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Sistemas de Medição – Análise de um Sistema de Medição Eletrônico de Rotação de Motores Elétricos 1

Introdução

Tacômetro
Tacômetro é um Sistema de Medição utilizado para realizar medições de velocidade angular, sendo composto,
basicamente, por três módulos: um sensor / transdutor, uma unidade de tratamento de sinal (UTS), e um indicador.

O sensor / transdutor

O sensor / transdutor utilizado nos tacômetros mais atualmente empregados são:


Taco-gerador: funciona basicamente como um gerador de tensão elétrica. Esta tensão tem uma
proporcionalidade com a velocidade de rotação aplicada a seu eixo de entrada.
Encoder óptico: um disco com perfurações periféricas encontra-se entre um foto emissor e um foto
receptor. Ora o feixe passa por uma das perfurações, excitando o foto receptor, ora é bloqueado pela região
sem perfuração do disco. Com isso, são gerados pulsos que informam a velocidade angular deste disco. Um
eixo acoplado a este disco serve para transmitir a rotação do elemento a ser medido.
Emissor e receptor luminoso: um elemento emissor emite um feixe luminoso que refletido por uma
superfície refletora instalada numa parte apropriada de um eixo de um motor, por exemplo, permite que um
receptor óptico receba os pulsos assim gerados. Estes pulsos informam a velocidade de rotação do elemento em
medição.

A UTS (unidade de tratamento de sinal)

Esta é a parte do sistema de medição aonde o sinal proveniente do sensor / transdutor sofre o tratamento ou
condicionamento adequado tal como: filtragem, amplificação, conversão analógica / digital e vice e versa, tratamento
matemático, e outros. No caso mais simples, um dispositivo eletrônico chamado de amplificador operacional é usado
para realizar a amplificação do sinal do sensor.

Indicador

O indicador é a parte aonde é realizada a leitura da variável medida. Pode ser desde um simples indicador
analógico onde um ponteiro se desloca em um escala graduada, ou um indicador digital, no qual a leitura é apresenta de
forma mais direta.

Tipos de Tacômetros

Tacômetros Mecânicos

Tipo Contador de Revoluções


O tacômetro mecânico mais utilizado é o típico contador de revoluções empregado para medir localmente a
velocidade de rotação de todas as classes de máquinas ou dispositivos giratórios. Este contador consiste basicamente em
um eixo flexível terminado em forma de ponta que se apóia sobre o centro da peça giratória. Ao girar, eixo flexível
move, através de um trem de engrenagens, dois diais calibrados concêntricos, (um exterior, e outro interior). Cada
divisão do dial exterior representa uma volta do eixo giratório, enquanto que no dial interior uma divisão representa
uma revolução do dial exterior. Conhecido o tempo de trabalho do contador, medido mediante um cronômetro, é fácil
calculara velocidade média em r.p.m.

Tacômetros Centrífugos
Os tacômetros centrífugos baseiam-se em um volante centrífugo clássico empregado inicialmente nas caldeiras
a vapor. Dois pesos rotativos articulados a um eixo giratório aumentam seu raio de giro devido à força centrífuga, e
comprimem uma mola. A medida da compressão da mola, (lida em uma escala), representa a velocidade de giro do
eixo. A velocidade limite que esses instrumentos podem medir é de mais de 40000r.p.m., com uma precisão de + 1%.
Esses aparatos podem dispor de transmissão hidráulica ou pneumática
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Tacômetros Elétricos
Os tacômetros elétricos empregam um transdutor que produz um sinal analógico ou digital como conversão da
velocidade de giro do eixo da máquina. Um sistema eletrônico de medição básico que faz uso de tacômetro tem
basicamente quatro componentes essenciais: O transdutor (tacômetro) que converte a grandeza medida (rotações por
minuto RPM) numa saída elétrica usável; o condicionador de sinal que transforma a saída do transdutor em um tipo de
sinal elétrico aceito pelo display; o display (ou leitor) que mostra a informação desejada a respeito da grandeza; o
fornecedor de potencia que alimenta as voltagens necessárias ao condicionador e sinal e a alguns tipos de transdutores e
displays. Existem vários tipos de tacômetros, de acordo com os transdutores.

