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XVI ENCONTRO V SEMINÁRIO XX SEMANA

DE HISTORIA DA PROFHISTORIA DE HISTORIA


ANPUH-MS UEMS DA UEMS

SOBERANIA, EXISTÊNCIAS e RESISTÊNCIAS

200 ANOS DEQUÊ?

18 A 21 OUTUBRO 2022
AMAMBAIE CAMPO GRANDE/MS

EVENTO VIRTUAL

CADERNO DE PROGRAMAÇÃO
E RESUMOS
XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS
- XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V
SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS -
Amambai/Campo Grande, 18 a 21 de outubro de 2022

REALIZAÇÃO:
Associação Nacional de História (ANPUH) - Seção Mato Grosso do Sul

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA)


CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

FICHA TÉCNICA

Organização: COSTA, Manuela Areias; KMITTA, Ilsyane; LOCASTRE, Aline


Vanessa; ALBANEZ, Jocim ar Lomba.

Editoração/Diagramação: CIZESKI, Edson

Arte/Capa: ZILLI, Amanda

Dados Internacionais de Catalogação na Pnblicaçao (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Encontro de História da ANPUH-MS (16. : 2022 :


Campo Grande, MS)
XVI Encontro de História da AyPUH-MS t
XX Semana de História da UEMS e V Seminário
do ProfHistória da UEMS [livro eletrônico] :
caderno de programação e resumos / organização
Manuela Areias Costa, Ilsvane Kmitta, Aline Vanessa
Locastre. -- Amambai, MS : Campo Grande, MS :
Ed. dos Autores, 2022.
PDF.

Vários autores.
Bibliografia.
ISBM 976-65-00-54439-3

1. Brasil - História - Independência 2. História


do Brasil I. Costa, Manuela Areias. II. Kmitta,
Ilsyane. III. Locastre, Aline Vanessa. IV. Titulo.

22-132239 CDD-931
índices para catálogo sistemático:

1. História do Brasil 931

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

©Todos os direitos reservados ANPUH - MS. Permitida a publicação integral desde


que citada a fonte

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS


- XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V
SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS -

CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E
RESUMOS

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Amambai/Campo Grande, 18 a 21 de outubro de 2022

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (ANPUH), Seção Mato Grosso do Sul


(Biênio 2020-2022)

DIRETORIA

Diretor/a: Manuela Areias (UEMS)

Vice-diretor/a: Aline Locastre (UEMS)

1° Secretário/a: Jocimar Lomba (UEMS)

2° Secretário/a: Tânia Zimmerman (UEMS)

1° Tesoureiro/a: Ilsyane Kmitta (UEMS)

2° Tesoureiro/a: Suzana Arakaki (UEMS)

CONSELHO FISCAL

Membros Efetivos:

Ana Paula Squinelo (UFMS/Aquidauana)

Leandro Hecko (UFMS/Três Lagoas)

Maria Lima Santos (UFMS/Campo Grande)

Membros Suplentes:

Fernando de Castro Além (UEMS)

José Carlos Ziliani (UFGD)

Marinete Rodrigues (UEMS)

CONSELHO CONSULTIVO

Carlos Eduardo Campos (UFMS/Campo Grande)

Éder Novak (UFGD)

Eudes Fernando Leite (UFGD)

Fabiano Coelho (UFGD)

Mariana Esteves (UFMS/Três Lagoas)

Jaqueline Zarbato (UFMS/Campo Grande)

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS


XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e
V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Amambai/Campo Grande, 18 a 21 de outubro de 2022

COMISSÃO ORGANIZADORA

Manuela Areias (UEMS/Profhistória) - Coordenadora


Aline Locastre (UEMS/Profhistória) - Coordenadora Adjunta
Andrey Minin Martin (UFMS/Profhistória UEMS) - Organizador
Célia Foster Silvestre (UEMS/Profhistória) - Organizadora
Ilsyane Kmitta (UEMS) - Organizadora
Jocimar Lomba (UEMS) - Organizador
Jorge Ribeiro Diacópulos (SED-MS/SEMED/Campo Grande) - Organizador
Lucas Maceno Sales (UEMS)
Maria Larissa Montania Vera (SEMED/Campo Grande/UEMS/Profhistória) - Organizadora
Maria Aparecida Lima Santos (UFMS/Profhistória UEMS) - Organizadora
Suzana Arakaki (UEMS/Profhistória) - Organizadora
Tânia Zimmerman (UEMS) - Organizadora
Luana Michaeli Escobar Kamphorst (Secretária)
Jussara Selhorst de Oliveira (Secretária)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Aline Locastre (UEMS/Profhistória)


Ana Paula Squinelo (UFMS)
Carlos Eduardo Campos (UFMS/Profhistória UEMS)
Cláudia Delboni (SED-MS)
Dilza Porto (UFMS)
Éder Novak (UFGD)
Eudes Fernando Leite (UFGD)
Fabiano Coelho (UFGD)
Fernando de Castro Além (SED/MS)
Fernando Garcia (SEMED/Campo Grande)
Geovano Moreira Chaves (IFMS)
Gustavo Balbueno de Almeida (UEMS/Unigran)
Ilsyane Kmitta (UEMS)
Jaqueline Zarbato (UFMS)
Jocimar Lomba (UEMS)
Leandro Hecko (UFMS/Profhistória UEMS)

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Leandro Seawright (UFGD)


Manuela Areias (UEMS/Profhistória)
Maria Celma Borges (UFMS)
Maria Aparecida Lima Santos (UFMS/Profhistória UEMS)
Mariana Esteves (UFMS)
Marinete Rodrigues (UEMS/Profhistória)
Monique Vargas (UFGD)
Paulo Roberto Cimó Queiroz (UFGD)
Rodrigo Cracco (UEMS/Profhistória)
Suzana Arakaki (UEMS/Profhistória)
Tânia Zimmerman (UEMS)
Vitor W agner de Oliveira (UFMS)

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SUMÁRIO
SUM ÁRIO ..........................................................................................................................................7
A P RESEN TAÇ ÃO ........................................................................................................................ 18
PROGRAMAÇÃO G E R A L .......................................................................................................... 19
MINICURSOS.................................................................................................................................21
Minicurso 01. Diálogos entre feminismos afroamericanos e o ensino de história..... 21
Minicurso 02. História Política: debates teóricos e reflexões críticas.......................... 21
Minicurso 03. Pedagogia das imagens: a arte e os multimeios como
potencializadores do saber h istórico..................................................................................22
Minicurso 04. Colonialismo e Feminismo: questão dehistória........................................22
Minicurso 05. Noções Básicas de Paleografia: manuseio e leitura de manuscritos
(século X IX )............................................................................................................................ 23
Minicurso 06. Usos do (auto)biográfico e educação antirracista...................................23
SIMPÓSIOS TEM ÁTICO S........................................................................................................... 25
ST 01. O antigo Mato Grosso: transformações socioeconômicas, políticas e
ambientais (séculos XV III-X X ).............................................................................................. 25
Tropas em movimento: campanhas militares espanholas na capitania de Mato
Grosso (1763-1767).............................................................................................................. 25
Colunas em marcha pelo Mato Grosso: aproximações entre a Retirada da Laguna
(1867) e a Coluna Miguel Costa - Prestes (1925)...........................................................26
Um divisor de águas? A Guerra do Paraguai na história de Mato Grosso e Mato
Grosso do S u l........................................................................................................................ 27
Relação trabalhista na atividade de pastoreio no Pantanal, final século XIX e
primeiras décadas de X X ..................................................................................................... 27
A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) e o protagonismo dos colonos .. 29
A SOMECO S/A na política ivinhemense.......................................................................... 29
A ordem do dia era acelerar a marcha desenvolvimentista: caminhos que se cruzam
dos pantanais a Amazônia ................................................................................................... 30
"Quando cortada a última árvore...”: o breve ciclo madeireiro no cone sul do atual
estado de Mato Grosso do Sul (1973-1982 como ápice)................................................ 31
História, imprensa e linguagem - as semânticas jornalísticas praticadas n’ O
Progresso (de Dourados) e no Correio do Estado (de Campo Grande), com
pretensões representativas da divisão de Mato Grosso, em 1977................................31
ST 02. Estudos Interdisciplinares sobre a Antiguidade: novas perspectivas para o
ensino e a pesquisa................................................................................................................ 32

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O momento do juízo: representações dos juízes do mundo dos mortos grego na


epopeia e na com édia........................................................................................................... 32
Sima Qian (c.145 a.C. - c. 90 a.C.), historiador de um im pério....................................33
Teatro além da Literatura: problematizando as convenções poéticas e
fundamentando o caráter competitivo e político da dramaturgia grega.......................33
A herança e as modificações mitológicas da deusa grega Afrodite e sua
representação na tragédia Hipólito de Eurípedes...........................................................33
Homero entre humanistas: a primeira versão latina da Ilíada (1365).......................... 34
A apropriação da imagem da feiticeira Circe pelo filme Ulysses (1954): o cinema
italiano e os usos do passado g re g o ..................................................................................35
Édipo Entre Eras, de Sófocles à Gianfrancesco G uarnieri........................................... 35
A imagem céltica e romana na série Britannia (2 0 1 8 )................................................... 36
A Antiguidade grega e a BNCC - desafios ao Ensino de H istó ria............................... 36
O PIBID / HIST / FACH - UFMS e o Ensino de História Antiga em Tempos de COVID
- 19...........................................................................................................................................36
África antiga em sala de aula: algumas perspectivas iniciais....................................... 37
Discurso sobre a África nos livros didáticos do ensino fundamental. Uma análise do
livro História, Sociedade & Cidadania, 3. Edição, 6° A n o ..............................................37
ST 03. História e ensino de História na Abya Yala: formas de democracias,
autoritarismos e resistências............................................................................................... 38
AS IMAGENS DIGITAIS CONTAM HISTÓRIA: O PAPEL DAS CHARGES E
TIRINHAS NA INTERNET COMO REGISTRO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO
BRASIL.................................................................................................................................... 38
Novas questões e perspectivas à decolonialidade no Ensino de História: As
influências dos Estudos Subalternos e da História C u ltu ra l.......................................... 39
O ensino de artes visuais de Campo Grande-MS sob uma perspectiva decolonial .. 39
M8M: UMA PERFORMANCE EXPERIMENTA COLETIVA DE RESISTÊNCIA........ 40
ESCREVIVÊNCIA: A EXPERIÊNCIA E ESCRITA DE SI COMO RESISTÊNCIA.... 41
AS PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS E RESISTÊNCIAS DESENVOLVIDAS NA .... 41
ALDEIA POÇO DANTAS DE UMARI, CRATO - CE, QUE CONTRIBUEM PARA .... 41
CONSTRUÇÃO DE UM MOVIMENTO EDUCACIONAL INDÍG ENA.......................... 41
"De Passagem”: escritos sobre educação da saúde de Flávio Maroja na revista Era
Nova, Paraíba (1921-1925)................................................................................................. 42
A Guerra do Chaco (1932-1935) e o Ensino de História: Uma Proposta de Aulas
Oficina para análise da História, Cotidiano Militar e Sujeitos Invisibilizados.............. 43
A participação do negro na Guerra do Paraguai/ Guerra Guasu: uma visão sobre o
ensino de história para o ensino médio de Campo Grande, Mato Grosso do Sul..... 43
"A Guerra do Paraguai/ Guerra Guasu” e a pandemia do Covid-19: Uma abordagem
para o ensino de História a partir da metodologia da aula-oficina............................... 44

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OS DESDOBRAMENTOS DA LEI 5.692/1971 NO ENSINO DE HISTÓRIA (1971-


1988): "preparo para o exercício consciente da cidadania”? ........................................ 45
Entre vozes de pais e alunos: a resistência dos sujeitos silenciados, na fala do
professor de história ............................................................................................................. 45
"PELO FUTURO DO BRASIL”: O DISCURSO DE MEMÓRIA CÍVICA DO GUIA DO
ESCOTEIRO (1925).............................................................................................................. 46
A HARMONIA DE TRAÇOS PHYSIONOMICOS E GERAES” : INSPECIONANDO OS
CORPOS DOS MENORES DA ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS DA
PARAÍBA NO INÍCIO DO VIGÉSIMO S É C U L O ............................................................ 46
FESTAS, DISCIPLINA E ESTRATÉGIA NA ESCOLA DE APRENDIZES
MARINHEIROS DA PARAÍBA NOS PRIMEIROS ANOS DO VIGÉSIMO SÉCULO . 47
"MODELAR SUA CONDUCTA PELAS REGRAS DE BOA EDUCAÇÃO CIVIL E
MILITAR” : AS ESCOLAS DE APRENDIZES MARINHEIROS NO PÓS-REVOLTA DA
CH IBATA.................................................................................................................................47
O ENSINO PROFISSIONAL NAS ESCOLAS DE APRENDIZES MARINHEIROS: O
LIVRO DO APRENDIZ MARINHEIRO (1889).................................................................. 48
POR UMA PEDAGOGIA DOS CORPOS HÍGIDOS: A INSERÇÃO DAS
DISCIPLINAS DE HIGIENE E EDUCAÇÃO FÍSICA NO RIO GRANDE DO NORTE
(1 9 1 6 )...................................................................................................................................... 49
A CONTRIBUIÇÃO DO JORNAL "NÓS, POR EXEMPLO” NA CIRCULAÇÃO DE
SABERES E PRÁTICAS PARA A DESCONSTRUÇÃO DO ESTIGMA ASSOCIADO
AOS CORPOS QUE VIVEM COM HIV/AIDS ADOLFO VEILLER SOUZA
HENRIQ UES.......................................................................................................................... 49
ST 05. História Indígena e do Indigenism o....................................................................... 50
História do povo indígena Xokleng/Laklãnõ - séculos XVIII e X IX .................................51
Ernesto Geisel entre os Terena na aldeia Bananal e a política indigenista de seu
governo................................................................................................................................... 51
A TRAJETÓRIA DO POVO OFAIÉ: FORMAS ATUAIS DE PRODUÇÃO DO
COLETIVO E DA TERRITO RIALIDADE........................................................................... 52
A construção da identidade Kinikinau na Missão de Nossa Senhora da Misericórdia
................................................................................................................................................. 52
Protagonismo indígena na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu: imagens,
tensionamentos e narrativas nas Coleções Didáticas de História (Ensino
Fundamental II /PNLD 2017 e 2 02 0)..................................................................................53
Avaliação e sugestões para o ensino de história e cultura indígena no município de
Grão-Pará/SC......................................................................................................................... 53
A INTERCULTURALIDADE CRÍTICA COMO CAMINHO POSSÍVEL PARA O
ENSINO DAS HISTÓRIAS E DAS CULTURAS INDÍGENAS NAS ESCOLAS..........54
A INCORPORAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NOS PROJETOS POLÍTICOS
NACIONAIS DA ARGENTINA E DA COLÔMBIA (1860-1890): UMA ANÁLISE DOS
DISCURSOS À LUZ DA HISTÓRIA COMPARADA.........................................................54

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EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA E PRÁTICAS RELATIVAS AO CONHECIMENTO


HISTÓRICO EM GRUPOS INDÍGENAS EM SITUAÇÃO COLONIALIDADE............. 55
A violência obstétrica contra as mulheres Kaiowá e Guarani da cidade de Dourados -
Mato Grosso do Sul............................................................................................................... 56
As diferentes violências sofridas pela comunidade Kurupi de Santiago Kue entre
2020-2022...............................................................................................................................56
INSURGÊNCIAS E ENFRENTAMENTOS ÀS VIOLÊNCIAS PELAS MULHERES
GUARANI E KAIOWÁ: DEBATES SOBRE RE(EXISTÊNCIAS) E POLÍTICAS DE
G ÊNERO .................................................................................................................................57
Trabalho Indígena nos séculos XIX e XX: Trabalho não-livre, Trabalho Compulsório
ou Trabalho e scra vo ............................................................................................................. 57
A importância do Centro Histórico Tapuias Paiacu e do Museu Luíza Cantofa como
estratégia e fortalecimento da etnicidade dos índios do município de Apodi/RN...... 58
PERMANÊNCIA DOS ESTUDANTES INDÍGENAS NOS CURSOS DE ENSINO
MÉDIO INTEGRADO DO IFMS/ CAMPUS AQ UIDAUANA............................................59
USINA HIDRELÉTRICA DE BALBINA (AM) - O DESCASO COM A CIÊNCIA E OS
IMPACTOS NAS COMUNIDADES INDÍGENAS E RIBEIRINHAS AFETADAS POR
SUA CO NSTRU ÇÃO ............................................................................................................ 59
Marco temporal e renitente esbulho: a anti-historicidade da jurisprudência do STF e a
negação dos direitos territoriais indígenas........................................................................ 60
SOB OS "TIPOS” E FORMAS: representações indígenas a partir das publicações do
Jornal do Commercio (RJ) - (1840-1855).......................................................................... 60
Da malária à COVID-19: uma breve análise sobre o papel das doenças no genocídio
contra os povos indígenas na ditadura militar e na gestão de Jair B olsonaro...........61
ST 06. Memórias regionais, mulheres e Ensino de História: Dos espaços de
aprendizagem às narrativas................................................................................................. 61
Povos indígenas, gêneros e violências: Análise sobre o comitê intertribal de mulheres
indígenas de Alagoas............................................................................................................ 62
Territórios Silenciados: lugares de memória da escravidão em Juiz de F o ra ............62
A prática pedagógica no ensino de História: Patrimônio Histórico Cultural no ensino
fundamental II, experiência nas aulas rem otas................................................................ 62
A COLONIZAÇÃO DE UMA IMAGEM: O CASO DA BEATA LAURA V IC U N A .........63
A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM PAUTA: A ATUAÇÃO DE FRANCISCA CLOTILDE
NO CENÁRIO EDUCACIONAL DA FORTALEZA O ITO CENTISTA............................ 63
Caminhos para o ensino decolonial: Maputo e o patrimônio histórico.........................64
As representações sobre a mulher na revista Jornal das Moças nos anos dourados64
A educação das mulheres e suas representações na Revista Popular (1859-1862) 65
REPRESENTAÇÕES CULTURAIS FEMININAS, MUSEUS E H IS T Ó R IA ...................66
ST 07. Música e Cinema como objetos de pesquisa na História: interseções e
possibilidades.......................................................................................................................... 66

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O audiovisual autoral dos povos indígenas de MS e a noção de etno-historiofotia:


possibilidades de uma historiofotia alternativa nos filmes da ASC UR I .......................67
O cinema em sala de aula e a História: o caso do filme Apocalypto e os povos
ameríndios antes da chegada dos europeus.................................................................. 68
Alice no País da Ditadura: Dramas e Conflitos de uma Mocinha em Os Dias Eram
Assim ....................................................................................................................................... 68
Os Sentidos da Audição: A Construção da Trilha Sonora com ênfase na Repetição
Musical em Gritos e Sussurros (1972) de Ingmar Bergm an......................................... 69
Ranxerox, Bob Cuspe e Agropunk: História e representações do movimento punk
nos quadrinhos.......................................................................................................................69
ST 08. Imprensa e História: diálogos entre o saber histórico e os locais de
memória da Imprensa............................................................................................................. 70
"Temos compromisso com o progresso”: imprensa e desenvolvimento energético em
Mato Grosso do S u l.............................................................................................................. 70
Uma discussão sobre as representações dos governos de Mato Grosso do Sul nas
charges de jornais (1979-2018)...........................................................................................71
O Romance Gabriela, Cravo e Canela como Lugar de Memória da Capital do Cacau:
representação da Cidade de Ilhéus-Ba da década de 1920......................................... 71
A imprensa como fonte para o estudo do movimento sociorreligioso dos Monges
Barbudos (RS, 1935-1938)...................................................................................................72
"Mais soffreu Christo” : o caso de agressão contra o Padre Justino José de Sant’Anna
na Freguesia de Canavieiras, Bahia, pelo jornal "ARazão” (1 9 1 2 )............................... 73
A Revista do Ensino de Minas Gerais e seu uso como fonte e objeto para a História
da E ducação.......................................................................................................................... 73
"MATOU FILHINHO DEFORMADO PELA DROGRA-MALDITA” :UMA ANÁLISE DAS
NOTÍCIAS EM CIRCULAÇÃO SOBRE A INFANTICIDA DE LIÉGE............................ 74
COMO A IMPRENSA DA PARAÍBA DISCUTIU A EPILEPSIA NO SÉCULO X X ..... 74
História e imprensa operária: uma análise do jornal A Luta de C lasse.......................75
JORNADAS DE JUNHO DE 2013 E A GRANDE IMPRENSA NACIONAL: ANÁLISES
SOBRE OS PROCESSOS DE ABORDAGEM NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
E REVISTA VEJA...................................................................................................................75
Jornais entre fatos, notícias e colunas: Vandick da Nóbrega e as denúncias durante a
Ditadura C ivil-M ilitar.............................................................................................................. 76
A semântica da corrupção: Análise do discurso jornalístico dos semanais O Cruzeiro
e Manchete na eleição presidencial brasileira de 1960................................................... 76
O JORNAL ESTUDANTIL O BRADO UNIVERSITÁRIO COMO FONTE DE
PESQUISA SOBRE A RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR EM MARINGÁ-PR ... 77
A demonstração do grande sentido nacional do integralismo”: a Ação Integralista
Brasileira e os Congressos Nacionais nas páginas de sua imprensa militante (1933­
1 9 3 5 )....................................................................................................................................... 78

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Cidadãos constitucionais: a luta por direitos e o fim das Milícias segregadas nos
periódicos cariocas (1831-1834)........................................................................................ 78
O caso ufológico da Barra da Tijuca de 1952: A fundação da Ufologia no Brasil pela
ação da im prensa...................................................................................................................79
A circulação de impressos e manuscritos na Confederação do Equador no Ceará .. 79
Sobre "o dever do cidadão que escreve”: ponderações de um beneditino sobre o
exercício periodista no período da Independência (1822-1824).................................... 80
Educando o Brasil pelas páginas da Infância e Juventude (1936-1937).....................80
Imprensa e espiritismo: as disputas no campo religioso alagoano na Primeira
República................................................................................................................................ 81
Heróis contra monstros: a representação dos colonos alemães em Goiás pelo
Deutscher Morgen (1938).................................................................................................... 81
Uma história da educação a partir dos periódicos..........................................................82
Os elogios fúnebres como mecanismos para a construção da memória c o le tiv a .... 82
HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS CANTORAS BRASILEIRAS DO RÁDIO EMILINHA
BORBA E MARLENE, ATRAVÉS DA REDE SOCIAL INSTAG RAM .......................... 83
ST 09. Narrativas Oficiais e Histórias Insurgentes: a memória como fonte na
construção de outras histórias no Brasil Contem porâneo..........................................83
Memórias de uma ex-profissional do sexo: Zona boemia da cidade de Itabaiana - PB
(1960-1980)............................................................................................................................ 84
AS REPRESENTAÇÕES NÃO OFICIAIS DA MERENDA ESCOLAR: UMA ANÁLISE
DA OBRA NOSSA HISTÓRIA DE ITAPAGIPE - M G ...................................................... 84
COMUNIDADE DO DOURADINHO: Cultura, memória e resistência na luta pela
permanência na terra ........................................................................................................... 85
COMO SE FORJAM HERÓIS: O AVESSO DA MEMÓRIA OFICIAL SOBRE OS
PRIMÓRDIOS DA CIDADE DE JOÃO M ONLEVADE/M G .............................................86
Grilagem de terra em Rondônia: o caso da Colonizadora Calama SA (1970-1980) . 87
COLONIALISMO E CONSTRUÇÕES IMAGINÁRIAS DO FEMININO NO BRASIL DO
SÉCULO XVI: UMA LEITURA FEMINISTA E DECOLONIAL........................................ 87
ST 10: Violência, crime e políticas de repressão do estado como objetos de reflexão
histórica ......................................................................................................................................... 88
O mal viver como ameaça à propriedade: as notícias sobre termos de bem viver e o
trabalho compulsório (1870-1890)...................................................................................... 89
O recrutamento militar como prática punitiva aos desajustados à ordem sociopolítica
................................................................................................................................................. 89
EPB, a história de uma disciplina acadêmica em tempos de crise da ditadura militar
(1979-1993)........................................................................................................................... 90
O MOVIMENTO LGBTI+ E OS CORPOS VI(R)ADOS PELA DITADURA CIVIL-
MILITAR BRASILEIRA: UMA OPORTUNIDADE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA.. 90

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O ESTADO NA DITADURA CIVIL MILITAR COMO MOBILIZADOR DO MEDO:


ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, FRONTEIRA OESTE DO RIO GRANDE
DO S U L ................................................................................................................................... 91
Um estudo sobre Inquérito Policial Militar (IPM) no sul de Mato Grosso (1964-1969)
.................................................................................................................................................. 92
ST 12. Espaço rural, populações tradicionais e as políticas de Estado................. 92
Os mitos do turismo no Pantanal Sul no contexto de queimadas e pandemia de
C ovid-19..................................................................................................................................93
A assistência ao sul do Piauí no Posto de Higiene de Floriano (1931-1935)................94
Confluindo temporalidades: a mobilização cultural do universo rural argentino como
estratégia de manutenção do consenso populista no Primeiro Peronismo (1946­
1 9 5 5 )....................................................................................................................................... 94
Um homem, uma mulher e um jeep: extensão rural, assistência técnica e creditícia e
o Ministério da Agricultura (1946-1955)............................................................................ 95
O papel da escola na formação do homem rural e o programa de educação rural do
INEP (1947-1952)................................................................................................................. 96
Entre a terra firme e as águas: saberes da pesca, soberania alimentar e dinâmicas
socioculturais numa comunidade ribeirinha (Santo Antônio do Tauá- P A )..................96
A 5a Comarca da Província de São Paulo durante o processo de Independência do
Brasil (sécs. XVIII-XIX)..........................................................................................................97
Sertões a Oeste do Sapucaí: concentração fundiária e a formação do espaço rural
nos registros paroquiais de terras das freguesias de Caldas e Alfenas (MG, 1855­
1 8 5 6 )....................................................................................................................................... 98
Indígenas, colonos y Estado. El caso la Laguna (Pasto-Colombia) en las primeras
décadas del siglo X X ............................................................................................................ 98
"Pela produção agrícola e pecuária e mais ofícios rurais” povos indígenas, lógicas
estatais e políticas agrárias no Brasil (1930-1967)..........................................................99
ST 13. Museus, Patrimônio Cultural e Mem ória............................................................ 100
Um nacionalismo sertanejo: criação de tradições, patrimônio e m em ória.................100
As coleções arqueológicas tombadas no período inicial do IPHAN: a problemática da
classificação do patrimônio arqueológico no Brasil........................................................101
Notas preliminares sobre a conservação preventiva de acervos documentais em
clima tro p ic a l........................................................................................................................ 102
A história de um acervo: um estudo sobre a coleção egípcia do Museu Nacional .. 102
Políticas públicas de identificação, proteção, salvaguarda, valorização e difusão de
bens culturais: o "ICMS - Índice do Patrimônio Cultural” no Estado de Minas Gerais.
................................................................................................................................................ 103
A importância do Centro Histórico Tapuias Paiacu e do Museu Luíza Cantofa como
estratégia e fortalecimento da etnicidade dos índios do município de Apodi/RN. ... 103
Apontamentos preliminares sobre o Patrimônio Cultural do M S T ............................. 104

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Entrevidas, de Anna Maria Maiolino: o corpo feminino em ação............................... 104


MUSEU, FOTOGRAFIA E GÊNERO: HISTÓRIA VISUAL DAS MULHERES NO
MUSEU.................................................................................................................................. 105
Educação Patrimonial Decolonial: o ato vive n cia r......................................................... 106
O BANHO DE SÃO JOÃO DE CORUMBÁ E LADÁRIO: AS PRÁTICAS CULTURAIS
E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA F E S T A ...................................................................... 106
ESTAS TRADIÇÕES CONSTITUEM AS NOSSAS ORIGENS: O CURURU E O
SIRIRI EM MATO GROSSO FRENTE À MARGINALIZAÇÃO E A
RESSIGNIFICAÇÃO........................................................................................................... 107
Educação museal: a aprendizagem histórica entre a materialidade e a .................. 107
im aginação........................................................................................................................... 107
ENSINO DE HISTÓRIA NO MUSEU DA UFMG: COLONIAL OU DECOLONIAL? . 108
ST 14. Territórios e territorialidades: narrativas de diásporas e permanências . 109
MIGRAÇÃO E MEMÓRIAS DE NORDESTINOS EM VICENTINA: UMA LEITURA A
PARTIR DA MIGRAÇÃO CEARENSE E PERNAMBUCANA...................................... 109
O APRISIONAMENTO EM RUPTURA: Trajetórias negras de liberdade NO RIO DE
JANEIRO (1830-1836)........................................................................................................109
Oficiais mecânicos na Colônia do Sacramento, 1680-1777.........................................110
MEMÓRIAS PÚBLICAS, MIGRAÇÕES E MOVIMENTOS DIVISIONISTAS:
REFLEXÕES SOBRE UMA CARTILHA EM DEFESA DO ESTADO DO IGUAÇU . 111
Ossos do ofício de um fronteiriço em território paraguaio: uma conversa com o
Pastor Ricardo Adolfo Becker............................................................................................111
UBERLÂNDIA/MG, ANOS 1950: O CINEMA COMO ESPAÇO SOCIAL...................112
Problemas urbanos na Salvador dos anos 1920............................................................ 112
EscreVivência: a religiosidade em Carolina Maria de J e s u s ...................................... 113
Memórias femininas: narrativas de pescadoras do Pantanal Sul Mato Grossense . 113
ST 15. Mundos do Trabalho rural e urbano: existências e resistências............... 114
Trabalhadores no Brasil. Uma análise sobre a "Nova história do trabalho” ............. 114
Outras interseccionalidades: movimentos sociais como objetos e sujeitos da
pesquisa histórica no Brasil, 2016-2021.......................................................................... 114
THOMPSON E A HIS TÓRIA DOS COSTUMES: UMA LEITURA NÃO
ECONOMICISTA DOS CONFLITOS NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII ..........115
A Família escrava em Mato Grosso: presenças e ausências na Comarca de
Paranaíba..............................................................................................................................115
AS MULHERES EM MATO GROSSO: RELAÇÕES DE TRABALHO E DE PODER
ENTRE ESCRAVIZADAS E SENHORAS NAS PÁGINAS DO IHGB......................... 116
Trabalhadores e Trabalhadoras das frentes de emergências: as fontes do
Departamento de Obras Contra as Secas (DNOCS) e a contribuição para uma
História Social do Trabalho (Campo Grande-RN, 1983 a 1 98 4)............................... 116

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

A HISTÓRIA RURAL E OS ESCRAVIZADOS E QUILOMBOLAS EM MATO


GROSSO: TERRA, TRABALHO E LIBERDADE (SÉCULOS XVIII E X IX ).............. 117
"Aqui tinha trabalho como o quê”: histórias de vida e deslocamentos no pós-abolição
no distrito de Almas (Anguera-Ba), 1900-1960............................................................. 117
Nos limites da tolerância: vivências cotidianas e saúde do trabalhador metalúrgico do
Distrito Industrial de Manaus na década de 1980.........................................................118
Pobreza e doença em Machado de Assis: história, literatura e teratologia.............. 118
O alinhavar da memória do que se quer preservar e a crítica do que se quer
transformar: uma análise do fazer artesanal ceramista do Vale do Jequitinhonha.. 119
Versando o estado da ordem pública em Pernambuco: Pobres e livres, poder e
trabalho no oitocentos (1848-1875).................................................................................. 120
Memória(s) e (re)existência: o puxirão no Oeste do Paraná (1930 - 1970)............. 120
Os Waimiri-Atroari, o Estado e a Empresa de Mineração Paranapanema: usurpação
das terras indígenas, violências e resistências no cenário da ditadura militar (1964­
1 9 8 5 )..................................................................................................................................... 121
ENSINO E TRABALHO NA DITADURA MILITAR: a formação especial no 1° grau e a
Lei n. 5.692/71...................................................................................................................... 122
A Filarmônica Euterpe Itabunense (1925-1930)............................................................ 123
Azaléia, Rosa e Dália: a luta pela terra na estrutura do patriarcado......................... 123
ST 16. Tempos da história e Imagens do tem po.......................................................... 123
As representações temporais nos mapas históricos......................................................124
Biografias e temporalizações nacionais: a narrativa biográfica como forma de
organizar o tempo da história nacional na Argentina e no Chile no século X IX ...... 125
Pesquisa, escolha biográfica e m icro-história.................................................................125
The French Lieutenant's Woman: presentismo e ubiquidade do passado............... 126
O tempo em suspensão: história, imagem e temporalidade em Aby warburg e W alter
Benjamin.............................................................................................................................. 126
Formulações ensaística sobre o tempo exusíaco na narrativa histórica.................. 127
Peter Lund e a ciência do X IX ......................................................................................... 127
Metáforas e figurações do tempo histórico nacional nos escritos de Francisco Muniz
Tavares.................................................................................................................................128
A história num "lance de olhos” : a figuração dos tempos na "Plani-história” (1877) de
José Joaquim Rodrigues Lopes.........................................................................................129
Entre a Ciência e a Educação: como é percebida a Ciência Histórica nos livros
didáticos?..............................................................................................................................129
O novo tempo do Brasil?.....................................................................................................130
Figurações do tempo no cinema etnográfico: um estudo sobre a "paisagem sonora”
nos filmes de Jorge P relorán.............................................................................................131

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Cronópios, Psiconautas e Sonhos: figurações do tempo na contracultura latino-


americana ............................................................................................................................ 131
O ateísmo de Zé do caixão e sua relação com os regimes de historicidade de
Koselleck............................................................................................................................. 132
Fotografias da Comissão Rondon no Sul de Mato G rosso......................................... 132
Cosmos e Catástrofe nos tempos do fim: as discussões climáticas nos livros de Carl
Sagan na última década do século X X ........................................................................... 133
ST 17: Ensino de história, tempo presente e usos do passado: saberes e fazeres
na pesquisa e na sala de a u la ...........................................................................................134
ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL: UM ESTUDO DAS DOCUMENTOS
ORIENTADORES DA CIDADE/MUNICÍPIO DEDOURADOS - M S.........................134
SENTIDOS DE TEMPORALIDADE NA BNCC DA EDUCAÇÃO INFANTIL..............135
Usos públicos do passado e monumentos: reflexões no espaço escolar................. 135
No banco dos réus as nossas estátuas: A problemática dos passados sensíveis e o
ensino da história local...................................................................................................... 136
Usos públicos da história e as com em orações............................................................. 136
A presença feminina na Guerra do Paraguai/Guasu em H Q s....................................137
Desafios e possibilidades do ensino de história indígena em uma escola pública de
D ourados/M S......................................................................................................................137
Panorama das pesquisas quanto a utilização do software Genially para o ensino de
História na Educação Básica............................................................................................. 138
História Pública, mídias digitais e ensino de história......................................................138
GAMIFICAÇÃO: A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS ELETRÔNICOS NO ENSINO DE
HISTÓRIA..............................................................................................................................139
Pelo prisma do indivíduo: a História a partir das trajetórias pessoais na sala de aula
................................................................................................................................................ 139
PENSAR E ESCREVER HISTORICAMENTE: PAPEL DA ESCRITA NAS AULAS DE
HISTÓRIA E A CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES EM FALAS DE DOCENTES 140
Alargando as fronteiras: ensino de História e m ultidisciplinaridade.......................... 140
A selfie de Maria Quitéria: a produção de material didático de História baseado em
im agens................................................................................................................................. 141
Instrumentos metodológicos para a formação de professores de História: reflexões
sobre o uso de Projetos Didáticos deReferência......................................................... 141
Onde cabe o Ensino de História? Seus espaços no tempo presen te.......................142
Uma proposta de inserção da história do Movimento LGBTQIA+ nas aulas de
história: combate ao HIV/ Aids,direitos humanos e o tempo presente (1981-1996) 143
UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE HISTÓRIA COM FOCO NOS DIREITOS
HUMANOS A PARTIR DA GUERRA DO VIETNÃ..........................................................143

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

ENSINO DE HISTÓRIA SOBRE O HOLOCAUSTO DENTRO DO TEMA DOS


DIREITOS HUMANOS: UM TRABALHO COM BASE NO CONCEITO DE
CONSCIÊNCIA H ISTÓ R IC A............................................................................................. 144
Ensino de História: história oral e narrativa: a voz da mulher n e g ra ......................... 145
ST 18: Educação Étnico-racial e Histórias do Pós-Abolição: protagonismo negro
na diáspora africana no centro da América do S u l......................................................146
REPRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DE ESCOLAS
PÚBLICAS: um estudo de caso sobre a aplicabilidade das leis 10.639/03 E
11.645/08 em João Pinheiro (M G ).................................................................................... 146
Ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas de
Am am bai-M S........................................................................................................................ 147
Os efeitos da Lei 10.639/2003: religiosidade e cultura afro-brasileira........................ 147
A FESTA DE SÃO SEBASTIÃO E SANTOS REIS DO QUILOMBO DA PICADINHA,
DOURADOS-MS: PARA UM ENSINO DE HISTÓRIA ANTIRRACISTA....................148
Fragmentos da História. Memorias, Mitos e Biografias na Construção de uma História
Negra Brasileira....................................................................................................................148
Ensino de História e Cultura Afro-brasileira, mulheres negras e o uso de biografias
................................................................................................................................................ 149
O (auto)biográfico como aposta: reflexões sobre uma experiência de ensino e de
pesquisa................................................................................................................................149
ST 19. Tecnologias e Ensino de História........................................................................ 150
Panorama das pesquisas sobre o uso do software Genially para o ensino de História
na Educação B á sica........................................................................................................... 150
Surfando nos Acervos Digitais: desafios e potencialidades para a pesquisa histórica
e Ensino de História............................................................................................................ 151
As potencialidades do RPG no ensino de história: alteridade e em patia................. 151
Memes no Ensino de História: uma experiência entre práticas e saberes............... 152
Governo Dilma - Entre a Cultura Digital e a Consciência h istó rica ........................... 152
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DE HISTÓRIA E O USO DA
TECNOLOGIA...................................................................................................................... 153
ESSE JOGO DÁ MACHT! APRENDIZAGEM HISTÓRICA E JOGOS DIGITAIS EM
CONTEXTOS ESCOLARES.............................................................................................. 154
Jogos digitais e o ensino de História: experiência no PIBID....................................... 155
O DIÁLOGO ENTRE A HISTÓRIA E AS NOVAS LINGUAGENS DE ENSINO...... 155
Ensino de história: abordagem decolonial e questões do Tempo P resen te............156

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

APRESENTAÇÃO

200 anos de quê?


