a ranhura (uma por evento) passa por
baixo do sensor de proximidade. De qualquer forma os pontos nas órbitas (ondas)
representam a movimentação da linha central do eixo, em seu percurso no instante em
que a ranhura está em frente ao sensor de proximidade.

Fig 9 Dois sinais individuais entram no


osciloscópio passando pelo sensor de
proximidade o que permite a informação da fase
angular para ser representado na órbita. A
amplitude de órbita expande em 2 mil pico a pico
verticalmente (direção Y) e 1 mil horizontalmente
(direção X) com a amplitude do canal XY em
escala de 5 mil por divisão.

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Esta técnica identifica uma referência física fixa do eixo. Este arranjo produz não
somente a amplitude do pico a pico, mas também informações importantes de fase que
são usadas nos diagnósticos. A Figura 4.5 mostra os dados sendo processados pelo
diagnóstico do software de vibração.

A Posição Média do Eixo dentro da cavidade do mancal e a forma elíptica da


órbita indicam a carga do rotor e a diferença na resistência dinâmica na localização do
mancal. Note que o gráfico de órbita na Figura 10 é suavemente elíptico (formato de
limão). Este dado sugere que o rotor está em boa condição de operação com a mínima
influência de força normal, assim como gravidade, fluido e força de carga do mancal.

Fig 10 Mostra uma revolução no


rotor com as ondas baseadas no
tempo à direita e a órbita à esquerda

Posição do eixo e órbitas

Os diagnósticos dependem do conhecimento dos parâmetros dos mancais da


máquina. Elementos como abertura diametral e tipo específico de mancal ajudam
quando se aplicam técnicas de diagnósticos. Casos 1, 2 e 3 ilustram as condições de
mudanças na máquina. Cada caso mostra a posição relativa do eixo dentro da cavidade
do mancal de acordo com sua órbita associada. Estes exemplos progridem de uma
forma normal de operação para um estado de má operação, esta transformação é
obtida através dos dados reais das máquinas. Eles foram redesenhados para melhorar
a compreensão.

O dado da linha central da órbita/eixo mostrado na Figura 11 (caso 1) mostra


uma boa condição de operação da máquina. O dado da linha central do eixo mostra que
o rotor está em seu quadrante inferior esquerdo. A órbita não mostra evidência de carga
anormal.

O próximo conjunto de dados, entretanto, (Fig. 12) demonstra como um


problema como desalinhamento entre duas máquinas podem afetar ambas, a posição
do eixo e órbita mostrada como um resultado do eixo de pré-carga.

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A mudança no formato da órbita pode, por exemplo, indicar pré-carga mutante


(isto é desalinhamento) agindo no rotor. Se as forças de restrições (resistência
dinâmica) são iguais em todas as direções radiais, quando a única força agindo sobre o
rotor é o balanço residual, então a órbita deve ser circular. Outras forças ou restrições
desiguais fazem com que o rotor responda com formas não circulares, como aquelas
ilustradas nas Figuras 12 e 13.

Uma pré-carga progressiva pode resultar na mudança do formato da órbita como


mostra a Figura 13. A posição média do eixo associada é mostrada no diagrama da
linha central do eixo no quadrante superior esquerdo. O formato da Figura 13 e o fato
da posição média do eixo estar no quadrante superior esquerdo, indica carga excessiva
do rotor que pode ser resultado de desalinhamento com excessivo esforço do condutor
e/ou problemas severos nos mancais. O condutor da máquina, com tais problemas
devem ser inspecionados imediatamente.

Pré-carga – resumo geral


Estes casos mostram com a posição central do eixo e a órbita, podem responder
com pré-carga unidirecional crescente, pesada, resultando no padrão clássico da Figura
13. Observando-se o padrão orbital, o grau e o plano de uma condição de pré-carga,
podem ser determinados e traçados.