Tacômetro de Correntes Parasitas


Nos tacômetros de correntes parasitas o eixo da máquina faz girar um ímã dentro de uma taça de alumínio. O
giro do ímã induz correntes parasitas no alumínio que criam um par resistente proporcional à velocidade. Uma mola
freia o cabeçal do alumínio, ficando este em uma posição que é sinalada em um dial. É deste modo que funciona o
tacômetro elétrico empregado em um automóvel, por exemplo. Na aviação, a máquina faz girar o ímã permanente
através de um grupo gerador-motor síncronos, enquanto que em máquinas de ferrovia geralmente se utiliza um rotor
que produz um campo magnético giratório.

Tacômetro de Corrente Alternada


O tacômetro de corrente alternada consiste em um estator bobinado multipolar em que o rotor dotado de ímã
permanente induz uma corrente alternada. Um voltímetro sinala a corrente induzida, e pelo tanto, o giro em r.p.m. do
giro da máquina.

Tacômetro de Corrente Contínua


O tacômetro de corrente contínua (ou dínamo tacométrico) consiste em um estator de ímã permanente e um
rotor com um entre ferro uniforme. A tensão contínua recolhida através das escovas do rotor é proporcional à
velocidade em r.p.m. da máquina. Essa tensão pode ser lida em um voltímetro indicador, ou ainda alimentar um
instrumento potenciométrico através de uma resistência divisora de tensão. A precisão na medida alcança + 0.5 % para
velocidades que chegam até a 6000 r.p.m.

Tacômetro de freqüência
O tacômetro de freqüência (ou frequencímetro) mede a freqüência do sinal de c.a. captada por transdutores do
tipo eletromagnético, capacitivo ou óptico que dão impulsos cujo número é proporcional à velocidade de giro da
máquina. O transdutor não tem nenhum contato mecânico com o eixo rotativo. A medida da freqüência pode ser
passada a um contador eletrônico baseado na medida das revoluções por unidade de tempo.

Tacômetros Eletro-ópticos
Velocidade angular é muitas vezes medida por sensores fotoelétricos que usam tanto o método de transmissão
quanto de reflexão. O método da transmissão utiliza um encoder angular incremental com um padrão de codificação
continuo (360º) e tem como saída uma onda quadrada ou senoidal.O método da reflexão é usado numa grande variedade
de sistemas sensores de velocidade angular. A cabeça do sensor tem uma fonte luminosa que emite um feixe colimador
na direção de uma porção reflexiva do objeto rotor e um sensor de luz que detecta um pulso luminoso sempre que o
feixe é refletido de volta (a maioria dos objetos rotores pode requerer um pedaço de fita reflexiva colada em algum
ponto). A saída do sensor de luz é uma contagem de revoluções que pode ser facilmente convertida em RPM, tanto por
integração para produzir um sinal analógico quanto por comparação com pulsos gerados por relógio, a fim de ter-se um
sinal digital como saída. Um método também largamente utilizado para a medição de velocidade angular de objetos
rotores é o "congelamento do movimento", através do emprego do estroboscópio. Um estroboscópio utiliza uma
lâmpada catodo fria para como fonte para emissão de flashes de luz de alta intensidade, utilizados para iluminar o
objeto. O número de flashes por minuto está sujeito a ajuste manual contínuo. Esse ajuste é feito até que o objeto rotar
pareça estar parado, o que ocorre quando um flash de luz é emitido a cada rotação completa do objeto.
O número de flashes por minuto, correspondente ao número de rotações por minuto pode ser tanto mostrado num
display no próprio estroboscópio quanto num display digital.

Tacômetros AC / DC
A velocidade angular pode ser medida através de geradores AC ou DC. Os geradores AC são usados para
medir velocidades angulares médias. O número de ciclos de voltagem gerados por revolução depende do número de
pólos, e a velocidade pode ser medida através de um simples contador de freqüência. A medição de velocidades
instantâneas é mais complicada. Para este fim, é usado um conversor torsional de dois canais. Este conversor requer
duas entradas para cada canal. A primeira entrada é o número de pulsos por revolução e a segunda é a voltagem pulsátil
que vem do sensor. A saída do conversor gera medições de velocidade com uma sensibilidade de 0,05 mV.
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Tacômetro pulsátil magnético (digital)
É constituído de uma bobina, dentro da qual rotaciona um eixo marcado com interrupções radiais. Um sensor
indica a interrupção de um ciclo quando uma depressão do eixo passa por ele, gerando ondas quadradas de 5V DC.