Soberania, existências e resistências

O ano era 1992 e o evento histórico dos quinhentos anos do "descobrimento" das Américas
pautou reflexões de todas as matizes. O grande compositor cearense Belchior não se fez
de rogado e compôs uma canção que é um chamado pungente. A canção Quinhentos anos
de quê?, provocativa já em seu título, ainda representa o Brasil de hoje.
Cabe a nós, neste ano de 2022, perguntar o mesmo em relação ao bicentenário da
independência política do Brasil: 200 anos de quê?. Com o mesmo propósito do original
que o inspirou, promoveremos durante o XVI Encontro de História da ANPUH-MS, V
Seminário do ProfHistória UEMS e XX Semana de História da UEMS debates sensíveis,
sob a luz da razão histórica, considerando os significados que hoje tecemos ao
bicentenário. A quantas andam nossa soberania? Quais são os espaços para nossas
existências e resistências?

"Há motivos para festa?" 200 anos de quê?

(Comissão Organizadora do XVI Encontro de História da ANPUH-MS, outubro de 2022)

18
CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

PROGRAMAÇÃO GERAL

18 de outubro 19 de outubro 20 de outubro 21 de outubro

Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

8h - 12h 8h - 12h 9h - 11h


Minicursos Minicursos Mesa redonda
“Ensino de História
e Decolonialidades”
- Palestrantes:
Prof. Dr. Amilcar
Pereira (UFRJ)
Profa. Dra. Célia
Santana
(UNEB/ANPUH
Nacional)
- Debatedoras:
Profa. Dra. Beatriz
Landa (Profhistória/
UEMS)
Profa Dra. Célia
Foster Silvestre
(Profhistória/ UEMS)

16h - 18h 14h - 17h 14h - 17h 14h - 17h


Lançamento de Livros Simpósios Simpósios Simpósios
Temáticos Temáticos Temáticos
17h-18h30min 17h-18h30min
Lançamentos de Assembleia Geral
Livros ANPUH-MS

19
CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

19h 19h 19h 19h

Abertura Oficial Mesa redonda Conferência Programação


ANPUH-Nacional Cultural
- Apresentação: "Protagonismos e
resistências: outros - Conferencista: 19h30min
Profa. A Dra. Manuela gritos da
Areias Independência" Prof. Dr. Valdei Conferência de
(UEMS/Presidente da Araújo Encerramento
ANPUH/MS) Profa. Dra. Ana ;UFOP/Presidente da
Maria Veiga (UFPB) ANPUH Nacional) “Reflexões sobre a
Programação historiografia da
Prof. Dr. Edson - Apresentação: Independência no
Cultural Kayapó (IFBA/UFSB) bicentenário”
Profa. Dra. Aline
Divulgação I Prêmio Profa. Dra. Ynaê Locastre - Conferencista:
Projeto de Ensino de Lopes dos Santos (UEMS/Vice-
História - Marçal de (UFF) Presidente da Prof. Dr. Hendrik
Souza Tupã’y ANPUH/MS) Kraay (University of
- Debatedores: Calgary - Canadá)
19h30min - Mediador:
Ana Paula Squinelo - Mediador:
Conferência de (UFMS/CPAQ) Prof. Dr. Luiz Carlos
Abertura: Bento (UFMS/CPTL) Prof. Dr. Fernando
Thiago Cavalcante Perli (UFGD)
"Aprendendo a (UFGD)
Independência nas
páginas de um
Almanaque: as
efemérides do
bicentenário e o ensino
de História"

- Conferencista:

Prof. Dr. Jurandir


Malerba (UFRGS)

Mediadora:

- Profa. Dra. Dilza Porto


(UFMS/CPCG)

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

MINICURSOS

Minicurso 01. Diálogos entre feminismos afroamericanos e o


ensino de história

Tânia Regina Zimmermann (UEMS)

Resumo: Neste minicurso objetivo dialogar sobre pensamentos atentos as diferentes


agências e interseccionalidades de opressões vivenciadas por mulheres do sul, a partir de
perspectivas de intelectuais como bell hooks, Ângela Davis, Lélia Gonzalez, Maria
Lugones, Rita Segato, Audre Lorde e Ochy Curiel e suas contribuições com outro ensino
de história. Nesse encontro de diversas autorias e pensamentos interpelados buscamos
atravessamentos e convergências desses escritos apostando numa pedagogia histórica
feminista com um sentido de justiça, com foco na criticidade, na dialogicidade, na
solidariedade em comunidades emocionais num processo de ensinabilidades para
mulheres, homens e os outros "defectivos". Hodiernamente imensas maiorias são ainda
subrepresentadas nas pesquisas sobre e no ensino de história no contexto brasileiro. Essa
representação polariza o debate entre a visibilidade pública e a privada como espaços com
e sem história. Destarte, movimentos feministas ampliaram o debate e ao propor olhares
interseccionais com novos sentidos formativos e pluralistas trazem uma contribuição impar
para o ensino de história. Entre os conteúdos desta proposta elenco: Enegrecendo os
feminismos; Instabilizando o pensamento canônico androcêntrico; Interseccionalidades na
pesquisa e ensino de História; Por um pluralismo histórico no ensino de História.

Minicurso 02. História Política: debates teóricos e reflexões


críticas

Giovana Eloá Mantovani Mulza (UEM)

Resumo: É inegável que estudiosos como René Rémond (2003), Jacques Julliard (1988)
e Jean-François Sirinelli (1999; 2003) foram significativos para moldar a atual noção de
História Política e rememorar suas distinções diante da banida História Política Tradicional.
Afinal, relembraram a importância e a autonomia do poder nos meios institucionais e não-
institucionais que formam a vida social, direcionando seus esforços para moldar uma Nova
História Política condizente com o contexto pós1960 que exigiu a descentralização dos
estudos políticos sob a figura do Estado. A recuperação da História Política do longevo
ostracismo a que foi condenada torna-se ainda mais significativa para compreender o
cenário político atual, no qual as relações de poder se mostram ainda mais aparentes ao
observador disposto a estudar suas manifestações nas mais diversas interações humanas.
A Nova História Política que nasceu por volta das décadas de 1960 e 1970 é uma chave
de leitura para o mundo atual na medida em que permite contemplar não somente o poder
estatal - algo deveras discutido no atual cenário governamental brasileiro e latino-
americano -, mas também aquele que se manifesta através das novas interações humanas

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

que são oriundas do recente mundo virtual. Nesse sentido, o presente Minicurso se propõe
a realizar observações teóricas em torno das diversas facetas adquiridas pela História
Política ao longo do tempo e refletir sobre as maneiras como o historiador do político insere-
se no palco das múltiplas relações de poder. Trata-se, portanto, de um estudo da
genealogia da História Política com ênfase nas mudanças teóricas do campo e seus
significados para a construção do conhecimento histórico na atualidade.

Minicurso 03. Pedagogia das imagens: a arte e os multimeios


como potencializadores do saber histórico

Daive Cristiano Lopes de Freitas (E.E. HÉLIO PALERMO PROF)

Resumo: O Minicurso tem como objetivo abordar as possibilidades para se trabalhar de


forma articulada com recursos imagéticos e áudios-visuais através de softwares para a
apresentação de aulas expositivas e suas influências nas práticas pedagógicas nas
escolas de ensino fundamental, identificando permanências, rupturas e mudanças no
cotidiano do aprendizado dos alunos e explorar o uso da linguagem visual ao lado da
linguagem textual para enriquecer o saber histórico escolar. Busca igualmente explorar as
práticas de ensino de História no ensino fundamental com o uso articulado de meios
imagéticos e audiovisuais. A partir da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais,
(PCN), diretrizes elaboradas pelo Governo Federal que orientam a educação no Brasil,
que, dentre outros objetivos previstos no ensino fundamental, propõe que os alunos sejam
capazes de "saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para
adquirir e construir conhecimentos" é que este projeto se dirige. Em meio ao processo de
democratização das informações no contexto da globalização urge pensar, em termos de
educação, sobre as possibilidades de o professor fazer uso destas empregando-as na
forma de conhecimento na sala de aula. Pensadores da educação vêm discutindo nos
últimos anos nesse processo de inserção dos multimeios no processo de
ensinoaprendizagem. A partir desta reflexão que este mini-curso parte das experiências e
práticas em sala de aula sobre o uso articulado de fontes iconográficas fotográficas,
artísticas e jornalísticas, obras plásticas, charges, mapas e outros; músicas e videoclipes
e; produções cinematográficas com o objetivo de facilitar o aprendizado dos alunos com
relação ao conteúdo, abrindo a possibilidade de compreender melhor através de seus
discursos o conteúdo estudado não apenas de forma textual, mas imagética.

Minicurso 04. Colonialismo e Feminismo: questão de história

Paula Faustino Sampaio (UFR)

Resumo: Os colonialismos e as colonialidades violam sistematicamente povos e


sujeitos(as/es) diferenciados. Considerando fundamental conhecer a situação colonial que
vem criando hierarquias históricas entre povos e sujeitos, este minicurso propõe o estudo

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

introdutório sobre a relação entre colonialismo e feminismo como uma questão a interrogar
o fazer histórico quanto à atenção às violências sociais.

Minicurso 05. Noções Básicas de Paleografia: manuseio e leitura


de manuscritos (século XIX)

Noemia Dayana de Oliveira (UFRGS)

Resumo: Este minicurso tem como objetivo oferecer noções básicas de paleografia para
o tratamento histórico e historiográfico de textos manuscritos, especificamente, do século
XIX. A nossa proposta visa, sobretudo, a interdisciplinaridade, uma vez que considera o
universo da leitura em sua tripla dimensão, isto é, relacionando as condições técnicas, as
formas e as práticas culturais que viabilizaram a criação desses manuscritos. Dito isto,
discutiremos num primeiro momento a durabilidade e a conservação de documentos
históricos, apresentando princípios de transcrição e digitalização. Concomitantemente,
indicaremos as dependências - àquelas que inscrevem a produção textual nas suas
condições de possibilidade e inteligibilidade - e as diferenças - àquelas atividades sociais
que são produzidas cotidianamente e escapam as regras e/ou normas estabelecidas. Ao
final, esperamos contribuir com a pesquisa em História, tornando possível o diálogo com
outros campos do conhecimento e suas técnicas.

Minicurso 06. Usos do (auto)biográfico e educação antirracista

Andréa Camila de Faria Fernandes (NUBHES-UERJ)


Claudia Patrícia de Oliveira Costa (SEEDUC-RIO)

Resumo: Que vidas são narradas e como elas são narradas? Quem são os 'personagens'
que são apresentados pelos livros didáticos e quem eles representam? Pensando a partir
destas questões, a proposta do presente minicurso visa abordar os múltiplos usos das
narrativas de vida para a pesquisa e o ensino de história, integrando abordagens que
partem de um estudo conceitual das chamadas "grafias de vida" (biografias, autobiografias,
cartas, diários, entrevistas) para, a partir daí, pensar possibilidades e abordagens para a
construção do saber histórico. Essas mais diversas formas de narrativas do eu tem
despertado um crescente interesse para a pesquisa histórica, em especial a partir das
questões lançadas pela chamada "guinada subjetiva", que alçou novamente os sujeitos
individuais no centro dos interesses das pesquisas em ciências humanas. Mas esse novo
olhar sobre o sujeito individual, sua vida e suas produções não estão mais marcadas pela
preponderância do estudo dos "grandes homens", mas sim pelo interesse pelo homem
comum, pelo não extraordinário que constrói a história. Philippe Levillain (2003), por
exemplo, ao tratar da reabilitação da escrita biográfica na França, afirmava que "A biografia
é o lugar por excelência da pintura da condição humana em sua diversidade". Dessa forma,
o presente minicurso tem apresenta a perspectiva (auto)biográfica como chave
interpretativa e aposta política fulcral para a reflexão sobre as histórias de vidas de homens

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

e mulheres comuns, tornando "(...) passíveis de escuta vozes e falas silenciadas (...)"
(GONÇALVES, 2020, p. 65); ou ainda, trazer à cena histórica aqueles e aquelas cujas
existências foram apagadas e/ou silenciadas de certos currículos (SANTOMÉ, 2017),
práticas docentes e formas/perspectivas específicas - que se querem universais - de se
perceber, narrar e escrever a história (PERROT, 2017; DEL PRIORE, 2001; XAVIER,
2019). Tal perspectiva adquire particular relevância quando pensamos que, nos últimos 20
anos, o tema das relações étnico-raciais e do racismo no Brasil ganhou força não somente
nos currículos/espaços escolares (MUNANGA, 2008; PEREIRA, 2014; GRINBERG,
ABREU & MATOS, 2019), mas também em outros espaços, como na mídia digital por
exemplo (XAVIER, 2019; LEÃO, 2017), a partir de lutas históricas empreendidas por
diversos movimentos sociais, como a exemplo do(s) movimento(s) negro(s) brasileiro
(GOMES, 2017; SILVA, 2013). No entanto, tal temática permanece ainda como um grande
desafio no processo de formação e atuação docente. Assim, este minicurso se propõe a
discutir o potencial dos usos do biográfico para o ensino e aprendizagem, com destaque
para o ensino da história da África e afro-diaspórica. Para efeitos didáticos, em
consonância à grade de programação do evento, propomos a seguinte divisão: 1° dia (8h
às 12h) - "Grafias de vida": análise do conceito e de seus usos na história. A influência do
"giro linguístico" e da "guinada subjetiva" na história: usos do biográfico 2° dia (8h às 12h )
- Biografia e memória na sala de aula: contribuições para o ensino de história da África e
afro-diaspórica. Sugestões de atividades práticas.

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CADERNO DE RESUMOS

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

ST 01. O antigo Mato Grosso: transformações socioeconômicas,


políticas e ambientais (séculos XVIII-XX)

Jocimar Lomba Albanez (UEMS) e Paulo Roberto Cimó Queiroz (UFGD)

Resumo: Serão aceitos neste simpósio trabalhos dedicados ao estudo das transformações
verificadas no espaço correspondente aos atuais estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, desde o século XVIII até o XX, envolvendo temas como: 1) vias e meios de
transporte e comunicação; 2) atividades e estruturas produtivas e respectivas relações de
trabalho e fluxos comerciais; 3) movimentos migratórios, correntes de povoamento,
políticas de terra e processos de colonização; 4) relações entre grupos humanos e o meio
ambiente, em seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Serão também
aceitos trabalhos que, tendo em conta o fato de se tratar aqui de uma área fronteiriça,
busquem estudá-la como local de encontro de alteridades e palco de relações tanto
pacíficas como conflituosas - enfocando, por exemplo, iniciativas locais, projetos estatais,
conflitos políticos ou bélicos e suas peculiaridades e implicações regionais, nacionais e
transfronteiriças.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)

Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Tropas em movimento: campanhas militares espanholas na capitania de


Mato Grosso (1763-1767)

Otávio Vítor Vieira Ribeiro - Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo: Durante a segunda metade do século XVIII, a governabilidade da capitania de


Mato Grosso (1748) estruturou-se pela defesa de sua fronteira com os domínios de
Espanha, situados a Oeste da América ibérica (missões jesuíticas de Mojos e Chiquitos,
no rio Guaporé e a Província do Paraguai, no rio Paraguai). Esse quadro de tensões foi
orientado pelas disputas geopolíticas entre as Cortes ibéricas na América (Tratado de
Madri, 1750) e na Europa (Guerra dos Sete Anos, 1756-1763). Na América, a assinatura
do Tratado de Madri (1750) encaminhou a demarcação das fronteiras entre os domínios
portugueses e espanhóis nos confins da América. A efetivação da posse territorial - uti
possidetis - evidenciou a extensão e os limites da expansão colonial lusa e espanhola. A
revogação do Tratado de Madri (1750) pela assinatura do Tratado de El Pardo (1761),
ratificou a indefinição das fronteiras entre as suas possessões. Na Europa, a Guerra dos
Sete Anos (1756-1763) tensionou as relações políticas e comerciais entre as Coroas
portuguesa e espanhola, aliadas de ingleses e de franceses, respectivamente. O seu
caráter continental e ultramarino acirrou as disputas pela posse das fronteiras na América
lusa e desembocaram em duas campanhas militares espanholas: ao Sul, na Colônia do

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Sacramento (1762-1763) e a Oeste, na capitania de Mato Grosso (1763-1767). Ambas as


experiências se voltaram para a manutenção da soberania régia e a integração de seus
domínios aos circuitos mercantis atlânticos. Diante disso, esta comunicação parte do
epistolário dos governadores e capitães-generais da capitania de Mato Grosso para discutir
as campanhas militares espanholas que se sucederam na sua unidade administrativa,
entre 1763 e 1767.

Palavras-chave: Campanhas militares; Fronteira; Capitania de Mato Grosso

Colunas em marcha pelo Mato Grosso: aproximações entre a Retirada da


Laguna (1867) e a Coluna Miguel Costa - Prestes (1925)

Fernando dos Anjos Souza - Doutorado, Comando da 4a Brigada de Cavalaria Mecanizada

Resumo: Este texto tem por tema principal os conflitos armados desenvolvidas na região
compreendida pelo atual Estado de Mato Grosso do Sul. Enfoca a Retirada da Laguna,
episódio ocorrido em 1867, durante a Guerra da Tríplice Aliança, e a passagem na região
de revoltosos comandados por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, no ano de 1925,
desdobramento armado do Movimento Tenentista da Primeira República. As tropas que
marcharam pelo território mato-grossense são denominadas colunas, diferenciando-as,
porém, pelos adjetivos expedicionária e revolucionária. O objetivo geral é apresentar
aspectos significativos dos dois episódios. Como objetivos específicos, procura destacar
os conflitos armados ocorridos no Sul de Mato Grosso nos séculos XIX e XX; apresentar
sítios históricos sul-mato-grossenses, relacionados com a Guerra do Paraguai e a
passagem da coluna Miguel Costa - Prestes, identificar pontos de convergência e
divergência entre as duas epopeias bélicas, e refletir sobre fatos históricos acontecidos no
território atual do Estado de Mato Grosso do Sul. O trabalho está baseado em pesquisas
bibliográficas, realizadas em obras escritas por participantes das duas campanhas. As
observações de Norá (1993), Bourdieu (2006), Pollak (1989) e Ricouer (2007) foram
importantes como fundamentação teórica na análise das obras. Elas alertam sobre os
monumentos como lugares de memória, a seleção nos relatos autobiográficos de certos
acontecimentos significativos, dando-lhes coerência, e, ainda, sobre os momentos de
silêncio e de esquecimentos nas memórias. Após uma caracterização inicial dos dois
eventos, o texto prossegue com os comentários sobre a participação das mulheres, o
emprego dos canhões da Artilharia, os principais combates, o uso de cavalos, a busca de
alimentos, a travessia dos cursos de água e as transformações econômicas imediatas
decorrentes dos dois conflitos. Na conclusão, aponta a existência de semelhanças e
diferenças entre os acontecimentos da Retirada da Laguna e da Coluna Miguel Costa -
Prestes, na região do atual Estado de Mato Grosso do Sul, e a necessidade de estudos
complementares. Ressalta, ainda, a significativa presença na memória coletiva da Retirada
da Laguna e o desproporcional desconhecimento da passagem da Coluna Miguel Costa-
Prestes no Estado de Mato Grosso do Sul.

Palavras-chave: Guerra da Tríplice Aliança; Movimento Tenentista; Mulheres em Luta.

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Um divisor de águas? A Guerra do Paraguai na história de Mato Grosso e


Mato Grosso do Sul

Paulo Roberto Cimó Queiroz - Doutorado, UFGD

Resumo: Pela magnitude dos recursos humanos e materiais que envolveu, bem como pelo
elevado número de mortes e pelas grandes destruições que causou, a Guerra do Paraguai
constitui um marco histórico de primeira grandeza, sobretudo em âmbito regional e local.
Ela é um marco na história do Cone Sul da América do Sul, na história dos países
envolvidos e também, certamente, na história de Mato Grosso/Mato Grosso do Sul: existe,
para nós, um "antes” e um "depois” da guerra. Entretanto, o trabalho aqui proposto coloca
a seguinte questão: até que ponto a guerra foi, efetivamente, mais que um simples marco
cronológico, do qual lançamos mão para separar o que ocorreu antes e o que veio depois?
Em outras palavras, visa-se aqui averiguar, em diálogo com a historiografia e a
documentação, os conteúdos concretos desse antes e desse depois, por meio de questões
como as seguintes: o depois seria algo radicalmente diferente do antes? Ou seria uma
simples continuação? O depois foi melhor que o antes? De que modo e em que medida?
Aponta-se, entre outras coisas, que, na década de 1980, a ideia da guerra como um marco
adquire novos contornos com a adesão de parte da nossa historiografia acadêmica à tese
dita "revisionista” da Guerra do Paraguai, que vincula o conflito a uma suposta manipulação
da Grã-Bretanha e, portanto, aos desígnios do imperialismo capitalista. Observa-se que o
rio Paraguai foi aberto à livre navegação internacional vários anos antes dessa guerra e
que, também antes da guerra, essa liberdade produziu importantes efeitos econômicos em
Mato Grosso. Discute-se, por fim, a superestimação das transformações econômicas
ocorridas em Mato Grosso no pós-guerra. Conclui-se que 1) o verdadeiro "divisor de águas”
na história de Mato Grosso, no século XIX, não foi a Guerra do Paraguai mas sim a abertura
dos rios platinos à navegação brasileira, ocorrida anos antes, e que 2) a guerra não trouxe
ruptura alguma em relação ao período anterior, a não ser em um sentido negativo (morte
e destruição). As transformações "positivas” que se verificam em Mato Grosso no período
posterior à guerra já vinham ocorrendo desde antes; desse modo, o conflito apenas atrasou
o andamento dessas transformações.

Palavras-chave: Historiografia; navegação fluvial; relações Brasil-Paraguai.

Relação trabalhista na atividade de pastoreio no Pantanal, final século XIX e


primeiras décadas de XX

Enrique Duarte Romero - Doutorado, Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo: O principal objetivo deste artigo é analisar as relações de trabalho existentes na


atividade pecuária pantaneira nos finais do século XIX e primeiras décadas do XX. No
Brasil, a escravidão foi abolida formalmente em 1888 e isso consistiu num marco para Mato
Grosso. Na atividade pastoril, já havia diversos regimes de mão-de-obra durante a vigência
da escravatura e, com a abolição, continuaram sem modificação radical. O limite temporal
estabelecido pelo Império funciona como parâmetro para ser levado em conta no Pantanal,
mas nem todos cumpriram essa lei, porque a escravidão continuava após a promulgação

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da "Lei Áurea”. Na "lida do gado” o regime compensatório ao trabalhador acontece das


mais variadas formas. No Mato Grosso, o trabalho escravo foi estabelecido ao longo do
século XVIII na atividade mineira. Com o declínio da mineração, o sistema permaneceu no
Estado, pois os escravos migraram para os engenhos de açúcar organizados na tradicional
forma escravista. Quando a lei do fim da escravidão foi promulgada no Mato Grosso, existia
em torno de 5.000 escravos de um total populacional de 90.000 habitantes
aproximadamente, o que representa 5,56% da população sendo que a maior parte estava
concentrada em Cuiabá. As condições de trabalho escravo não diferiam muito das do resto
do país. O estabelecimento de quilombos também foi característica no Estado. Como existe
dificuldade em se estabelecer o regime de trabalho praticado na atividade pecuária mato-
grossense e pantaneira, a mão de obra indígena foi amplamente utilizada, mas sem o
estabelecimento de um único regime. O seu papel foi de destaque na formação das
fazendas no cuidado do gado. Pertenciam às mais diversas tribos como Guaná, Kinikinau,
Terena, Guaicuru, entre outras. Assim, o crescimento da atividade criatória utilizou-se do
trabalho indígena como mão de obra de baixo custo. Os índios pertencentes à tribo
guaicuru têm a fama de serem os melhores vaqueiros; antes de se estabelecerem nas
terras pantaneiras, já preexistia, anteriormente, mão de obra indígena. O peão quando
residia na fazenda, além de vaqueiro, era também companheiro dos seus filhos, existia,
pois, a valorização pessoal, "até o fato de contar um causo e ser ouvido pelo patrão o peão
já se sentia prestigiado”. Mas, enquanto "o criador pantaneiro é reverenciado pela
sensibilidade preservacionista, lá no ermo pantaneiro está o peão, sem perspectiva e sem
imaginar a própria valia. É igual ao boi que só vive para as sustentações, com futuros
estreitos e implacáveis”. Mas, o que prevalecia era a dualidade na relação com o criador.
Apesar da existência de trabalhadores livres em Mato Grosso as relações de trabalho
criaram vínculos de dependência entre proprietários e trabalhadores, mesmo onde havia
remuneração monetária, uma vez que não era caracterizada como uma forma de trabalho
assalariado. Além do trabalhador indígena empregado no trabalho vaqueiro, a mão-de-
obra de origem paraguaia foi empregada com frequência nas atividades pastoris. A
periodicidade de recebimentos por parte da mão-de-obra assalariada em nada se
assemelha aos praticados na indústria, no comércio ou outra atividade econômica, na qual
remuneração era basicamente mensal. Os empregados, eram diaristas ou mensalistas
mas não recebiam mensalmente, e sim quando necessitavam. Para o seu controle o
fazendeiro dispunha de um livro de Contas Correntes, em que cada vaqueiro tem sua conta
especial onde estava registrado o Deve e o Haver das suas despesas e créditos. A relação
com os proprietários era, de forma geral, caracterizada por laços de fidelidades pessoais,
ampliadas ao longo dos anos por intermédio de relações de compadrio construídas como
extensão da confiança adquirida, após longo período de trabalho nas fazendas. Sobre a
apropriação de gado por parte dos empregados outros autores registraram essa
ocorrência, e alguns mudaram mesmo de classe social se levarmos em conta a divisão de
classes. Para a elaboração deste artigo recorreu-se a documentos oficiais tanto em
Corumbá como em Cuiabá, assim como os Relatórios dos Presidente do Estado, assim
como outras fontes, os considerados de fontes secundárias.

Palavras-chaves: Pastoreio; Relação de trabalho; Mão de obra escrava, indígena e livre.

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DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) e o protagonismo dos


colonos

Suzana Gonçalves Batista Naglis - Mestrado, Prefeitura Municipal de Campo Grande-MS

Resumo: Em meio ao autoritarismo do Estado Novo surge a política desenvolvimentista,


denominada Marcha para Oeste, que tinha como objetivo ocupar os espaços considerados
vazios, povoar as regiões fronteiriças do país e promover a integração dos estados
brasileiros, sobretudo das regiões Norte e Centro-Oeste do país. Ainda em 1943, em 28 de
outubro, o governo federal implanta a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, com suas
terras localizadas no Território Federal de Ponta Porã. Nos estudos realizados sobre a
CAND, pouco se faz referência as contradições desse empreendimento. As fontes
pesquisadas apontam que o processo de criação da CAND foi mais amplo e complexo do
que o mencionado pela historiografia, pois perpassou pelos interesses da elite local. Já nas
obras de caráter acadêmico, a CAND também está associada ao progresso e povoamento.
A Colônia trouxe o progresso esperado para a região do SMT? O que a implantação da
pequena propriedade atingiu seu objetivo diante do latifúndio? O estudo das fontes
históricas evidencia que o processo de implantação da CAND foi complexo e tensionado
por vários sujeitos históricos, sobretudo os colonos. As obras acadêmicas como as escritas
pelos memorialistas são unânimes em mencionar os colonos na condição de migrantes ou
de nordestinos. Mas qual foi a atuação dos colonos? Será que os colonos exerceram algum
protagonismo na CAND? A pesquisa permitiu que mais uma lacuna da história sobre os
colonos e a própria CAND foi preenchida por meio do entrecruzamento das fontes orais e
documentais. É possível perceber que o colono, não foi simplesmente um migrante que
percorreu o país, e tendo chegado à Colônia tornou-se lavrador diante das terras que lhe
foram concedidas, como a historiografia informa. Ao contrário, o colono sozinho ou
organizado, atuou internamente na CAND, muitas vezes contra a Administração e seus
desmandos sem critério. Ou em benefício próprio, como são os exemplos da venda de
benfeitorias, vendas de lotes e datas, ambos realizados sem a permissão da
Administração. E que nesse cenário os colonos também articularam mecanismos de
sobrevivência, tanto para fazer denúncias às instâncias superiores, ou mesmo, na prática
de atos ilícitos, às vezes, até na mesma proporção do que os praticados pela
Administração.

Palavras-chave: CAND; Colonos; SMT.

A SOMECO S/A na política ivinhemense

Rogério Ribeiro Antonio - Mestrado, Secretaria Estadual de Educação - SED- MS

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Resumo: A SOMECO S/A foi uma empresa alinhada ao governo militar. Esse alinhamento
é percebido em duas situações: primeiro que a empresa desenvolveu seu projeto de
colonização acompanhando as políticas governistas. Segundo que a colonizadora,
principalmente após a emancipação política de Ivinhema, em 1963, apresentou
engajamento partidário, influenciando na política municipal, lançando ou apoiando
candidatos aos cargos de vereador e prefeito. Durante o processo de colonização, a
SOMECO S/A, construiu infraestrutura no município de Ivinhema, que contemplou prédios
da sede administrativa da empresa, e doou terrenos ao poder público onde foram
construídos a prefeitura, Câmara Municipal, Fórum e praças. Essas doações também
contemplaram a Igreja Católica, com a construção da igreja Nossa Senhora Aparecida,
primeiro templo religioso no município, e a Matriz São Paulo Apostolo. Neste sentido, nota-
se até hoje, uma relação estreita entre a empresa com o poder público e a Igreja Católica.
Exemplo disso, são as negociações de terrenos urbanos entre a prefeitura e a
colonizadora, e as doações e participação em leilões beneficentes. A proximidade entre
SOMECO S/A e poder público pode ser percebido desde sua emancipação política. A
emancipação de Ivinhema, traz um fato que merece ser mencionado. Enquanto alguns
municípios do Estado a independência administrativa, se deu por meio de muitas
negociações políticas, num lento processo, a de Ivinhema foi de forma rápida e precoce. O
início da colonização com aberturas de estradas, dos lotes, as construções de
infraestrutura da colonização, bem como a venda de terrenos, iniciaram-se em 1961, e a
emancipação veio em 11 de novembro de 1963, através da lei n° 1949 proposta pelo
deputado Antonio Alves Duarte (UDN). Ao longo da pesquisa, não encontrei muitas
informações sobre o processo de emancipação, ao que pude apurar em conversas com
antigos moradores e pessoas ligadas a política municipal, deduzo que essa independência
política está inserida num contexto de consolidação das fronteiras agrícolas. Quanto a
política propriamente dita, a emancipação de Ivinhema pode estar relacionada ao bom
relacionamento do proprietário da SOMECO S/A e de seus acionistas com grupos políticos
estaduais, o que faria da empresa grande influenciadora na política municipal".

Palavras-chave: Colonização. Reforma agrária. Política

A ordem do dia era acelerar a marcha desenvolvimentista: caminhos que se


cruzam dos pantanais a Amazônia

Ilsyane do Rocio Kmitta - Doutorado, UEMS

Resumo: Apresentar breves ponderações sobre a ideia da agropecuária enquanto


atividade potencial para o Pantanal e como essa atividade estava atrelada aos discursos
políticos de ocupação do Centro Oeste e da Amazônia. Para tanto, ancoramos nossa
escrita e leituras em obras de autores que de longa data tem suas pesquisas, âmbito
regional, registradas em periódicos, livros e produções acadêmicas. Ainda, pesquisas
realizadas em jornais (1960-1990) que trazem informações, auxiliando no entendimento
das ações e projetos políticos propostos para alavancar a pecuária atrelada a abertura de
novas frentes de ocupação e produção.

Palavras-chave: Centro Oeste; Agropecuária; Pantanal; Amazônia.

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“Quando cortada a última árvore...”: o breve ciclo madeireiro no cone sul do


atual estado de Mato Grosso do Sul (1973-1982 como ápice)

Jocimar Lomba Albanez - Doutorado, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul


(UEMS)

Resumo: Com esta comunicação pretendo divulgar o prosseguimento de meus estudos


sobre o processo de ocupação econômica da região cone sul de Mato Grosso/do Sul,
orientado especialmente pelas aberturas de fazendas, em consórcio com o ciclo da
atividade madeireira ao longo dos anos de 1970 e 1980. Em pesquisa de doutorado conferi
indícios que apontam o intervalo de 1973 a 1982 como de ápice da economia madeireira
a esta região que abriga atualmente alguns municípios ao sul de Dourados, tendo por
limites a leste com o estado do Paraná e a oeste em terras meridionais ao município de
Ponta Porã, margeando fronteiras com a República do Paraguai. Sob o impulso da
modernização conservadora regida pelo regime ditatorial militar, viu-se avançar os
desmatamentos para introduzir especialmente pastagens e subsidiariamente cultivos
agrícolas. A trajetória foi acompanhada pelas serrarias, interseccionadas em parceria,
algumas com grande estrutura de produção, mas majoritariamente empresas familiares de
pequeno e médio porte. Pelo cadastro da JUCEMS apurei a instalação de 747 serrarias
nesse território destacado. Sob tais traços de enquadramento acompanham as narrativas
de agentes participantes, direta ou indiretamente, do processo. Os entrevistados
expuserem em minúcias as relações de parceria estabelecidas entre o fazendeiro e o
madeireiro, desde contratos de mato fechado ou por metros cúbicos para a extração da
madeira que interessava ao mercado consumidor nacional. São experiências marcantes
que intento explanar em resumo, experiências que bem informam sobre um modus
operandi que, ao fim e ao cabo, levou de roldão a vegetação de transição da Mata Atlântica
do sul de Mato Grosso/do sul.

Palavras-chave: Ciclo madeireiro. Ocupação econômica. Região cone sul de Mato Grosso
do Sul.

História, imprensa e linguagem - as semânticas jornalísticas praticadas n’ O


Progresso (de Dourados) e no Correio do Estado (de Campo Grande), com
pretensões representativas da divisão de Mato Grosso, em 1977

Vera Lucia Furlanetto - Mestrado, UFGD

Resumo: Este trabalho apresenta uma breve historicidade dos jornais O Progresso e
Correio do Estado, situados na porção sul do estado de Mato Grosso uno. E pauta a
discursividade empregada por eles em 1977, quando o desmembramento territorial foi
oficialmente autorizado por lei. Objetivou-se abordar as relações entre alguns políticos e a
imprensa, manifestadas em conflitos e alianças, e as representações construídas acerca
da divisão, veiculadas por esses dois impressos. Dada a importância da
interdisciplinaridade para o fazer historiográfico, ao permitir perspectivas epistemológicas
e paradigmáticas, outras, a temas recorrentes, neste escrito optou-se por inserir algumas
dimensões da linguagem para a análise das fontes-objetos deste estudo. Esses periódicos
apresentaram uma gênese similar quanto às suas fundações, mas foram construindo
“gramáticas” próprias com o passar dos anos, em razão das contingências e conjunturas
vivenciadas. Além das particularidades locais, sociais, culturais e políticas, em 1977, a
narrativa jornalística se inscrevia nas semânticas, eurocêntrica, capitalista e ditatorial.

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Portanto, as representações sobre o desmembramento, materializadas pela mídia,


obedeceram às performances praticadas dentro daquele léxico. Assim, a produção e
circulação de determinados valores em detrimento de outros, a inserção de agentes
específicos naqueles espaços privilegiados e as proposituras discursivas ali impressas,
bem como os interesses que os impulsionavam puderam ser lidos com maior
aprofundamento e crítica, de modo a ganharem uma nova camada interpretativa.

ST 02. Estudos Interdisciplinares sobre a Antiguidade: novas


perspectivas para o ensino e a pesquisa

Carlos Eduardo da Costa Campos (FACH - MuArq - UFMS / PROFHIST-UEMS) e Leandro


Hecko (CPTL - UFMS / PROFHIST-UEMS)

R e sum o : O estudo sobre as práticas culturais da Antiguidade figura como um poderoso


instrumento de reflexão para os pesquisadores e discentes contemporâneos, pois
possibilitam o alargamento de visões acerca de aspectos antropológicos do cenário atual.
Logo, as pesquisas sobre esse vasto Mundo Antigo nos permitem tecer uma pluralidade
de perspectivas no que tange ao próprio papel humano no meio social, tanto da
Antiguidade, quanto do mundo contemporâneo. O Simpósio Temático "Estudos
Interdisciplinares sobre a Antiguidade" visa congregar estudiosos de História Antiga,
Arqueologia Clássica, Museologia, História da Arte, Letras Clássicas, Estudos Clássicos e
Filosofia Clássica para apresentarem o estado atual de suas investigações. Essa atividade
também visa socializar com estudantes, professores da rede básica e a comunidade
interessada as pesquisas científicas sobre Antiguidade.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

O momento do juízo: representações dos juízes do mundo dos mortos grego


na epopeia e na comédia
Leandro Mendonça Barbosa - Doutorado, Secretaria Municipal de Educação/Campo
Grande

R e sum o : Neste trabalho abordaremos um aspecto particular de simbolização da morte


notado a partir da representação das divindades que julgam as pessoas que adentram no
submundo, já sem vida terrena. Os gregos, influenciados por culturas e vivências
propiciadas pelas interações no Mediterrâneo formaram, a partir de pelo menos o século
VIII AEC, representações concretas do julgamento da morte, personificado em três figuras:
Radamanto, Éaco e Minos. A pesquisa analisa de que forma duas epopeias - Odisseia e
Teogonia - e uma comédia - As Rãs - apresentam estas criaturas. O intuito é perceber o
modo como algumas das comunidades balcânicas concebiam os responsáveis pelo
julgamento pós-vida e como estas simbologias se expuseram nas fontes selecionadas.