Normalmente, em pré-carga, pesada não é indicada por uma forma perfeita da


Figura 13, mas por voltas de diferentes tamanhos. Pré-cargas afetando um sistema
rotor pode ser enquadrado em diversas categorias. Pré-carga radial inclui gravidade,
forças de fluido, carga anormal (especialmente os tipos internamente ajustáveis), selos
e condutores com esforço excessivo. A pré-carga pode ser danosa se as forças
envolvidas são fortes o suficiente para causar fadiga. Os resultados podem ser
desgastes excessivos dos mancais, fadiga e/ou trinca no eixo.

Analisando as formas da órbita, o crescimento da pré-carga do rotor forçará a órbita a


um formato mais elíptico. A resposta inicial é uma mudança na amplitude 1X, seguida
de crescimento das outras freqüências, como 2X, indicando vários desalinhamentos ou
outros problemas.

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Fig 11 Uma aceitável


órbita de 3600 rpm de
acordo com a associação
da linha central do eixo
que percorre o mancal
durante a partida. Note que
a rotação do maquinário é
horário, como indicado na
posição do eixo no
quadrante inferior. Esta
órbita do eixo representa
um bom funcionamento da
máquina.

Fig 12 A condição de má
função na carga lateral
evidenciada pelo percurso da
linha central do eixo no
quadrante superior da
esquerda, e a forma elíptica
da órbita é causada pela alta
força do rotor. Condições
como estas são vistas nos
mancais de turbinas e
compressores.

Vibração e direção da Órbita


A Figura 14 mostra duas órbitas do mesmo tamanho e formato, mas com
diferentes orientações e pressões. A órbita “A” pode ser considerada normal para o
mancal trabalhando no sentido anti-horário (CCW), mas anormal para rotação no
sentido horário (CW).

A inversa é verdadeira para a órbita “B” – normal no sentido horário é anormal


para rotação no sentido anti-horário. Observe que o sensor prevê a seção em branco
na órbita. Desta marca, a direção da vibração seguinte, pode ser determinada. O termo

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brilho branco consiste na direção da vibração dada pela localização do sensor, na


pressão da órbita. A direção rotacional atual da máquina, sob condições normais, pode
coincidir com a direção da vibração.

Fig 13 Mostra a
condição da alta carga
evidenciando a linha
central do eixo no
quadrante superior
esquerdo contra a
parede do mancal. Esta
órbita sugere que a
previsão reversa
indicando que a
condição de pré-carga é
severa.

Fig 14 A órbita mostrada


dentro da cavidade do
mancal. Evidencia o brilho
branco prevendo a direção
da vibração vista no
osciloscópio. Note que a
figura ilustra a direção do
rotor de duas máquinas
diferentes.

Falhas comuns
Os dados apresentados na órbita são de grande valor para o especialista de
vibração de máquina. Muitos tipos diferentes de defeitos podem ser identificados
através da análise de órbita. Poucos problemas são ilustrados aqui para mostrar quanto
pode ser aprendido visando esta poderosa ferramenta de diagnósticos.

A Figura 15 ilustra um rotor com pré-carga mínima (diferente das forças normais
como gravidade, fluido e carga) cuja freqüência predominante é uma vez a velocidade
corrente.

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Fig 15 Representa a máquina


com características mínimas
de pré-carga e seus
problemas. A freqüência de
amplitude predominante é 1X.

Falhas devido à carga Lateral


Quando um desalinhamento (o caso mais comum de pré-carga) está presente, a
órbita deve formar-se como mostra a Figura 16. Crescimento angular e/ou
compensação paralela entre dois rotores são a causa mais comum de desalinhamento
de máquinas.

Fig 16 Representa a
máquina com fraco
desalinhamento. Garantia
de investigação adicional.
Note que a larga
amplitude está presente
na maioria dos planos de
vibração.

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Os fenômenos de Turbilhonamento de Óleo e Chicote de Óleo (Whirl e Whip)

Introdução
Grandes máquinas que possuem mancais de deslizamento estão expostas a
vários tipos de problemas de vibração, incluindo aqueles gerados devido à
ressonâncias. Mancais com filmes de fluído influem diretamente na freqüência natural
do sistema global do rotor. Ao contrário da bem conhecida freqüência natural mecânica,
a freqüência natural do fluído é altamente influenciada por fatores de operação, tais
como a velocidade do eixo e a excentricidade do eixo no mancal.