Tacômetro pulsátil óptico (digital)


Usam o poder de cálculo dos microprocessadores para converter medidas de um sensor óptico em medidas de
velocidade. Uma variedade interessante é o tacômetro estroboscópico. Um circuito gera a interrupção da luz a taxas
muito elevadas e estas podem ser ajustadas para uma velocidade fixa, eliminando harmônicos e sub harmônicos que
podem confundir as medições.

Tacômetro de relutância variável


Produz pulsos proporcionais à velocidade. Estes pulsos são amplificados e retificados. É utilizado para
velocidades entre 10000 e 50000 rpm.

Tacômetro de vigas vibrantes


Mede a freqüência de rotação através do acoplamento de várias vigas com freqüências naturais de oscilação
distintas. A freqüência de rotação é verificada através da observação de qual viga está vibrando.

Tacômetros fotoelétricos
São usados para medições de até três milhões de rpm. A parte móvel que se deseja estudar é concebida de
modo a conter partes reflexivas e absorventes. A interrupção da luz refletida provoca a geração de um impulso por meio
de uma célula fotoelétrica. Estes impulsos são interpretados por um medidor de freqüência que gera ondas quadradas.
Estas ondas são levadas a um circuito discriminatório que proporciona a medição da velocidade.

Amplificador Operacional
Os amplificadores operacionais são dispositivos extremamente versáteis com uma imensa gama de aplicações
em toda a eletrônica. Os amplificadores operacionais são amplificadores de acoplamento direto, de alto ganho, que
usam realimentação para controle de suas características. Eles são hoje encarados como um componente, um bloco
fundamental na construção de circuitos analógicos. Internamente, são constituídos de amplificadores transistorizados
em conexão série. Externamente, são geralmente representados pelo símbolo,

Figura 1 – Símbolo do amplificador operacional

Características do amplificador operacional ideal

As propriedades de um circuito amplificador operacional ideal são:


a) ganho de tensão diferencial infinito
b) ganho de tensão de modo comum igual a zero
c) tensão de saída nula para tensão de entrada igual a zero
d) impedância de entrada infinita
e) impedância de saída igual a zero
f) faixa de passagem infinita
g) deslocamento de fase igual a zero
h) deriva nula da tensão de saída para variações de temperatura
Na prática, as limitações dos amplificadores operacionais são muitas, ocorrendo, entretanto, um contínuo
aperfeiçoamento das características dos mesmos pelos seus fabricantes.
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O Amplificador Operacional Real

Ganho de tensão - Normalmente chamado de ganho de malha aberta, medido em C.C.(ou em freqüências muito
baixas), é definido como a relação da variação da tensão de saída para uma dada variação da tensão de entrada. Este
parâmetro, notado como A ou Avo, tem seus valores reais que vão desde alguns poucos milhares até cerca de cem
milhões em amplificadores operacionais sofisticados. Normalmente, Avo é o ganho de tensão diferencial em C.C. O
ganho de modo comum é, em condições normais, extremamente pequeno.

Tensão de "offset" - A saída de um amplificador operacional ideal é nula quando suas entradas estão em curto circuito
(tensão entre as entradas igual a zero). Nos amplificadores operacionais reais, devido principalmente a um casamento
imperfeito de impedâncias dos dispositivos de entrada, normalmente diferencial, a saída do amplificador operacional
pode ser diferente de zero quando ambas entradas estão no potencial zero. Significa dizer que há uma tensão C.C.
equivalente, na entrada, chamada de tensão de "offset". O valor da tensão de “offset” nos amplificadores comerciais está
situado na faixa de 1 a 100 mV. Os componentes comerciais são normalmente dotados de entradas para ajuste da tensão
de "offset".