Palavras-chave: juízo, morte, epopeia, comedia.

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Sima Qian (c.145 a.C. - c. 90 a.C.), historiador de um império

Gabriel Requia Gabbardo - Doutorado, University of St Andrews

Resumo: Sima Qian (c. 145 a.C. - c. 90 a.C.) escreveu aquela que é, provavelmente, a
mais extensa obra historiográfica da Antiguidade, o Shiji ("Registros do Grande
Historiador”). O autor vivia naquela que foi uma das mais curiosas formações sociais da
época, o Império Han, que unificara o que hoje entendemos por China. Membro da corte
imperial, entrou em conflito com o seu imperador (o feroz Wudi, que governou de 141-87
a.C.), sendo punido com a castração. Ao invés de cometer suicídio, como era esperado
que fizesse, permaneceu vivo, pois desejava completar o seu labor historiográfico. Nele,
Sima Qian escreve uma história que vai do início da civilização até os seus próprios dias.
Essa apresentação pretende fazer uma propedêutica dessa obra, estabelecendo suas
linhas gerais e delimitando os pressupostos ideológicos que permeiam a obra, com
comparações com obras da tradição historiográfica greco-romana. Por fim, a sua estranha
sorte póstuma será apresentada.

Palavras-chave: História da China, Historiografia, Sima Qian.

Teatro além da Literatura: problematizando as convenções poéticas e


fundamentando o caráter competitivo e político da dramaturgia grega

Dolores Puga Alves de Sousam - Doutorado, UFMS - Campus de Três Lagoas

Resumo: As convenções estabelecidas sobre os gêneros dramáticos na antiguidade grega


perduram até a contemporaneidade, sobretudo pela teoria da Poética aristotélica. Esta
comunicação propõe um olhar alternativo sobre os estudos da arte teatral grega,
suscitando que a análise puramente poético-literária pode determinar perspectivas
padronizadas, que não permitem aprofundar na avaliação do teatro antigo como
igualmente uma produção cênica na qual não apenas os poetas são envolvidos, mas
também os agentes interessados em seu espetáculo, uma vez que o financiam e o
promovem (os chamados choregoi). Ressalta-se o caráter político e competitivo dos
festivais teatrais, dialogando arte e sociedade e a confluência entre as montagens artísticas
e a atuação nas assembleias públicas.

Palavras-chave: Antiguidade grega; Teatro; Convenções poéticas; Política; Choregoi.

A herança e as modificações mitológicas da deusa grega Afrodite e sua


representação na tragédia Hipólito de Eurípedes

Carlos Antonio Martins Nunes - Graduando, UFMS Campus Três Lagoas

Resumo: O objetivo dessa apresentação é analisar representações da deusa grega


Afrodite, observando e considerando primeiramente como essa deusa não é originalmente
grega, mas faz parte de uma "linhagem” mitológica de diversas deusas do amor e da
guerra, que perdura desde a Mesopotâmia, e foi trazida para a Grécia por meio dos
fenícios, após essa observação a análise se concentra em como, durante o período em

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que a deusa foi introduzida, o aspecto de guerreira trazida junto da "linhagem” foi suprimido,
e teorizar quais motivos sociais, religiosos e políticos levaram a essa supressão, a
apresentação então finaliza em uma análise da figura da deusa após essa supressão,
utilizando de um diálogo da representação da mesma na tragédia Hipólito de Eurípedes,
com outras obras gregas clássicas, como a Ilíada de Homero e a Teogonia de Hesíodo,
analisando e utilizando as obras para observar o subproduto dessas modificações pelas
quais a deusa passou

Palavras-chave: Afrodite, Hipólito, Epíteto, Representação, Guerra.

Homero entre humanistas: a primeira versão latina da Ilíada (1365)

Luís André Nepomuceno - Doutorado, Universidade Federal de Viçosa/ campus Rio


Paranaíba

Resumo: Homero, a exemplo de muitos autores da literatura grega, foi pouco conhecido
na baixa Idade Média, à época em que raríssimos intelectuais da Europa eram capazes de
ler em grego, língua que entrara em decadência entre os meios cultos depois do fim do
império romano. Um pequeno libelo que circulou até o séc. XIV sob o nome de Homero,
chamado Ilias latina, serviu como único modelo para os que acreditavam estar diante dos
originais homéricos vertidos para o latim. Mas tratava-se de uma síntese anônima pobre e
mal-acabada da Ilíada. Francesco Petrarca, grande idealizador do Humanismo, mostrou
profundo interesse pelas letras gregas diante dos códices a que teve acesso, mas não
aprendeu a língua de Homero. Em 1359, juntamente com Boccaccio, patrocinou a versão
latina da Ilíada e da Odisseia, contratando os serviços de Leonzio Pilato, calabrês de
origem bizantina, um intelectual que depois se tornaria o primeiro professor de grego da
Europa Ocidental. Pilato completou sua versão dos dois poemas em 1365. No ano
seguinte, Petrarca, já célebre por sua obra latina e por seus comentários sobre autores da
latinidade, pôs-se a ler a Ilíada de Pilato, fazendo preciosas anotações no manuscrito.
Homero, a despeito das imprecisões contidas na tradução literal de Pilato, estava sendo
lido na íntegra pela primeira vez na baixa Idade Média. A presente comunicação analisa a
recepção de Homero por parte de Petrarca, a partir de uma análise das notas contidas no
códice da Ilíada, publicado numa edição moderna. Petrarca escreveu mais de 6.700 notas
marginais no manuscrito que fez parte de seu acervo pessoal, anotando questões de
natureza gramatical, filológica, estilística, moral, política, exegética, além de notas com teor
essencialmente subjetivo. O resultado revela que Homero foi lido conforme o próprio
modelo humanista de Petrarca: o poeta e filósofo italiano buscou adequar o poema a seus
interesses políticos e morais, projetando em Homero um conjunto de ideais estoicos e
cristãos, como a crítica aos métodos dialéticos da escolástica, a censura da ira e das
paixões da alma e o direito à liberdade de expressão política no aconselhamento dos reis.
Anotando igualmente um acervo de ideias pessoais, Petrarca praticamente escreveu os
fragmentos de um novo livro, buscando novas compreensões de Homero, abrindo as
portas para os estudos helênicos na Itália humanista e projetando para o renascimento
uma nova forma de ler os clássicos gregos.

Palavras-chave: Homero; literatura grega; humanismo; Petrarca.

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

A apropriação da imagem da feiticeira Circe pelo filme Ulysses (1954): o


cinema italiano e os usos do passado grego

Rafaela dos Santos Teixeira - Graduando, UFMS (CPTL)

Resumo: Transitando entre sedução e horror, a figura da pharmakis (praticante de magia)


na Grécia Antiga, sofreu diversas alterações com o tempo. Entretanto, mesmo na
sociedade ocidental atual, suas principais figuras têm sido retomadas a fim de legitimar um
discurso que não diz respeito somente ao período antigo, mas sim ao seu próprio contexto.
É nesse sentido que, a mais antiga representação de uma feiticeira grega na literatura,
Circe, inicialmente retratada por Homero na Odisseia, foi apresentada no filme italiano,
Ulysses (1954), de Mario Camerini, já no período pós-guerra da Europa. Entretanto, apesar
de retomar a narrativa homérica, a produção se trata de um peplum, estilo fílmico que
retoma obras antigas com grandiosidade, e retrata nesse uso do passado as próprias
especificidades de seu tempo, incluindo questões de gênero. Estas aparecem quando
pensamos a guerra e suas consequências, mas também quando analisamos a vida de
Silvana Mangano, atriz que interpreta a personagem Circe. Por isso, é relevante a análise
do filme como uma fonte histórica, devendo ser analisado a partir da perspectiva do
historiador Marc Ferro para abordar uma “contra-análise” da sociedade (FERRO, 1992,
p.88), bem como os aspectos artísticos da obra. Nesse sentido, o trabalho se propõe a
analisar como a representação da feiticeira Circe na Itália pós-guerra difere da feita por
Homero na antiguidade grega, revelando, nessa comparação, aspectos de seu próprio
contexto de produção.

Palavras-chave: Circe; Grécia Antiga; Itália; Cinema.

DIA 2: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Édipo Entre Eras, de Sófocles à Gianfrancesco Guarnieri

André Luiz Ferreira de Oliveira - Graduando, UFMS

Resumo: A arte demonstra faces que refletem aspectos da sociedade que a financia, a
cria e a divulga, onde através de sua análise, nos é permitido um olhar histórico que faz
suscitar problematizações sobre o cenário, contexto e tempo histórico de povos em que as
diversas obras de arte nos levam. Desta forma, esta apresentação terá foco em introduzir
aos demais, o estudo iniciado através do projeto de pesquisa sobre a obra trágica Édipo
Rei de Sófocles (427 AEC), e sua releitura Édipo de Gianfrancesco Guarnieri na
teledramaturgia brasileira dos anos 70. Por sua vez, os aspectos sociais, políticos,
religiosos, o mito e cultura dos períodos que o nascer destas obras fazem parte são
abordados neste projeto, sendo eles a Atenas clássica do século V AEC, e a ditadura militar
no Brasil dos anos 70. Finalizando é claro, o projeto conta com a história comparada destas
duas obras que permitem maiores problematizações sobre as construções históricas
abarcadas nesta discussão.

Palavras-chave: Édipo, Gianfrancesco Guarnieri, teatro.

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

A imagem céltica e romana na série Britannia (2018)

Tainá Alves Moreira André, Graduando, UFMS (CPTL)

Resumo: Esse trabalho desenvolve-se através de uma análise comparada em relação a


contemporaneidade e antiguidade. O objeto da pesquisa como fonte é a série Britannia
(2018) com 3 temporadas; escrita por Jez Butterworth, produzida por Rick McCallum. Trata-
se da primeira coprodução entre Sky e Amazon Prime, e está apresentação se pautará em
especial no primeiro episódio da 1° temporada. O foco da investigação na série é a busca
pela representação da invasão romana em 43 d.c nas ilhas britânicas, e como se
desenvolve as relações dos celtas e romanos em meio a essa invasão, ao choque cultural
dos romanos com os celtas, em especial os sacerdotes druidas e a perspectiva religiosa.
O objeitvo da apresentação será debater sobre as perspectivas cenográficas, musicais,
roupagem, personagens e dialogos. Assim, o trabalho visa apresentar alguns pontos da
produção da série, como a perspectiva da recepção da sociedade, além das disputas
territoriais que se dão no enredo, disputas essas em relação aos romanos. A série traz
característica de diversidade linguística referenciando as diferentes línguas como o gaulês
e inglês. A pesquisa busca analisar os processos de romantização dos sacerdotes,
baseando-se como perspectiva teórico-metodológica, a História cultural

Palavras-chave: Contemporaneidade, Antiguidade, Cultura, Diversidade.

A Antiguidade grega e a BNCC - desafios ao Ensino de História

Luis Filipe Bantim de Assumpção - Doutorado, Universidade de Vassouras

Resumo: Ainda hoje, a "Grécia antiga” causa fascínio nos jovens e adultos, em função dos
seus usos pelas empresas de jogos, séries streaming, filmes, literaturas, histórias em
quadrinhos e animações diversas. Entretanto, para além da indústria de entretenimento e
da cultura pop, a Antiguidade grega é tratada de forma superficial quando pensamos a sua
inserção na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assim, mobilizaremos o conceito
de consciência histórica para analisarmos os usos da "Grécia antiga” pela BNCC e as
possíveis motivações na sua subutilização na Educação Básica.

Palavras-chave: Ensino de História; BNCC; Antiguidade clássica.

O PIBID / HIST / FACH - UFMS e o Ensino de História Antiga em Tempos de


COVID - 19

Carlos Eduardo da Costa Campos - Doutorado, PROFHIST - UEMS / UFMS

Resumo: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência de Bolsas (PIBID) é


um programa vinculado a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) e possui uma longa trajetória no aperfeiçoamento da educação brasileira. Dessa
forma, no contexto pandêmico de 2020-2022, o PIBID / HIST / FACH - UFMS precisou se
adaptar ao novo cenário de insegurança da saúde pública. Nesse sentido, buscamos
apresentar as experiências adotadas pela equipe e refletir sobre a prática de Ensino em
História Antiga que foi desenvolvida pelos pibidianos e a coordenação.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: PIBID; Ensino de História Antiga; COVID-19.

África antiga em sala de aula: algumas perspectivas iniciais

Prof. Luís Felipe Mesquita Granja - Mestrando, PROFHISTÓRIA UEMS-SEMED-Bolsista


CAPES

Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de apresentar reflexões iniciais que


posicionam historiograficamente a pesquisa a ser desenvolvida no Mestrado Profissional
em Ensino de História, sob orientação do Professor Doutor Leandro Hecko, com a temática
África Antiga em Sala de Aula: Possibilidades didáticas, cuja etapa inicial será analisar a
representação dos conteúdos relacionados à História da África Antiga nos livros didáticos
do PNLD 2020, promovendo um debate com o apagamento/esquecimento do tema no
período anterior à publicação das leis n° 10.639/03 e 10.645/08. Desta forma, aqui
apresentaremos algumas reflexões iniciais a partir de uma historiografia básica já
levantada, de forma a problematizar elementos importantes à pesquisa inserida no campo
do Ensino de História, fazendo uso da definição de Conceito Histórico, uma das doze lições
de Antoine Prost, dos conceitos Operação Historiográfica de Michel de Certeau e
Representação de Roger Chartier, das categorias reciprocamente includentes Espaço de
Experiência e Horizonte de Expectativa de Koselleck, e da transformação da
Representação Historiadora em Representância sintetizada por Ricoeur. Por fim,
apresentaremos alguns questionamentos e objetivos já levantados, de acordo com o
estado da arte.

Palavras-chave: África Antiga, Ensino de História, livro didático.

Discurso sobre a África nos livros didáticos do ensino fundamental. Uma


análise do livro História, Sociedade & Cidadania, 3. Edição, 6° Ano

Salifo Danfa - Mestrado, UFGD

Resumo: Os livros didáticos são ferramentas utilizadas nas escolas brasileiras que
auxiliam na construção do conhecimento e os discursos presentes neles contribuem para
a formação do imaginário social a respeito do assunto abordado. O presente trabalho
buscou analisar os conteúdos sobre o continente africano e os seus povos no livro didático
de história, do ensino fundamental II, intitulado História, Sociedade & Cidadania, 3 edição,
do 6° ano. Foi elaborado um estudo qualitativo no qual recorreu-se a técnica da revisão
bibliográfica e a técnica de análise de conteúdo com o intuito de verificar o discurso da
obra. Concluiu-se que o livro apresenta um discurso ambíguo, pois embora a obra permita
a desconstrução de algumas interpretações equivocadas produzidos sobre o continente
africano, por outro lado ainda colabora com uma visão reduzida do continente ao priorizar
a história de apenas dois povos na antiguidade: egípcios e cuxitas, atrelar a história
africana à história européia e destinar muito menos páginas à história da África em
comparação com a história da Europa.

Palavras-chave: História da África. Livro didático. Discurso. Ensino de história.

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

ST 03. História e ensino de História na Abya Yala: formas de


democracias, autoritarismos e resistências

Ana Paula Squinelo (UFMS), André Mendes Salles (UFPE) e Azemar dos Santos Soares
Júnior (UFRN)

Resumo: O processo histórico que marca Abya Yala, a América Latina, é tangenciado
pelas tensões entre a herança colonial, os processos de lutas e de resistências, por
períodos democráticos e, infelizmente, também por momentos em que vários setores
latino-americanos flertam com as mais diversas facetas dos autoritarismos. Tais oscilações
influenciam e determinam a vida cotidiana de cada cidadão e cidadã. Nesses cenários, o
Ensino de História, a História e outras áreas das ciências humanas e sociais como a Arte,
Geografia, Filosofia, Sociologia, etc. ficam à mercê de políticas educacionais que ora lutam
em prol da consolidação dos pressupostos democráticos, ora flertam com os pressupostos
autoritários. Vide o que vivenciamos contemporaneamente no cenário educacional
brasileiro. Sendo assim, esse Simpósio Temático tem por objetivo discutir e problematizar
aspectos diversos sobre questões que versem a respeito da educação latino-americana:
manuais/narrativas didáticas, conflitos, imagens, saúde, currículos, políticas educacionais,
práticas educativas, propostas educacionais, gênero, literatura, cinema, música,
intelectuais, teatro, as "escritas de si", o bicentenário da independência brasileira,
historiografia, estudos comparativos, etc. Pretendemos assim acolher propostas que
busquem investigar a Abya Yala em seu contexto diverso, amplo, múltiplo e que dos
debates possam emergir distintos sujeitos e diferentes vozes latino-americanas. Vozes que
resistem. Resistências ao colonialismo e toda sua herança.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

AS IMAGENS DIGITAIS CONTAM HISTÓRIA: O PAPEL DAS CHARGES E


TIRINHAS NA INTERNET COMO REGISTRO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO
BRASIL

Thiago Alves Moreira Nascimento - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do


Norte

Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir como o discurso-imagem do gênero
charge se constitui arquivo histórico e discurso de resistência, e como isso se manifestou
no enfrentamento à crise sanitária provocada pelo SARS-Cov-2. Empregaremos como
método a análise do discurso para a apreciação das charges selecionadas no período
compreendido entre 2020 e 2021. Utilizaremos como referencial teórico Achille Mbembe
(2018) com o conceito de necropolítica, Michel Foucault, e sua concepção de análise do
discurso, e Peter Burke (2017), no relacionado à análise de imagens. Também
recorreremos a charges produzidas por artistas brasileiros críticos à gestão de Jair
Bolsonaro. Buscamos analisar charges entendendo-as como arquivos digitais, optando por
quatro cartunistas com grande número de seguidores na plataforma Instagram: Daniel
Lafayette, Gilmar Machado, Helô D’angelo e Laerte Coutinho, quando estes desenhavam
críticas diretas à gerência da pandemia. No Brasil, durante os primeiros anos de pandemia,

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

a produção de discursos que transitavam entre os interesses de mercado e pautas


conservadoras tiveram um impacto significativo sobre o número de mortes decorrentes da
COVID-19. A gerência da crise sanitária promovida pela gestão federal foi atravessada por
políticas que conduziam grande parte da população à morte, consubstanciando uma
agenda necropolítica de ações. Como resposta, vários artistas começaram a produzir
charges e tirinhas trazendo à tona, por meio do sarcasmo, do humor e do recurso cômico,
denúncias sobre a forma de governar em meio à pandemia, traduzindo-se como arquivos
históricos que carregam uma visão sobre a pandemia a partir de uma perspectiva da
construção de resistência.

Palavras-chave: Imagens digitais. Necropolítica. Pandemia.

Novas questões e perspectivas à decolonialidade no Ensino de História: As


influências dos Estudos Subalternos e da História Cultural

Felipe Cromack de Barros Correia - Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de


Janeiro(PUC-RIO)

Resumo: O conceito de decolonialidade surge a partir da final da década de 90 com a


emergência do grupo modernidade/colonialidade em virtude de destacar e denunciar a
continuidade de práticas coloniais de opressão de gênero, raça e classe nos dias atuais.
As influências pós-coloniais e provenientes do grupos de estudos subalternos são
indiscutíveis na trajetória da formação do grupo, porém, a busca por um lócus enunciativo
próprio da América Latina acarretou, por vezes, em uma negligência às leituras do Norte
global e uma separação dos cânones hegemônicos por uma "superação” da colonialidade
(BALLESTRIN, 2013). Nesse sentido, a História Social e da Cultural de Thompson, Davis,
Geertz, Darnton, Chartier e Barth, em diálogo com os estudos subalternos de Spivak,
Chakrabarty e Guha, nos possibilitam pensar em formas novas de nos relacionar com o
mundo - ou novas lentes para formas antigas de se relacionar com o mundo negligenciadas
por uma geopolítica do conhecimento - polinizadas nas práticas quilombolas, capazes de
impor questões latentes às epistemologias decoloniais. Ademais, por se encontrar nesta
área entre fronteiras, o Ensino de História se mostrar, possivelmente, a área mais porosa
para a recepção das epistemologias decoloniais dentro da História. Desse modo, o objetivo
deste texto é traçar, a partir das influências dos estudos subalternos e da História Social e
da Cultura, novas questões e perspectivas não aprofundadas por uma visão
segregacionista ainda existente em estudos decoloniais, capazes de potencializar práticas
de rompimento com as amarras da colonialidade.

Palavras-chave: Ensino de História; Decolonialidade; História Social; História Cultural;


Subalternidade

O ensino de artes visuais de Campo Grande-MS sob uma perspectiva


decolonial

AMANDA MAMEDE - Mestranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em


Estudos Culturais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(PPQCult/CPAQ/UFMS). Licenciada e bacharel em Artes Visuais (FAALC/UFMS)

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CADERNO DE RESUMOS

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Resumo: Nesta comunicação são apresentados os resultados parciais de uma análise de


conteúdo realizada em aspectos do Referencial Curricular da Rede Municipal de Ensino de
Campo Grande-MS (Reme), no tocante às Orientações Curriculares de Artes Visuais e aos
Conhecimentos e Especificidades da Linguagem e em conteúdos selecionados da coleção
didática adotada pelas escolas municipais para os anos finais do Ensino Fundamental do
Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2020-2023 "Por toda pARTE”, da
editora FTD.
Essa investigação parte do problema acerca de como a América Latina é representada na
história da arte, considerando seu reflexo no currículo escolar. Deste modo, estas análises
são realizadas sob uma perspectiva decolonial e propõem questionamentos sobre quais
são os conhecimentos em artes visuais corporificados no ensino da rede municipal (e quais
são deslegitimados/ausentes); bem como buscam compreender como o currículo reflete
nos processos de ensino-aprendizagem, contribuindo para a manutenção da colonialidade
do poder.
Ou seja, compreender como a lógica moderna/colonial estabelece hierarquias entre os
referenciais europeus e estadunidenses, em detrimento dos latino-americanos. É possível
concluir que o Referencial da Reme apresenta uma lógica obediente à matriz de poder
moderna/colonial. Primeiramente por sua orientação acerca de uma sequência cronológica
da história da arte a partir dos acontecimentos ocorridos da Europa; em sequência, por
privilegiar movimentos/conceitos/tendências artísticas produzidos pela Europa e pelos
Estados Unidos em seus Conhecimentos e Especificidades da Linguagem: em uma
perspectiva quantitativa, no recorte analisado, são dezenove subitens de países europeus,
dezenove dos Estados Unidos, seis do Brasil e apenas cinco de outras regiões
geográficas/geopolíticas. Em relação à coleção didática, constatou-se que são
apresentados poucos referenciais de países da América Latina em relação aos referenciais
europeus e estadunidenses, sendo evidenciados apenas referenciais brasileiros.
Neste cenário, destaca-se o papel da desobediência docente como alternativa possível ao
enfrentamento da invisibilização dos referenciais artísticos/culturais latino-americanos nos
currículos de artes visuais. A desobediência aqui mencionada, diz respeito a perspectivas
(re)existentes, que não apenas resistem à matriz de poder moderna/colonial, como também
existem, mesmo sendo subalternizadas no sistema-mundo normatizado por essa matriz.
Essa prática desobediente às estruturas opressivas de poder que envolvem raça, classe e
gênero ocorre a partir da legitimação de sujeitas e sujeitos que produzem desde o Sul
global, com a evidência de sua fortuna artística, cultural e estética.

Palavras-chave: Ensino de arte; Currículo; Manual didático; Colonialidade; América


Latina; Representações

M8M: UMA PERFORMANCE EXPERIMENTA COLETIVA DE RESISTÊNCIA.

Sanzia Pinheiro Barbosa - Mestrado, UFRN

Resumo: O texto é um estudo sobre o Movimento 8 de Maio_ M8M. O M8M foi um coletivo
constituído por 30 artistas com diferentes linguagens. Existiu entre 2004 e 2005 na cidade
do Natal/RN. Apesar da curta existência, protagonizaram ações artísticas de enfrentamento
ao poder político estadual, articularam uma residência com artistas de vários estados,
realizaram seminários e possibilitavam a realização da produção artística dos participantes.
Nesse estudo recorro as entrevistas realizadas com vários integrantes e outros agentes do
sistema de arte, que, de alguma forma, dialogaram com o M8M. Essas entrevistas foram
produzidas por ocasião da produção de um vídeo documentário no ano de 2021, sob a
direção da artista Pêdra Costa, performer e antropóloga visual. O estudo contribui para o
registro da história das Arte Visuais do RN além de apresentar reflexões sobre a produção

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

colaborativa no âmbito de um grande coletivo, cujo indivíduos tinham práticas artísticas


muito díspares. O quadro teórico advém de estudos de autores como: Michel Foucault
(2006), Aracy Amaral (2006) e Kimberlé Crenshaw (2018). O M8M foi um nicho fértil para
a produção artística naquele contexto, um espaço no qual os artistas eram aceitos em suas
singularidades.

Palavras-chave: Arte Contemporânea, Cuidado do Outro, Interseccionalidade.

ESCREVIVÊNCIA: A EXPERIÊNCIA E ESCRITA DE SI COMO RESISTÊNCIA

LOUISE CARLA SIQUEIRA DA SILVA - Doutoranda e Mestra em Educação pelo Programa


de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Resumo: Esse texto tem por objetivo discutir a escrevivência, termo e conceito cunhado
por Conceição Evaristo como recurso epistêmico, metodológico e político da
intelectualidade negra no mundo acadêmico. Partindo de reflexões advindas de minha
trajetória, memória e formação vejo na escrevivência, um caminho que reúne em si a
possibilidade de articulação de parecenças e diferenças dentro da complexidade que é ser,
identificar-se e ser lida como mulher negra num lócus predominantemente branco. Para
tal, além de dividir recortes de algumas escrevivências minhas, nesse espaço, traço
diálogos com dados da realidade brasileira no que diz respeito ao acesso à educação em
nível de graduação e pós-graduação por mulheres negras; chamo a anteriormente citada
autora, Conceição Evaristo (2007; 2009; 2017; 2020) para estabelecer compreensões
sobre o que é escrevivência; Chimamanda Ngozie Adichie (2019) para debater implicações
de violência que uma história única eurocentrada impugna à formação identitária da
negritude ainda extremamente vinculada à estereótipos depreciativos. Nesse sentido,
busco ainda analisar como "O pacto da branquitude” relaciona-se a esse cenário, fazendo
interlocução com a autora da expressão, Maria Aparecida Bento (2022) em sua obra de
mesmo nome. Intercambiando esses e outros saberes que me atravessam, me apoio
também em Angela Davis (2016); Lélia Gonzalez (1984); Sueli Carneiro (2003; 2005), entre
outras. Assim, conclui-se que escreviver possibilita às mulheres negras acadêmicas uma
via desviante frente ao academicismo eurocentrado posto e visto como universal
produzindo ao mesmo tempo, intelectualidade e resistência.

Palavras-chave: Escrevivência. Mundo acadêmico. Resistência.

AS PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS E RESISTÊNCIAS DESENVOLVIDAS NA


ALDEIA POÇO DANTAS DE UMARI, CRATO - CE, QUE CONTRIBUEM PARA
CONSTRUÇÃO DE UM MOVIMENTO EDUCACIONAL INDÍGENA

ANA ROBERTA DUARTE PIANCÓ - Professora efetiva do curso de Geografia da


Universidade Regional do Cariri URCA, Mestre em Geografia (UFPE) Doutoranda do
Programa de Pós Graduação em Educação (PPGED) da Universidade Federal de Rio
Grande do Norte-UFRN

Resumo: Esse trabalho tem por objetivo analisar as práticas socioeducativas de


resistência desenvolvidas na Aldeia Poço Dantas, localizada no distrito de Umari, na cidade
do Crato - CE, na intenção de perceber como elas contribuíram para construção de um

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

movimento educacional indígena na comunidade. Para tanto, dialogamos com as


categorias de etnogênese indígena, identidade (HALL, 2020), memória (HALBWACHS,
2013), resistência (FOUCAULT, 1998) e processos socioeducativos. No percurso
metodológico, utilizo uma abordagem qualitativa a partir da história oral, como fonte
histórica e método. Assumo o compromisso de socializar a sistematização das transcrições
das entrevista (oito entrevistas até o momento, priorizando as mulheres indígenas por
serem protagonistas da luta e organização da aldeia) e posteriormente do documento final
com a Aldeia Poço Dantas, em conformidade com a orientação de Meihy e Holanda (2017)
no qual, enfatizam a importância da devolução social. No que diz respeito ao recorte
temporal, temos o ano de 2007 como marco inicial devido ao despertar da auto identidade
Cariri, e para finalizar, o ano de 2020 por ter sido o momento responsável pelo início do
Movimento Social de Retomada Cariri. Acredito na importância do processo de etnogênese
Cariri , no qual está sendo denominada por eles de "Movimento de Retomada Cariri”,
amparado na tradição oral e transmissão de conhecimentos e saberes ancestrais por meio
dos quais estão sendo retomados e valorizados, especialmente pelo protagonismo
feminino indígena visando o fortalecimento da Identidade Cariri e da autonomia para o
desenvolvimento de aprendizagens funda-se no fortalecimento da r-existência a
permanência do Povo de Etnia Cariri na região do Cariri e no município de Crato - CE. Por
fim, reflito como o Povo Cariri do Sítio Poço Dantas - Umari está se organizando para
retomada das ações socioeducativas, que, no meu entender, fortalecem a construção de
um movimento educacional indígena.

Palavras-chave: Práticas Socioeducativas. Resistência. Identidade. Movimento de


Retomada Indígena.

“De Passagem”: escritos sobre educação da saúde de Flávio Maroja na


revista Era Nova, Paraíba (1921-1925)

ALANNY PAULO RICARDO DE ALMEIDA - Doutoranda em Educação pelo Programa de


Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Professora de História (Educação
Básica) da Secretária de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba.

Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar os escritos do intelectual, político e
médico Dr. Flávio Maroja na revista Era Nova que circulou na Paraíba no período de 1921­
1925. Tais discursos tencionaram uma educação da saúde por meio da circulação de
impressos, Flávio Maroja foi colaborador do magazine, assinando inclusive uma seção de
crônicas intitulada "De Passagem”, sob o pseudônimo de Gil. Destarte, analisaremos a
promoção de uma educação da saúde a partir dos discursos presentes nas crônicas que
versavam sobre diversas temáticas do cotidiano, para tal utilizaremos a metodologia de
análise de discurso proposta por Michel Foucault. Dialogando com a História Cultural
usamos a noção de mediador cultural na esteira de pensamento do historiador francês
Jean-François Sirinelli (2012), para pensar Flávio Maroja enquanto um produtor e mediador
cultural que utilizou seus escritos literários para difundir discursos médico-pedagógicos.
Conclui-se que Flávio Maroja atuou fortemente na imprensa paraibana visando incutir na
população leitora hábitos próprios de uma educação da saúde.

Palavras-chave: Educação. Saúde. Flávio Maroja

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DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

A Guerra do Chaco (1932-1935) e o Ensino de História: Uma Proposta de


Aulas Oficina para análise da História, Cotidiano Militar e Sujeitos
Invisibilizados

TONI CARLOS SANCHES - Mestre pelo ProfHistória Campus da UFMT - Brasil

Resumo: Apresento os resultados da minha pesquisa de mestrado intitulada A Guerra do


Chaco (1932-1935) e o Ensino de História: Uma Proposta de Aulas Oficina para Análise da
História, Cotidiano Militar e Sujeitos Invisibilizados. Esta pesquisa tem por finalidade
contribuir para o ensino de História sobre a Guerra do Chaco (1932-1935) e os sujeitos
subalternizados do conflito, oportunizando aos/as discentes e aos/as docentes
conhecimentos sobre um conflito que é ignorado por muitos nas comunidades escolares,
apesar de sua inegável importância. Concluímos que existem algumas produções
acadêmicas sobre o tema, mas ainda inspira novos estudos. Além disso,estes
conhecimentos raramente chegam às comunidades escolares, principalmente no que diz
respeito aos que participaram efetivamente da guerra, tais como os combatentes de baixa
patente, as mulheres e os povos originários, evidenciando-se um nítido silenciamento
destes sujeitos. Analisamos várias coleções didáticas e como estudo de caso, as obras do
PNLD 2018-2020 da Editora Saraiva, intituladas Historiar e História Global, do ensino
fundamental e médio, respectivamente. Assim, como resultado de nossas pesquisas,
elaboramos um material paradidático estruturado em aulas oficina, destinado aos/as
professores/as da Educação Básica.

Palavras-chave: Guerra do Chaco - Ensino de História - Manuais didáticos - Sujeitos


invisbilizados

A participação do negro na Guerra do Paraguai/ Guerra Guasu: uma visão


sobre o ensino de história para o ensino médio de Campo Grande, Mato
Grosso do Sul.

Carlos Alberto de Almeida Passarinho - Mestrando em Estudos Culturais


(PPGCUTL/UFMS)

Resumo: Para que ocorra a formação plena dos/das estudantes faz-se necessário o
desenvolvimento de competências e habilidades aliados à valores e atitudes. Discute-se
que um dos principais papéis da história enquanto disciplina escolar seria form ar a
capacidade de pensar historicamente do/a aluno/a, para que este seja capaz de refletir
sobre a construção histórico-social que está inserido/a. No contexto brasileiro,
especialmente no estado do Mato Grosso do Sul estudos que envolvam a Guerra do
Paraguai/Guerra Guasu continuam necessários, apesar dos inúmeros avanços tanto no
ensino do tema como no campo historiográfico. Os manuais didáticos brasileiros mantêm
uma narrativa ociosa e positivista acerca do conflito platino. Mesmo com o considerável
número de materiais disponíveis, a exemplo SQUINELO, Ana Paula; DOCKHORN.
Oficinas de História: Temas para o ensino da Guerra do Paraguai - Sujeitos, Cotidiano e
Mato Grosso. 1. ed. Cuiabá: EdUFMT, 2021 acerca do tema, os resultados dessas
investigações não chegam aos manuais escolares. No que cabe a participação do homem

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

negro livre e escravizado nesse cenário, estudos mais profundos acerca do tema mostram-
se necessários. Sendo assim, as pesquisas e publicações acerca do tema "A participação
do negro livre e escravizado na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu” no contexto
contemporâneo faz-se necessária. Nesse sentido, apresento nessa comunicação o projeto
de pesquisa, que se encontra em andamento e que visa estudar a participação do homem
negro livre e escravizado na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu tendo como foco ensino
de história para o ensino médio na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e como
fonte documental o Currículo de Referência de Mato Grosso do Sul de Ciências Humanas
e Sociais aplicadas para o Ensino Médio, publicado pelo Governo do Estado de Mato
Grosso do Sul por meio da Secretaria Estadual de Educação (SED/MS) no ano de 2021.

Palavras-chave: Guerra do Paraguai/Guerra Guassu; Negro; Currículo; Ensino Médio

“A Guerra do Paraguai/ Guerra Guasu” e a pandemia do Covid-19: Uma


abordagem para o ensino de História a partir da metodologia da aula-oficina

Vera Lúcia Nowotny Dockhorn - Mestre em Ensino de História pelo Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História - ProfHistória - UFMT. Professora de História da
educação básica da rede estadual de ensino do Estado de Mato Grosso-MT.

Ana Paula Squinelo - Professora Titular na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS). Realizou estágio Pós-Doutoral em Ciências da Educação na especialidade de
Educação em História e Ciências Sociais (UMinho/PT). Doutora em História Social (USP).

Resumo: Nos proponhos a apresentar o artigo A Guerra Do Paraguai/ Guerra Guasu e a


pandemia do Covid-19: Uma abordagem para o ensino de História a partir da metodologia
da aula-oficina das autoras Ana Paula Squinelo e Vera Lúcia Nowotny Dockhorn.
Tal artigo consiste numa análise de duas temáticas que de algum modo se entrelaçaram:
a Guerra do Paraguai/ Guerra Guasu e a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus.
A partir dessa análise traçamos uma proposta de aula oficina intitulada oficina de história
doenças, cotidiano e intempéries durante a Guerra Grande: o que o passado tem a nos
dizer? A qual aborda questões relacionados as doenças, cotidiano e intempéries durante
a Guerra do Paraguai/Guerra Guasu, buscando estabelecer diálogos com facetas do tempo
presente, como por exemplo, os usos do passado como estratégia de enfrentamento à
crise pandêmica da covid-19, e especialmente problematizar o quanto a Guerra e a
Pandemia afetaram e vitimizaram em maior escala as classes populares, ou seja, as
camadas mais pobres das sociedades brasileira e paraguaia.
A aula-oficina foi elaborada de acordo com os preceitos de Isabel Barca (2004), busca
integrar metodologias ativas, afim de proporcionar maior autonomia aos estudantes, e
atende critérios de desenvolvimento de habilidades estabelecidas pela Base Nacional
Comum Curricular.
Ao menos três questões cruciais nos nortearam na elaboração da referida aula-oficina: qual
foi o impacto das doenças para militares e civis no contexto da contenda? Quais foram os
reflexos da Guerra para as camadas menos favorecidas do Império brasileiro e, como este
conflito continua a impactar na população paraguaia 150 anos após? E, por fim: Quais
foram os impactos da pandemia para as classes mais pobres das sociedades brasileira e
paraguaia, e qual foi a postura das autoridades governamentais para amenizar seus
efeitos?

Palavras-chave: Ensino de História - Guerra do Paraguai - Aula oficina

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

OS DESDOBRAMENTOS DA LEI 5.692/1971 NO ENSINO DE HISTÓRIA (1971­


1988): “preparo para o exercício consciente da cidadania”?