O turbilhonamento de óleo e o chicote de óleo representam os maiores


exemplos de ressonâncias em filmes de fluído. São caracterizados por uma precessão
para frente em uma órbita circular com uma freqüência subsíncrona. Com o auxílio da
plotagem de órbitas podemos detectar estes fenômenos.

Vibrações induzidas no fluído


Vibrações induzidas no fluído são problemas danosos encontrados em muitas
máquinas rotativas, tais como grandes turbinas e compressores. As vibrações
resultantes deste problema limitam a segurança e a eficiência de operação do
equipamento, pois estão diretamente relacionados à velocidade da máquina e pode
existir em uma alta gama de velocidades.

Vibrações induzidas nos fluídos (VIF) são descritas como um tipo especial de
ressonância auto-excitável. Elas são induzidas por um mecanismo interno (neste caso
um mancal via filme de óleo) que transfere parte da energia rotacional do eixo de volta
ao eixo como uma vibração lateral.

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Exemplos de VIF são: Turbilhonamento de Óleo, Chicote de Óleo, Ressonância


Subsíncrona e Stall. Além disso, a VIF pode ser presenciada em diversos locais no
equipamento, a figura abaixo mostra os tipos e locais.

Instabilidade no Fluído
(Localização)

instabilidades nos instabilidades nos Intabilidades nas pontas


selos, vedantes Mancais das Pás

Intabilidades instabilidades Turbina Compressor


Axiais Radiais

Classificação de instabilidade baseada na localização

Rotor-Mancal: A interação e os efeitos

O turbilhonamento de óleo e o chicote de óleo aparecem quando a rigidez


quadrática e a rigidez direta se aproximam de zero. Máquinas montadas em mancais
de deslizamento terão apenas dois tipos de ressonância: mecânica e fluídica. A
freqüência natural de todo o conjunto (não apenas do rotor) será afetada pela interação
dos três elementos: Eixo, Filme de Óleo e o Mancal. Estes materiais são parcialmente
mecânicos (materiais sólidos) parcialmente fluídos (óleo hidráulico).

Rigidez Dinâmica Complexa


Rigidez Direta ≈ Rigidez Mecânica

Rigidez Quadrática ≈ Rigidez Fluídica

Observe que a freqüência natural de um equipamento obtida via teste de


impacto não será adequado para este tipo de máquina, pois irá mostrar apenas as

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freqüências naturais à zero rpm como uma espessura mínima de fluído. Isto explica a
diferença entre os valores obtidos no start up e os valores do teste de impacto. Para
compensar esta deficiência cartas de freqüência são gerados. Estas cartas fornecem a
freqüência natural do equipamento como uma função da velocidade do rotor e com uma
espessura de fluído normal. A figura abaixo ilustra esta carta:

Figura 16– Carta de Frequência

É importante ter em mente que:

As características mecânicas (relacionadas ao rotor, ex: massa do eixo) são


geralmente independentes da velocidade enquanto que as características do fluído
(relacionado ao fluído do filme e mancal, ex: espessura do filme) são dependentes da
velocidade.

Sintomas de Turbilhonamento/Chicote de Óleo

1- Freqüências Subsíncronas
2- Altas Amplitudes (chegando a limites dos alarmes)
3- Órbitas Circulares ou quase circulares
4- Precessão para frente (análise de órbitas)

Uma freqüência subsíncrona é aquela com um valor inferior ao valor da


freqüência do eixo. A freqüência do Chicote e do Turbilhonamento é aproximadamente
igual à 0.42X a 0.48X

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Comparativo
Turbilhonamento (Whirl) Chicote (Whip)

Precessão para frente Precessão para frente

Ocorre a baixo rpm Ocorre em rpm mais alto

Depende da velocidade rotação para Depende da velocidade rotação para


começar e terminar começar e terminar

Durante sua existência: Durante sua existência:

- Ordem de freqüência é quase constante - Ordem de freqüência muda (decresce)


mesmo como aumento de rpm com o aumento de rpm
- A Freqüência muda (aumenta) com o - freqüência é quase constante com o
aumento de rpm aumento do rpm

Órbita Circular ou quase circular Órbita Circular ou quase circular

Figura 17– Gráfico demonstrativo, observar o aparecimento de whirl


(turbilhonamento em 0,475 X)

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A Figura 18 mostra um componente subsíncrono, uma instabilidade de fluido


como ilustrada pelos dois sensores. A previsão da componente de vibração é sempre
para frente (mesma direção da rotação da máquina) e a forma da órbita é normalmente
circular.

Para um filme de fluido típico, a freqüência de vibração auto-excitada de uma


instabilidade está entre 30 e 48%, da velocidade de operação da máquina. Quando o
whirl de óleo é visto em um osciloscópio, os dois pontos do sensor giram suavemente
contra a rotação da máquina, indicando que a freqüência subsíncrona é menor que 50%
da velocidade da máquina. Entretanto, se os pontos permanecem estacionários, então a
freqüência é exatamente 50% da velocidade da máquina.

A Figura 19 mostra uma disfunção de carga destrutiva em processo.


Normalmente conhecida como “golpe de fluido” sua precessão da vibração é para
frente. O período desta disfunção de auto-excitação pode estar ou não harmonicamente
relacionada ao período rotacional do eixo. Quando não, os pontos do sensor movem-se
num padrão harmônico parecido. Quando harmonicamente relacionados, os múltiplos
pontos do sensor precedentes serão estacionários. Esta condição é acompanhada por
grandes amplitudes de vibração que geralmente se estende pela cavidade dos mancais.

Fig 18 Representa a máquina com as


componentes subsíncronas operando
na metade da velocidade. Sugere
excitação no whirl de óleo.

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Fig 19 Representa excitação


subsícrona na primeira
ressonância do balanço do
rotor quando a velocidade da
máquina é duas vezes maior do
que a ressonância. Refere-se
ao whip de óleo. Esta disfunção
pode ser prejudicial devido às
amplitudes da vibração na
cavidade do mancal.

Falhas no rotor devido atrito

A posição do eixo e as formas de órbita podem também indicar atrito, outra


forma de problema de máquinas vista nas aplicações de hoje. O atrito ocorre quando o
eixo rotativo entra em contato com uma parte estacionária da máquina. Problemas
incluem contato de eixo com os selos (geralmente com espaços radiais mínimos), vapor
recém instalado, contatos das lâminas – turbina/ compressor devido à falha de
carregamento, anomalias de carcaça devido as ordens térmicas, enfim.

Um atrito ocorre como um efeito secundário de algumas disfunções da máquina.


Isto é indicado pelo crescimento dos níveis de vibração e mudança no formato da órbita
e posição média do eixo da linha central. Se o atrito persistir, a resposta ao problema
torna-se dominante.

Diferentemente, o whirl e whip de óleo podem ter formatos diferentes na órbita.


Estes formatos podem variar de um looping (Fig 13) com o crescimento constante das

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amplitudes até um formato completamente circular (atrito anelar completo que tem o
selo e o espaço dos mancais com os quais o rotor está em contato).

O aumento de temperatura do sistema pode indicar também que a máquina está


com problemas. O atrito no sistema pode aumentar devido à lubrificação a óleo e as
temperaturas do processo. Níveis de vibração podem crescer pelo condutor da máquina
devido à curvatura (flexão) do eixo. Os dois principais tipos de atrito podem ser
classificados em:

- Atrito parcial: esta é a forma mais comum de atrito que ocorre quando o motor
entra ocasionalmente em contato com uma parte estacionária da máquina. A freqüência
fundamental mais comum é de 50% da velocidade corrente. Portanto, a órbita pode
formar a Figura 13, mas com dois pontos do sensor de proximidade. Devido ao
movimento regular do eixo, por causa do contato parcial do rotor com as partes
estacionárias, outras freqüências podem aparecer como na progressão da órbita.
Submúltiplos da velocidade corrente com 25x, 35x, enfim podem ser indicados pelos
sensores adicionais. Por exemplo, a freqüência de 33% (1/33) pode aparecer como um
looping retorcido com três pontos, prevendo a vibração.