Corrente de "offset" - O amplificador operacional ideal apresenta impedância de entrada infinita. Os amplificadores
operacionais reais, entretanto, apresentam correntes C.C. de polarização em suas entradas. Essas correntes são,
geralmente devidas às correntes de excitação dos transistores nas entradas do amplificador operacional ou ainda,
devidas às correntes de fuga do “gate” do transistor de efeito de campo em amplificadores dotados de transistores de
efeito de campo à entrada. Como, na prática, os dispositivos simétricos de entrada não são absolutamente iguais, as duas
correntes de entrada são sempre ligeiramente diferentes. A diferença dessas correntes é chamada de corrente de "offset"
de entrada.

“Crossover Frequency" - a freqüência em que o ganho de tensão passa pelo ganho unitário e que chamaremos fu. Nos
amplificadores reais, esta freqüência pode estar na faixa de 1 kHz até 100 MHz. Amplificadores operacionais
monolíticos apresentam fu na faixa dos 0,5 a 5 MHz. Medidas do tempo de subida (ts) para pequenos sinais com o
amplificador operacional na configuração não inversora a ganho unitário permitem, com o uso da expressão:
B = 0,35/ts, obter valores da faixa de passagem muito próximos ao fu definido.

Muito importante nos amplificadores operacionais é a faixa de passagem a plena potência. Essa faixa de passagem,
muito menor que fu é definida como a máxima freqüência em que uma onda senoidal de sinal grande pode ser obtida à
saída sem distorção apreciável. Geralmente a faixa de passagem à plena potência é especificada a uma dada saída,
tipicamente 10V.

"Slew Rate" - Este parâmetro está ligado à faixa de passagem à plena potência. Quando num operacional é injetado um
sinal senoidal de alta freqüência, de amplitude superior a um certo valor prefixado, observa-se a sua saída uma onda
triangular. A inclinação desta forma de onda triangular é o "slew rate”. Esta limitação tem origem nas características de
construção do dispositivo e está diretamente ligado a um elemento, o chamado capacitor de compensação de fase e à
máxima taxa com que este pode ser carregado. Este capacitor, que nos amplificadores operacionais monolíticos
apresenta tipicamente 30 pF, conta com fontes de corrente de cerca de 30µA disponíveis para carregá-lo. Assim,
dependendo da amplitude do sinal desejado na saída, o amplificador operacional "não consegue acompanhar o sinal de
entrada". Como a corrente num capacitor é dada pela capacitância vezes a taxa de variação da tensão (fórmula abaixo),
ocorre limitação chamada "slew rate":

Em amplificadores operacionais monolíticos, de uso geral, Sr vale alguns Volts por microssegundos. Em amplificadores
operacionais construídos pela técnica de C.I.s híbridos, este valor pode ser muito grande, por exemplo, Sr = 2000 V/µs.
Tendo comentado os parâmetros acima, convém lembrar também que a impedância de entrada nos amplificadores
operacionais não é infinita sendo da ordem de 108 Ω em operacionais monolíticos, da ordem de 1012 Ω em operacionais
com entradas dotadas de FET e até 1013 Ω em operacionais construídos com dispositivos discretos. Da mesma forma, a
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impedância de saída não é nula, apresentando os operacionais práticos, valores que podem ir de alguns ohms a cerca de
3 kΩ.

A Configuração Não-Inversora

Esta configuração permite a construção de um amplificador cujo sinal de saída apresente o mesmo sinal o sinal
de entrada.
O objetivo deste arranjo é obter um ganho bem menor que o de malha aberta através de uma retro alimentação
negativa, aqui, realizada pelo ramo formado pelas impedâncias Z2 e Z1.

Figura 2 – Configuração Não-Inversora


Considerando que a corrente de excitação (Ibias) na entrada inversora (-) é igual a zero, temos que i2 = i1 e
também que o ganho em malha aberta Avo é arbitrariamente grande, temos:

(3)

(4)

(5)

(3) (5)

(6)

Voltagem e Corrente de offset e Drift térmico

É sabido que todo dispositivo eletrônico ativo necessita de uma certa tensão e corrente de excitação para operar
na região desejada. Esta tensão e corrente de excitação surgem como uma tensão na saída do amplificador quando a
fonte se sinal de entrada é colocada a 0V.
Como pode ser notado na figura abaixo para fins de análise, é comum modelar estas tensão e correntes de
“offset” como fonte de fornecimento de tensão e corrente elétricas independentes.
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Figura 3 – Tensão e corrente de “offset” modeladas como fontes tensão e corrente independentes.