José Evangilmárison Lopes Leite - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do


Norte-UFRN

Resumo: No Brasil, em 11 de agosto de 1971, no contexto da ditadura civil-militar, entrou


em vigor o marco legal de n°. 5.692, que fixava as Diretrizes e Bases para o ensino de 1°
e 2° graus. A referida lei evidenciava os princípios da ditadura, alicerçados na
racionalização do trabalho escolar e no ensino profissionalizante de 2° grau, trazendo
modificações para a prática docente em História nos mais diversos aspectos, como o
material didático que subsidiava a prática dos professores/as. Nessa perspectiva, o objetivo
do trabalho e analisar os desdobramentos da lei 5.692/1971 no ensino de História (1971 -
1988), especificamente nos livros didáticos que norteavam o ensino desse componente
curricular. Para tal, analisaremos as obras "História (Moderna e Contemporânea)” (1981)
de José Jobson de A. Arruda e "Curso de História Geral” (1984) de Heródoto Barbeiro e
procuraremos identificar as aproximações e distanciamentos com a referida lei e as
implicações no ensino de História. Para subsidiar o nosso trabalho, utilizaremos autores
como Faria Filho (1998); Fonseca (2003); Bittencourt (2004); Libâneo, Oliveira e Toschi
(2009); Silva e Guimarães (2012), entre outros. Na conjuntura referida, a instituição escolar
era considerada como espaço de transmissão de conhecimentos, de formação de valores
e ideias legitimadoras da ordem social e política vigente, na qual o professor era o
transmissor de conhecimentos, logo a comunicação professor-aluno tinha um sentido
exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento.

Palavras-chave: Lei 5.692/71. Conhecimento histórico. Ensino de História.

Entre vozes de pais e alunos: a resistência dos sujeitos silenciados, na fala


do professor de história

W alber Ferreira da Silva - Mestrado, UFCG

Resumo: Esse artigo tem por objetivo analisar as minhas práticas educativas, enquanto
professor de história, gay assumido que, usando de um currículo oculto, usou de suas aulas
no ensino básico para discutir papeis de gênero e sexualidade, sob uma perspectiva de
uma narrativa de si, numa cidade interiorana do estado da Paraíba. Enquanto dissidente
de uma masculinidade hegemônica, segundo Connell e Messerschmidt (2013), ministrar
aulas de história, atribuindo protagonismo para mulheres e outros sujeitos fora dos padrões
heteronormativos, provocou em minha prática docente, discussões que, transbordaram o
passado histórico inscrito e escrito para personagens silenciados pelo livro didático. Mais
do que descrever estas aulas, esse texto, busca analisar, os discursos em sala de aula das
alunas e alunos, bem como de alguns pais, sobre o gênero, como tema transversal,
abordado na escola. A partir da metodologia da análise do discurso de Michel Foucault
(2014), as múltiplas vozes que aqui aparecem, demonstram as tensões e resistências à
uma sociedade patrimonialista e patriarcalista, cujos homens são os únicos sujeitos que,
possuem o direito de serem protagonistas dos livros didáticos. Conclui-se que práticas
educativas libertadoras serviram para incentivar debates a cerca daqueles que, outrora
foram silenciados, não apenas nos manuais didáticos, como também em sala de aula.

Palavras-chave: Práticas educativas; narrativas de si; prática docente

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

“PELO FUTURO DO BRASIL”: O DISCURSO DE MEMÓRIA CÍVICA DO GUIA


DO ESCOTEIRO (1925)

lury Gabriel Amorim de Araújo - Mestre e doutorando em Educação pelo Programa de Pós-
graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar o discurso de memória escoteira cívica
proposta pelo militar, escoteiro e futebolista Benjamin Sondré publicada pela Imprensa
Naval durante a primeira metade do vigésimo século. As primeiras notícias do escotismo
chegaram em território nacional por volta do ano de 1910. A partir de então diversas
associações voluntárias, igrejas e Estado passaram a propagar a proposta educativa criada
pelo general inglês Robert Baden-Powell iniciada em seu país no ano de 1908. Para
construção deste trabalho, problematizamos como fonte histórica o "Guia do Escoteiro”,
mais especificamente o seu "Capítulo 14” , parte que trata do civismo. A obra ora analisada
foi publicada no contexto das tentativas de expansão do escotismo para os diferentes
estados do país. Por meio dele, se indicavam as diferentes técnicas e fundamentos do
escoteirismo. Metodologicamente, orientamo-nos através da análise do discurso proposta
por Michel Foucault (2020). Também foram importantes para a escrita deste texto as
compreensões de cultura escoteira de Nascimento (2008), de memória conforme Nora
(1993) e de escotismo e civismo de Oliveira e Leandro (2017), Marta Carvalho (2003) e
Araújo e Soares Júnior (2019). Por fim, compreendemos que na obra por meio do "Guia do
Escoteiro” se tentava propagar um discurso de adoração e sacrifício pelo Brasil em nome
de unidade nacional que deveria ser apreendida desde a infância pelos escoteiros.

Palavras-chave: Escotismo. Civismo. Cultura escoteira. Pátria.

DIA 3: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

A HARMONIA DE TRAÇOS PHYSIONOMICOS E GERAES”: INSPECIONANDO


OS CORPOS DOS MENORES DA ESCOLA DE APRENDIZES MARINHEIROS
DA PARAÍBA NO INÍCIO DO VIGÉSIMO SÉCULO

Chrislaine Thuany Vieira Ferreira - Graduação, UFRN

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a cultura da construção de corpo saudável
instituída na Escola de Aprendizes Marinheiros da Paraíba durante o início do século XX.
A cultura do corpo saudável dos aprendizes marinheiros, teve início ao menos na legislação
já em 1885, quando o regimento da época excluiu formalmente o menor com alguma
imperfeição no seu biotipo. O interesse estava na utilidade do corpo e para fabricá-lo foi
necessário adotar em seus programas de ensino as disciplinas de Higiene e Educação
Física identificadas na década de 1910 na escola de formação de marinheiros (Cf.:
SOARES JÚNIOR, 2019). Os médicos, ao que tudo indica, queriam unir a medicina com a
pedagogia e assim, difundir seus discursos sobre a prevenção de doenças e a importância
de exercícios físicos que contribuíram para a formação do corpo forte e saudável em suas
guarnições. Tornou-se um espaço de adestrar corpos. Nesse sentido, dialogamos com o
conceito de disciplina postulado por Michel Foucault (2014), que colabora para a reflexão
desses novos interesses sob o corpo. Tratando-se da Escola de Aprendizes Marinheiros
da Paraíba que treinava soldados para guerrear, assim como as demais corporações

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militares, para obter um "aparelho eficiente” ou uma "máquina”. Buscando entender esse
corpo saudável, que utilizamos como fontes históricas o Decreto n. 6.582, de 1° de agosto
de 1907 e o Decreto n. 11.479, de fevereiro de 1915 na tentativa de compreender os
critérios admissionais regidos por essa instituição, sobretudo, a harmonia de se ter "traços
physionomicos e geraes que constituem a belleza physica”. Metodologicamente, nos
apropriamos da análise do discurso de Michel Foucault (2014), no intuito de interpretar os
discursos de quem detinha poder sob a instituição e sob os menores. Concluimos que os
discursos higienistas contribuiu para validar a aptidão física dos aprendizes, como também
para orientar sobre as condições higiênicas dos prédios que a Escola da Paraíba habitou.

Palavras-chave: Escola de Aprendizes Marinheiros da Paraíba. Cultura do Corpo Perfeito.


Discursos higienistas.

FESTAS, DISCIPLINA E ESTRATÉGIA NA ESCOLA DE APRENDIZES


MARINHEIROS DA PARAÍBA NOS PRIMEIROS ANOS DO VIGÉSIMO SÉCULO

Luiz Felipe Soares de Lima - Graduado em História, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar as festividades promovidas pela Escola
de Aprendizes Marinheiros da Paraíba nos primeiros anos do século XX. Essa instituição
fez parte de um conjunto de unidades fundadas em meados do século XIX e encarregadas
de formar, elementar e profissionalmente, a infância dita pobre e marginalizada da
sociedade. No entanto, o desapreço com que as classes populares enxergavam a carreira
das armas dificultou o preenchimento de seus quadros, fazendo com que as escolas
procurassem zelar pelo bom nome junto à opinião pública através de instrumentos úteis a
esse interesse, a exemplo das festas. Pretendemos, desse modo, compreender as
intenções contidas nesses eventos, quando promovidas pela unidade paraibana, além de
perceber a forma como parte da imprensa local transmitiu tais ocasiões. Para tanto,
adotamos metodologicamente a análise do discurso, formulada por Michel Foucault (2014),
e o diálogo com os conceitos de disciplina, também de Michel Foucault (2018), e
estratégias, de Michel de Certeau (2008), como ferramentas, a fim de investigarmos as
fontes presentes nos Livros de Copiador de Ofício (1908-1912) e nas páginas do jornal O
Norte (1908-1909). Concluiu-se que os festejos ofertados pela Escola da Paraíba serviram
como estratégia de promoção dos serviços ali empreendidos, pois contavam com a
presença de figuras ilustres da burocracia estatal, de dentro e fora do estado, além de
iminente cobertura da imprensa, que fez circular elogios, discursos e informações sobre
tais solenidades.

Palavras-chave: Festas. Estratégia. Escola de Aprendizes Marinheiros.

“MODELAR SUA CONDUCTA PELAS REGRAS DE BOA EDUCAÇÃO CIVIL E


MILITAR”: AS ESCOLAS DE APRENDIZES MARINHEIROS NO PÓS-
REVOLTA DA CHIBATA

Laelson Vicente Francisco - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar como funcionaram as Escolas de
Aprendizes Marinheiro no início do século XX, em especial no pós-revolta da chibata,

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quando se fizeram necessárias diversas mudanças na estruturação de funcionamento das


escolas espalhadas pelo Brasil. Com a evolução de todo o maquinário naval bem como do
poder bélico a bordo das grandes embarcações, fizeram-se necessária uma espécie de
atualização no currículo das Escolas de Aprendizes, o que culminou com uma grande
divisão da instituição educativa naval brasileira em duas categorias: Escolas Primárias e
Escolas Modelos. Estas duas categorias de Escolas possuíam distintos objetivos,
entretanto dependentes uma da outra, sendo as Escolas Primárias, responsável pela
educação e pelo preparo do pessoal para cursar nas Escolas Modelo, enquanto a segunda
fora responsável pelo desenvolvimento e aprofundamento do ensino primário e os
elementos do ensino técnico-profissional. Sua função, sempre esteve atrelada ao processo
de docilização de corpos tornando-os obedientes, capacitados e prontos para o exercício
militar como marujos. A docilização dos corpos dentro das Escolas sempre esteve
influenciada por processos disciplinares. Entendemos por processos disciplinares, todo e
qualquer recurso utilizado com a intencionalidade de incutir nas mentes e corpos dos
aprendizes, regras e normas estabelecidas pela Marinha, que definiram o perfil profissional
desejado para compor a armada nacional. Para melhor compreensão, dialogamos com os
conceitos de disciplina postulados por Michel Foucault (2020), de cultura escolar proposto
por Dominique Julia (2010), além de trabalhos relevantes na área, como os escritos por
Rozenilda Castro (2013; 2017), Vera Regina Beltrão Marques e Silvia Pandini (2004),
dentre outros. As fontes históricas problematizadas são os Relatórios de Ministro da
Marinha, periódicos em circulação à época, e das Leis e Decretos emitidos pelo governo.

P alavras-chave: Escola de Aprendizes Marinheiro, disciplinarização de corpos, trabalho


profissional/militar

O ENSINO PROFISSIONAL NAS ESCOLAS DE APRENDIZES MARINHEIROS:


O LIVRO DO APRENDIZ MARINHEIRO (1889)

Shairany Arias Palombo Sonntag - Mestrado, UFRN

Resumo: O Livro do Aprendiz Marinheiro é datado de 1889, possuindo dois volumes,


sendo o primeiro dedicado às matérias do ensino elementar e o segundo dedicado aos
conteúdos do ensino profissional. Acreditamos que esse livro era usado pelos aprendizes
marinheiros entre 1889 até 1906. Pensamos isso por dois motivos, o primeiro porque o
conteúdo ali presente está de acordo com o Decreto n. 9371 de 14 de fevereiro de 1885
que vigorou até 1906. O segundo, porque achamos notícias nos jornais da época que foram
impressos 6.000 exemplares do referido material e no ano de 1906, conforme os jornais,
foi solicitada uma nova edição. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar O Livro do
Aprendiz Marinheiro Volume II, buscando compreender a forma como o ensino profissional
era proposto para os menores desvalidos que entravam na referida instituição. Além do
livro mencionado, encontramos algumas características referentes ao ensino profissional
através do decreto que regia as normas dessas instituições. Para construirmos, portanto,
essa história utilizamos como referencial teórico as considerações de Kazumi Munakata
(2016) acerca dos livros didáticos, principalmente no que se refere as suas definições.
Além disso, fez-se necessário uma discussão sobre o conceito de disciplina por André
Chervel (1990), visto que o referido livro traz consigo diversas disciplinas e conteúdo do
ensino profissional para os menores aprendizes marinheiros. Fez-se necessário as
discussões acerca da legislação escolar a partir de Luciano Mendes Faria Filho (1998), já
que o Livro do Aprendiz Marinheiro está de acordo com a legislação escolar dessa escola
vigente da época. Por estudarmos um material didático, fizemos uso do conceito de cultura
material, expressão provocada pela Nova História Cultural. No tocante a este ponto,
utilizamos principalmente as considerações de Rosa Fátima de Souza (2007). Essa autora

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acredita que a principal questão para quem se propõe em pesquisar a cultura material de
determinada instituição escolar, é saber o papel desempenhado por aquele objeto no
processo educacional. Assim, este trabalho é pautado no viés da História Cultural, em que
a temática das instituições escolares e aquilo que as cerca tanto possuem como também
são geradoras de cultura. Para isso, empregamos os escritos da historiadora Sandra
Pesavento (2019), por questionar-se sobre como trabalhar com os traços do passado.
Dessa forma, concluímos que o conteúdo presente no referido livro visava as técnicas e o
ofício de um Aprendiz de Marinheiro.

Palavras-chave: Livro do Aprendiz Marinheiro. Escola de Aprendizes Marinheiros. Ensino


Profissional. Livro didático.

POR UMA PEDAGOGIA DOS CORPOS HÍGIDOS: A INSERÇÃO DAS


DISCIPLINAS DE HIGIENE E EDUCAÇÃO FÍSICA NO RIO GRANDE DO
NORTE (1916)

Paulo Basílio de Alcântara - Mestrado, UFRN

Resumo: Nas três primeiras décadas do século XX, no estado do Rio Grande do Norte,
um extensivo programa de reforma estruturante dirigido aos setores político, social e
urbano foi associado à reforma de uma educação escolar uniformizada levada a efeito
pelos republicanos. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar o discurso de educação
da saúde na reforma do ensino 1916 através da implementação das matérias escolares de
higiene e de educação física nas escolas do estado do Rio Grande do Norte. Dialogamos
com as categorias de cultura educacional de Pinheiro (2009); de poder disciplinar de
Foucault (2012); e cultura física e medicalização escolar de Soares Júnior (2019).
Metodologicamente norteado pela análise do corpus documental que consiste em
legislação educacional, regimento interno de escolas primárias públicas, mensagens
governamentais e principalmente, a Lei Orgânica do Ensino de 1916 Em suma, a atribuição
de práticas higienistas e físicas normalizadoras eram a tentativa de se instaurar uma
pedagogia dos corpos hígidos nas escolas primárias públicas no estado do Rio Grande do
Norte nas primeiras décadas do século XX. de maneira que os estudantes desenvolvessem
aptidões físicas, já inerentes aos seus corpos, e que lhes possibilitasse render fisicamente
dentro e fora dos ambientes escolares. Contudo, percebe-se, que, a lei por si só não
comporta uma mudança de uma cultura inteira, mas proporciona uma normalização dos
ambientes escolares e não escolares.

Palavras-chave: Higiene. Poder disciplinar. Cultura física. Rio Grande do Norte.

A CONTRIBUIÇÃO DO JORNAL “NÓS, POR EXEMPLO” NA CIRCULAÇÃO


DE SABERES E PRÁTICAS PARA A DESCONSTRUÇÃO DO ESTIGMA
ASSOCIADO AOS CORPOS QUE VIVEM COM HIV/AIDS ADOLFO VEILLER
SOUZA HENRIQUES

Eulina Souto Dias - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Resumo: O normal, o natural, o legítimo e o aceitável de ser expresso e vivido na


sociedade, são construções históricas e sociais, e, por elas, perpassam o jogo das relações
de poder no qual foram construídas categorias, identidades e práticas que seriam

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consideradas legítimas. Muitos discursos autoritários e estigmatizantes foram produzidos


no contexto de surgimento da epidemia de HIV/aids no Brasil, contudo, no início da década
de noventa, do século vinte, surgiu um jornal que rompeu com aquele cenário de
preconceito e produziu uma política de esclarecimento acerca do HIV e da aids. Assim, o
objetivo deste trabalho é analisar como esse periódico - em que a aids foi tratada de
maneira livre, sem o cunho moralista e conservador de grande parte dos jornais da época
- fez circular práticas educativas sobre o HIV/aids que romperam com o modelo autoritário
e heteronormativo exercendo, dessa forma, resistências ao colonialismo e toda sua
herança. Para tanto, será utilizado como fonte alguns exemplares do periódico "Nós, Por
Exemplo” e o recurso metodológico adotado é o de análise do discurso, a partir de Michel
Foucault (2014), que nos permitiu concluir que esse periódico contribuiu para a circulação
de práticas e saberes que buscavam desconstruir o preconceito e o estigma acerca dos
corpos que viviam com HIV/aids no início dos anos noventa.

Palavras-chave: Corpos. Aids. Resistências.

ST 05. História Indígena e do Indigenismo

Éder da Silva Novak (UFGD) e Thiago Cavalcante (UFGD)

Resumo: O simpósio temático congregará trabalhos que se situem nos campos da História
Indígena e História do Indigenismo, que tematizam ações e representações de grupos
indígenas e de instituições indigenistas, concernentes às relações interétnicas, às lutas
pelos territórios, ao patrimônio simbólico/cultural, ao ensino escolar (em escolas indígenas
e não indígenas) e às transformações socioculturais inerentes ao processo histórico. A
História Indígena tem se desenvolvido enquanto saber historiográfico no Brasil desde o
final dos anos de 1980. Os trabalhos abordam a história com enfoque especial no olhar do
indígena, nesse sentido, o protagonismo do indígena enquanto agente histórico é elemento
fundamental, contribuindo para reformular ideias e pensamentos sobre os conhecimentos
e presença da grande diversidade étnica, cultural e linguística desses povos, bem como
para desconstruir estereótipos e preconceitos que perduram após 500 anos de contato.
Junto à História Indígena caminham os estudos sobre a História do Indigenismo, ou seja,
a análise das relações e políticas desenvolvidas pela sociedade não indígena com alvo nos
povos indígenas. Nesse bojo estão as políticas públicas, tais como: saúde, educação,
previdência social, ações afirmativas, demarcação de terras, entre outras, e iniciativas de
organizações não governamentais. O ensino de História Indígena para não indígenas é
outro aspecto relevante enquanto política de ação afirmativa que tem suscitado diversas
iniciativas de pesquisa e extensão que poderão ser discutidas nesse simpósio. Os campos
são vastos e complexos, isso faz como que a interdisciplinaridade e a diversidade de
metodologias sejam exigências, mais do que opções. O simpósio tem como objetivo
principal o debate entorno da produção historiográfica que tenha os povos indígenas como
elemento agregador.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

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História do povo indígena Xokleng/Laklãnõ - séculos XVIII e XIX

Carlos Eduardo Bartel - Doutorado, Instituto Federal Catarinense - IFC

Resumo: A história do povo indígena Xokleng/Laklãnõ desde o contato pacífico com


agentes do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais
(SPI-LTN), ocorrido nas terras da Colônia Hamônia, no Vale do Itajaí/SC, em setembro de
1914, é bastante conhecida. Inúmeras abordagens e estudos, contemplando aspectos
diversos desse povo indígena já foram desenvolvidos, porém, poucas são as produções
que se dedicaram a investigar e escrever a história dos “Botocudos” em Santa Catarina
antes do século XX. Analisar a história que precedeu o contato de 1914 é o principal
objetivo da comunicação. Para reconstruir essa história, reunimos fragmentos localizados
em diferentes documentos e obras, que analisaram a trajetória dos Xokleng/Laklãnõ nos
séculos XVIII e XIX. Perceber as estratégias de sobrevivência, frente aos colonizadores, e
como esse grupo ocupava, de diferentes formas, os territórios que hoje formam a região
sul do Brasil é fundamental para compreensão da história indígena, para a própria história
do Brasil e para a história do tempo presente.

Palavras-chave: Santa Catarina - Séculos XVIII e XIX - Xokleng/Laklãnõ.

Ernesto Geisel entre os Terena na aldeia Bananal e a política indigenista de


seu governo

Victor Ferri Mauro - Doutorado, UFMS

Resumo: Respaldado por informações obtidas através de fontes jornalísticas, publicações


acadêmicas e documentos oficiais, este artigo examina o contexto em que se deu a visita
do Presidente da República, o general Ernesto Geisel, à aldeia Bananal, município de
Aquidauana, em abril de 1977, e analisa os propósitos centrais do governo federal à época
voltados ao povo indígena Terena. As questões principais enfocadas aqui dizem respeito
aos planos de emancipar o referido grupo étnico da tutela estatal e aos projetos agrícolas
que a FUNAI implantou nas aldeias a partir de então com vistas a desenvolver a lavoura
comercial e, assim, acelerar o processo de integração dos Terena à economia regional. A
receptividade dos nativos à presença do mandatário político da nação e às propostas
colocadas em pauta por seu governo é escrutinada levando em conta declarações
proferidas por lideranças desse povo e publicadas pelos jornais da época. Os discursos
propalados por autoridades públicas sobre os Terena e sobre a emancipação da tutela e
as expectativas depositadas por elas nos Projetos de Desenvolvimento Comunitário
aplicados nas áreas ocupadas pelos povos originários considerados “mais integrados”
também foram tratados por nós com especial atenção. O Estado brasileiro, ao tratar os
Terena como sujeitos subalternos - inibindo o protagonismo deles na tomada de decisões
que os afetavam, desconsiderando alguns de seus padrões e práticas econômicas
tradicionais e tentando suprimir abruptamente a assistência a eles prestada - exerceu
sobre eles aquilo que Pablo González-Casanova conceitua como “colonialismo interno” e
o que Anibal Quijano chama de “colonialidade do poder” . Entretanto, a comunidade
indígena, ativando a sua capacidade de agência e organização, pôs em curso estratégias
de resistência e negociação, impulsionando a luta por assistência diferenciada e por
direitos territoriais específicos.

Palavras-chave: Terena, Ernesto Geisel, Política indigenista, Tutela, Emancipação.

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A TRAJETÓRIA DO POVO OFAIÉ: FORMAS ATUAIS DE PRODUÇÃO DO


COLETIVO E DA TERRITORIALIDADE

Simoni Santos Siqueira - Doutorado, UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE


DOURADOS

Resumo: A presente pesquisa aborda a trajetória histórica da etnia Ofaié, localizada na


Terra Indígena Anodhi, município de Brasilândia, Estado de Mato Grosso do Sul. Muitos
caminhos foram percorridos pelos Ofaié ao longo dos anos, através dos rios Samambaia,
Três Barras, Serra da Bodoquena, Rio Paraná e Sucuriú. Na década de 1950, por ocasião
de sua expulsão da fazenda Boa Esperança, localizada em Brasilândia, aproximadamente
200 índios passaram a ocupar as margens úmidas do Rio Verde, ainda no tempo do
Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Entretanto, ocorreram muitas disputas territoriais, além
da mobilidade forçada, inquietação e ameaças sobrenaturais, até o processo de
territorialização do povo Ofaié. Insatisfeitos com a área, retornaram a Brasilândia buscando
fixar-se nas terras onde estavam sepultados seus parentes. Praticamente considerados
extintos, perseguidos e ameaçados pelos fazendeiros, na década de 60 já não passavam
de poucas dezenas segundo Darcy Ribeiro (1977). A situação de conflito que envolveu o
povo Ofaié sempre esteve muito presente, só foi minimizada em 1997 quando a
Companhia Energética de São Paulo (CESP) comprou uma área e destinou aos Ofaié com
484 hectares. A forte marca da "extinção étnica” pode ser um dos fatores que levou essa
etnia a ser tão pouco estudada por pesquisadores nos dias atuais, partindo do pressuposto
que no passado a região percorrida pelos Ofaié foi uma das mais visitadas por viajantes e
exploradores. Diante dessas considerações, esta proposta de projeto tem entre seus
objetivos dar continuidade ao trabalho de campo já realizado na aldeia Ofaié, aprofundando
o mesmo na compreensão do processo de expropriação do território, nas remoções
forçadas que os mesmos sofreram que resultou na aliança com os Guarani, que atualmente
influencia na sua organização social e produção do coletivo, e da territorialidade.

Palavras-chave: Desterritorialzação; Ofaié; Guarani; Organização social; Territorialidade.

A construção da identidade Kinikinau na Missão de Nossa Senhora da


Misericórdia

João Filipe Domingues Brasil - Doutorado, SED/MS

Resumo: A Missão de Nossa Senhora da Misericórdia configurou-se como uma das


primeiras ações oficiais da capitania de Mato Grosso para controlar e reduzir grupos
indígenas Chané-Guaná advindos do Chaco e que passaram a se instalar na região do
Pantanal em finais do século XVIII. Entre esses grupos estavam os Kinikinau, etnia que
habita hoje o Mato Grosso do Sul e que realizou seus processos de etnificação e
etnogênese com base nas redes de relações estabelecidas com os demais atores sociais
a partir da referida Missão. Partindo da análise dos escritos do frei capuchinho José Maria
de Macerata, o presente trabalho aborda a construção da identidade Kinikinau em Nossa
Senhora da Misericórdia, no Pantanal Mato-grossense oitocentista. Tal perspectiva de
estudo contribui para a compreensão holística dos Kinikinau enquanto grupo protagonista
e reivindicador de diversas pautas sociopolíticas, como o direito de existir e possuir seus
territórios originais.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: Etnificação e Etnogênese; Kinikinau; Missão; Pantanal; Redes de


Relações.

Protagonismo indígena na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu: imagens,


tensionamentos e narrativas nas Coleções Didáticas de História (Ensino
Fundamental II /PNLD 2017 e 2020)

Raquel Torres de Souza - Graduação, UFMS

Resumo: O trabalho tem como base analisar os livros didáticos de história destinado ao
8° ano do ensino fundamental II do Plano Nacional do Livro Didático 2017/2020 com
objetivo de averiguar a participação Indígena no contexto da Guerra do Paraguai .Partindo
da hipóteses de que há um silenciamento da inclusão desses protagonista nos livros
didáticos, o projeto desenvolvido procurou realizar através de levantamentos de autores/as
e leituras associado tais pontos relacionado ao mesmo, pautando os livros didáticos como
fonte de pesquisa responsável pelo processo de ensino e aprendizagens, utilizado com
método de análises das coleções empregadas como também uma contextualização da
Guerra do Paraguai (1864-1870) no âmbito das abordagens das correntes historiográficas.
Em vista destes a seguinte investigação em ocorrência pretende entender fatores que
possivelmente contribui para o apagamento dos Indígenas na Guerra e de pensar em que
maneira poderemos contribuir para solucionar essa questão.

Palavras-chave: Guerra do Paraguai, Livros Didáticos, indígenas

Avaliação e sugestões para o ensino de história e cultura indígena no


município de Grão-Pará/SC

Tatiane Soethe Szlachta - Graduação, Prefeitura Municipal de Grão-Pará

Resumo: A história indígena no Brasil é marcada por diversas formas de violência e sua
resistência a ela. Considerando tal trajetória e as lutas dos povos indígenas, que ganharam
força no período de redemocratização do Brasil, a Constituição de 1988 e as posteriores
políticas públicas trazem em seu texto a preocupação com a reparação histórica e o
reconhecimento de direitos que durante muito tempo lhes foram negados. No campo da
educação, o destaque é a Lei no 11.645/2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de
história e cultura indígena em todas as etapas da educação básica nas redes de ensino
público e privado. Esta lei consiste em uma medida valorativa voltada ao combate do
preconceito e quebra de estereótipos que ainda persistem. No entanto, apesar das
garantias previstas por lei, muitas vezes o assunto não é abordado ou trabalhado
adequadamente nas instituições de ensino. A presente pesquisa, toma como exemplo o
caso do município de Grão-Pará/SC, ocupado, em período anterior à colonização europeia,
por povos indígenas caçadores coletores e ceramistas Jês Meridionais. Em fins do século
XIX, quando seu território é ocupado por não-indígenas, ocorre o genocídio dos indígenas
Laklãnõ/Xokleng que viviam na região através da atuação dos bugreiros. Tal passado,
alerta para a necessidade de um ensino que leve os atuais moradores a (re)conhecer a
história indígena do município e a assumir seu papel no combate as violências resultantes
deste processo histórico. Por este motivo, propomos avaliar como a história e cultura
indígena são trabalhadas na rede de educação do município, oferecendo um diagnóstico
e apontando sugestões que contribuam com a efetivação da Lei no 11.645/2008.

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: Ensino de história e cultura indígena, Lei 11.645/2008, Grão-Pará/SC

A INTERCULTURALIDADE CRÍTICA COMO CAMINHO POSSÍVEL PARA O


ENSINO DAS HISTÓRIAS E DAS CULTURAS INDÍGENAS NAS ESCOLAS

Joselaine Dias de Lima Silva - Mestrado, UFGD

Resumo: Este trabalho entrecruza com a pesquisa que vem sendo realizada no curso de
doutorado na abordagem do ensino das Histórias e Culturas Indígenas no contexto das
salas de aulas. O objetivo remete a necessidade de refletirmos e descortinarmos as
questões que acontecem também fora dos espaços escolares. Questões relacionadas a
violência, a omissão e a descriminação ocorrente com os povos indígenas no estado do
Mato Grosso do Sul. O ensino das Histórias e das Culturas Indígenas requer o debate da
interculturalidade crítica. Não basta apenas respeitar as diferenças, mas promover espaços
e modos de interagir com elas, a partir do local. A escola constitui-se em espaço a visibilizar
e dialogar com os conhecimentos plurais, no entanto o que tem sido proposto nos currículos
vigentes, em relação à inclusão, toma por base uma interculturalidade relacional e
funcional, no sentido de apenas abrir frestas, com informações mínimas, simplórias,
resumidas, sem produzir questionamentos e reflexões. Como explica Tubino (2004), as
escolas tem constituído o discurso do reconhecimento das diferenças, entretanto não
considera as injustiças cognitivas, desigualdades econômicas, relações de poder e o
processo de subalternização. É importante que as escolas se abram para a implementação
das políticas afirmativas, visando promover uma mudança na educação, e assim,
considerar os processos de relação, tanto simétrica quanto assimétricas, que visibilizam
ou invisibilizam, estigmatizam ou discriminam uns e outros. Esse processo envolve a
mobilização na prática e deve iniciar-se com a formação dos docentes para lidarem com
conteúdos e metodologias pertinentes a uma nova construção de olhares que permitam
acolher a outros sujeitos, culturas e histórias.

Palavras-chave: ensino; histórias e culturas indígenas; interculturalidade crítica.

A INCORPORAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NOS PROJETOS POLÍTICOS


NACIONAIS DA ARGENTINA E DA COLÔMBIA (1860-1890): UMA ANÁLISE
DOS DISCURSOS À LUZ DA HISTÓRIA COMPARADA
Giovana Eloá Mantovani Mulza - Mestrado, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Resumo: O presente trabalho tem como intuito apresentar nossa pesquisa em


desenvolvimento no Doutorado em História Política, a qual se propõe a analisar a história
da América Latina sob a metodologia da História Comparada enunciada por Charles Tilly
(1991) e José D’Assunção Barros (2007). O objetivo do estudo consiste em abordar as
propostas políticas de inserção dos povos indígenas nos Estados Nacionais da Argentina
e da Colômbia, analisando os discursos veiculados em livros e revistas publicados por
autores argentinos e colombianos entre 1860 e 1890. Dentre as fontes inicialmente
selecionadas, podemos enumerar a Actualidad financiera de la Republica Argentina (1875)
do coronel Álvaro Barros para o estudo do caso argentino e Ensayo sobre las revoluciones
políticas (1861) de José María Samper para a análise comparada do caso colombiano. A
hipótese que será investigada durante a pesquisa considera que o estudo comparado nos
possibilitará observar discursos superficialmente diferentes por parte de ambos os países:

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

enquanto os autores argentinos sustentarão uma política de extermínio e assimilação


forçada dos povos indígenas, os estudiosos da Colômbia defenderão uma assimilação
branda e voluntária conduzida pelas missões e pela senda civilizatória. À priori, nossa tese
conjectura que, apesar das diferenciações nos discursos e nos métodos de incorporação
indígena, os países analisados compartilharam uma ideia de branqueamento que estava
em consonância com um projeto civilizatório europeizante comum às nações hispano-
americanas do século XIX que se orientava para a homogeneização da sociedade.

Palavras-chave: História Indígena; História Comparada; História da América Latina.

EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA E PRÁTICAS RELATIVAS AO CONHECIMENTO


HISTÓRICO EM GRUPOS INDÍGENAS EM SITUAÇÃO COLONIALIDADE.

Protasio Paulo Langer - UFGD

Resumo: A máxima de Varnhagen (1854) de que para os indígenas, por estarem na


infância dos tempos (pois tempo tem um sentido teleológico), não havia História, apenas
etnografia, vem sendo duramente criticada desde a década de 1980. São inúmeros os
trabalhos acadêmicos que, antes ou durante a exposição do seu tema, rechaçam o axioma
de Varnhagen para afirmar a premissa de Sahlins (2003, p.11), que diz: "Culturas
diferentes, historicidades diferentes”; isto é, que: "[...] ordens culturais diversas tenham
modos próprios de produção histórica” . O rechaço de Varnhagen e a concordância com
Sahlins constitui um referencial epistemológico da História Indígena enquanto campo
acadêmico.
Partindo de fontes produzidas por missionários e por indígenas a presente comunicação
destaca a produção de discursos e o manuseio de artifícios mnemônicos, tangentes ao
campo da história, por grupos indígenas em contexto de tensos enfrentamentos com
agentes e exércitos coloniais. Em 1614 um missionário francês, Claude d’Abbeville,
transcreveu o discurso de um ancião potiguar que se encontrava no Maranhão porque
havia fugido da colonização dos portugueses [peró] de Pernambuco. Em 1753 caciques e
lideranças indígenas dos Sete Povos das Missões Orientais redigiram um conjunto de
cartas ao governador de Buenos Aires contestando as determinações do Tratado de
Madrid (1750) pelas adversas implicações que o Tratado impunha aos Pueblos. Como os
discursos indígenas entrelaçaram temporalidades (passado presente e futuro) em suas
argumentações? Como a evocação da memória concorreu para a construção da
resistência indígena às pressões dos conquistadores/colonizadores? Que categorias e
práticas discursivas, próprias do contexto histórico/cultural indígena, foram manifestadas
nessas fontes? Com esses questionamentos procuramos, por um lado, corroborar as
premissas da História Indígena e, por outro, observar elementos comuns entre o campo
histórico (enquanto conhecimento acadêmico) e os discursos indígenas expressos nas
sobreditas fontes.

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

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A violência obstétrica contra as mulheres Kaiowá e Guarani da cidade de


Dourados - Mato Grosso do Sul.

Milena Soares do Nascimento - Graduação, UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE


DOURADOS

Resumo: Este projeto tem por objetivo compreender a violência obstétrica das mulheres
indígenas no sistema único de saúde (SUS) em Dourados, Mato Grosso do Sul. A minha
vivência enquanto mulher e feminista me impele a reflexões acerca da maternidade e do
parto, reconhecendo que as mulheres indígenas, fundamentalmente as Guarani e Kaiowá,
sofrem diferentes tipos de opressões. Observa-se que o Brasil é um dos países que mais
realizam cesarianas e o que mais priva a autonomia de escolha do parto das mulheres, e
esse problema acaba se aprofundando com as mulheres indígenas Guarani e Kaiowá. Dito
isso, busco compreender no âmbito das relações étnico-raciais os fundamentos, causas e
consequências da violência obstétrica sofrida por mulheres indígenas. O objetivo é
valorizar a subjetividade, as expressões da memória, o protagonismo dos povos indígenas
e a valorização de seus saberes. Ao falar em gestação, para as mulheres brancas, o senso
coletivo e a construção social e histórica mostram que a mulher em sua condição feminina
só conseguirá ser completa quando se tornar mãe. Quando falamos em mulheres
indígenas, observamos um quadro diferente. A mulher indígena além de sofrer violências
e preconceitos diários, é impossibilitada de gozar plenamente da maternidade, do processo
de gestação e especificamente o parto.

Palavras-chave: Mulheres Guarani e Kaiowá, Violência obstétrica e História Oral.