As seguintes relações podem ajudar a identificar atritos parciais: freqüências


comuns geradas por atrito parcial:

Quando Freqüência gerada

Ω < 2 w ressonância 1X

Ω ≥ 2 w ressonância 1X ou ½ X

Ω ≥ 3 w ressonância 1X, ½ ou 1/3X

Ω ≥ 4 w ressonância 1X,1/2X,1/3X ou 1/4X

Onde Ω é a velocidade do rotor e w é a ressonância do primeiro balanço do


rotor.

- Atrito completamente anular: Este atrito é mais freqüentemente encontrado


em selos quando o espaço do selo interfere nos elementos rotativos. Em um atrito
completamente anular a precessão da vibração é contrária ou oposta à direção do rotor.
Esta condição é muito destrutiva e pode ser reconhecida por sua forma de órbita que se
estende através dos mancais ou do espaço dos selos. Uma vez iniciada, a vibração

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pode piorar até que as forças de restrição ultrapassem a força de excitação do atrito, ou
até que a máquina se autodestrua.

Quando esta disfunção está presente, a máquina está em perigo eminente de


total destruição. Quando o rotor e o selo estão em contato, os dois maiores regimes de
vibração do rotor sob um estado de condições constantes são:

1- Uma precessão de sincronismo forçada devido às excitações de


desbalanceamento. O rotor atrita (roça/quica) com o selo, sendo a freqüência
mais baixa 1X.

2- Precessão forçada de auto-excitação reversa com uma freqüência


corresponde a uma das freqüências naturais do sistema do rotor. Portanto, a
órbita é predominantemente circular até o limite do selo e tem precessão
reversa. A única recomendação, sob estas circunstâncias, é desligar a máquina,
inspecionar o dano e corrigir o problema inicial.

Caso Prático
O seguinte exemplo mostra porque a linha central de eixo e os gráficos de órbita
são úteis. A máquina consiste de uma turbina a gás industrial guiando uma bomba de
injeção de água, de seis estágios. Durante os últimos anos, esta bomba tem passado
por sérios problemas de vibração.

A investigação de vários consultores independentes, usando transdutores de


vibração de mancais, confirma que os níveis de vibração da máquina começavam a
crescer quando a máquina aproximava-se de sua velocidade de rotação. O grupo
responsável pelos diagnósticos foi contratado para fazer uma análise de vibração
profunda na máquina. Os transdutores de proximidade XY foram temporariamente
instalados adjacentes aos dois mancais da bomba, observando as seções expostas do
eixo da bomba.

A informação de vibração da máquina foi obtida usando sensores de


proximidade. Um exemplo da órbita é mostrado na Figura 20. Nota-se que é uma órbita
predominantemente de pré-carregada, onde o maior plano de vibração é orientado em
uma direção horizontal, sugerindo que um desalinhamento quase vertical está presente.

Grupo Desenvolvimento Página 22 12-08-2005


Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

A realização de um estudo de alinhamento óptico nesta máquina mostrou que a


bomba estava 0,005 polegadas (0,13 mm mais baixa em relação à linha central da
turbina). Além do mais, dados da linha central do eixo médio, mostraram que o rotor
estava inicialmente posicionado no quadrante superior direito (Figura 13).

Este dado indica que o sentido foi originalmente informado de maneira incorreta
em relação aos mancais devido ao desalinhamento do sistema. A bomba foi
subseqüentemente realinhada à turbina, resultando em uma mudança como mostrada
nas Figuras 19 e 20. A posição do eixo e o gráfico de órbita mostram claramente que o
diagnóstico de desalinhamento estava correto. Uma condição aceitável foi alcançada
através de uma aproximação de diagnose lógica. A mudança na posição média da linha
central do eixo é apresentada na Figura 20.