Com este modelamento, fica claro que as tensões de “offset” produzidas por Voffset e pela queda de tensão em
RG produzida pela corrente fornecida por Ioffset, são sobre postas à tensão de entrada.
A corrente de “offset” Ioffset é produzida pela diferença entre as correntes de excitação das entradas, Ibias e
Ibias’. Assim, podemos calcular Ioffset como:

Ioffset = | Ibias – Ibias’ | (6)

A tensão de offset também pode ser gerada pelo desbalanceamento das impedâncias externas às entradas do
amplificador.

Os amplificadores operacionais, geralmente possuem meios para se anular estas tensões de “offset”.

As tensões e correntes de drift são geradas devido às variações que as tensões e correntes de offset sofre com a
variação da temperatura ambiente, ou também por influência a variação da tensão da fonte que alimenta o amplificador
operacional.
Estas também são modeladas como fontes independentes semelhantemente a que ocorre na figura 3, anterior.

Ruídos em Instrumentação

Ruído térmico (ou Johnson, ruído branco ou Nyquist)


Este tipo de ruído é gerado pelo movimento aleatório das moléculas de um corpo físico devido à energia
térmica.
A potência deste ruído pode ser calculada pela seguinte expressão

P = 4 K T ∆f (8)

onde:

K: constante de Bolztmann (1,38 x 10-23 J/K)


P: potência do ruído em [W]
∆f: Banda de freqüência [Hz]
T: temperatura termodinâmica [K]

Sabendo que
P = e2/R, substituindo em (8), temos:

e = [4 R K T ∆f ]1/2 (9)
onde:
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e: tensão gerada pelo ruído [V]

Alguns amplificadores operacionais mais sofisticados, como os utilizados em instrumentação, trazem em sua
folha de dados fornecida pelo fabricante, parâmetros que informam a suscetibilidade que o dispositivo possui frente aos
ruídos. Estes parâmetros informam a tensão e a corrente gerado pelos ruídos. Vide os parâmetros “Input Noise Current”
e “Input Noise Voltage” referente ao LM725C no Anexo III.

Em amplificadores operacionais de instrumentação é comum existirem parâmetros de tensão de ruído referente


à entrada (RTI) e à saída (RTO), como pode ser visto na figura abaixo para o AD624.

Figura 4 – Folha de Dados do AD624 - Parâmetros referentes a ruídos.

Semelhantemente ao caso das tensões e correntes de offset e drift térmico, as tensões e correntes de ruídos são
modeladas como fontes independentes, conforme pode se visto na figura a seguir.

Figura 5 – Tensões e correntes de ruídos como fontes independentes


Onde:

in: Corrente de ruído


en: Tensão de ruído
eth: Tensão de ruído térmico
RG: Resistência da fonte de sinal de entrada
VG: Fonte de sinal de entrada

Objetivos
1. Analisar do ponto de vista metrológico o sistema de medição, aplicando as ferramentas de análise
adquiridas na disciplina Sistemas de Medição.
2. Comparar os valores de dois sistemas de medição semelhantes.
Os dois sistemas de medição serão diferentes na UTS (Unidade de Tratamento de Sinais),
implementada basicamente com amplificador operacional. Um sistema terá sua UTS
implementada com o UA741C. Já o outro, com o LM725C.
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Parte Experimental

Material e Equipamentos
Material:
• 04 resistores de filme carbono para baixa potência - 1/4 W e 5% de tolerância: 02 de 1kΩ, 02 de
10kΩ.
• 02 amplificadores operacionais: 01 UA741C e 01 LM725C.
Equipamento:
• Multímetro Minipa modelo ET-2082B

Procedimento Experimental
1. Realizadas medidas dos valores das resistências elétricas dos 04 resistores com número de
amostragem igual a cinco (n=5).