As diferentes violências sofridas pela comunidade Kurupi de Santiago Kue


entre 2020-2022

Junia Fior Santos - Mestrado, UFGD

Resumo: A historiografia brasileira nos mostra que as relações entre os povos indígenas
e não indígenas, foram, em sua maioria, marcadas pelas desigualdades, manifestadas
através de ações colonialistas. Assim como todo solo brasileiro, o estado de Mato Grosso
do Sul vivenciou e ainda vivência inúmeros casos de violência contra os povos indígenas.
Uma das comunidades que sofre com as violências que partem do estado e da sociedade
não indígena é Kurupi de Santiago Kue, que há mais de duas décadas aguarda pela
demarcação. Situado na área rural do município de Naviraí, a comunidade que se encontra
acampada em uma pequena faixa territorial luta todos os dias contra a morosidade do
estado em efetivar os seus direitos e contra as consequências desse desrespeito, que por
sua vez, reflete em iniciativas inconstitucionais que objetivam reforçar a negação a
demarcação de terras indígenas. Outrossim, tal medida reforça o clima de tensão entre a
comunidade e os pretensos proprietários rurais, que legitimam sua posição de poder em
uma relação desigual. Assim sendo, pretendemos analisar alguns fatos que ajudam a
compreender as diferentes formas de violência cometidas contra a comunidade Kurupi de
Santiago Kue e como a comunidade tem atuado diante dos novos conflitos. Reconhecendo
a abrangência desses fatos, nos atentaremos aos últimos acontecimentos que marcaram
o acirramento do clima de tensão na área reivindicada entre os anos de 2020 e 2022. No
presente trabalho, buscaremos percorrer a dimensão sócio-histórica, tendo como diretriz
norteadora o fator da violência como eixo de análise. Para tanto, serão realizadas
entrevistas com moradores do acampamento, pesquisa bibliográfica referente ao conflito
fundiário em Mato Grosso do Sul e análise das manifestações realizadas por organizações

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

não governamentais que forneçam informações sobre o contexto observado. Com base no
prévio levantamento de dados, ressaltamos a importância de abordar as situações de risco
que a comunidade Kurupi de Santiago Kue tem enfrentado para permanecerem na área
reivindicada e avançarem na reivindicação de seus direitos. A vida no front tem sido mais
difícil nos últimos anos, isso porque, a comunidade, cansada da negação de sua existência
(seus direitos), tem empreendido novas estratégias para exigir que seu território seja
demarcado.

Palavras-chave: Kurupi; Violência; Resistência.

INSURGÊNCIAS E ENFRENTAMENTOS ÀS VIOLÊNCIAS PELAS MULHERES


GUARANI E KAIOWÁ: DEBATES SOBRE RE(EXISTÊNCIAS) E POLÍTICAS DE
GÊNERO

Claudia Regina Nichnig - Doutorado, Universidade FEderal da Grande Dourados, UFGD

Resumo: A participação de mulheres indígenas Guarani e Kaiowá em espaços políticos,


tais como, a Grande Assembleia das Mulheres Indígenas- Kunangue Aty Guasu serão o
foco deste trabalho que discute este espaço coletivo, em que alé de agendas de
importância para as pessoas indígenas, são problematizadas as agendas específicas das
mulheres, especialmente as violências de gênero. Estou pensando este espaço territorial
como um espaço de resistência que proporciona a re(existência), mas também de escuta
para as outras pessoas. Além de formador de lideranças, que se desdobra em muitas
outras atividades do grupo social, é um espaço de formador de subjetividades que será
analisado a partir de uma perspectiva da História do tempo presente, dos Estudos de
Gênero, Feminsitas e Decoloniais. As mulheres marcadas pela sua etnia questionam a
negação de direitos e a sua não aplicabilidade, especialmente em relação as legislações
específicas de enfrentamento as violências acometidas contra as mulheres, como a Lei
Maria da Penha.

Palavras-chave: Mulheres Guarani e Kaiowá, Violências, Re(existências).

Trabalho Indígena nos séculos XIX e XX: Trabalho não-livre, Trabalho


Compulsório ou Trabalho escravo

Marco Antonio Delfino de Almeida - Mestrado, UFGD

Resumo: O tema da escravidão indígena, supostamente erradicada no século XVIII


permanece por intermédio do artifício das guerras justas. É o que examinamos pela
transcrição da Carta Régia de 5 de novembro a quais estabeleceram a possibilidade de
efetuação de guerra "justa” contra os indígenas "Botocudos” localizados na região do atual
Paraná.Importante salientar entre índios mansos e bravos era meramente retórica. Como
apresentado, as denominadas "guerras justas” se tornaram mera justificativa para a
servidão por 10 ou 15 anos junto a seus captores. Os denominados índios mansos que,
supostamente, não teriam oferecido resistência armada não gozavam de melhor sorte
conforme exposto na Carta Régia de 2 de dezembro de 1808. Verifica-se claramente que
não havia diferença significativa entre o destino do índio manso e do bravo, bem como em
relação ao escravo, uma vez que aquele que empregasse o indígena "civilizado” teria que
arcar com uma indenização em relação ao fazendeiro "benfeitor”. Logo, é possível que o

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

indígena era uma espécie de "Escravo da Nação” , uma espécie de "bem público” cuja
utilização pelos particulares era regulamentada pelo Estado. A suposta revogação da
servidão imposta pelas guerras justas pela edição do Decreto de 27 de outubro de 1831,
acarretou apenas a alteração da forma pela qual a servidão seria realizada. A referida
legislação deve ser lida em conjunto com o "Regulamento ácerca das Missões de
catechese, e civilisação dos Índios (Decreto n° 426 de 24 de julho de 1845), especialmente
o parágrafo 28 do art.1° que assim estabelecia: "Art. 1° Haverá em todas as Provincias um
Director Geral de Indios, que será de nomeação do Imperador. Compete-lhe: (...) § 28.
Exercer toda a vigilancia em que não sejão os Indios constrangidos a servir a particulares;
e inquerir se são pagos de seus jornaes, quando chamados para o serviço da Aldêa, ou
qualquer serviço publico; e em geral que sejão religiosamente cumpridos de ambas as
partes os contractos, que com elles se fizerem”(BRASIL, 1845). Extingue-se a servidão de
direito, mas a de fato permanece, com a cessão de indígenas, para prestação de serviços
a particulares, por intermédio do exercício da tutela orfanológica do Juízes de Órfãos ou
por intermédio dos Diretores-Gerais de Índios das províncias do Império. Com os mesmo
efeitos pode ser igualmente citada a Lei n° 2, de 25 de abril de 1838, que estabeleceu na
província do Pará " (...)o Corpo de Trabalhadores, uma forma de recrutamento de mão-de-
obra coercitivo, que dava ao Estado o direito de fazer a distribuição de mão-de-obra de
acordo com seus interesses para obras públicas e serviços de particulares. No entanto, é
importante examinar, à luz da história dos conceitos, as necessárias diferenciações entre
trabalho não-livre, trabalho compulsório e trabalho escravo (o melhor exemplo da evolução
de um conceito e da sua necessária contextualização histórica).

Palavras-chave: Povos Indígenas, Trabalho, Trabalho Escravo,

A importância do Centro Histórico Tapuias Paiacu e do Museu Luíza Cantofa


como estratégia e fortalecimento da etnicidade dos índios do município de
Apodi/RN.

KAMYLA RAPHAELY MACEDO MONTEIRO - Doutorado, UFGD

Resumo: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre a importancia do Centro
Histórico- Cultural Tapuias Paiacus e do Museo indígena da cidade de Apodi, o Museo
Luíza Cantofa no estado do Rio Grande do Norte, e será utilizando-se de algumas das
teorias estudadas na disciplina de Imaginánios e Cultura material, do Programa de Pós
Graduação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que daremos suporte
a este estudo. Pensaremos como a construção desses centros Históricos e museus foram
importantes para o fortalecimento da História e das memórias dos povos Tapuias Paiacu,
e consequentemente, contribuíram para o ingresso destes, junto aos demais grupos
etnicos emergentes Potiguar, contribuindo desta forma, para o fortalecendo do Movimento
Social Indígena no estado do Rio Grande do Norte. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica dos textos utilizados na disciplina do PPGH da UFGD de Imáginários e Cultura
material, bem como dissertações, artigos, além da metodologia da História oral.
Utilizaremos como fontes: jornais, vídeos, entrevista e sites relacionadas ao tema. Tal
trabalho justifica-se, uma vez que é de suma importancia pesquisas como estas, para dar
novas reinterpretações as fontes e uma maior visibilidade a esses povos que por muitos
anos foram deixados a margem ou ditos como desaparecidos pela historiografia clássica
oficial do estado.

Palavras-chave: Museu Luíza Cantofa; Estratégias; Tapuias Paiacu; Apodi/RN.

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PERMANÊNCIA DOS ESTUDANTES INDÍGENAS NOS CURSOS DE ENSINO


MÉDIO INTEGRADO DO IFMS/ CAMPUS AQUIDAUANA

Janete Andrade de Lima - Mestrado, UFMS

Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender e demonstrar a permanência


dos/das estudantes indígenas nos cursos de ensino médio integrado do Instituto Federal
de Educação, Ciências e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS) - Campus Aquidauana.
Com a implantação do IFMS/ AQ, as formas de acesso à educação profissional para
comunidade desta região foram significativas, sendo Aquidauana uma região constituída
por diversas comunidades indígenas, a instituição tem recebido estudantes destas
comunidades. Considerando que o acesso à educação tem sido garantido aos/às
estudantes indígenas é de fundamental importância compreender os contextos vivenciados
pelos estudantes indígenas para a sua permanência e formação na instituição. Entende-
se que é preciso uma proposta diferenciada que quebre com os paradigmas da escola
pública regular para que de fato ocorra uma formação integral e inclusiva, sendo esta
proposta condizente com os interesses dos/das estudantes indígenas, levando em
consideração sua cultura e seu espaço serão aplicados questionários semiestruturados e
entrevistas para os/as estudantes indígenas no intuito de levantar as experiências como
estudantes do IFMS. Desta forma a pesquisa que se encontra em andamento se propõe a
realizar levantamento junto aos/às estudantes indígenas quanto aos contextos vivenciados
por eles em seu processo de formação nos Cursos de Ensino Médio Integrado do Instituto
Federal de Mato Grosso do Sul.

Palavras-chave: Permanência; Ensino Médio Integrado; Estudante Indígena.

USINA HIDRELÉTRICA DE BALBINA (AM) - O DESCASO COM A CIÊNCIA E


OS IMPACTOS NAS COMUNIDADES INDÍGENAS E RIBEIRINHAS AFETADAS
POR SUA CONSTRUÇÃO

Alex Rodrigues Machado- Graduando, UFMS

Resumo: Este ensaio tem como ponto de partida abordar o tratamento que vem sendo
dado aos povos indígenas desde a colonização em relação ao modo como estes povos se
relacionam com a terra e como os não indígenas interferem nessa relação. Darei maior
ênfase no período da ditadura empresarial militar brasileira (1964-1985), contexto em que
houve uma expansão capitalista na região amazônica com a construção de grandes obras,
especificamente da Usina Hidrelétrica de Balbina (AM). De caráter repressor, o regime
militar produziu documentação que, ao ser consultada, revelou desprezo às críticas
(embasadas cientificamente) pelos impactos causados antes, durante e depois da
construção da referida usina. Diante disso, farei alguns contrapontos em documentação
encontrada no fundo do Serviço Nacional de Informações (SNI) referente ao ano de 1988,
com o que se revelou após o aparecimento dos primeiros efeitos da construção de Balbina,
impactando, no tempo presente, a vida das comunidades indígenas - como os povos
Waimiri-Atroari - e as comunidades ribeirinhas das regiões alagadas pelas águas do rio
Uatumã.

Palavras-chave: Hidrelétrica; Balbina; barragens; povos indígenas; ditadura militar.

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Marco temporal e renitente esbulho: a anti-historicidade da jurisprudência


do STF e a negação dos direitos territoriais indígenas

Thiago Leandro Vieira Cavalcante - Doutorado, UFGD

Resumo: Este trabalho faz uma análise histórica da tese do "marco temporal de ocupação”
aplicada pelo Supremo Tribunal Federal - STF a partir do julgamento do caso da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol ocorrido no ano de 2009, segundo a qual a Constituição de
1988, em regra, só protege as terras indígenas efetivamente ocupadas pelos indígenas na
data de sua promulgação. Entretanto, o acórdão do julgamento estabeleceu exceção para
os casos em que se verifique a existência de "renitente esbulho” . Apesar disso, na prática,
o entendimento sobre o que se entende por "renitente esbulho” em julgamentos posteriores
da Segunda T urma do STF tem se mostrado anti-histórico ao ignorar a história das relações
coloniais presentes no interior do país onde os povos indígenas tiveram suas terras
usurpadas no passado. A análise desenvolvida concluí que a tese do marco temporal é
anti-histórica por ignorar os fundamentos jurídicos e históricos aplicados na construção do
art. 231 da Constituição Federal de 1988, de forma semelhante, o entendimento sobre o
que configura renitente esbulho é anti-histórico, pois ignora sua impossibilidade diante das
circunstancias históricas vivenciadas pelos povos indígenas no Brasil durante o período
pré-Constituição de 1988.

Palavras-chave: Marco Temporal; STF; Anti-historicidade.

SOB OS “TIPOS” E FORMAS: representações indígenas a partir das


publicações do Jornal do Commercio (RJ) - (1840-1855)

Túlio Botelho Moreira de Castro - Graduação, Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo: Entendendo a necessidade de expansão das pesquisas que abordem os povos


indígenas no Brasil do século XIX, assim como as representações a eles impostas, é que
este trabalho se propõe. A presente pesquisa tem como objetivo analisar a presença dos
indígenas em um periódico oitocentista, sediado na corte do Império Brasileiro. Esta
comunicação se deterá as narrativas apresentadas pelo Jornal do Commercio (RJ), no
recorte temporal de 1840 a 1855, o que possibilitará uma análise qualitativa acerca das
representações a respeito dos povos nativos. Marcados sob os "tipos” de marginais,
criminosos, e até mesmo como sujeitos passíveis a correções criminais e sociais, o índio
fora representado a partir da perspectiva a qual o Estado queria que fossem vistos.
Considerando as narrativas marginalizantes impostas pelo prelo do Jornal do Commercio,
é que este trabalho pretende entender as possíveis relações existentes entre o que fora
apresentado no Jornal com os discursos produzidos pela Revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (RIHGB) entre 1839 a 1843, uma vez que em certa medida a Revista
do IHGB também acabava por tipificar os indígenas em seus discursos. Destarte, será
necessário destacar dois pontos importantes para a pesquisa; o primeiro relaciona-se as
narrativas da Revista do Instituto sobre os indígenas, uma vez que fora comum encontrar
publicações que tipificassem os nativos enquanto bárbaros, incivilizados, rebeldes, e até
mesmo como o motivo causador de atraso civilizacional do Império, assim, necessitando
que a eles fossem aplicadas práticas de "domesticação social” . Já o segundo ponto, diz
respeito as formas como os índios foram representados nas publicações do Commercio,
em quase sempre apareciam em noticiários policiais, sendo descritos como marginais e
violentos, figurando em narrativas de prisões, ações contra a ordem pública e assassinatos.
Assim, este trabalho apontará como as narrativas produzidas pela RIHGB e pelo Jornal do

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Commercio se correlacionavam, tal como possibilitaram a cristalização de um imaginário


de marginalidade sob os povos indígenas, na sociedade do oitocentos.

Palavras-chave: Representação indígena; Jornal do Commercio (RJ); IHGB; Selvagens;


Imprensa.

Da malária à COVID-19: uma breve análise sobre o papel das doenças no


genocídio contra os povos indígenas na ditadura militar e na gestão de Jair
Bolsonaro

Rayane Barreto de Araújo - Mestrado, Prefeitura Municipal de Araruama/ RJ

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo discutir o papel das doenças como um
instrumento utilizado no genocídio contra os povos indígenas durante a ditadura militar
(1964-1985) e no atual governo do presidente Jair Bolsonaro, mais especificamente no
primeiro ano de pandemia, em 2020. Entendemos o genocídio como uma prática social
(FEIERSTEIN, 2008) e como uma categoria sócio-histórica, para além de jurídica. Sendo
assim, assumimos a tarefa de analisar como ações e omissões do Estado, no primeiro ano
da pandemia de COVID-19 e diante de surtos, endemias e epidemias entre os povos
indígenas durante a ditadura militar, alimentaram o genocídio indígena no Brasil. Além
disso, pretende-se apresentar algumas das estratégias de resistência de indígenas
brasileiros diante desses cenários, tanto no atual governo quanto na ditadura.

Palavras-chave: Genocídio indígena; COVID-19; ditadura militar; resistência indígena;


povos indígenas

ST 06. Memórias regionais, mulheres e Ensino de História: Dos


espaços de aprendizagem às narrativas

Adriana Aparecida Pinto (UFGD), Jaqueline Ap. Martins Zarbato (UFMS), Nelson Barros
Júnior (UFMS) e Silvia Ayabe (UFGD)

Resumo: Esse simpósio tem como objetivo congregar estudos, pesquisas e experiências
de profissionais da área de História, Educação e afins, no sentido de problematizar as
abordagens sobre memórias regionais, história das mulheres e ensino de história. Isso
porque envolvem as diferentes concepções de ensinar e aprender História, seja em
espaços formais de aprendizagem ou espaços não formais. E que envolvam as narrativas
sobre lugares, sobre saberes, sobre as fontes históricas que contribuem na formação da
consciência histórica. A memória em si esta ligada à aprendizagem, ou a uma função e
experiência aprendida no passado, faz parte de uma preocupação básica com a sociedade.
E fundamenta a relação com a História, na medida em que nos ajuda a compreender as
diferentes narrativas históricas. A proposta do ST é mobilizar a produção de conhecimento
que envolvam os saberes, experiências, concepções, fontes, argumentos.
Compreendendo o ensino de história como propulsor de diálogos e pesquisas que ampliem
a sistematização do conhecimento sobre o ponto de vista da didática da história, da história
da educação, das metodologias ativas, das análises e leituras de fontes históricas. E que
contribuam para (re) pensar a ampliação do fazer histórico.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

DIA 1: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 13h (Brasília) às 17h (MS) /16h (Brasília)

Povos indígenas, gêneros e violências: Análise sobre o comitê intertribal de


mulheres indígenas de Alagoas.

Ana Valéria Dos Santos Silva - Mestrado, UFAL

Resumo: Com o decorrer do tempo, a mulher indígena passou a ganhar voz dentro e fora
da comunidade de forma mais significativa, defendendo os interesses do seu povo e de
temas particulares das mulheres. Com isso, buscaram se articular em organizações e a
planejar as suas ações para alcançar determinados objetivos, esses sempre alinhados com
o movimento indígena geral. Sabendo disso, buscarei analisar aqui o protagonismo
feminino na comunidade indígena de Palmeira dos Índios e, para isso, será analisada a
atuação do Comitê Intertribal de Mulheres Indígenas de Alagoas (COIMI) e a trajetória de
Graciliana Celestino Wakonã, presidente e fundadora deste comitê. Como fonte de
pesquisa será analisada a cartilha do Stsô-Setsônika elaborada em 2015, recortes de
jornais e entrevistas, a fim de entender melhor como as mulheres passaram a ultrapassar
silenciamentos e invisibilidades e quais as suas pautas reivindicatórias nesta determinada
região.

Palavras-chave: Indígenas; Gênero; Organização Política.

Territórios Silenciados: lugares de memória da escravidão em Juiz de Fora

Gabrielle Barra Tarocco - Graduando, Universidade Federal de Juiz de Fora

Resumo: O presente projeto almeja incentivar a busca pelos patrimônios e lugares de


memória estabelecendo uma ligação com o apagamento histórico e cultural promovido
pelos mesmos na cidade de Juiz de Fora, além de refletir sobre as políticas de
rememoração, as decisões narrativas perpetuadas e sociabilidades. Nesse sentido, o
referido trabalho pretende construir um breve estudo sobre o Largo Rosa Cabinda, situado
no bairro Vitorino Braga na cidade de Juiz de Fora, numa perspectiva de representação
sobre este espaço histórico e de memória e os grupos sociais que se relacionam e se
identificam com ele.

Palavras-chave: Lugares de Memória, Narrativas, Juiz de Fora, Rosa Cabinda.

A prática pedagógica no ensino de História: Patrimônio Histórico Cultural no


ensino fundamental II, experiência nas aulas remotas

IRENE QUARESMA AZEVEDO VIANA - Mestrado, Universidade Federal da Grande


Dourados

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Resumo: A presente proposta tem como objetivo relatar a experiência de como ocorreram
as aulas remotas de História em tempos pandêmicos da COVID-19, vivenciados nos anos
de 2020 e 2021 na Escola Municipal Loide Bonfim Andrade localizada no município de
Dourados-MS, escola esta na qual desenvolveu-se o Programa de Residência Pedagógica
(PRP) - UFGD, Subprojeto: História, onde a temática principal do projeto estava voltada
para o Patrimônio Histórico Cultural integrada às práticas pedagógicas do ensino de
História. Inicialmente as ações desenvolvidas foram teóricas, através de reuniões de
estudos e apresentação do projeto através da utilização da Plataforma Google Meet e de
Lives Pedagógicas disponibilizadas pela coordenação institucional do PRP referente
temáticas gerais sobre formação de professores, Base Nacional Comum Curricular - BNCC
e o novo Ensino Médio, Segurança biológica nas escolas e também como os recursos
digitais seriam utilizados para o desenvolvimento das atividades do projeto. O PRP através
de suas ações envolvendo a interação entre os residentes, acadêmicos do curso de
História, os Professores Preceptores e a coordenação do programa, subprojeto: História,
contribuiu de forma muito significativa para a formação inicial à docência dos acadêmicos,
pois possibilitou diferentes ações pedagógicas desenvolvidas junto aos estudantes dos 6°
e 7° anos do ensino fundamental, relacionadas à temática do Patrimônio Histórico e
Cultural, onde foi possível aprimorar saberes quanto aos simbolismos que fazem parte da
identidade e da cultura, propiciando conhecimentos e clareza quanto a cultura regional do
Estado de Mato Grosso do Sul. Abordar essa temática enquanto um eixo central do
Subprojeto de História, proporcionou a construção de novos olhares para a dinâmica local,
destacando a importância de se promover a Educação Patrimonial na aprendizagem
histórica.

Palavras-chave: Ensino de História - Patrimônio Histórico Cultural.

A COLONIZAÇÃO DE UMA IMAGEM: O CASO DA BEATA LAURA VICUNA

Silvia Ayabe - Graduação UFGD

Resumo: Esse trabalho propõe analisar como ocorreu o processo de colonização da


imagem da beata chilena Laura Vicuna, beatificada pela Igreja Católica no ano de 1988.
Tratando, principalmente, da construção de sua santidade e como essa,
consequentemente, forjou sua figura embranquecida colocando em questão o processo
histórico de colonialidade. Para isso iniciaremos a investigação abordando toda sua
trajetória de vida, conhecida através de hagiografias e biografias históricas e seguiremos
até a consolidação de sua santidade traçando uma discussão sobre os escritos produzidos
pela Igreja e a recente produção acadêmica que trata de aspectos relacionados à mesma
temática. Objetiva-se compreender as características sociais, políticas e religiosas que
influenciaram tanto a sua beatificação quanto a composição de sua figura.

Palavras-chave: imagem, narrativa, decolonialidade.

A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM PAUTA: A ATUAÇÃO DE FRANCISCA


CLOTILDE NO CENÁRIO EDUCACIONAL DA FORTALEZA OITOCENTISTA

Cleidiane da Silva Morais - Mestrado, Universidade Federal do Ceará

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Resumo: O presente trabalho busca investigar, no recorte temporal do Ceará das últimas
décadas do século XIX, a atuação de mulheres professoras pela conquista do espaço
público letrado, ocupado em maior proporção, por figuras masculinas. A investigação se
deterá na trajetória da escritora, jornalista e professora Francisca Clotilde, cuja atuação no
âmbito educacional se deu no ensino primário e na Escola Normal, atentando sempre para
a dinâmica conflitual que envolveu sua atuação no cenário intelectual, à época. Suas
posturas ora constituíram reverberações do conservadorismo católico, ora foram se
modificando, mesmo quando os papéis sociais tentavam incutir o contrário. Essas
mulheres tomaram as ideias vigentes que lhes designavam as atividades no espaço
doméstico, na tentativa de ter reconhecida sua importância na ordem e harmonia da
estrutura social. Nesse sentido, defenderam a importância das funções por elas realizadas
no interior dos lares e das famílias, inclusive como base e suporte imprescindível para se
direcionar os próprios rumos da educação de seus filhos e alunos. Assim, reivindicaram
sua competência para tratar dos assuntos educacionais em voga, e participaram
ativamente, seja como colaboradoras de jornais dentro e fora do Ceará, ou mesmo no
próprio cotidiano escolar, das principais questões que direcionaram o estado de coisas
àquela época, como as discussões em torno da necessidade de mudanças no currículo do
ensino de nível primário, assim como os métodos de ensino que melhor atenderiam às
especificidades da instrução pública. Ressalte-se que a investigação se deu nos relatórios
de inspetores da Instrução Pública, nas sessões da Assembleia Legislativa Provincial e
nos artigos de autoria de Francisca Clotilde publicados nos principais periódicos que
circulavam em Fortaleza. A busca pelos indícios da trajetória e atuação desta professora,
assim como as questões e conjecturas formuladas, permitiram levantar problemáticas
pertinentes à História das Mulheres e da Educação.

Palavras-chave: Francisca Clotilde; educação; instrução moral e religiosa.

DIA 2: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 13h (Brasília) às 17h (MS) /16h (Brasília)

Caminhos para o ensino decolonial: Maputo e o patrimônio histórico.

Pedro Inácio Marcelino Cardozo - Graduação, UFMS

Resumo: A proposta norteadora do ensaio será tratar o ensino decolonial em sociedades


que ainda sofrem com as vivências sociais e econômicas causadas pelo colonialismo. Em
Maputo, capital do Moçambique, há um ensino decolonial que trata da questão do
patrimônio europeu deixado no solo africano; os moçambicanos reaproveitam as mazelas
colonialistas dentro de sua educação anti-colonial.

Palavras-chave: Educação-Decolonial-Afrocentrada

As representações sobre a mulher na revista Jornal das Moças nos anos


dourados

ANA CLARA CAMARGO DE SOUZA - Mestrado, UFGD

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Resumo: A presente pesquisa busca identificar e analisar as representações sobre as


mulheres a partir de dois vieses, o privado e o púbico, na revista Jornal das Moças na
década de 1950, a revista atribuía ao sujeito feminino lugares sociais, nesta perspectiva a
revista representa as mulheres respectivamente como "rainha do lar” e "mulher moderna” .
As revistas femininas foi uma importante fonte de informação e era reprodutora de
costumes e hábitos e na disseminação da moralidade. Desta forma, nossa metodologia de
análise se deu através do mapeamento da revista, no qual identificamos três principais
seções a serem analisadas a fim de investigar as suas representações, são elas, "Carnet”
das Jovens escrita por Dorothy Dix, Jornal da Mulher escrita por Yasmin Sylvia e Evangelho
das Mães que não tem um autor nomeado. A revista Jornal das Moças era um caderno
ilustrado que teve seu início no ano de 1914 e ficou em circulação até o ano de 1961 na
cidade do Rio de Janeiro, seus editores e redatores eram Agostinho Menezes e Alvaro
Menezes, sua periodicidade era quinzenal e trazia o slogan "revista feita exclusivamente
para a mulher no lar” (Jornal das Moças, p. 10, edição 1863, ano 1950) em suas páginas
encontramos receitas, dicas de beleza, moda e comportamento. A revista foi considerada
uma das principais na década de 1950, autointitulada uma revista para a família, ela
demonstra em suas páginas forte influência do modelo de organização da sociedade
marcado pelo patriarcado. Sobre as seções destacamos que "Carnet” das Jovens era
destinada as moças solteiras e recém casadas, tratavam de temas considerados do
interesse feminino, possuía uma linguagem informal com as leitoras a fim de gerar uma
aproximação com as leitoras, Jornal da Mulher era a seção com maior destaque na revista,
possuía em média vinte páginas e era considerada um suplemento da revista, possuía
moldes e cortes de costura e dicas de comportamento e Evangelho das Mães era voltado
as mães e mulheres casadas com dicas de maternidade e cuidados com o lar. Neste
trabalho apresentamos a representação da mulher no espaço privado através da rainha do
lar, ideal de mulher reproduzido pela revista, no qual a mulher se dedica ao lar e a família,
e no espaço público representado pela mulher moderna, a que se inseriu no mercado de
trabalho e educação, a revista demonstra que ocorre uma mudança na representação
feminina, até os anos de 1954 prevalecia a representação da rainha do lar, no entanto, com
a abertura do mercado e a reestruturação econômica ser moderna se torna uma
consequência das mudanças econômicas, sociais e culturais que estavam ocorrendo no
país, para essa analise utilizamos da História Cultural e História das Mulheres a fim de
compreender essas representações.

Palavras-chave: imprensa; mulheres; representação

A educação das mulheres e suas representações na Revista Popular (1859­


1862)

Gabriella Assumpção da Silva Santos Lopes - Mestrado, UFGD

Resumo: A presente comunicação objetiva examinar a educação das mulheres e a


representação das atividades de leitura e escrita feminina na Revista Popular (1859-1862).
A revista foi o primeiro periódico do editor e livreiro francês Baptiste Luis Garnier produzido
no Rio de Janeiro. A publicação se apresentava para um público amplo, dentro dele, as
mulheres, e objetivava a instrução e recreio de seus leitores, possuindo ainda a
colaboração de prestigiados literatos e intelectuais de sua época. A análise dos textos
escolhidos para o estudo, permitem compreender como foi sendo pensada a educação das
mulheres durante os oitocentos e como elas foram acessando a leitura e a escrita. Para
isso, foram selecionados textos de algumas seções da revista relacionados à educação
das mulheres, sendo alguns de autoria feminina. Sabendo que a educação nos oitocentos,

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também pode ser perscrutada por meio dos impressos periódicos, na revista selecionada
para este estudo, foi possível observar que a educação das mulheres deveria influir na
formação da "boa” mãe, esposa, filha e brasileira. Além disso, foi possível perceber que a
leitura foi mais aconselhável do que a atividade da escrita, pois esta, representava maior
emancipação para as mulheres.

Palavras-chave: Educação das mulheres; Imprensa; Revista Popular

REPRESENTAÇÕES CULTURAIS FEMININAS, MUSEUS E HISTÓRIA

Jaqueline Ap. Martins Zarbato - Doutorado, UFMS

Resumo: Esse trabalho pretende apresentar a pesquisa que tem como objetivo analisar o
processo de formação histórico-educativa acerca das memórias e representações das
mulheres negras no Brasil, principalmente em espaços museais. Atrelando assim, na
pesquisa algumas concepções e conceitos sobre lugares de memória e museus, museus
e educação, saber feminino negro e a diversidade cultural, identidades femininas pelos
objetos do museu, representações culturais das mulheres negras no museu, ensino da
história e cultura africana e afro brasileira a partir dos bens culturais. Os bens culturais não
tem em si sua própria identidade, mas a identidade que os grupos sociais lhe impõem,
neste sentido, os valores atribuídos podem se diferenciar em cada lugar pesquisado, em
cada cidade, sendo na maioria das vezes relacionado no âmbito da cultura. O processo da
pesquisa se utiliza da historiografia e memória sobre e dos grupos africanos e afro-
brasileiros, percebendo a dimensão formativa pontuadas pelas análises sobre
africanidades no Brasil, principalmente pelo campo de gênero, memória e história das
mulheres negras, pela etnografia escolar, pela museologia de gênero, identidade cultural.
Esse projeto iniciou em agosto de 2021, com o intuito de investigar a formação e a
apresentação da simbologia feminina negra em espaços não formais de aprendizagem,
como os museus e analisar como são trabalhadas as representações de seus corpos, suas
vestimentas, dos turbantes, das imagens, das coleções, dos saber-fazer pelo setor
educativo do Museu Afro Brasil (SP).

Palavras-chave: Museus, mulheres e aprendizagem histórica

ST 07. Música e Cinema como objetos de pesquisa na História:


interseções e possibilidades

Geovano Moreira Chaves (IFMS)

Resumo: As análises das gêneses e dos itinerários das significações da música e do


cinema têm reconstruído relações que estes estabelecem com práticas artísticas e políticas
variadas, que resultam em diversas formas de comunidades de interpretação e
(re)significação musical e fílmica. Entender como as atividades musicais e
cinematográficas são produzidas, a partir de quem e por que, assim como suas circulações
no meio social, sobretudo as que giram em torno das músicas, como estilos, grupos,
linguagens, modas, mensagens, entre outros, e dos filmes, como linguagens, estéticas,
alegorias, representações, narrativas, mensagens, publicidade, entre outros, podem
proporcionar novas formas de pensamentos e compreensões teóricas pautadas à relação

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da música e do cinema com o meio, com o tempo e com a História. Neste sentido, este
seminário temático pretende reunir trabalhos que abordem as iterações entre a construção
do conhecimento histórico, a música e o cinema em seu sentido amplo, destacando seus
momentos de produção e difusão, capazes de estabelecerem relações entre o áudio e o
visual no âmbito do conhecimento discursivo. Desta maneira, esperamos que este
seminário temático proporcione, por meio de abordagens variadas sobre os usos da música
e do cinema no âmbito da construção do conhecimento histórico, ou de sua ressignificação,
diálogos e trocas de ideias, no intuito do enriquecimento das possibilidades de se lidar com
a música e com o cinema como fonte de pesquisas. Por meio deste Simpósio Temático
pretende-se organizar uma rede de pesquisadores-as em Música e Cinema na História e
nas Ciências Humanas, Sociais e Linguagens, de modo a possibilitarmos outros projetos.

DIA 1: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 13h (Brasília) às 17h (MS) /16h (Brasília)

O audiovisual autoral dos povos indígenas de MS e a noção de etno-


historiofotia: possibilidades de uma historiofotia alternativa nos filmes da
ASCURI

Miguel Angelo Corrêa - Mestrado, Universidade Federal da Grande Dourados UFGD/PPGH

R e sum o : Nesta comunicação pretendo apresentar os resultados parciais obtidos na


pesquisa de doutoramento em que procuro observar nos filmes do coletivo Associação
Cultural dos Realizadores Indígenas de MS - ASCURI, a presença de uma historiofotia
alternativa àquela conceituada por Hayden White e Robert Rosenstone. Uma abordagem
multi e interdisciplinar, além de pluriparadigmática, que incluiu aportes teóricos e práxis de
autores diversos, acadêmicos e externos à academia, indígenas e não indígenas, como
Eliel B., G. Galache, Iulik L. de F., M. Ferro, S. Gruzinski, R. Koselleck, E. de A. Navarro,
E. N. C. Boidin, L. Oliveira, F. C. F. Santiago Jr, M.R. Trouillot, J. Goody, S. Seth, dentre
outros, levaram-me à uma sondagem bibliográfica preliminar a partir do contato que sugeriu
que existiram e existem poucos historiadores ameríndios e pouca historiografia produzida
por indígenas; porém permitiu também a indução de que estes quase sempre manifestaram
sua historicidade que, em geral, permaneceu sem visibilidade. No tempo presente esta
historicidade tornou-se explícita por meios e modos diversos, mormente os relacionados
ao audiovisual. A hipótese que se pretende provada seria de que não obstante as situações
históricas desfavoráveis pelas quais têm passado ao longo dos séculos parte das etnias
do sul de MS têm aprimorado a sua produção e divulgação de conhecimentos e saberes
por meio de uma linguagem diferenciada, e, através de uma abordagem de história do
tempo presente, procuro demonstrar que membros dos povos Guarani, Terena e Kaiowa
têm desenvolvido inúmeras iniciativas para assumir certo protagonismo não somente em
sua história, mas também na produção historiográfica a seu respeito, realizando
diversificada produção audiovisual autoral, plena de historicidade, com indícios de
importante e inédita historiofotia não canônica, desenvolvendo o que proponho que venha
a ser conceituado como “etno-historiofotia”. Os seguintes filmes são objetos de analise na
tese: “Jepea’yta - A lenha principal”, “Yvy renoi, semente da terra” , e “Ta'anga ymã -
imagens nunca morrem” . Também são tecidas considerações sobre as relações entre
cinema, audiovisual, história e os povos indígenas e apresentado um painel com os
principais videastas e coletivos mato-grossenses-do-sul, que, nesta comunicação, por
óbvio, serão oferecidas de forma resumida.

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Palavras-chave: Audiovisual; Cinema; História; Historiofotia; Kaiowá; Guarani; Terena.

O cinema em sala de aula e a História: o caso do filme Apocalypto e os


povos ameríndios antes da chegada dos europeus

Luiz Eduardo Pinto Barros - Doutorado, Unesp.

Resumo: O presente trabalho é resultado da utilização do cinema em sala de aula em


escolas públicas a fim de intensificar o processo de ensino aprendizagem na disciplina de
História. A experiência foi realizada com turmas dos 7° anos da rede estadual de educação
do Espírito Santo e com discentes dos 2° anos do Instituto Federal de Educação do Sul de
Minas Gerais. Trata-se do filme "Apocalypto" de 2006 dirigido por Mel Gibson que aborda
os últimos anos da civilização maia antes da chegada dos europeus no continente
americano. A produção recebeu três indicações ao Óscar e teve boa recepção da crítica.
Em sala de aula, a experiência nos diferentes espaços escolares foi bem-sucedida pelo
despertar do interesse dos discentes que realizaram diversos trabalhos avaliativos a
respeito da temática do filme associada aos povos ameríndios. Conclui-se que a utilização
de filmes temáticos como este são relevantes para a compreensão discente sobre
temáticas que merecem ser mais exploradas na disciplina de História.

Palavras-chave: Maias; Estranhamento; Cultura.

Alice no País da Ditadura: Dramas e Conflitos de uma Mocinha em Os Dias


Eram Assim

Victória Regina Ventura Teles - Graduando, Universidade do Estado da Bahia.