Conclusão
Apesar das necessidades das máquinas estarem sempre mudando, a
necessidade de um método confiável de monitoramento industrial preciso é constante.
Observando sinais dos sensores de proximidade em sua mais simples forma é básico
para a qualidade do monitoramento de máquinas e diagnosticar os defeitos das
máquinas. Muitos parâmetros necessários na análise de problemas de máquinas
complexas não podem ser determinados precisamente por outros métodos.

Fig 20 Representa a
máquina com excitação
subsíncrona em 1/3 X
causada por uma condição
de atrito. Note a posição dos
sensores de proximidade.

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Fig 21 Mostra uma órbita elíptica. Note que a


força de pré-carga é predominantemente
orientada no plano vertical. Este dado foi
adquirido através do alinhamento da máquina.

Fig 22 Esta é uma órbita


após o alinhamento. Note
que não existe nenhuma
carga lateral no eixo.

antes

depois

Fig 23 Antes e depois da


órbita de realinhamento da
Posição Média da Linha
Central do Eixo.

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

A seguir, estão mostradas 5 órbitas típicas e suas características típicas ou


defeitos típicos.

Loop Interno

O loop interno acontece quando


uma vibração, a síncrona em 1x, junto
com outra de mesma precessão em 2x –
talvez um desbalanceamento com um
desalinhamento paralelo.

Diminuindo a amplitude da 2x
em relação a 1x, o loop se torna um
ponto. Variando a defasagem entre 1x e
a 2x, o loop muda de lugar na órbita.

Substituindo a 2x por uma 3x,


aparece mais um loop na órbita

Figura 24 – Órbita com Loop Interno

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Loop Interno

Esta órbita é formada por duas


componentes: uma em 1x – típico
desbalanceamento – e outra sub-
síncrona (<1x).

Não existe padrão para


roçamento devido à comlexidade das
interações envolvidas.

O atrito (calor e desgaste), o


impacto e o repicar (massa efetiva e
elasticidade), energia (de rotação e de
vibração) e a velocidade de rotação com
as freqüências naturais são os
elementos que interagem no movimento
do eixo e definem a forma da órbita, as
amplitudes e fases das componentes de
vibração.

Figura 25 – Órbita com Roçamento

Órbita com Whirl

Esta órbita contém uma


componente síncrona (1x) –
desbalanceamento – e outra sub-
síncrona (< ½ x) com precessão positiva
de grande amplitude causada pela
instabilidade do óleo do mancal

A marca do sensor de fase


aparece na direção reversa – contrária à
rotação – porque o movimento é
amostrado com freqüência um pouco
menor que ½ x, provocando o efeito
estroboscópico semelhante a do
ventilador em luz fluerescente

Figura 26 – Óbita com whirl

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Órbita em 8

Esta órbita é formada por


síncrona 1x com uma grande força radial
aplicada no eixo – no caso deste
exemplo: vertical – provocando uma
deformação característica na órbita
circular ou elíptica.

Esta força radial pode ser devida


a um desalinhamento paralelo ou uma
correia muito tracionada.

Fica evidente o aparecimento de


uma componente em 2x na direção da
força radial aplicada.

Figura 27 – Óbita em 8

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Dinâmica de Rotores – Capítulo 3

Órbita em Lua Crescente

Esta órbita é formada por


síncrona 1x e uma elíptica forte em 2x
em uma direção radial devido a uma
força radial, por exemplo um
desalinhamento.

Uma diferença grande entre os


valores de rigidez nas direções radiais
também pode gerar esta órbita.

Variações nas amplitudes e


fases relativas podem modificar a
aparência desta órbita e até transformá-
la em um 8

Esta órbita aparece algumas


vezes em desalinhamentos, mas é mais
freqüente em vibrações causadas por
engrenagens

Figura 28– Óbita em Lua Crescente

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