Resultados Experimentais

Tabela 1 – Medidas dos valores das resistências elétricas dos resistores


Medidas R1 de 10 kΩ
Ω [kΩ
Ω] R2 de 10 kΩ
Ω [kΩ
Ω] R3 de 1 kΩ
Ω [kΩ
Ω] R4 de 1 kΩ
Ω [kΩ
Ω]
1 9,92 9,93 1,002 0,999
2 9,92 9,92 1,001 1,000
3 9,92 9,92 1,002 0,999
4 9,92 9,92 1,001 0,999
5 9,92 9,92 1,001 0,999

Análise

Tabela 2 – Resultado base, correção, incerteza e resultado da medição das resistências dos resistores
Resistores Resultado Base Correção Incerteza Resultado da Medição
[kΩ
Ω] [kΩ
Ω] [kΩ
Ω] [kΩ
Ω]
R1 9,92 0,0002 0,1094 9,92 ± 0,11
R2 9,92 0,0002 0,1094 9,92 ± 0,11
R3 1,001 0,0002 0,01101 1,001 ± 0,011
R4 0,999 0,0002 0,01099 0,999 ± 0,011

Utilizando as equações,
Equação 1 – Incerteza do ganho do amplificador não-inversor
2 2 2
 u ( A)   u ( R1)   u ( R3) 
  =  + 
 A   R1   R3 
Equação 2 – Ganho do amplificador não-inversor
R1
A= +1
R3
Tabela 3 – Resultado base, incerteza e resultado da medição para o ganho (A) do amplificador inversor (anexo 1)
Resultado base Incerteza Resultado da Medição
10,91 0,17 10,91 ± 0,17
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Cálculo das incertezas geradas na UTS (unidade de tratamento de sinal) para cada implementação

Cálculo das tensões de drift e ruído térmico

Considerações:
1. Faixa de temperatura operação do sistema de medição: 0°C a 70°C.
2. Incerteza da temperatura ambiente igual a diferença entre 70°C e a temperatura ambiente.
3. Temperatura ambiente: 25 ± (70-25) [°C][1]
4. Ajuste para eliminação do offset realizado à temperatura ambiente considerada.
5. Variação máxima permitida na tensão da fonte de alimentação (∆Vps): 1Vrms
6. Banda passante de freqüência de operação do sistema de medição: 10kHz
7. Modelo considerado para os cálculos do drift térmico e devido ao ruído térmico igual à figura 1 a seguir.

Figura 6 – Modelo das tensões de drift térmico e ruído térmico no amplificador não-inversor da UTS
onde:
eth: tensão na entrada devido ao ruído térmico
DVoffset: Drift térmico na tensão de offset
DIoffset: Drift térmico na corrente de offset
DVoffset,ps: Drift térmico na tensão de entrada devido à variação da tensão da fonte de alimentação

Implementação da UTS com UA741C

Conforme anexo 2 com as especificações elétricas de UA741C


• Drift térmico da tensão de offset: 15 µV/°C
• Drift térmico da corrente de offset: 0,5 nV/°C
• PSRR (Power Supply Rejection Ratio): 96 dB (típico)
Conforme teoria da física de ruídos, temos:

Cálculo da variação da tensão devida ao ruído térmico para Tamb=(25 ± 45) °C

Equação 3 – Equação da tensão devida ao ruído térmico

eth = 4 KTRt∆f
com K=1,38x10-23 [J/K]
Rt=Rg=1k

[1]
Pretende-se calcular um único valor para a incerteza da medição para ser aplicada à toda faixa de temperatura de
operação do Sistema de Medição.
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∆f=10kHz
e T, conforme consideração 3, 253K (-20°C) a 343 (70°C)
temos:

Tabela 4 – Valores mínimo, máximo e a variação da tensão devido ao ruído térmico (eth)
eth para Tmin = 243K (-20°C) eth para Tmax = 70°C [343K] ∆eth
[V] [V] [V]
3,66 x 10-7 4,35 x 10-7 0,87 x 10-7 (0,087 µV)

Equação 4 – Combinação das fontes de incertezas


1/ 2
 ∆eth  2 2 2 2

e =   + DVoffset + DVoffset , ps + ( DIoffset × ( R 2 + Rg )) 
 2  

Equação 5 – Cálculo da razão de rejeição para variações na tensão da fonte de alimentação em dB