Resumo: A telenovela é um dos produtos televisivos mais famosos do Brasil. As histórias


de mocinhas apaixonadas, vilões insanos e mocinhos heroicos mescladas com
características comuns do cotidiano brasileiro deram a tônica perfeita para tornar esse
gênero artístico um sucesso no país tropical. A Rede Globo de Televisão torna-se um dos
principais meios de difusão dos folhetins, criando, inclusive, um padrão de horários para
cada tipo de trama: os romances de época no horário das 18h; as novelas com tons de
comédia às 19h; já os debates em volta da sociedade e família ficaram ao encargo do
horário chamado de nobre, às 20h; e aquelas com tons mais polêmicos e reflexivos para a
faixa das 23h. É nessa última faixa que se insere a trama de Os Dias Eram Assim, chamada
pela emissora de supersérie, mas com características próprias às telenovelas. Os Dias, se
passa no período da Ditadura Civil-Militar Brasileira e conta a história de amor de Alice
Sampaio, uma jovem, filha de um empreiteiro apoiador do regime, e Renato Reis, um
médico opositor ao governo militar. O trabalho a ser apresentado é um pequeno fragmento
do meu trabalho de conclusão de curso, que busca analisar como é feita a representação
televisiva da mulher, jovem, de classe média que era contra o regime a partir de Alice à luz
de autores como Mônica Kornis, Esther Hamburguer e Marcos Napolitano. Além disso, é
intuito da pesquisa compreender a mudança de comportamento da personagem diante de
uma gestação não planejada.

Palavras-chave: Novela; Ditadura Militar; Gênero.

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Os Sentidos da Audição: A Construção da Trilha Sonora com ênfase na


Repetição Musical em Gritos e Sussurros (1972) de Ingmar Bergman

Hellen Silvia Marques Gonçalves - Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais.

Resumo: A filmografia do cineasta sueco Ingmar Bergman apresenta uma suntuosidade e


um vigor em relação às paisagens suecas, a profundidade da beleza e crueldade humana,
trabalhando com temas importantes, como a fé, a imaginação e o amor. Ao lado de
imagens e diálogos psicologicamente penetrantes, Bergman nos oferece um terceiro plano,
um aural, com trilha sonora que mescla diálogos, música clássica, uma rica variedade de
efeitos sonoros, como o marcante som do relógio onipresente, e até mesmo o silêncio.
Uma notoriedade visualizada a perpassar pela filmografia bergmaniana é a repetição da
mesma música clássica em obras individuais, além da reciclagem de trechos em filmes
distintos. Através dessas ligações intertextuais em larga escala entre filmes, recorrendo
repetidamente aos mesmos fragmentos musicais, o cineasta cria um processo que gera
múltiplas camadas de significado, o que atribui à trilha sonora um papel privilegiado,
principalmente ao destacar de modo conciso os atos de fazer e ouvir música. Em Gritos e
Sussurros (1972), além dos tons vermelhos perceptíveis em todo o decorrer da película,
outros dois elementos compõem a narrativa cinematográfica, mesmo que de forma
discreta: a Mazurka em Lá menor, Op. 17, n° 4, Frédéric Chopin, e a Sarabanda Suite n°
5, de Johann Sebastian Bach. Ambas as músicas se constituem no filme como temas por
meio da repetição musical, seja diegeticamente, fazendo parte do universo envolvendo as
personagens; ou extradiegeticamente, em que apenas o espectador pode ouvi-la. O filme
situa a sua narrativa por meio da vida de um grupo de cinco mulheres: três irmãs - Maria
(Liv Ullmann), Karin (Ingrid Thulin) e Agnes (Harriet Andersson) - sua falecida mãe e Anna
(Kari Sylwan), sua empregada. Em uma casa no campo, Agnes está bastante enferma e
recebe cuidados de suas duas irmãs e de Anna, que precocemente perdera sua filha e por
isso extravasa seu amor de mãe, dando o maior carinho possível para aquela mulher tão
debilitada com câncer abdominal. Para tanto, o recorte do trabalho estabeleceu Gritos e
Sussurros como fonte primária, dado que, concomitante à análise das imagens, o estudo
do som nos incita a preponderar a respeito da relevância dessa repetição musical que se
configura como tema para o filme, interpelando qual o papel da trilha musical para este
estudo. A partir da investigação desse elemento estilístico abordado por Bergman, abre-se
uma cadeia de possibilidades que objetiva a averiguação da funcionalidade da repetição
musical dentro da narrativa. Assim, o exame de como, quando, onde e por que esses
trechos musicais são reciclados se torna imprescindível para revelar a catálise das ações
das personagens e destacar o mergulho das memórias emocionais coletivas desse grupo
de mulheres.

Palavras-chave: História e Cinema; Cinema e Música; Ingmar Bergman; Repetição


Musical.

Ranxerox, Bob Cuspe e Agropunk: História e representações do movimento


punk nos quadrinhos

Geovano Moreira Chaves - Doutorado: UFMG

Resumo: A música e o cinema há décadas são categorias e fontes de pesquisas


consolidadas no âmbito da historiografia. No entanto, as HQs, se considerarmos o
montante de pesquisas ou mesmo de defesas acadêmicas na área de pesquisa em
História, parecem não contar com a mesma notoriedade. Porém, é sabido que os

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quadrinhos podem ser considerados uma arte de massa e difusora de linguagens e


representações sobre a história desde o início do século XX. Neste sentido, neste trabalho
pretendemos unir a música, por meio do movimento punk, os quadrinhos, enquanto
linguagem artística ligado a pop arte e as representações históricas oriundas destas
junções, de modo a compreender como as HQs Ranxerox, de Stefano Tamburini, Alain
Chabat e Tanino Liberatore, Bob Cuspe, de Angeli e Agropunk, de Ulisses Garcez, se
constituem como espaços de representações políticas e culturais tendo como base o
movimento punk e como pano de fundo a história.

Palavras chave: História; Quadrinhos; Punk.

ST 08. Imprensa e História: diálogos entre o saber histórico e os


locais de memória da Imprensa

Fábio da Silva Sousa (UFMS)

Já consolidadas na produção historiográfica, as fontes impressas (jornais, revistas,


folhetins e outros) atualmente são fontes e objetos importantes na construção do passado
social, político e cultural de cada sociedade. A partir disso, o presente ST "Imprensa e
História: diálogos entre o saber histórico e os locais de memória da Imprensa", tem como
objetivo constituir um espaço de diálogo e troca de saberes de pesquisas, em andamento
ou concluídas, de graduação, mestrado e/ou doutorado, que utilizem a imprensa como
fonte e objeto de pesquisa, como apresentado por Tania Regina de Luca, em aproximação
com o saber histórico. Entende-se a imprensa impressa, constituída por jornais, revistas,
folhetins, fanzines e outros, como um Local de Memória, conceito elaborado por Pierre
Nora, no qual em suas páginas, temos a oportunidade de visitar e problematizar uma
memória escrita de acontecimentos, narrativas e fatos que foram importantes para serem
registrados. Somado a concepção de Locais de Memórias, o estudo das fontes impressas
apresenta para o saber historiográfico, o desafio de valer-se de saberes interdisciplinares,
no qual as mediações culturais, linguagens, comunicações e outros conhecimentos são
importantes para a investigação desse veículo informacional cultural, muitas vezes
produzidos no "calor do momento". Serão aceitas para a presente proposta de diálogo,
pesquisas em jornais, revistas, fanzines e outros meios impressos de comunicação, sejam
eles da grande imprensa (Ex. Veja, OESP, Folha de S. Paulo), alternativas (Pasquim, O
Lampião da Esquina), culturais, literárias, comunistas (Ex. A Classe Operária), anarquistas
(Ex. A Plebe), que trabalhem com o Brasil e América Latina, do Século XIX ao XXI.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

“Temos compromisso com o progresso”: imprensa e desenvolvimento


energético em Mato Grosso do Sul

Andrey Minin Martin - Doutorado, UFMS

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Resumo: O período posterior a Segunda Guerra Mundial deu início no Brasil a um


momento em que projetos governamentais buscaram consolidar um novo momento
econômico para o país, por meio da aprovação e desenvolvimento de projetos calcados
em setores industriais, como energético e de bens de consumo. A partir destes setores
buscaram integrar o país em um projeto modernizador, que agregasse todas as regiões
em um novo ritmo de desenvolvimento, que se ligou a uma transformação territorial dos
investimentos juntamente com maciça migração interna. Neste contexto, o estado de Mato
Grosso do Sul e sua região fronteiriça com o estado de São Paulo, permeadas pelo rio
Paraná, ganham destaque na imprensa nacional e local pelo seu potencial energético e
possibilidades de instalação de grandes projetos hidrelétricos.
O objetivo desta apresentação é analisar as relações entre o periodismo e desenvolvimento
energético, observando a construção do discurso modernizador por meio da imprensa
escrita, a partir do planejamento de grandes projetos hidrelétricos no rio Paraná. Região
historicamente permeada por incursões técnicas e tecnológicas, marcada pela passagem
do telégrafo e a ferrovia, encontraria a partir da década de 1950 novos agentes
transformadores, neste caso, ligados ao setor energético.
Para tal análise, a partir de um debate teórico-metodológico entre imprensa e memória,
além de um corpo documental amplo, a análise centra-se em observar como quatro
periódicos de circulação nacional e regional (O Estado de São Paulo; Revista Visão; Jornal
Correio do Estado e Revista Brasil Oeste) projetaram de acordo com seus interesse uma
série de reportagens, propagandas e narrativas que permearam a execução do
empreendimento, seu ideário de progresso, antes e durante a realização das obras. Desta
forma, ao analisar as relações entre mídia e o desenvolvimento tecnológico energético
encontramos uma série de interesses, disputas pelo poder e assim, memórias que
marcaram a construção dos complexos hidrelétricos, estabelecendo ligações com marcos
de memória do passado e deixando desdobramentos para o futuro.

Palavras-chave: Imprensa; Energia Elétrica; Mato Grosso do Sul.

Uma discussão sobre as representações dos governos de Mato Grosso do


Sul nas charges de jornais (1979-2018)

W agner Cordeiro Chagas - Mestrado, SED-MS

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma breve análise a respeito
de algumas charges publicadas em jornais de Mato Grosso do Sul e que dizem respeito
aos governos que administraram o estado ao longo de 1979 a 2018. Estas fontes históricas
foram coletadas por este autor entre os anos de 2007 e 2014, em arquivos de jornais das
cidades de Dourados (O Progresso) e Campo Grande (Correio do Estado, Diário da Serra
e O Estado de Mato Grosso do Sul) para fins de uma futura produção bibliográfica sobre
os governos sul-mato-grossenses e suas representações nas charges. Como tenho
pesquisado a respeito de alguns aspectos da história política desta unidade federativa,
resolvi, nesta produção, abordar esse tema de forma diferente, por meio das sátiras
políticas, possibilitando assim, lançar novos olhares sobre o assunto.

Palavras-chave: governo de Mato Grosso do Sul; política; charge; imprensa.


O Romance Gabriela, Cravo e Canela como Lugar de Memória da Capital do
Cacau: representação da Cidade de Ilhéus-Ba da década de 1920

Igor Campos Santos - Mestrado, Universidade Estadual de Santa Cruz

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

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A Cidade de Ilhéus é conhecida atualmente como a "terra de Jorge Amado e da Gabriela”.


Isso se deve ao fato de que o escritor foi um dos principais divulgadores da região sul
baiana em seus romances da "saga do cacau” , sendo Gabriela o mais vendido e traduzido
em mais de 30 idiomas além de ter sido adaptado para o cinema e televisão. Na narrativa,
que se passa durante a década de 1920, Ilhéus é apresentada como a Capital do Cacau,
ou Princesa do Sul, que passava por transformações urbanas significativas, promovendo
a sua civilização e modernização. No início dos anos 2000 o setor empresarial e o poder
público da cidade, observando a possibilidade de alavancar novamente e economia
municipal que passara por uma grande crise provocada pela vassoura de bruxa e a
consequente queda da monocultura do cacau, buscou promover o turismo cultural a partir
da ficção amadiana ambientada na cidade, destacando o romance Gabriela como a sua
melhor representação.
A obra logo passou a ser vista como o Lugar de Memória privilegiado do município e
principalmente da zona urbana de Ilhéus, com destaque para a área do centro histórico
onde se encontram os antigos palacetes, igrejas e monumentos; e também onde
supostamente viveram os personagens criados por Jorge Amado. O objetivo deste estudo
é analisar a construção da representação urbana de Ilhéus baseada no romance Gabriela,
Cravo e Canela, considerando-o como um lugar de memória que contêm em si múltiplas
memórias e temporalidades.

Palavras-chave: Ilhéus; Jorge Amado; Lugar de Memória.

A imprensa como fonte para o estudo do movimento sociorreligioso dos


Monges Barbudos (RS, 1935-1938).

Fabian Filatow - Doutorado, Prefeitura Municipal de Esteio e Rede Estadual de Ensino do


Rio Grande do Sul.

Resumo: O movimento sociorreligioso dos Monges Barbudos ocorreu entre os anos de


1935 e 1938, no município de Soledade, interior do Rio Grande do Sul. Sua origem está
associada com a figura do santo monge João Maria, conhecido no sul do Brasil. Este
personagem teria estado na localidade e dado instrução para a criação de uma nova
religião. Reunindo um significativo número de membros o movimento despertou a atenção
da comunidade local e das autoridades que recorreram ao uso da força militar para reprimi-
los. O conflito ocorreu durante o ano de 1938, quando o grupo composto por camponeses
se reuniu na capela de Santa Catarina com o propósito de esperar o retorno do santo
monge. A repressão deixou um saldo de mortos e feridos, além do medo e da proibição da
prática religiosa. Inseridos num contexto político complexo foram acusados de comunistas.
Esse fato contribuiu para legitimar a ação repressiva orquestrada pelo Estado. A
construção do inimigo político pode ser evidenciada também através da imprensa, na qual
foram publicadas diversas reportagens sobre o conflito envolvendo os camponeses e os
soldados da Brigada Militar. Podemos identificar a existência da acusação de que os
membros do grupo religioso teriam alguma ligação com uma doutrina política estrangeira,
sendo, assim, enquadrados como ameaça comunista à nova ordem instaurada com o
recente golpe do Estado Novo. Neste sentido, os Monges Barbudos foram reprimidos
também devido ao contexto no qual estavam inseridos, sendo utilizados politicamente para
dar estabilidade ao regime iniciado em 10 de novembro de 1937. Enfim, a análise da
construção do outro nas páginas dos jornais contribui para melhor compreendermos os
motivos, reais ou imaginários, que contribuíram para a repressão imposta aos Monges
Barbudos.

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: Monges Barbudos; imprensa; Estado Novo; representação; imaginário.

“Mais soffreu Christo”: o caso de agressão contra o Padre Justino José de


Sant’Anna na Freguesia de Canavieiras, Bahia, pelo jornal “A Razão” (1912)

Oslan Costa Ribeiro - Doutorado, Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave: O Padre Justino José de Sant’Anna (1878-1958), tomou posse como


vigário da Freguesia de São Boaventura do Poxim, na cidade de Canavieiras, sul da Bahia,
em fevereiro de 1912, em uma época de muita conturbação entre a elite política local e a
elite eclesiástica. A Igreja católica, nesses idos, buscava se firmar na sociedade brasileira
no pós-República, como mais uma elite de poder. Em Canavieiras, essa conturbação era
simbolizada na situação precária de conservação da antiga matriz de São Boaventura, a
construção mais antiga daquela urbe até então. O caso que iremos apresentar nesta
comunicação, aconteceu nas celebrações litúrgicas da Sexta-feira da Paixão, no mês de
abril de 1912, quando um rapaz com o nome de Jachonías Bombinho, em comportamento
inadequado dentro do templo, bolinava as piedosas moçoilas que estava na fila para
reverenciarem a imagem sacra do Senhor Morto, sendo imediatamente repreendido pelo
Padre Justino, que o puxou pelo braço e levou para fora da igreja. O rapaz, envergonhado
diante dos amigos e da namorada, foi para sua casa, voltando à noite, onde escondido por
trás da velha matriz, surpreendeu o Padre Justino, que acabava de fechar a igreja, com um
soco no rosto e fugindo em seguida. Tal situação comoveu os católicos de Canavieiras de
tal maneira, que segundo o jornal "A Razão” , publicado com duas edições semanais na
cidade, ninguém conseguiu dormir em paz na noite silenciosa da Sexta-feira Santa para o
Sábado de Aleluia, em vigília na casa do vigário no intuito de lhe prestar desagravo por
causa da agressão sofrida. Seria este caso, mais um episódio que representava o processo
de secularização aliado ao sentimento de "progresso” que permeava o discurso da
imprensa na cidade de Canavieiras? Esses e outros questionamentos às fontes da
imprensa local será o basamento desta apresentação oral.

Palavras-chave: Padre Justino José de Sant’Anna; Freguesia de São Boaventura do


Poxim; Cidade de Canavieiras; Imprensa baiana; Secularização.

A Revista do Ensino de Minas Gerais e seu uso como fonte e objeto para a
História da Educação

Maria Renata de Alvarenga Guimarães Teixeira - Mestrado, Universidade Federal de Ouro


Preto

Resumo: Nessa proposta pretende-se abordar as possibilidades de uso da Revista do


Ensino de Minas Gerais como fonte e como objeto de pesquisas no campo da História da
Educação. Esse periódico oficial marcou a imprensa pedagógica no Estado de Minas
Gerais sendo veiculado desde o final do período colonial até meados do século XX. A
importância histórica da Revista do Ensino faz dela um objeto com proeminência na
pesquisa acadêmica. Não por acaso, foi abordada em estudos pregressos, apresentados
em livros, capítulo de livro, tese, dissertações e artigos. A Revista do Ensino (1925-1940)
circulou em todo o território mineiro, chegando gratuitamente às escolas públicas e a outras
instituições educacionais que a adquiriam. Por décadas, foi a única publicação do gênero
a ser produzida em Minas Gerais (periódicos similares de outros estados circulavam em

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Minas Gerais). Seus exemplares encontram-se disponíveis para consulta no acervo do


Arquivo Público Mineiro (APM). Essa comunicação irá apresentar alguns artigos presentes
na Revista do Ensino utilizados na pesquisa de Doutorado desenvolvida no Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto. Tal pesquisa
intitulada "A construção da educação primária na capital mineira: políticas públicas e
práticas pedagógicas no Grupo Escolar Professor Morais (1930-1945)” iniciou-se em 2020
sob orientação da Prof. Dr. Rosana Areal de Carvalho. “

Palavras-chave: Imprensa; História da Educação; Revista do Ensino

“MATOU FILHINHO DEFORMADO PELA DROGRA-MALDITA”: UMA ANÁLISE


DAS NOTÍCIAS EM CIRCULAÇÃO SOBRE A INFANTICIDA DE LIÉGE

Matheus de Oliveira Figueiredo - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)


Azemar dos Santos Soares Júnior - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Resumo: Esse trabalho tem por escopo analisar os discursos jornalísticos publicados
sobre o infanticídio de Liége no Brasil, de modo a analisar de que modo a impressa local
noticiou o assassinato que a belga Suzanne Vanderput comentou contra o próprio filho
vítima da tragédia da Talidomido. Metodologicamente, emprego das fontes ocorrerá
mediante a análise das fontes históricas - notícias de jornais -, através da análise do
discurso de aos moldes propostos por Michel Foucault (2014). Desse modo, buscamos
entender as formas enunciadas responsáveis por atenuar/justificar, especificamente, o
infanticídio cometido contra um corpo que foi retratado como “monstruoso” e "deformado”.
Para isso, dialogamos com o conceito de estigma a partir de Erving Goffman (2016) e a
anormal de Michel Foucault (2012). A síndrome de talidomida é foi provocada pelo uso de
um medicamento responsável por prevenir enjoos matinais em mulheres grávidas. Embora
a partir da década de 1950, o isômero direito da talidomida tenha sido considerado um bom
medicamento para uso durante a gravidez, em casos de ingestão do isômero esquerdo da
droga talidomida, a criança nascia com defeitos congênitos terríveis, assim como o recém-
nascido assassinado pela própria mãe no caso em tela. Percebe-se que a síndrome de
talidomida é ainda um tema pouco estudado no campo da História da Saúde e das
Doenças, e que precisa ser analisada especialmente por se tratar de uma enfermidade
provocação pela ação da indústria farmacêutica, e que desencadeou diversas outras
tragédias decorrentes dela, assim como caso que se pretende neste trabalho.

Palavras-chave: Síndrome da talidomida. Estigma. Anormal.

COMO A IMPRENSA DA PARAÍBA DISCUTIU A EPILEPSIA NO SÉCULO XX

MARIA GORETE OLIMPIO DOS SANTOS


Graduação, UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

Resumo: O presente ensaio, tem como principal objetivo, problematizar e analisar, como
a imprensa paraibana apresentava para seus leitores a doença epilepsia no século XX. E,
como esses discursos ficaram na memória individual e coletiva, interferindo assim nas
produções discursiva do diagnóstico da doença epilepsia. Vamos pensar a memória como
representações discursivas que ultrapassam gerações. Para tanto, vamos pensar os
discursos publicados na imprensa paraibana como representação da memória. Neste
contexto, vamos dialogar com Jacques Le Goff (2003) e assim fazer uma análise discursiva

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através dos jornais o Norte, A união, o centro entre outros periódicos do século XX. Vamos
problematizar o conceito de memória, documento e monumento, problematizando os
conceitos e discussões acerca das representações dos doentes.”

Palavras-chave: Imprensa - epilepsia - memória

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

História e imprensa operária: uma análise do jornal A Luta de Classe

Carlos Prado - Doutorado, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: O Grupo Comunista Lenine (GCL) foi a primeira organização brasileira vinculada
à Oposição de Esquerda Internacional. Surgiu em 1930 a partir de diversas cisões que
ocorreram no PCB entre 1928 e 1929. O grupo se identificou como fração e lançou diversas
críticas aos comunistas, apontando para a burocratização do partido e para problemas
teóricos e práticos que o afastava das teses fundamentais do bolchevismo. O jornal
operário, A Luta de Classe, foi o principal veículo propagandístico utilizado pelo grupo.
Cada publicação apresentava cerca de uma dezena de artigos. Estes versavam sobre
vários pontos, tático-estratégicos, político-ideológicos e teóricos. O GCL pensava a
publicação a partir de uma perspectiva pedagógica. A presente comunicação tem o objetivo
de, a partir da análise do jornal A Luta de Classe, apresentar e discutir como a organização
se posicionou diante de temas nacionais e internacionais.

Palavras-chave: Marxismo no Brasil. Trotskismo. Imprensa Operária. Luta de classe.

JORNADAS DE JUNHO DE 2013 E A GRANDE IMPRENSA NACIONAL:


ANÁLISES SOBRE OS PROCESSOS DE ABORDAGEM NO JORNAL FOLHA
DE SÃO PAULO E REVISTA VEJA

Yhannder Ribeiro Aguilar - Graduando, UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do


Sul

Resumo: A imprensa é uma importante fonte histórica na construção do passado a partir


das necessidades contemporâneas. Com o seu estudo por meio de uma abordagem
historiográfica dos fatos de extremo significado na vida social, oportuniza-se um espaço de
recuperação e compreensão do contexto que viviam os indivíduos através do que se
comprometeram, pelo que lutavam, quais seus ideais e entre outras esferas. Nesse
sentido, a presente proposta perfaz um itinerário que aborda aspectos da influência da
grande imprensa nacional, por meio do jornal Folha de S. Paulo e da Revista Veja no
período que ocorreu as Jornadas de Junho, marco histórico da democracia nacional. O
desenvolvimento deste, dá-se de forma analítica das fontes, no caso, editoriais e notícias
expedidos pelo Jornal Folha de S. Paulo e pela Revista Veja relacionadas com referências
bibliográficas sobre o tema. No qual, destaca-se a parcialidade do Jornal e da Revista em
relação a emissão de opiniões sobre os protestos, com abordagens sujeitas à crítica e a
concordância de ações promovidas pelo Movimento Passe Livre (MPL), organização que

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convocou os protestos contra o reajuste da tarifa do transporte público de R$3,00 para R$


3,20.

Palavras-chave: Jornadas de junho; Folha de S. Paulo; Revista Veja; Parcialidade.

Jornais entre fatos, notícias e colunas: Vandick da Nóbrega e as denúncias


durante a Ditadura Civil-Militar

Larissa Freire Pereira - Doutorado, UFMG

Resumo: Essa pesquisa tem como proposta analisar as denúncias dos jornais em relação
ao Diretor-Geral do Colégio Pedro II durante o período ditatorial. O período de ditadura
civil-militar foi responsável por importantes modificações políticas, sociais, econômicas e
educacionais no Brasil, possibilitando pensar em importantes reconfigurações de
repertórios, valores e comportamentos em âmbito social e cultural mais amplos. É a partir
dessas dinâmicas relacionais em diferentes sociedades que se promovem as disputas de
experiências dos diversos grupos e se formam acordos sociais que são partilhados pela
sociedade como forma de vivência, uma certa herança, uma vivência da dinâmica política.
No caso da ditadura civil-militar brasileira, os atores se movimentam no interior do sistema
vigente, hegemônico e mantido por meio de força policial. Pretendemos nos apoiar nessa
perspectiva para compreender a forma como diferentes atores sociais do microcosmo que
constitui a comunidade escolar do Colégio Pedro II, nesse caso, como o Diretor Vandick
da Nóbrega se relacionava com os jornais. Devemos levar em conta quando utilizamos a
história da imprensa como fonte, a sua perspectiva de poder de influência sobre os seus
leitores. Esses canais de comunicação também podem ser vistos como órgãos de poder,
que procuram representa valores e interesses de setores da sociedade, além dos
interesses financeiros. Articulam no escopo de suas propostas, representações da
sociedade, seus interesses políticos e econômicos além da formulação e delimitação de
debates públicos. Por parte da imprensa, o principal opositor de Vandick da Nóbrega foi o
jornalista Hélio Fernandes, dono do jornal Tribuna de Imprensa. Ele fez uma série de
reportagens sobre o Diretor em sua coluna diária. Iremos analisar também, duas séries de
denúncias contra irregularidades no colégio pelo Diário de Notícias durante a década de
1970.

Palavras-chave: Vandick da Nóbrega, Colégio Pedro II, Jornais, Ditadura Civil-Militar

A semântica da corrupção: Análise do discurso jornalístico dos semanais O


Cruzeiro e Manchete na eleição presidencial brasileira de 1960.

Giovanna Nascimento Alves - Mestrado, Universidade de Brasília - UnB

Resumo: A pesquisa trata da análise do discurso jornalístico do conceito de corrupção que


foi articulado pelos jornais brasileiros Manchete e O Cruzeiro, no período das eleições
presidenciais de 1960. O trabalho leva em consideração que o conceito de corrupção tem
ganhado projeção nos estudos historiográficos à medida em que se compreende o termo
em sua polissemia histórica. O termo passou por várias mudanças desde o período Imperial
no Brasil até os tempos de República, mas que sempre compôs um léxico de lutas e
disputas políticas e que a imprensa foi parte integrante desse processo, atuando como
agente mediadora entre a prática política e os sujeitos sociais.

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Palavras-chave: Eleição 1960/ Manchete/O Cruzeiro / Corrupção

O JORNAL ESTUDANTIL O BRADO UNIVERSITÁRIO COMO FONTE DE


PESQUISA SOBRE A RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR EM MARINGÁ-PR

Regina Célia Daefiol - Mestrado, Universidade Estadual de Maringá

Resumo: O movimento estudantil, com seu histórico de agente político de oposição, foi
uma das grandes forças de resistência à ditadura militar imposta ao Brasil após o golpe de
Estado de 1964. Tornou-se, por essa razão, alvo preferencial da repressão. A organização
estudantil foi duramente atingida já no dia 1° de abril daquele ano, quando a sede da União
Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro, foi incendiada e metralhada. Em
novembro do mesmo ano o governo Castelo Branco editou a Lei Suplicy de Lacerda,
cassando a legalidade da UNE e das UEEs (Uniões Estaduais dos Estudantes). Além
disso, os centros acadêmicos das universidades "foram extintos e em seu lugar novas
entidades foram criadas, atreladas legalmente ao Estado por meio do MEC” (DAEFIOL,
2022, p. 60).
Apesar das medidas para desarticular a organização estudantil, a movimentação política
dos estudantes não cessou e a ditadura foi confrontada abertamente até 1968, com a
realização de protestos e manifestações que eram reprimidas com violência crescente. Um
caso emblemático foi a morte do estudante secundarista Edson Luis, alvejado por policiais
durante uma passeata contra o fechamento do restaurante estudantil Calabouço, no Rio
de Janeiro. A polícia reprimiu com violência até mesmo o cortejo fúnebre com o corpo do
estudante assassinado, que foi acompanhado por 50 mil pessoas, o que fez eclodir
manifestações de protesto em diversas partes do país. A cidade do Rio de Janeiro foi palco
também de outro episódio de violência por parte da repressão, a "Sexta-Feira Sangrenta” ,
quando policiais e estudantes se confrontaram por seis horas, o que gerou um novo
protesto, a "Passeata dos Cem Mil”, em apoio aos jovens agredidos pela polícia.
Em 13 de dezembro de 1968 o regime baixou o Ato Institucional n° 5 (AI-5), que promoveu
o cerceamento das liberdades e a vigilância da sociedade civil, em especial os opositores.
Em fevereiro de 1969 foi editado o Decreto-Lei 477, que transpôs para o ambiente
universitário todas as restrições impostas pelo AI-5. Diante desse quadro, os estudantes
buscaram caminhos alternativos para levar adiante a luta de resistência. Um desses
caminhos foi a imprensa estudantil.
No presente artigo, pretendemos discorrer sobre o uso do jornal estudantil O Brado
Universitário como fonte /objeto de pesquisa para a compreender a articulação de
resistência por parte do movimento estudantil em Maringá. O periódico, produzido entre
1973 e 1976 pelo Diretório Acadêmico Nelson Hungria (DANH), da Faculdade de Direito
da Universidade Estadual de Maringá (UEM), constituiu-se numa forma de luta possível no
período mais duro da ditadura militar. A pesquisa resultou na dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em História da UEM e foi publicada em livro em 2022.

Palavras-chave: Imprensa Estudantil; Fontes Históricas; Ditadura Militar; Universidade


Estadual de Maringá.

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A demonstração do grande sentido nacional do integralismo”: a Ação


Integralista Brasileira e os Congressos Nacionais nas páginas de sua
imprensa militante (1933-1935)

Maria Rita Chaves Ayala Brenha - Graduada em História pela UEM, Maringá-PR.
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História Política da UEM. Bolsista CAPES.

Resumo: Entre os anos de 1932 e 1937, período de sua existência legal, a Ação
Integralista Brasileira (AIB) angariou cerca de meio milhão de aderentes e se firmou
enquanto o primeiro partido político brasileiro com implantação nacional. Manifestação da
base burocrática-hierárquica integralista, em seus dois Congressos Nacionais, o primeiro
ocorrido em 1934 na cidade de Vitória (ES), e o segundo, a 1935 em Petrópolis (RJ), a AIB
foi (re)estruturada. Os Congressos, para além de uma “demonstração do grande sentido
do integralismo” , constituíam um momento ímpar para os camisas-verdes por serem
ocasião de definição de estatutos, da estratégia para tomada do poder e da formação do
Estado Integral. Isto posto, tendo como fontes os periódicos integralistas “A O fen siva”,
“Monitor Integralista” e “Anauê!”, cujas publicações compreendem o período de 1933 a
1935, bem como as publicações de 1934 e 1935 dos jornais da grande imprensa “O Paiz”
e “O Globo”, intencionamos refletir sobre as alterações e continuidades no movimento a
partir daqueles eventos, por meio da reconstituição do fato, análise da ideologia integralista
e do contexto histórico. Registramos que o presente estudo é resultado de dois Projetos
de Iniciação Científica, desenvolvidos entre os anos de 2018-2019 e 2019-2020.

Palavras-chave: Ação Integralista Brasileira; Congresso de Vitória; Congresso de


Petrópolis

Cidadãos constitucionais: a luta por direitos e o fim das Milícias segregadas


nos periódicos cariocas (1831-1834)

Maria Clara Aredes de Figueiredo - Doutorado, PPHR - Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro

Resumo: A apresentação propõe expor as reclamações e as análises realizadas nos


periódicos cariocas, no período de 1831 a 1834, privilegiando periódicos de uma “imprensa
de cor” , sobre a extinção dos corpos milicianos com a criação da Guarda Nacional. Os
membros dos regimentos de Milícia e os irmãos das confrarias de ascendência africana
eram uma mistura sutil de aspirações frustradas e insegurança física e psicológica. E como
cidadãos, libertos e livres de ascendência africana pretendiam eliminar as diferenças
raciais entre os brancos e eles. Esses homens buscavam o reconhecimento de seus
direitos que julgavam já assegurados pela Constituição de 1824. Também reclamavam
direitos civis. Como “cidadãos de fato e de respeito” , desejavam pertencer à sociedade,
sem critérios distintivos de nascimento. Eram nas Milícias segregadas por cor, onde esses
homens conseguiam ascender socialmente e através de seus títulos, honrarias e
uniformes, conseguiam não ser sobre puxados pelo estigma da escravidão. Eram homens
livres, com renda, inseridos em redes de sociabilidade e solidariedade e eram cidadãos.
Assim, a pesquisa examinou as reclamações sobre o fim dessas forças auxiliares,
percebendo como a sua extinção interferiu na vida desses homens e à sua importância de
pertencer ao mundo militar. Percebemos a imprensa carioca como espaço de exercício da
cidadania e de expressão de opiniões políticas, principalmente aquelas contrárias ao
governo moderado então no poder. A cidade vivia a efervescência dos espaços públicos e
apresentava diversos grupos sociais na busca pela construção de um modelo de Império

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e de cidadania, cada grupo com suas próprias demandas e reivindicações. Com a lei da
Guarda às milícias foram extintas e com isso os ex-oficiais de milícias de pretos e pardos
reivindicavam seu direito de ingresso na nova força sem serem preteridos na designação
de patentes em virtude da cor de sua pele. A criação da GN pôs fim em uma instituição
centenária e de forte enraizamento social. Os homens de cor livres - pretos e pardos -
utilizaram a imprensa para fazer chegar suas reivindicações a mais pessoas, suas
reclamações foram também dirigidas aos cidadãos da corte. Periódicos como O Homem
de Cor ou O Mulato, Brasileiro Pardo e O Cabrito se dirigiam aos cidadãos da corte, que
consideravam seus iguais, com palavras de afirmação de seus talentos e virtudes e
afirmando seus direitos como homens de cor e brasileiros livres.

Palavras-chave: Cidadania; Homens de cor; Milícias;

O caso ufológico da Barra da Tijuca de 1952: A fundação da Ufologia no


Brasil pela ação da imprensa

Kevin Franco dos Santos - Mestrado, Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo: Altamente controverso e cheio de polêmicas, o caso ufológico da Barra da Tijuca,


de 1952, representou o momento de fundação do campo ufológico brasileiro, que se
deparou com o primeiro caso de grande repercussão no país após 5 anos do Caso Roswell,
o mais famoso da Ufologia norte-americana e mundial. O problema é que este caso foi
reconhecido de forma quase universal como uma fraude. Este artigo busca rememorar o
caso e tecer considerações sobre a atuação da imprensa no decorrer deste acontecimento,
através de fontes da imprensa.

Palavras-chave: Ufologia. História da Imprensa. História da Ufologia.

DIA 3: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

A circulação de impressos e manuscritos na Confederação do Equador no


Ceará

Noemia Dayana de Oliveira - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul


(UFRGS)

Resumo: Este estudo investiga a circulação de manuscritos e impressos entre os atores


cearenses participantes da Confederação do Equador (1824). Sabe-se que essa revolta
movimentou a troca de informações interna e externamente as províncias do Norte, mas
essas práticas culturais não se resumem às formalidades do novo governo provisório, elas
representam, sobretudo, as tensões sociais das províncias após o fechamento da
Constituinte, a promulgação da Carta Constitucional e outros acontecimentos do pós-
independência. No Ceará, a revolta da Confederação do Equador criou um Serviço Geral
dos Correios, que nos possibilitou uma dupla pesquisa: (a) novas sociabilidades dos
cearenses com os textos (manuscritos e impressos) e (b) as estratégias dos confederados

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para impor determinadas leituras e práticas liberais no interior da província. Contudo, só


trataremos aqui de uma atuação, a do comandante geral dos Correios, Francisco Miguel
Pereira Ibiapina. Com essa trajetória, foi possível reconhecer a criação de agências em
diversas vilas, a promoção de estafetas e outras atividades iniciais do serviço de
comunicação cearense.

Palavras-chave: Confederação do Equador; Imprensa; Manuscritos; Correios; Francisco


Miguel Ibiapina.

Sobre “o dever do cidadão que escreve”: ponderações de um beneditino


sobre o exercício periodista no período da Independência (1822-1824).

Anne Vitória Leite Xaves - Graduando, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)

Resumo: Em seu livro "O Nascimento da Imprensa Brasileira”, a historiadora Isabel


Lustosa (2003) postulou: "Imprensa começa com ‘i’ de Independência” . Tal afirmação
sustenta-se pelo fato de que o início dessa heterogênea Indústria no Brasil, muito mais que
uma consequência, fora produtor de episódios históricos. No período da Independência,
diferentes grupos sociopolíticos encontraram no meio impresso o espaço ideal para a
defesa de seus interesses, fomentando assim a sua estruturação. É nesse contexto que
emerge a imprensa periódica no país, e com ela, uma nova ocupação, a de redator-
periodista, responsável pela escrita e edição de periódicos que continham ofícios, informes,
e suas próprias proposições político-estatais. É fato que muitos redatores opinavam e
noticiavam, mas nem todos demonstravam refletir sobre as responsabilidades de sua
principiante profissão. Dessa forma, essa comunicação tem por objetivo evidenciar as
ponderações feitas por Frei Miguel Sacramento Lopes Gama acerca dessa classe,
dispostas no seu periódico "O Conciliador Nacional”. Publicado em 4 de Julho de 1822 na
província de Pernambuco, no seu periódico o padre beneditino buscou discorrer sobre a
complexidade das questões políticas correntes. Em sua folha, o religioso comumente
redigiria discussões de cunho filosófico, e por vezes, refletiria sobre os enfrentamentos
éticos de seu ofício. Tendo em mente essas considerações, propõe-se explorar a ótica do
redator sobre os encargos da sua profissão, sensibilizada pelos eventos políticos correntes
no período da Independência, a nível regional e nacional.

Palavras-chave: 1. Imprensa periódica 2. Redatores Pernambucanos 3. Independência

Educando o Brasil pelas páginas da Infância e Juventude (1936-1937)


Cinthya de Oliveira Nunes - Mestrado, UERJ

Resumo: O presente artigo objetiva analisar os discursos e ideais em torno da educação


publicados na revista Infância e Juventude nos anos de 1936 a 1937. O período justifica-
se pela sua fundação em 1936 e encerramento em 1937. A Infância e Juventude constituiu-
se como periódico mensal de cunho pedagógico com destino aos educadores e famílias,
contendo temáticas de educação escolar e do lar. Apresentava assuntos diversos a
respeito do ensino, legislação, projetos educacionais e higiene. Para a construção deste
trabalho pretende-se analisar os embates e ideias que disputavam no cenário educacional
da década de 1930, a favor de um projeto de nação que via no desenvolvimento da
educação das infâncias uma possibilidade de um futuro promissor para a nação brasileira.
O periódico traz questões candentes ao desenvolvimento da educação nacional, tais como:
ensino primário e secundário, Plano Nacional de Educação, educação rural, entre outros.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Para analisarmos as reflexões dos educadores e intelectuais envolvidos nos debates sobre
a formação da infância e da juventude utilizamos Bomeny (2003), Camara (2013),
Schwartzman (1984). Os estudos de Luca (2014), Barros (2019), Certeau (2011)
fundamentaram a interpretação das fontes. Os discursos são marcados pelo seu tempo e
contexto sócio-histórico. Nesta perspectiva Capelato (2012), Pandolfi (2012) versam sobre
a educação no Estado Novo, seus anseios, conflitos e sobretudo o desejo de tornar o Brasil
um país moderno. Esta pesquisa faz parte dos estudos em torno da Educação rural como
parte da minha dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós - Graduação em
Educação em agosto de 2018. A partir da investigação de fontes para compor o objeto de
pesquisa foi possível localizar na revista Infância e Juventude questões tangentes que
objetivaram solucionar o problema da formação dos brasileiros. O olhar voltado aos artigos
referentes à educação da Infância e da Juventude possibilitou o aprofundamento do debate
pedagógico divulgado pelos intelectuais envolvidos neste projeto civilizatório.

Palavras-chave: educação, infância e juventude e História da Educação

Imprensa e espiritismo: as disputas no campo religioso alagoano na


Primeira República

Vanessa Elisa da Silva Correia - Mestrado, UFSC

Resumo: A imprensa escrita foi amplamente usada por várias religiões, em movimento de
defesa de suas doutrinas ou de denúncia de outras. A disputa no campo religioso se dava
tanto nas publicações em jornais e revistas específicos, católicos, protestantes e espíritas,
como também nos grandes jornais, não religiosos. A partir da análise das publicações da
imprensa constantes no período da Primeira República, ou seja, logo após a separação
entre Estado e Igreja, buscaremos indícios dos conflitos, e de como os discursos foram
utilizados para legitimar ou condenar religiões no estado de Alagoas.

Palavras-chave: espiritismo; imprensa; campo religioso

Heróis contra monstros: a representação dos colonos alemães em Goiás


pelo Deutscher Morgen (1938)

Frederico Tadeu Gondim - Mestrado, UFG

Resumo: Em 1938, o Deutscher Morgen/Aurora Alemã, órgão oficial do partido nazista no


Brasil, publicou uma matéria na qual trazia histórias contadas por imigrantes alemães que
haviam estabelecido a Colônia de Uvá (GO), acerca de seus encontros com serpentes da
região. Essas narrativas, realinhadas aos propósitos políticos do periódico, podem sem
dúvidas ser lidas como uma crítica à realidade desafiadora encontrada por esses alemães
que vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor, no entreguerras, e se viram sem o
apoio prometido pelas autoridades locais. No entanto, ao pensarmos essas histórias
tomando por chave de leitura o imaginário, conforme proposto por Durand (2004, 2012),
acessamos outra possibilidade de interpretação, na qual os colonos ressurgem como
verdadeiros heróis que se colocam acima do próprio destino, em seus embates contra
monstros locais - o que oferece não só um olhar que contrasta com aquele dos imigrantes
desamparados, como também, em nível mais amplo, possibilita uma reflexão sobre os

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

propósitos desse inusitado periódico no Brasil, e como essa matéria vem ao encontro
desses objetivos.

Palavras-chave: Imigração alemã; Goiás; Deutscher Morgen

Uma história da educação a partir dos periódicos

Dayane Cristina Guarnieri - Mestrado, UEL

Resumo: O objetivo do texto é refletir sobre as potencialidades em se utilizar os periódicos


da grande imprensa para abordar a História da Educação brasileira. Para isso o texto
propõe abordar quais eram as condições técnicas e materiais para a produção do periódico
em uma determinada conjuntura histórica, aqui se aborda o Jornal do Brasil na década de
1960. Desde o seu surgimento, a imprensa possui um caráter educativo, que lhe garantiu
uma posição de autoridade em uma sociedade com poucos meios de informação. Sua
constante atividade de escrita e interação social oferece para o público um texto que possui
a opinião, e especialmente, a informação. Ao agir como empresa ou como partido, em
alguns momentos, vemos a sua forte atuação ao longo da história política do Brasil - da
independência até o golpe civil militar de 1964. Como a grande imprensa visa ampliar seu
público, ela produz uma diversidade de conteúdos que revela as relações de poder entre
os grupos interdependentes que se inserem no Estado e na sociedade. A sua escrita
cotidiana, não é apenas reprodutora de ideias oficiais ou de grupos dominantes, mas é um
produto cultural construído a partir de muitas mãos e que também é influenciado ao se
apropriar das realidades vividas. Assim, ao compreender o processo de construção dos
textos jornalísticos a partir do diálogo com as articulações entre as configurações políticas
e as educacionais, é possível mapear os comportamentos e as emoções de uma sociedade
que se apropriou da educação formal como uma prática positiva ao compreendê-la como
meio de desenvolvimento individual e nacional.

Palavras-chave: periódico, cotidiano, Jornal do Brasil

Os elogios fúnebres como mecanismos para a construção da memória


coletiva

Victor Augusto Mendonça Guasti - Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes

Resumo: A seguinte proposta de comunicação é fruto de um recorte da pesquisa de


mestrado em andamento que visa compreender como a publicação de elogios fúnebres a
personalidades brasileiras durante o século XIX procurava construir uma memória coletiva
sobre tais personagens. Sendo as odes póstumas textos comuns desde a Grécia Antiga e
muito utilizadas pelo Catolicismo Romano para enaltecer seus santos, há registros de sua
utilização desde o tempo colonial. Contudo, após o advento da Imprensa, elas se tornaram
mais comuns e passaram a fazer parte dos ritos fúnebres da elite do Brasil Imperial. A partir
do estudo de caso dos necrológicos dedicados ao cônego Januário da Cunha Barbosa
(1780-1846) e ao padre Marcelino Pinto Ribeiro Duarte (1789-1860), objetivamos analisar
a linguagem utilizada e a intencionalidade dos autores para enaltecer a trajetória dos
falecidos e notabilizar suas vidas na história e na memória nacional.

Palavras-chave: elógios fúnebres, necrológicos, memória coletiva, Brasil Império

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS CANTORAS BRASILEIRAS DO RÁDIO EMILINHA


BORBA E MARLENE, ATRAVÉS DA REDE SOCIAL INSTAGRAM

Raimundo Cézar Vaz Neto - MESTRANDO EM HISTÓRIA, PUCRS/CAPES

Resumo: Este trabalho se propõe a levantar as principais imagens publicadas na rede


social Instagram, em que se preserva parte da memória e dos shows e encontros, das
cantoras brasileiras Emilinha Borba e Marlene. Dentre elas, a conta da primeira tem um
número de imagens menor, poucas referências precisas das fotos e dos jornais na época,
embora encontremos capa de Emilinha na Revista do Rádio, do Rio de Janeiro e sabemos
que algumas das imagens de sua rede social, saíram deste mesmo periódico conservador,
dirigido por Anselmo Domingos, que circulou entre 1948 e 1970. Por outro lado, as imagens
de Marlene são diversas e grande parte delas referenciam de onde foram extraídas, mais
uma vez, a Revista do Rádio e a Radiolândia, além dos jornais O Globo e Jornal do Brasil.
Através de pesquisa bibliográfica e tomando a rede social como fonte, veremos que esses
impressos trazem o início, a rivalidade e a "disputa” dos fãs para saber qual das artistas
mereciam mais homenagens e, algumas imagens, com os ídolos das novas gerações como
Chico Buarque, Roberto Carlos e Caetano Veloso. Embora Emilinha Borba fosse uma das
mulheres mais populares do rádio brasileiro, o surgimento de Marlene como cantora, que
levou o título de Rainha do Rádio de 1949, quando a primeira era a predileta ao título,
alimentou uma rivalidade entre os fãs que foi criada pelas emissoras e imprensa, de acordo
com Miriam Goldfeder (1980), mas, depois se perdeu o controle, quando valia tudo para
defender o nome da sua artista predileta. Essa rivalidade arrefeceu, mas ainda existe nos
testemunhos daqueles que frequentaram as emissoras de rádio, seus programas de
auditório, como as entrevistas dos/das depoentes ARQUIVOS DA CENA LGBTQI+
CARIOCA, ao jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, em 2021. Embora as cantoras
brasileiras do rádio não tenham mais o mesmo espaço ou número de seguidores que
tinham no auge do rádio e a rede social das duas não alimente mais a rivalidade que
marcou a história cultural do país, é preciso salientar a importância desse período em suas
trajetórias e o uso que a imprensa fez disso para vender notícias e especulações.

Palavras-chave: Jornal do Brasil. O Globo. Revista do Rádio. Radiolândia.

ST 09. Narrativas Oficiais e Histórias Insurgentes: a memória como


fonte na construção de outras histórias no Brasil Contemporâneo

Cátia Franciele Sanfelice de Paula (UNIR), Débora Ferreira Borges Barbosa (UEMS) e
Maria Rita de Jesus Barbosa (PUC/SP)

A partir de registros de memória oficiais proposta neste Simpósio convidamos a todos os


pesquisadores (as) que tem se dedicado à temática História e memória, a submeterem
suas propostas a fim de trocarmos experiências de pesquisa sobre esse campo de
atuação. O principal objetivo é evidenciar e discutir os diferentes registros de memória de
cunho oficial, notadamente, àqueles produzidos pelo Estado, por instituições, agências e
organizações, atentando para as inúmeras outras memórias e histórias que tais registros
evidenciam para a construção historiográfica no Brasil Contemporâneo. O presente
Simpósio justifica-se pela possibilidade de socializar experiências de pesquisas diversas,
cujo interesse se volta a problematização e desconstrução de memórias e histórias oficiais

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

que se perpetuam de forma naturalizada. Nesse ínterim, tais abordagens contribuirão para
ampliar nosso olhar acerca da história brasileira, num contexto marcado pelo negacionismo
histórico e científico. A finalidade do Simpósio é reunir pesquisadores preocupados com a
temática, a fim de contemplar múltiplas experiências de pesquisa e diferentes perspectivas
analíticas em torno da relação entre história e memória cujas interpretações teóricas
compreendam o passado enquanto marcador de tempos e espaços sobrepostos, atentas
à dimensão pungente da memória.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Memórias de uma ex-profissional do sexo: Zona boemia da cidade de


Itabaiana - PB (1960-1980)

Flaviano Batista Ferreira - Graduação, UFPB

Resumo: Christina Simplício de Araújo, ex- profissional do sexo e dona de um bordel


bastante conhecido na cidade de Itabaiana- PB nas décadas de 1960 á 1980, em suas
memórias relata a trajetória marcada por violência e principalmente sobrevivência.
Conhecida popularmente na cidade como "Christina, a que levou um tiro no olho”, teve sua
história marcada com o antes e depois do atentado intencional, realizado por três homens
branco e de classe média da sociedade pernambucana. Esse trabalho, busca destacar sua
trajetória desde a entrada e experiências no mundo da prostituição. Histórias evidenciadas
por medos, desilusões, amores e empreendimentos, quando se torna dona de um dos
bordéis mais frequentados da cidade. A zona boemia Itabaianense, localiza-se na Rua 13
de Maio e várias ruas de seu entorno. Nessa área encontramos bares e estabelecimentos
propícios para o sexo pago. Para narrar e descrever a história da personagem utilizaremos
como fundamentação teórica os conceitos de Memória de Jacques Le Goff; Lugar de Fala
da Djamila Ribeiro; Interseccionalidade da Carla Akotirene; e de Escrevivência, da
Conceição Evaristo

Palavras-chave: Itabaiana. Memórias. Sobrevivência.

AS REPRESENTAÇÕES NÃO OFICIAIS DA MERENDA ESCOLAR: UMA


ANÁLISE DA OBRA NOSSA HISTÓRIA DE ITAPAGIPE - MG

Débora Borges Ferreira Borges Barbosa - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em


Educação (Mestrado) - PGEDU/Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS),
Unidade Universitária de Paranaíba (MS). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História da Educação Brasileira (GEHEB). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

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CADERNO DE RESUMOS

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Resumo: O objetivo desta proposta é análise e discussão acerca de questões não


documentadas oficialmente sobre a merenda escolar na obra Nossa História publicada no
ano de 1992. O trabalho em parte de cunho memorialístico, tratou-se de contar a história
desde a origem, formação e emancipação municipal de Itapagipe/MG, estendendo-se a
abordagem das questões relacionadas a instrução pública. O grande enfoque intrínseco a
narrativa apresenta-se sobre o quadro educacional local, este que, poderia ser afirmado
pelo fato da então autora, ter sido professora e diretora da primeira escola da zona urbana
por um período de aproximadamente trinta e dois anos. Para elucidação do ambiente de
ensino que se formava, além das narrativas sobre criação, funcionamento das escolas e
projetos ligados a educação, são utilizadas também algumas fotografias da época para
uma tentativa de retratar vivencias da população e comunidade escolar. A criação das
Escolas Reunidas Santo Antônio no ano de 1952, é um momento de grande alegria para a
população apresentado no livro, pois daria início a possibilidade de acesso educacional de
modo mais amplo aos moradores locais. Dentro das representações sobre a escola
contidas na obra é observada a ausência de menção quanto aos víveres oferecidos aos
estudantes, sabe-se, no entanto, que, o espaço temporal de sua inauguração é pertencente
ao momento em que as caixas escolares já funcionavam dentro das instituições de ensino
como entidades responsáveis pelo suprimento de parte dos alimentos disponibilizados aos
alunos. No entanto, ao se acessar memórias de moradores da cidade daquele período ou
até mesmo antigos funcionários da instituição de ensino, as reminiscências contadas por
estes sujeitos trazem à tona questões importantes e totalmente relacionadas as festas,
quermesses, e leilões para o abastecimento da caixa escolar tendo como destinatário a
oferta de alimentação para as crianças. A autora e diretora, segundo as fontes orais
participava ativamente do gerenciamento no processo de angariar alimentos em favor da
instituição. As rememorações sobre a importância e papel desempenhado por esta senhora
dentro da escola são narrativas muito fortes, e ao longo dos anos foram se constituindo
como não passíveis de contestação no município, o que tornam crescentes as reflexões
sobre o apagamento destes atos vivenciados de modo tão aflorados, mas que, mesmo
assim não foram passíveis de importância no momento de uma escrita oficial sobre a
cidade no que se tange menção aos acontecimentos experienciados dentro do espaço
escolar da época.

Palavras-chave: Alimentação; Escola; Memória.

COMUNIDADE DO DOURADINHO: Cultura, memória e resistência na luta


pela permanência na terra

Maria Rita de Jesus Barbosa - Mestrado, Pontifícia Universidade Católica PUC-SP

Resumo: A presente comunicação insere-se em minha pesquisa de doutorado que possuí


como tema as histórias e memórias silenciadas no município de Itapagipe. Nas entrevistas
que realizei com os moradores da Comunidade Rural do Douradinho, com o objetivo de
compreender as relações de parentescos e os intercâmbios culturais entre os moradores
da Comunidade Rural e os moradores do Bairro urbano do Pito Aceso, o bairro negro da
cidade de Itapagipe, acabei descobrindo informações que não faziam parte dos meus

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objetivos de pesquisa. As falas dos moradores da Comunidade do Douradinho tinham


significados que atravessaram as fronteiras da história e da memória, tomando caráter de
denúncia sobre as dificuldades que seus antepassados tiveram para viver naquela região
e ter direito de permanência naquelas terras, enfrentando o poder dos grandes fazendeiros
que praticavam um pecuária extensiva na região e passaram a ter posse de grande parte
das terras do município, mediante a compra por valores irrisórios, ou trocas com os
camponeses e posseiros. Essa apropriação de terras pelos fazendeiros brancos do
município contou com ajuda de donos do cartório da cidade. Os moradores da Comunidade
Rural do Douradinho enfrentam, novamente, tentativas de expulsão de daquelas terras nos
últimos quatro anos, e agora com estratégias difíceis para os moradores continuarem
resistindo. Donos de sítios com menos de um alqueire, os moradores que resistem
assistem os seus vizinhos, aqueles que possuem grandes propriedades, venderem e,
principalmente, arrendarem suas terras para as Usinas de etanol e cana-de-açúcar do
município. Segundo os moradores da Comunidade Rural do Douradinho, diante do esforço
para se manterem em suas terras, opondo entregá-las para o cultivo da cana-de-açúcar,
os aviões das usinas passaram a sobrevoar as lavouras de cana, que fazem divisa com as
terras dos moradores do Douradinho, lançando agrotóxicos (veneno) sobre as casas,
currais, animais e plantações dos moradores. Diante das falas dos moradores, da
Comunidade rural do Douradinho, é possível fazer uma conexão com o conceito de
necropolítica e necroeconômia, de Achille Mbembe, e a atuação das usinas na região rural
de Itapagipe.

Palavras-chave: Douradinho, memória, terra, necropoeconômia, usinas.

COMO SE FORJAM HERÓIS: O AVESSO DA MEMÓRIA OFICIAL SOBRE OS


PRIMÓRDIOS DA CIDADE DE JOÃO MONLEVADE/MG

Gabriella de Souza Damasceno - Graduanda em Engenharia Metalúrgica da UEMG -


unidade João Monlevade; bolsista do Programa Institucional de Apoio à Pesquisa -
PAPQ/UEMG

Resumo: A presente comunicação insere-se em minha pesquisa de doutorado que possuí


como tema as histórias e memórias silenciadas no município de Itapagipe. Nas entrevistas
que realizei com os moradores da Comunidade Rural do Douradinho, com o objetivo de
compreender as relações de parentescos e os intercâmbios culturais entre os moradores
da Comunidade Rural e os moradores do Bairro urbano do Pito Aceso, o bairro negro da
cidade de Itapagipe, acabei descobrindo informações que não faziam parte dos meus
objetivos de pesquisa. As falas dos moradores da Comunidade do Douradinho tinham
significados que atravessaram as fronteiras da história e da memória, tomando caráter de
denúncia sobre as dificuldades que seus antepassados tiveram para viver naquela região
e ter direito de permanência naquelas terras, enfrentando o poder dos grandes fazendeiros
que praticavam um pecuária extensiva na região e passaram a ter posse de grande parte
das terras do município, mediante a compra por valores irrisórios, ou trocas com os
camponeses e posseiros. Essa apropriação de terras pelos fazendeiros brancos do
município contou com ajuda de donos do cartório da cidade. Os moradores da Comunidade

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Rural do Douradinho enfrentam, novamente, tentativas de expulsão de daquelas terras nos


últimos quatro anos, e agora com estratégias difíceis para os moradores continuarem
resistindo. Donos de sítios com menos de um alqueire, os moradores que resistem
assistem os seus vizinhos, aqueles que possuem grandes propriedades, venderem e,
principalmente, arrendarem suas terras para as Usinas de etanol e cana-de-açúcar do
município. Segundo os moradores da Comunidade Rural do Douradinho, diante do esforço
para se manterem em suas terras, opondo entregá-las para o cultivo da cana-de-açúcar,
os aviões das usinas passaram a sobrevoar as lavouras de cana, que fazem divisa com as
terras dos moradores do Douradinho, lançando agrotóxicos (veneno) sobre as casas,
currais, animais e plantações dos moradores. Diante das falas dos moradores, da
Comunidade rural do Douradinho, é possível fazer uma conexão com o conceito de
necropolítica e necroeconômia, de Achille Mbembe, e a atuação das usinas na região rural
de Itapagipe.

Palavras-chave: Douradinho, memória, terra, necropoeconômia, usinas.

Grilagem de terra em Rondônia: o caso da Colonizadora Calama SA (1970­


1980)

Cátia Franciele Sanfelice de Paula - Doutorado, Universidade Federal de Rondônia/UNIR

Resumo: A partir da análise de registros produzidos pelo Serviço Nacional de Inteligência


da Ditadura Militar (SNI) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o objetivo desse trabalho
é discutir o processo de grilagem em Rondônia realizado pela Colonizadora Calama SA na
década de 1970 à 1980, articulada às relações estabelecidas com o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra). Argumento que, os favorecimentos à Colonizadora
Calama SA, pelo Incra, provocaram conflitos junto a sistematização dos projetos de
“colonização” , sendo eles um meio institucional para a regularização, legitimação e
perpetuação da grilagem. Considero ainda que, esse processo não ocorreu desvinculado
do jogo com os valores dos trabalhadores (THOMPSON, 1981). Destaco, além da
procedência da titulação das terras, a estreita relação entre a Calama SA e o Incra e as
narrativas em defesa da Calama SA pelo SNI.

Palavras-chave: Rondônia; colonizadora Calama SA; grilagem.

COLONIALISMO E CONSTRUÇÕES IMAGINÁRIAS DO FEMININO NO BRASIL


DO SÉCULO XVI: UMA LEITURA FEMINISTA E DECOLONIAL

Amanda Coutinho de Souza - Graduando, UEMS - Amambai.

Resumo: A partir do pós-estruturalismo e da virada linguística, tornou-se importante rever


epistemologias que consideravam a existência de um sujeito universal masculino. Saberes
até então consolidados na academia como de Levi-Strauss, Freud e Lacan são

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questionados pela epistemologia feminista (HARDING, 1997). Um regime de verdade fora


posto por alguns séculos e as mulheres não eram sujeitos históricos. Uma biologia dos
corpos (LAQUEUR, 2001) se institucionaliza a partir do século XVIII, ditando os padrões
da normalidade com vistas a manter a hierarquia e subordinação das mulheres e demais
gêneros que não se encaixavam. Nessa biologia, as diferenças são traçadas e o binômio
mulher natureza e homem razão se impõe. Daí os discursos da heterossexualidade
compulsória (WITTING, 1992) estavam espalhados na religião, no Estado, na família e nas
instituições de ensino até o hodierno. Para entender essas imposições de saberes
patriarcais e misóginos, faremos uma pesquisa bibliográfica qualitativa com apoio teórico
em discussões pós-estruturalistas e de natureza interdisciplinar, focando na relação do
colonizador com as colonizadas no Brasil colonial e como essas relações de poder
incidiram sobre uma dupla natureza em relação a sexualidade feminina. O encontro entre
civilizações nos trópicos revelou uma dupla natureza a dominar em solo brasileiro. A
natureza virgem igualava-se a virgem dos lábios de mel. Também se via a paisagem
colonial como feminina. Pelos atributos da sexualidade, raça e classe inventadas pelos
europeus assegurava-se a dominação da população nos trópicos, eliminando signos de
resistência como as mulheres não brancas ancestrais depreciando-as.

Palavras-chave: Gênero; Classe; Raça.

ST 10: Violência, crime e políticas de repressão do estado como


objetos de reflexão histórica

Flávio Santos do Nascimento (UFF) e Marcos Santana de Souza (UFS)

Resumo: A violência, o crime e a forma como o Estado classifica e reprime a criminalidade


são fenômenos sociais que assumem diferentes facetas ao longo da História e, por isso,
acabam por constituírem motes privilegiados para a construção de interpretações sobre os
momentos históricos em que estão localizados. Este Simpósio Temático busca agregar
pesquisas que busquem refletir sobre os sentidos e significados da violência e a
criminalidade, principalmente quando localizadas em tempos históricos de transição,
marcados por rupturas, como, por exemplo, os anos finais da escravidão e os anos pós
abolição, o período pré ou pós-golpe civil-militar de 1964, entre outros. Intenta também
reunir pesquisas que discutam a atuação do Estado através de suas instituições (a força
policial, o sistema judiciário, o sistema prisional, dentre outras) diante de práticas
consideradas criminosas. O exercício dialógico de relacionar as reflexões sobre violência,
crime e repressão estatal aos contextos sociais, políticos, econômicos e intelectuais de
cada recorte temporal podem ampliar a potencialidade interpretativa destas pesquisas.
Desse modo, este simpósio poderá congregar trabalhos que abordem as agências, os
discursos e as representações relacionados à repressão e aos grupos sociais considerados
perigosos a partir de perspectivas teórico-metodológicas diversas, bem como de recortes
temporais diversos.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)

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Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

O mal viver como ameaça à propriedade: as notícias sobre termos de bem


viver e o trabalho compulsório (1870-1890)

Maria Fernanda Ribeiro Cunha - Mestrado, PUC-Rio

Resumo: Importa observar, neste trabalho, como a ameaça à propriedade se situava no


cerne das questões emancipacionistas - especialmente para entender de que maneira o
combate à ociosidade se relaciona com o trabalho compulsório, na medida que estabelece
diferentes maneiras de controle da constituição de propriedade. A construção do aparelho
policial é entendida aqui, dessa forma, como resposta a esse movimento de deslegitimação
da propriedade senhorial, bem como da transformação em relação ao status jurídico das
pessoas escravizadas. Por isso, é preciso ressaltar as peculiaridades de estudar uma
medida preventiva criminalizando trabalhadores informais para salvaguardar a
propriedade, num contexto em que a escravidão é um trabalho formal, e a pessoa
escravizada uma propriedade. O debate gira em torno dos sentidos da obtenção de
propriedade por meio do não-trabalho como argumento da criminalização da classe
trabalhadora. Partindo, inicialmente, dos debates jurídicos a respeito da propriedade e da
liberdade, coloca-se à luz os casos de pequenos furtos e jogos de sorte, praticados por
trabalhadores criminalizados pelos termos de bem viver, noticiados nos jornais diários
fluminenses ao longo das últimas décadas do século XIX.

Palavras-chave: Criminalidade; termo de bem viver; Mundos do Trabalho.

O recrutamento militar como prática punitiva aos desajustados à ordem


sociopolítica

Polliana Borba - Mestranda-UFRGS/FAPEMA

Resumo: Um dos caminhos para a compreensão da história foram os novos jeitos de olhar
acompanhado da ampliação do campo de pesquisa cuja história, vista de baixo, passou a
ter participação na escrita historiográfica. Uma história que trata da experiência do
cotidiano das pessoas comuns, somada à temática dos mais variados tipos de história, tem
melhores resultados, visto que não se pode escrever a história com um olhar único, ou
seja, deve haver um contexto. A abertura a esses novos caminhos possibilitou o
aprofundamento da escrita da história e a aproximação com outras áreas fez que novas
histórias fossem (re)pensadas. Uma delas é a história militar que ao se aproximar de áreas
como a história social e política pôde suscitar novas questões e conceitos, assim como
mudanças na forma de escrever e interpretar. É nessa perspectiva que temas como o
recrutamento militar estão em voga atualmente. Isso ajuda a preencher os vácuos na
escrita da história dos indivíduos. Durante o período colonial, e quase todo o Império
Brasileiro, o recrutamento foi a principal forma de engajamento nas tropas de primeira linha.
Estudiosos abordam o recrutamento, ora como controle social das camadas mais pobres,
ora como ferramenta punitiva para desafetos. O artigo, tendo o Maranhão como campo de
estudo, busca colocar em relevo a relação paradoxal dos indivíduos recrutados com o
sistema dominante repleto de complexas relações entre senhores, recrutadores e
recrutados. Esse sistema, ao empregar sujeitos considerados vadios nas tropas, era uma

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forma de o Estado poder valer-se do trabalho desses sujeitos, ao mesmo tempo em que
os mantinha sob vigilância. Tornar-se praça do Exército, do Corpo de Polícia ou marujo da
Marinha era, portanto, uma forma de punir malfeitores, desafetos ou corrigir indisciplinados.
Para tal abordagem utilizamos tanto a documentação primária como os autores Regina
Faria (2012), Matthias Assunção (2008), Walter Filho (1996), Lúcio Kowarick (1994) entre
aqueles que têm a temática como estudo Hendrik Kraay, Kalina Silva, Nelson Sodré, Fábio
Mendes, dentre outros.

Palavras-chave: Recrutamento Militar, Maranhão Provincial, Corpos Militares, Violência.

EPB, a história de uma disciplina acadêmica em tempos de crise da ditadura


militar (1979-1993)

DAVISON HUGO ROCHA ALVES - Doutorado, UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E


SUDESTE DO PARÁ (UNIFESSPA)

Resumo: A presente comunicação é resultado da pesquisa desenvolvida durante o


doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia na UFPA
quando estudou-se a história de uma disciplina acadêmica conhecida como Estudos de
Problemas Brasileiros (EPB). A ditadura militar construiu uma estrutura de permanência
pelo meio universitário para disciplinar a juventude universitária após o ano efervescente
de 1968 de resistências contra a ditadura militar. A pesquisa encontra-se dentro do campo
da História Social das Disciplinas Curriculares através das reflexões de Chervel (1990);
Bittencourt (2003) e Santos (1996). Dialogamos dentro do campo historiográfico com os
estudos sobre a ditadura militar de Motta (2014; 2021) e Reis (2014) e do tempo presente
Ferreira; Amado (2006); Silva (2006); Hobsbawm (1998). A metodologia utilizada foi de
cunho qualitativo para observar a interação de modo objetivo e descritivo do fenômeno
educacional. Usamos os jornais da grande imprensa, documentos do SNI, jornais
alternativos universitários e a legislação educacional vigente como fontes historiográficas.
Nessa segunda fase da disciplina EPB observamos que houve a tentativa de construir
novos caminhos para a disciplina EPB e barrar o controle educacional imposto pela lei 869
de 12 de setembro de 1969.

Palavras-chave: Disciplinar Curricular. EPB. Hermenêutica. História Social. Violência


Simbólica.

O MOVIMENTO LGBTI+ E OS CORPOS VI(R)ADOS PELA DITADURA CIVIL-


MILITAR BRASILEIRA: UMA OPORTUNIDADE PARA O ENSINO DE
HISTÓRIA

Damir W agner Louret Junior - Graduação, UFMS

Resumo: Este trabalho é vinculado a uma pesquisa mais ampla, em desenvolvimento junto
ao Mestrado Profissional em Ensino de História, ProfHistória, oferecido pela UEMS,
Unidade de Campo Grande, denominada Corpos vi(r)ados no ensino de História. O título
desta proposta de comunicação, O movimento LGBTI+ e os corpos vi(r)ados pela ditadura
civil-militar brasileira: uma oportunidade para o ensino de História, expressa a abordagem
que se pretende, ligada ao ensino de História e às relações dissidentes de sexualidade,

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aludindo à constituição histórica da normatividade heterossexual e sua validação no


espaço escolar. O pressuposto que fundamenta o desejo para avançar no conhecimento a
respeito do tema, na pesquisa, é a de que existe uma naturalização que vincula corpo
biológico e a sexualidade, que desconsidera a dimensão cultural e histórica que permeia a
própria noção de natureza. Ao pressuposto mencionado acima, segue o de que a escola é
o espaço de produção de corpos disciplinados e heteronormativos, onde as dissidências
são perseguidas e sofrem violências. Entretanto, desnaturalizar as violências contra os/as
que foram instituídos como "outros”, "outras”, e reconhecer esses corpos vi(r)ados para as
normas hegemônicas de gênero e sexualidade como corpos que devem ser respeitados e
valorizados também por suas diferenças faz parte da luta de diversos setores sociais,
principalmente dos movimentos LGBTI+ e também precisam compor as discussões no
espaço escolar. Uma oportunidade para isso se dá através de componentes que tratem da
história do movimento LGBTI+ no Brasil, com foco especial no período de resistência à
ditadura civil-militar que se iniciou em 1964. É inegável que muitos corpos vi(r)ados às
normas de gênero e sexualidade existiram e resistiram de diferentes formas ao longo da
história do Brasil. Seria injusto deixar de pontuar que esses corpos já sofriam diversas
formas de violências antes mesmo do período da ditadura civil-militar brasileira. Contudo,
este trabalho pretende chamar a atenção para alguns eventos que marcaram a trajetória
do hoje chamado movimento LGBTI+ brasileiro no contexto do regime autoritário no Brasil
após o golpe de 1964 e potencializar, assim, oportunidades para a construção de um
ensino de História que valorize essas resistências. A pesquisa está sendo realizada através
de pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa documental tem como fontes a
legislação e documentos orientadores de políticas públicas educacionais, de forma
específica a Constituição brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Lei 9.394/96) e a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Damir Wagner Louret Junior/Dra. Célia Maria
Foster Silvestre

Palavras-chave: Ensino de História; dissidentes; sexualidade; LGBTI+; ditadura civil-


militar brasileira.

O ESTADO NA DITADURA CIVIL MILITAR COMO MOBILIZADOR DO MEDO:


ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, FRONTEIRA OESTE DO RIO
GRANDE DO SUL

Camila de Almeida Silva - Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Resumo: A ditadura civil militar brasileira mobilizou o medo na população de diferentes


formas, a Doutrina de Segurança Nacional foi um dos meios que permitiu materializar as
bases para a repressão e possibilitou a exacerbação de alguns entendimentos como
segurança, desenvolvimento, comunismo, subversão e inimigo interno/externo. Contudo, a
disseminação desse medo não ocorreu de forma invariável para todo o Brasil, as regiões
apresentaram as suas particularidades e as dinâmicas locais também estiveram presentes.
Nesse sentido, a cidade de São Borja, fronteira oeste do Rio Grande do Sul experimentou
algumas estratégias que deram robustez e expressaram os caminhos adotados pela
repressão para garantir a suposta segurança e o desenvolvimento. Pretendemos nessa
comunicação tratar da importância dos estudos das particularidades da repressão durante
a ditadura civil militar no Brasil. Para isso, exploraremos dois episódios da repressão em
São Borja. Primeiramente a perseguição à Alberto Rocha Benevenuto, médico, comunista,
à época vereador, cassado em 1964, que posteriormente recorreu ao exílio como meio de
sobrevivência, em seguida, trataremos do caso de Dino Aldir do Nascimento Lopes, na
época, estudante de direito, professor de língua portuguesa, suplente de vereador e que

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sofreu pelas mãos da repressão entre os anos de 1968 - 1971. Pretendemos também, ao
contribuir com o conhecimento histórico desse evento, evidenciar a importância em
reconhecer o local como integrante da totalidade e que conhecer nossa história perpassa
a máxima sobre as ditaduras: para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça.

Palavras-chave: ditadura-civil-militar; São Borja; Fronteira; Doutrina de Segurança


Nacional.

Um estudo sobre Inquérito Policiai Militar (IPM) no sul de Mato Grosso


(1964-1969)

Giovanni França Oliveira - Mestrado, Universidade Federal da Grande Dourados.

Resumo: O período da ditadura civil militar no Brasil foi instaurado no ano de 1964 e durou
até o ano de 1985. Por ocasião do golpe de 1964 organizado por militares e civis, depôs o
presidente João Goulart iniciando um dos períodos mais sombrios de nossa história.
O Ato Institucional número um (AI-1) deu início a engrenagem na manutenção da ditadura
militar no Brasil. Logo após o anúncio do AI-1 foi publicado a portaria n° 1de 19 de abril de
1964 onde determina a abertura do Inquérito policial militar "a fim de apurar fatos e as
devidas responsabilidades de todos aqueles que, no País, tenham desenvolvido ou ainda
estejam desenvolvendo atividades capituláveis nas Leis que definem os crimes militares e
os crimes contra o Estado e a Ordem Política e Social” (Brasil, 1964). Uma das funções do
IPMs segundo a portaria seria julgar os crimes militares, crimes contra o estado e a Ordem
Pública e Social, ou seja, principalmente as atividades subversivas e de pessoas contrarias
as ideias do regime recém instaurado no país. De fato, os IPMs foram instaurados em todo
o território nacional.
O estado de Mato Grosso também sofreu com os efeitos que a nova configuração política
posta pelo Golpe de 1964. Em especial no sul do estado na ocasião do golpe, várias
pessoas foram presas, tiveram seus direitos políticos cassados (ARAKAKI, 2014), diversas
pessoas foram investigadas e condenadas a partir da instauração de IPMs em diferentes
cidades no sul de Mato Grosso.
O principal Objetivo desse trabalho será analisar aspectos da implantação dos IPMs do sul
de Mato Grosso, a partir de documentos do Serviço Nacional de Informação (SNI)
encontrados no Arquivo Nacional.