∆Vps
PSRR = 20 Log [dB]
DVdrift , ps

Cálculo dos das tensões de drift térmico

• Com a equação (5) e ∆Vps=1Vrms e PSRR=96dB, temos:

DVoffset,ps = 1,5 x 10-5 V (15,8 µV)

• Com ∆T=70-25=45°C, temos:

DVoffset = 15,0 x 10-6 x 45 = 6,75 x 10-4 V (675 µV)

DIoffset x (R2+RG) = 0,5 x 10-9 x 45 x (10 x 103 + 103) = 2,48 x 10-4 V (248 µV)

• Então, temos, utilizando a equação 4, a combinação das fontes de incertezas:

e=[(0,435 x 10-7)2 + (6,75 x 10-4)2 + (1,5 x 10-5)2 + (2,48 x 10-4)2]1/2 = 7,19 x 10-4 V (719 µV)

Implementação da UTS com LM725C

Conforme anexo II com as especificações elétricas de UA741C


• Drift térmico da tensão de offset: 2,0 µV/°C
• Drift térmico da corrente de offset: 10 pV/°C
• PSRR (Power Supply Rejection Ratio): 20µV/V (típico)

Cálculo da variação da tensão devida ao ruído térmico para Tamb=(25 ± 45) °C

Como a fonte de ruído térmico é externa a UTS, temos aqui os mesmos valores da tabela 4.

Cálculo das tensões de drift térmico

• Com a equação (6) a seguir, ∆Vps=1Vrms e PSRR=20 x 10-6V/V (20µV/V), temos:


Sistemas de Medição – Análise de um Sistema de Medição Eletrônico de Rotação de Motores Elétricos 11
Equação 6 - Cálculo da razão de rejeição para variações na tensão da fonte de alimentação em V/V
∆Voffset , ps
PSRR = [V/V]
∆Vps

DVoffset,ps = 2,0 x 10-5 V (20,0 µV)

• Com ∆T=70-25=45°C, temos:

DVoffset = 2,0 x 10-6 x 45 = 9,0 x 10-5 V (90 µV)

DIoffset x (R2+RG) = 10,0 x 10-12 x 45 x (10 x 103 + 103) = 4,95 x 10-6 V (4,95 µV)

• Então, temos, utilizando a equação 4, a combinação das fontes de incertezas:

e=[(0,435 x 10-7)2 + (9,0 x 10-5)2 + (2,0 x 10-5)2 + (4,95 x 10-6)2]1/2 = 9,23 x 10-5 V (92,3µV)

Discussão

Tabela 5 – Fontes de Incertezas para cada UTS


Parâmetro UA741C LM725C Diferença relativa (%)
[em relação a LM725]
∆eth 0,087 µV 0,087 µV 0
DVoffset,ps 15,8 µV 20,0 µV 21
DVoffset 675 µV 90 µV 650
DIoffset x (R2+RG) 248 µV 4,95 µV 4910
e 719 µV 92,3µV 679
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Anexo I – Esquema Simplificado de um Tacômetro


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Anexo II – Especificações Elétricas do UA741C


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Anexo III - Especificações Elétricas do LM725C


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Anexo IV – Especificações gerais e de Precisão do Multímetro Minipa ET-2082B


Sistemas de Medição – Análise de um Sistema de Medição Eletrônico de Rotação de Motores Elétricos 18

Nota Referente à Medição de Resistência Elétrica


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Conclusões
1. Conforme dados das tabelas 2 e 3, a tolerância das resistências empregadas tem influência significativa na UTS
implementada com amplificador operacional devido à influência no ganho do circuito não-inversor.
2. É importante utilizar resistores na implementação do estágio amplificador da UTS, devido ao item anterior.
3. A qualidade do amplificador operacional empregado na UTS também é muito importante, como pode ser
percebido no dados da tabela 5.
4. Para a utilização do tacômetro numa ampla faixa de temperatura ambiente de operação sem a necessidade de
fatores de correção para cada valor de temperatura, a tensão e a corrente de drift térmicos são parâmetros
importantes na escolha do amplificador operacional (tabela 5).
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Bibliografia

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