Palavras-chave: Ditadura Militar, Inquérito Policial Militar, Sul de Mato Grosso

ST 12. Espaço rural, populações tradicionais e as políticas de


Estado

Adriana Mendonça Cunha (Casa de Oswaldo Cruz; PPGHCS/COC/Fiocruz), Benedito


Emílio da Silva Ribeiro - (Museu Paraense Emílio Goeldi; PPGDS/MPEG) e Carolina da
Cunha Rocha (Escola Nacional de Administração Pública; ENAP)

Resumo: A partir do século XX a política de desenvolvimento nacional e crescimento


econômico de muitos países ocidentais era de base tecnocientífica, apoiada em um

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conhecimento apto a melhorar os defeitos da natureza, transformar a agricultura


tradicional, de corrigir as falhas da sociedade e de consertar a economia nacional. No
Brasil, foi a partir da Primeira República que, guiada por ideias positivistas, se construiu
uma ética de trabalho apta a regenerar e disciplinar os homens inferiores que encontravam-
se nos espaços urbanos e no setor rural. Essas ideologias seriam readaptadas no regime
Vargas que, influenciado pela racionalidade administrativa dos Estados Unidos e pelo
autoritarismo do Estado alemão, passou a considerar a necessidade de recuperar o
homem e a mulher do campo/sertão. Por um lado, era necessário instruir os trabalhadores
rurais sobre os melhores métodos de cultivo, com base em mecanismos científicos,
deixando para trás hábitos tradicionais de plantação. Por outro, os povos indígenas
também foram incluídos nessa lógica, sendo a ideia de assistência e nacionalização
implantada por diferentes agências governamentais, perpassando o processo pedagógico
e de definição de territorialidades e transformando os "selvícolas" em trabalhadores
nacionais rurais. Tais ideologias continuariam ativas ainda hoje. Assim, a utilização das
teorias da Colonialidade do Poder (Aníbal Quijano) e do Colonialismo Interno (Pablo
González Casanova) são profícuas aqui. Afinal, o padrão da colonialidade nunca se
desconstituiu e foi internalizado em diversos países, reafirmando hierarquias e criando
formas de exclusão. Como explica Rita Segato, as especificidades da experiência
continental latino-americana impedem que as teorias marxistas, liberais ou republicanas
abarquem a multiplicidade de modos de viver, os interesses e os projetos emancipatórios
existentes na região. Logo, não é possível ficar preso apenas nas categorias
"eurocentrismo", "proletariado" ou "burguesia" para explicar as diversas lógicas históricas
e contemporâneas e suas contingências, em diálogo e contradição no continente
americano. A proposta deste ST visa a análise aprofundada sobre o espaço rural brasileiro,
na sua diversidade regional e de temporalidades, e as relações e projeções do Estado-
nação sobre esse espaço e suas gentes. Se objetiva estudar os diferentes debates,
problemas, autores e conceitos relacionados às populações tradicionais no campo-floresta
e ao amplo papel do Estado, seja por meio de suas agências, atores e políticas no trato
dos rurícolas, de povos indígenas, comunidades negras rurais e quilombolas e outros
grupos ligados à ruralidade ao longo dos séculos XX e XXI. Propõe-se que as ideias de
modernização e desenvolvimento, impregnadas de teor dualista, devam ser rompidas e
que se passe a observar a existência de uma multiplicidade de tempos históricos, de
relações territoriais e as diferentes estruturas de existência sociocultural nos trabalhos que
comporão o ST, os quais façam referência tanto ao Brasil como a países da América Latina.

DIA 1: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Os mitos do turismo no Pantanal Sul no contexto de queimadas e pandemia


de Covid-19

Sabrina Sales Araújo - Graduação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Resumo: Nesta comunicação falaremos sobre o desenvolvimento do turismo no Pantanal


sul mato-grossense e da paralela construção do mito da natureza intocada e do paraíso
ecológico fomentado pelo turismo, mito esse que não se sustentou diante de fenômenos
adversos e intensos como as queimadas e a pandemia de Covid-19 que atingiram a região
no ano de 2020 e 2021. Esses eventos extremos escancararam os problemas e
contradições vivenciadas pela população que mais diretamente depende do setor turístico
para obter renda. As políticas públicas oferecidas a elas durante esses momentos de crise

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não foram suficientes para assegurar segurança alimentar e física e, apesar da justificativa
do desenvolvimento sustentável atrelado ao desenvolvimento das populações locais
nortear as propostas governamentais para o setor turístico, visualizado por exemplo no
Plano de Desenvolvimento Turístico Sustentável - PDTUR (1999) e o Programa
Pantanal(1999), entre outros, as políticas públicas durante esse período demonstraram
ampla preocupação econômica por parte do estado visando apenas a retomada das
atividades turísticas, sem dar o devido amparo e auxílio às populações diretamente delas
dependentes, demonstrando incompatibilidade com os argumentos relacionados à
sustentabilidade que justificam a existência e os investimentos públicos no setor na região.

Palavras-chave: Turismo; Pantanal - Sul; Mitos; Covid-19; Queimadas.

A assistência ao sul do Piauí no Posto de Higiene de Floriano (1931-1935)

Rakell Milena Osório Silva - Graduanda, Universidade Estadual do Piauí - UESPI


Joseanne Zingleara Soares Marinho - Doutorado, Universidade Estadual do Piauí - UESPI

Resumo: O objetivo do trabalho é identificar de que formas o Posto de Higiene do


município de Floriano passou a conceber as práticas médicas de saúde, que foram
baseadas na prevenção e na terapêutica das enfermidades durante o Governo do
Interventor Federal do Piauí, Landry Salles Gonçalves. De acordo com Hochman (2002), a
partir da década de 1930, o Estado passou a ser o principal prestador dos serviços de
saúde pública, colocando o higienismo e a salubridade em primeiro plano. As ações, antes
baseadas na cura e tratamento das enfermidades, passaram a combinar de forma peculiar
as medicinas profilática e curativa, desenvolvendo uma nova forma de tratar a população
do país, sendo que tais medidas eram vigentes no governo do Interventor Federal Landry
Salles Gonçalves, que foi responsável por reorganizar a administração pública, incluindo
as instituições públicas de saúde. (MARINHO, 2018). No início de 1931, a saúde pública
ainda era restrita à capital Teresina, ao norte em Parnaíba e ao sul em Floriano, fazendo
com que a assistência médica ao sul do estado ficasse a cargo dos serviços do Posto de
Higiene e do Hospital de Caridade, ambos em Floriano, prestando relevantes serviços aos
municípios sem políticas sanitaristas regulares. (ALMANAQUE CARIRI, 1952). Os Boletins
Mensais de T rabalhos eram documentos oficiais responsáveis por contabilizar as principais
doenças do período, que detalhavam as formas de profilaxia, vacinações e revacinações,
trabalhos epidemiológicos, serviços de saneamento e serviços laboratoriais fornecidos
para os setores pobres. (PIAUHY, 1933). Apesar disso, ainda haviam falhas e dados
incompletos, sendo possível considerar que nesse período, apesar de o Piauí ter passado
por uma reorganização político-administrativa para efetivar as ações assistenciais de
saúde, houve avanços e retrocessos na saúde pública, influenciando na condição
problemática do estado.

Palavras-chave: História; Saúde Pública; Posto de Saúde de Floriano.

Confluindo temporalidades: a mobilização cultural do universo rural


argentino como estratégia de manutenção do consenso populista no
Primeiro Peronismo (1946-1955)

Ana Laura Galvão Batista - Graduação, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita
Filho” - UNESP/Franca

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Resumo: As décadas de 1930 e 1940 na Argentina são marcadas pelo acelerado processo
de urbanização de Buenos Aires, acompanhado da intensificação dos fluxos migratórios
internos de habitantes que se deslocam do interior provinciano para a capital e passam a
compor, juntamente com os grupos de imigrantes estrangeiros, o ainda incipiente
proletariado industrial da cidade. A conjuntura argentina que permite a ascensão do coronel
Juan Domingo Perón à presidência em 1946 leva o discurso oficial a enfrentar, desde o
início de seu governo, o desafio de superar as divisões sociais e conciliar diferentes modos
e ritmos temporais em nome de um consenso populista fundamental para garantir a
hegemonia e a legitimidade do regime. Dessa forma, o projeto cultural empreendido
durante os dois mandatos do governo peronista (1946-1955) foi essencial para a
reconfiguração da identidade nacional e para o reconhecimento, no jogo político argentino,
desses novos atores sociais recém-chegados a uma capital profundamente cosmopolita e
europeizada. Com políticas que buscavam formatar e veicular as referências dessas
populações migrantes através da cultura de massas, o discurso populista de Perón
esforçava-se em aproximar os espaços e as temporalidades do rural e do urbano,
minimizando suas diferenças e enfraquecendo as resistências por parte dos citadinos em
relação a esses grupos interioranos e ao seu universo simbólico. Desse modo, a partir de
estratégias retóricas de “peronização” , nacionalização e urbanização desses referenciais,
buscava-se defender os valores tradicionais representados pela cultura do campo sem
necessariamente abrir mão do progresso e da vida moderna na cidade, procurando-se
conformar, assim, uma cultura nacional e peronista que pudesse abarcar,
simultaneamente, todo povo argentino. Partindo das contribuições essenciais da Metafísica
do tempo histórico de Reinhart Koselleck para os estudos temporais, assim como da
revisão crítica desse pensamento tradicional desdobrada por Stefan Helgesson no âmbito
da historiografia pós-colonial, procuramos identificar as conversões temporais do discurso
populista de Perón as quais teriam permitido, no plano cultural, que o ímpeto pelo
progresso industrial e técnico da nação para que esta se tornasse cada vez mais urbana e
moderna pudesse conviver, ao mesmo tempo, com um universo tradicional rural e folclórico
extensamente veiculado pelas políticas e propagandas oficias e pelos meios de
comunicação de massa.

Palavras-chave: Universo rural; Temporalidade; Política Cultural; Peronismo; Folclore.

Um homem, uma mulher e um jeep: extensão rural, assistência técnica e


creditícia e o Ministério da Agricultura (1946-1955)

Carolina da Cunha Rocha - Doutorado, Escola Nacional de Administração Pública - ENAP

Resumo: O trabalho analisa o processo de consolidação no Brasil de uma administração


agrária que exigiu a formação científica e profissional de técnicos em questões rurais entre
1946 e 1960, período situado entre o final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra
Fria, com base na ideia de construção e divulgação de um tipo de agricultura científica e
racional, visando a superação de métodos considerados tradicionais no campo. Por meio
do estudo de documentos produzidos pelo Ministério da Agricultura (MA), verificou-se uma
maior consolidação e interferência dos setores empresariais nas políticas agrárias do
período, fazendo com que a agricultura fosse entendida como um negócio dependente de
mudanças tecnocientíficas, visando na maior inserção da produção rural no mercado
nacional e internacional. O período coincide com o processo de urbanização, êxodo rural
e aumento dos conflitos agrários no Brasil, quando o Estado fez as primeiras tentativas de
resolver administrativa e politicamente as questões rurais. Primeiramente, foram
desenvolvidas campanhas de extensão rural com perfil assistencialista e, posteriormente,

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com a participação de agências filantrópicas públicas e internacionais em projetos locais,


especialmente nos Estados Unidos, tais programas logo se tornaram políticas agrárias
federais que pouco consideravam os saberes locais nos processos agrários. O trabalho se
centra na crítica ao extensionismo rural de perfil capitalista impulsionado pelo Estado,
entendendo o trabalho empreendido pelos técnicos agrários como imposição cultural, a
qual gerou duras transformações socioculturais e também epistemológicas no que se
refere à forma com que homens e mulheres do campo do período vivenciavam à sua forma
tradicional de cultivo.

Palavras-chave: Extensão rural; Estado; Ministério da Agricultura; Técnicos agrários

O papel da escola na formação do homem rural e o programa de educação


rural do INEP (1947-1952)

Adriana Mendonça Cunha - Mestrado, Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

Resumo: Este trabalho apresenta o programa de educação rural coordenado pelo Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) entre os anos de 1947 e 1951. Para tanto, volto-
me para uma análise do projeto, suas diretrizes e principais atividades, tendo em vista
discutir o papel que esta instituição desempenhou na formação e elaboração de projetos
escolares voltados para a preparação da população para atuar na zona rural. Embora fosse
uma agência de pesquisa e produção de dados educacionais, no pós-guerra, o INEP
acabou assumindo papel de gerenciador de políticas públicas ao coordenar um programa
para construção de escolas primárias e normais rurais. O projeto em questão surgiu da
necessidade de qualificar a mão-de-obra no campo, combater o analfabetismo e o êxodo
rural a partir de acordos firmados com os estados. De alcance nacional, o programa
contribuiu com a construção de centenas de escolas e com a assessoria de técnicos
estrangeiros, como o pesquisador estadunidense Robert King Hall. Assim sendo, focalizo
minha análise nos objetivos do projeto e os resultados alcançados, destacando as relações
entre Hall e o INEP no referido período.

Palavras-chave: Educação Rural; Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP);


Relações Brasil-EUA.

DIA 2: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Entre a terra firme e as águas: saberes da pesca, soberania alimentar e


dinâmicas socioculturais numa comunidade ribeirinha (Santo Antônio do
Tauá- PA)

Adenilse Borralhos Barbosa - Mestrado, Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG

Resumo: Esse trabalho discorre sobre os entrelaçamentos de saberes a partir dos


diálogos entre o empírico e o cientista, tendo como ponto central a cultura, baseando-se
na leitura do texto de Roy W agner sobre "a interpretação da cultura” , dentre outros aportes
teóricos. Que através desse contraste de saberes culturais, pode ultrapassar as fronteiras
ideológicas e definições a respeito da cultura. As diversidades dos povos e comunidades

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tradicionais contribuem para as trocas de conhecimentos, saberes e experiências que são


essenciais no processo de construção.
Neste sentido do envolvimento do ser humano com outras sociedades não humana,
destacarei o universo da pesca é uma atividade muito antiga, tanto no Pará quanto na
Amazônia e no mundo é a herança cultural, talvez a mais significativa, deixada pelos
nossos antepassados, promovendo a segurança alimentar e o desenvolvimento
sustentável de todos nós comunitários. A prática da pesca, assim como os elementos
étnicos predominante herdamos dos indígenas, que já habitavam nas terras Brasileiras
muito antes da invasão dos colonizadores europeus, sofrerá então influências dos
europeus. Na verdade, o sistema comparativo que usamos para determinar, a relação dos
homens com animais vem da vivência de ambos, homens e animais que durante sua
evolução, foi criando métodos de captura, adaptação ao ambiente, observando o
comportamento dos seres aquáticos e experimentando os sabores da carne dos animais.
Para Roy Wagner, (2010) "exceto em ocasiões cerimoniais ou alianças interpessoais,
esses indivíduos raramente agem de comum acordo e muito menos se associam numa
guilda ou transmitem suas técnicas de um modo que não seja pessoal” .
De acordo com os comunitários, existem centenas de espécies de peixe do rio e do mar,
também os pontos de pesca utilizados pelos mesmos para melhor captura de determinado
tipo de peixe; em alguns pontos de pesca existem quantidades relevantes de uma
determinada espécie da noite. Em observação junto com as pescadoras e pescadores da
comunidade em questão, há uma singular representatividade no universo da pesca quando
os pescadores estão doentes ou sem sorte, aparece à figura do erveiras ou pajés, que se
encarregam de consultar ou dar seu parecer correlação ao problema, no caso da má sorte
ou "panema” ele manda que os pescadores utilizem ervas, ninhos de pássaros, parte de
alguns peixes ou répteis para fazer a infusão, banhos ou defumação, para que o mal se
afaste, e ele se provenha de sorte. Para Vieira - Shepard (2017) menciona algo parecido
sobre a "panema” e seus efeitos. Neste caso aparece, figura do pajé que é uma pessoa
imbuída de poderes sobrenaturais a qual ele se submeteu, e "precisa aprender a fazer" os
atos coletivizantes, pelos quais esse poder é precipitado sem invocar a inconveniência da
vergonha ou o terror paralisante da possessão ou vitimização por esses poderes. Roy
Wagner, (2010). Decorrente de muita possibilidade de engajamento dentro dessa
diversidade os pescadores não precisam somente de seus saberes e técnicas para
realização da pesca e conhecimentos das espécies de peixe, existe também a figura dos
pajé, dos encantados, dos lugares sagrados e da postura física dos pescadores e
pescadoras nestes locais, caso ao contrário, resultará em punição por desrespeitar estes
locais, a panema e uma dessas punição. No livro de Malinowski ele nos relata o poder da
magia na cultura do povo das Ilhas Trobriand que por sua vez é essencial para a
manutenção e o êxodo da economia do povo.
Nós pescadoras e pescadores de Espírito Santo, herdamos as técnicas e práticas da
pescaria dos nossos pais, avós e dos povos que viveram para essa região, mais também
conciliamos em diversas atividades encantos e magias que nos ajudam a construir e
praticar, uma boa pescaria e neste contexto é fundamental o uso de magia que tanto pode
ser para o bem, quanto para o mal como relata o Malinowski (1978) e não difere da ciência
que por sua vez também pode ter o seu uso a depender de sua finalidade para o mal ou
para o bem.

Palavras-chave: Saberes; Cultura; Pesca; Comunidade Tradicional.

A 5a Comarca da Província de São Paulo durante o processo de


Independência do Brasil (sécs. XVIII-XIX)

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CADERNO DE RESUMOS

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Cezar Felipe Cardozo Farias - Mestrado, Universidade Estadual do Oeste do Paraná -


UNIOESTE

Resumo: A presente comunicação visa analisar como a Quinta Comarca da Província de


São Paulo, território compreendido hoje como Estado do Paraná, estava organizado entre
os séculos XVIII e XIX. Com base na historiografia produzida acerca das temáticas da
história agrária e das populações, e no arrolamento de fontes documentais, buscaremos
demonstrar um Paraná pouco conhecido em seu interior, principalmente quanto aos seus
ciclos econômicos que foram fundamentais para as políticas de abastecimento e para a
economia regional, durante a segunda metade do século XVIII e da primeira metade do
século XIX, bem como as relações políticas e de poder estabelecidas entre as elites desse
período.

Palavras-chave: 5a Comarca da Província de São Paulo; Independência; Rural;


População;

Sertões a Oeste do Sapucaí: concentração fundiária e a formação do espaço


rural nos registros paroquiais de terras das freguesias de Caldas e Alfenas
(MG, 1855-1856)

Isaac Cassemiro Ribeiro - Doutorado, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


do Sul de Minas - IFSULDEMINAS/Campus Machado

Resumo: Os registros paroquiais de terra foram realizados em grande parte do Império do


Brasil em atendimento ao decreto que regularizou dispositivos da Lei de Terras de 1850.
Essa foi a primeira legislação sobre a propriedade fundiária no país. A eficácia da lei no
concernente ao domínio estatal de terras sem títulos foi questionável, sendo o seu principal
resultado a legitimação da propriedade privada e a garantia de expansão da mesma,
sobretudo para os grandes fazendeiros. Apresentamos aqui os resultados da análise da
totalidade dos registros paroquiais de terras das freguesias de Caldas e Alfenas, no sul da
província de Minas Gerais, buscando entender a formação de seu espaço rural em relação
aos seus níveis de concentração de terra. Sabe-se que esse território era povoado por
diversas etnias indígenas, sobretudo falantes do Macro Jê (Caiapós, dentre outros),
capturados, exterminados e dispersados em fins do século XVII. Durante a primeira metade
do século XVIII a região foi lar de diversos núcleos quilombolas de nominados "Quilombos
do Campo Grande” , destruídos na segunda metade do Setecentos. A área era alvo de
disputa entre as capitanias de Minas e São Paulo, e foi colonizada gradativamente por
pessoas vindas dessas duas regiões. No passar para o Oitocentos o povoamento desses
sertões se deu de forma mais intensiva, sobre pontos de colonização mais antiga e em
direção a áreas de fronteira aberta, como demonstram os registros paroquiais de terras.

Palavras-chave: Registros paroquiais de terras, concentração fundiária, formação de


espaços rurais

Indígenas, colonos y Estado. El caso la Laguna (Pasto-Colombia) en las


primeras décadas del siglo XX

Nórida Fernanda Munoz Ortiz - Doutorado, Universidad del Cauca/Popayán

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Resumo: En 1905 el gobierno de la República de Colombia emitió la Ley 55 de 1905 con


la cual ratificaba y confirmaba como vacantes los terrenos de resguardo que habían sido
denunciados como abandonados, es decir, que no estaban ocupados por indígenas. Con
esa ley se buscó expandir la frontera y producción agrícola, lo que generó conflictos por el
acceso y la redefinición de derechos de propiedad sobre la tierra. Dado que en la
historiografía colombiana hacen falta investigaciones puntuales que aborden la relación
entre frontera agrícola, política de baldíos y propiedad territorial de los resguardos durante
las dos primeras décadas del siglo XX, esta pesquisa propone, a partir del estudio de caso
de la parcialidad de la Laguna (comunidad indígena ubicada al suroccidente de Colombia),
contribuir a esa historia.
Nos concentraremos en los diferentes actores e instancias públicas involucrados, así como
en sus acciones y los argumentos para defender o justificar la posesión y/o propiedad.
Consideramos que la puesta en marcha de la política de colonización de baldíos en el área
de la Laguna fue un proceso indefinido y complejo que involucró a diferentes actores
sociales, desde parcialidades, vecinos, colonos indígenas y hasta entidades públicas como
la Universidad de Narino y el distrito de Pasto, cada uno con sus respectivos intereses.

Palavras-chave: Indígenas, estado, colonización de baldíos, colonos, suroccidente


colombiano, inicios del siglo XX

“Pela produção agrícola e pecuária e mais ofícios rurais” povos indígenas,


lógicas estatais e políticas agrárias no Brasil (1930-1967)

Benedito Emílio da Silva Ribeiro - Mestrado, Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG

Resumo: Esta comunicação visa analisar os processos (ou tentativas) de transformação


dos indígenas em trabalhadores agrícolas "úteis" para o Estado brasileiro, realizados pelo
Serviço de Proteção aos Índios (SPI) ao longo do século XX, visando a nacionalização
daqueles povos através da criação de postos e reservas indígenas, de uma colonização
ordenada desses espaços pelos indígenas "tutelados" e de incentivos indigenistas para o
ensino dos ofícios rurais e um desenvolvimento agrário modernizante daquelas terras
concedidas pelo Estado aos "selvícolas". Percebe-se que nos esforços para colonizar e
integrar os “espaços vazios” brasileiros, especialmente na Amazônia e no Centro-Oeste,
os indígenas foram inseridos como sujeitos importantes nos planos gestados para o
crescimento socioeconômico da nação, cabendo ao SPI realizar sua articulação no plano
de ação local junto a esses variados grupos. Por meio de levantamento e análise crítica da
documentação do SPI, especificamente da 2a Inspetoria Regional, foi possível dimensionar
os discursos e práticas tutelares, as relações sociopolíticas e as dinâmicas territoriais
erigidas naqueles espaços arbitrários de poder e territorialidade estatal entre os vários
sujeitos, sobretudo os agentes do órgão e os indígenas sob sua “proteção” . A pesquisa
revelou como as reservas buscavam cercear a circulação indígena por seus territórios
tradicionais e liberar tais espaços para expansão das frentes agropastoris, bem como
permitiu balizar as lógicas disciplinares em torno da organização do trabalho indígena e
dos fomentos à produção econômica (agrícola, pecuária e/ou extrativa), e os modos como
os indígenas acabaram se (re)organizando em torno dessas imposições tutelares e as
ressignificando.

Palavras-chave: Serviço de Proteção aos Índios; Era Vargas; povos indígenas; mundo
rural; campesinatos; sistemas tradicionais.

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

ST 13. Museus, Patrimônio Cultural e Memória

Sura Souza Carmo (UFS), Rose Elke DeBiasi (UFS) e Filipe Arnaldo Cezarinho (UFRRJ)

Resumo: A presente proposta de Simpósio Temático tem por objetivo discutir os museus,
a musealização, o patrimônio cultural e as políticas de memória a partir de estudos
interdisciplinares - História, Museologia, Educação, Arquitetura - considerando coleções
museológicas, bens tangíveis e intangíveis como objetos de estudo e fontes para a
compreensão de aspectos políticos e sociais no Brasil do século XX ao Tempo Presente.
Compreende-se os museus e os bens patrimonializados como expressões, em muitos
casos, de políticas sobre a memória ou da nacionalidade, frutos da escolha de grupos
hegemônicos, assim como de fricções de movimentos sociais articulados. Apesar de, a
partir da década de 1930, no Brasil, haver uma aproximação entre os intelectuais e as
classes populares que representam a formação de uma identidade nacional plural, no
âmbito patrimonial, as ações de salvaguarda do patrimônio se caracterizavam, contudo,
pela salvaguarda de bens culturais que representassem a tradição luso-brasileira. Tal
preponderância das políticas de salvaguarda do patrimônio e de memória continuam
hegemônicas até a atualidade. Observa-se ainda a necessidade de estudos a respeito das
intenções na formação de diferentes coleções museológicas e na ação de
tombamento/registro de diferentes patrimônios em atos que consagram determinados bens
em detrimento de outros. Ao optar-se por estudos interdisciplinares, o ST - Museus,
Patrimônio Cultural e Memória está aberto às perspectivas teórico-metodológicas diversas,
objetos e abordagens plurais. Desse modo, serão bem-vindos estudos que versem sobre:
I) história da formação de coleções museológicas; II) estudos voltados para a
valorização/desvalorização de bens culturais; III) relação Patrimônio e cotidiano; IV)
políticas patrimoniais no Brasil; V) Patrimônio e decolonialidade; VI) Saberes populares e
Patrimônio Cultural Imaterial; VII) Educação; e VIII) Ensino de História em museus.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Um nacionalismo sertanejo: criação de tradições, patrimônio e memória

Daniel Rincon Caires - Mestrado, Instituto Brasileiro de Museus/IBRAM

Resumo: Ao longo das primeiras décadas do século XX observou-se um movimento


decidido de reavaliação da produção cultural realizada em solo brasileiro. No interior desse
processo, muitos dos antigos pintores, escultores e arquitetos que produziram obras
utilizadas no contexto dos ritos católicos foram reenquadrados, passando a ser
compreendidos como artistas, e sua produção, como obras de arte. Mais ainda, os
resquícios de sua produção passaram a ser vistos como vestígios de um processo de
nascimento e evolução da genuína arte brasileira e, como tais, dignos de serem estudados,
interpretados, recolhidos de seu ocaso prolongado, protegidos por legislação específica,
exibidos no ambiente racional, pedagógico e controlado dos museus. As imagens de
santos católicos em pedra-sabão e madeira policromada, os altares-mores, tetos de
capelas e os próprios edifícios que abrigavam os templos migraram para o campo do
patrimônio, dos museus e coleções ao passarem a ancorar novos significados, muito além
daqueles que carregavam originalmente. Santeiros e mestres, construtores e talhadores
foram adquiridos pela história da arte, devidamente catalogados e qualificados, inseridos

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

em arranjos cronológicos e alocados em periodizações, arranjados em esquemas


narrativos formando fila ordenada e apontando o processo de evolução das artes.
Esse foi o destino do santeiro goiano José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874) e das obras
sacras atribuídas a ele. À partir da primeira passagem de um técnico a serviço do SPHAN
pela cidade de Goiás, em 1940, Veiga Valle foi incorporado ao panteão dos artistas
brasileiros, alinhado na categoria que abrigava outros representantes da arte "colonial” ou
"barroca” como Frei Jesuíno do Monte Carmelo, Mestre Valentim e Antônio Francisco
Lisboa. Os santos de madeira policromada atribuídos a Veiga Valle passaram a atrair o
interesse de colecionadores que, por meio de antiquários-viajantes, os procuravam
incorporar a suas coleções, enquanto que elementos locais faziam esforços para evitar a
dispersão desses objetos, uma vez que eles também estavam convencidos do papel
simbólico recém-descoberto nas imagens, agora vistas como provas da existência de uma
cultura goiana ancestral, autóctone e valiosa.
O que se pretende nesta comunicação é apresentar as linhas gerais de um ideário que,
desenvolvendo-se entre os intelectuais brasileiros desde o final do século XIX e
atravessando o chamado "movimento modernista”, permitiu que esse grande
reenquadramento conceitual ocorresse, chegando finalmente a consolidar-se como política
de estado no momento da criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O trabalho de pesquisa parece apontar que os letrados brasileiros de diversas regiões
compartilhavam um substrato de ideias comuns, ideias que permeariam a reconstrução da
história, a fundação de tradições e a criação e celebração de memórias. Interessa apontar
a forma dessas ideias em suas manifestações mais antigas e, mais especificamente,
encontrá-las e demonstrá-las em uso entre os letrados goianos do início do século XX e
nos textos fundamentais dos intelectuais que promoveram diretamente o reenquadramento
da cultura brasileira, como Mário de Andrade, Afonso Arinos, Manuel Querino, Ricardo
Severo, entre outros.

Palavras-chave: Patrimônio - Memória - Veiga Valle - Barroco brasileiro - Arte colonial

As coleções arqueológicas tombadas no período inicial do IPHAN: a


problemática da classificação do patrimônio arqueológico no Brasil

José Batista de Lira Neto - Doutorado, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Resumo: Ao adentrarmos nos processos de tombamento das coleções arqueológicas


tombadas no período inicial do IPHAN, podemos ponderar sobre o trato do IPHAN para
com patrimônio arqueológico nacional e analisarmos alguns problemas de classificação
nos tombamentos das referidas coleções. Portanto, ao investigar o referido período a
presente pesquisa dá destaque à análise dos processos de tombamento das coleções
arqueológicas do: Museu Paulista, Museu Júlio de Castilhos, Museu Paraense Emílio
Goeldi, Museu da Escola Normal Justiniano de Serpa, Museu Coronel David Carneiro,
Museu Paranaense e a Coleção arqueológica Balbino de Freitas que estava no Museu
Nacional. Entre as fontes utilizadas para a presente pesquisa destaco os já citados
processos de tombamento, como também a utilização de periódicos nacionais. Então,
partindo do elencado, o presente trabalho tem por objetivo analisar as coleções
arqueológicas tombadas no período inicial do IPHAN, para identificar o trato do IPHAN para
com o patrimônio arqueológico nacional em seu período inicial e analisar alguns problemas
de classificação nos tombamentos das coleções arqueológicas tombadas nesse período.

Palavras-chave: Classificação; Coleções Arqueológicas; Patrimônio Arqueológico.

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Notas preliminares sobre a conservação preventiva de acervos documentais


em clima tropical

Sura Souza Carmo - Mestrado Universidade Federal de Sergipe

Resumo: O artigo tem por finalidade identificar os desafios para a conservação em clima
tropical de acervos documentais presentes em arquivos, bibliotecas e museus que
possuem como suporte o papel - material mais comum de pesquisa em fontes históricas.
A abordagem busca elucidar quais os fatores intrínsecos e extrínsecos que fragilizam os
documentos em papel e como profissionais de espaços de guarda e pesquisadores podem
realizar procedimentos adequados para maior longevidade das coleções. Quanto aos
fatores intrínsecos - inerentes ao material - observou-se que alguns materiais são mais
frágeis devido principalmente a acidez de algumas tipologias de papel. Relacionado aos
fatores extrínsecos - não inerentes ao material - foi salientado a necessidade de níveis
estáveis de temperatura e umidade além de um rigoroso controle quanto ao ataque
biológico - causado principalmente por fungos, insetos e roedores. A pesquisa possui
caráter qualitativo, utilizando-se da revisão bibliográfica sobre o assunto para difundir
práticas adequadas de guarda e manuseio de documentos históricos. Desse modo, a
pesquisa procura descortinar alguns problemas enfrentados pelas instituições de guarda
de acervos documentais, as formas de diminuição dos percalços enfrentados e orientar
também os pesquisadores quanto ao manuseio adequado de materiais fragilizados.

Palavras-chave: conservação, acervos, documentos, pesquisa

A história de um acervo: um estudo sobre a coleção egípcia do Museu


Nacional

Bruna de Oliveira Santos - Graduação, PUC Goiás / UFG / Faculdade de São Bento do Rio
de Janeiro

Resumo: Levando em consideração os importantes diálogos que a Museologia pode ter


com outras áreas do conhecimento como a História e a Arqueologia, neste trabalho
pretendemos realizar uma discussão sobre a formação da coleção egípcia do Museu
Nacional da UFRJ, dando destaque para a forma que ela foi inicialmente adquirida, a partir
de aquisições feitas especialmente por D. Pedro I e D. Pedro II. A pesquisa envolve, neste
sentido, uma análise sobre a aquisição de peças arqueológicas provenientes do Egito no
decorrer do século XIX, quando havia na Europa, desde o século anterior, um crescente
interesse de exploradores, pesquisadores e do público em geral na antiga civilização
egípcia. Entretanto, a América Latina não ficou alheia a esse fenômeno, especialmente o
Brasil, pois em 1824 chegam ao Rio de Janeiro as peças que fariam parte da maior coleção
egípcia de um museu latino-americano.
Consideramos fundamental o estudo da trajetória desta coleção para que possamos
posteriormente analisá-la a partir de uma perspectiva museológica.

Palavras-chave: Egito; Museu Nacional; Museologia.

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Políticas públicas de identificação, proteção, salvaguarda, valorização e


difusão de bens culturais: o “ICMS - Índice do Patrimônio Cultural” no
Estado de Minas Gerais.

Paulo Sérgio da Silva e Ana Paula da Silva

Resumo: O Estado de Minas Gerais destaca-se na área de políticas públicas estaduais


relacionadas à indução de ações relacionadas com a identificação, a proteção, a
salvaguarda, a valorização e a difusão de bens culturais. Em face da previsão legal de que
25% do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação
(ICMS) pode ser repassado aos municípios conforme regulamentação própria, Minas
Gerais implantou uma legislação específica como estratégia de estimulo para que governos
municipais aderissem às políticas de patrimônio cultural, educação, saúde, meio ambiente,
produção de alimentos, entre outros, a partir da edição da Lei Estadual 12.040/1995,
popularmente designada como "Lei Robin Hood”, que foi reformulada pela 13.803/2000 e,
atualmente vigora a Lei 18.030/2009.

De acordo com a legislação estadual, percentuais das receitas obtidas por meio do ICMS
pertencentes aos Municípios são distribuídos segundo critérios específicos, definidos em
seu Anexo I (art. 1°, caput), entre os quais está previsto o do Patrimônio Cultural: "relação
percentual entre o Índice de Patrimônio Cultural do Município e o somatório dos índices de
todos os Municípios, fornecida pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico -
IEPHA” (Art. 1°, VII).
Nesse cenário, visando obter os recursos correspondentes, os municípios mineiros
passaram a implantar e desenvolver ações na área do patrimônio cultural. Nessa atuação
seguem as orientações definidas na Lei Robin Hood e guiam-se pelas determinações
conceituais e metodológicas do IEPHA/MG, fixadas em resoluções e deliberações
normativas. Ademais, a esse órgão cabe a análise anual da documentação enviada pelos
municípios mineiros, comprobatória da implantação e/ou da execução dessas políticas
públicas, segundo os preceitos normativos estabelecidos pela própria autarquia estadual.
Nesse contexto, tendo-se em conta a adoção do critério do ICMS - Índice do Patrimônio
Cultural, de 1996 até os dias atuais, a comunicação discutirá as diretrizes metodológicas
adotadas nas deliberações do IEPHA/MG, tendo-se em conta as categorias dos bens
culturais (materiais e imateriais), os instrumentos legais, as medidas propostas e as ações
estimuladas. Analisará os níveis e os impactos financeiros da adesão dos municípios
mineiros à política pública estadual de identificação, proteção, salvaguarda, valorização e
difusão de bens culturais, nesse período.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Políticas Públicas, Minas Gerais, ICMS - Índice


Patrimônio Cultural, IEPHA/MG.

A importância do Centro Histórico Tapuias Paiacu e do Museu Luíza Cantofa


como estratégia e fortalecimento da etnicidade dos índios do município de
Apodi/RN.

KAMYLA RAPHAELY MACEDO MONTEIRO - Doutorado, UFGD

Resumo: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre a importancia do Centro
Histórico- Cultural Tapuias Paiacus e do Museo indígena da cidade de Apodi, o Museo
Luíza Cantofa no estado do Rio Grande do Norte, mostrando como as teorias estudadas

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na disciplina de Imaginánios e Cultura material, no Programa de Pós Graduação da


Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), puderam dar suporte a este trabalho.
Pensaremos como a construção desses centros Históricos e museus foram importantes
para o fortalecimento da História e das memórias dos povos Tapuias Paiacu, e
consequentemente, contribuíram para o ingresso destes, junto aos demais grupos etnicos
emergentes Potiguar, contribuindo desta forma, para o fortalecendo do Movimento Social
Indígena no estado do Rio Grande do Norte. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica dos textos utilizados na disciplina do PPGH da UFGD de Imáginários e Cultura
material, bem como dissertações, artigos, além da metodologia da História oral.
Utilizaremos como fontes: jornais, vídeos, entrevista e sites relacionadas ao tema. Tal
trabalho justifica-se, uma vez que é de suma importancia pesquisas como estas, para dar
novas reinterpretações as fontes e uma maior visibilidade a esses povos que por muitos
anos foram deixados a margem ou ditos como desaparecidos pela historiografia clássica
oficial do estado.

Palavras-chave: Museu Luíza Cantofa; Estratégias; Tapuias Paiacu; Apodi/RN.

Apontamentos preliminares sobre o Patrimônio Cultural do MST

Rose Elke Debiasi - Doutorado, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Resumo: O objetivo desta comunicação é refletir sobre o processo de constituição e


transmissão do patrimônio político, cultural e religioso do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). Esse patrimônio pode ser percebido na valorização de símbolos
representativos da trajetória de luta e resistência do MST, na utilização de determinadas
expressões, na mística, na preparação para uma ocupação de terra e no processo de
montagem das barracas de lona preta. Manifesta-se, igualmente, na valoração, na
representação e no reconhecimento de determinadas lideranças em âmbito nacional, bem
como no papel que elas assumem no grupo político. Por meio da metodologia em História
Oral, da análise documental e bibliográfica, buscarei identificar como esse patrimônio
cultural é acionado, reivindicado e resignificado pela militância no processo de estruturação
do MST.

Palavras-chave: MST; Patrimônio Cultural; História Oral

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Entrevidas, de Anna Maria Maiolino: o corpo feminino em ação

Tamara Silva Chagas - Mestrado, Doutorado em História da Universidade Federal do


Espírito Santo (PPGHis/UFES)

Resumo: A performance é uma linguagem artística que veio à tona nas décadas de 1960
e 1970, tomando como princípio a apresentação cênica, muitas vezes atrelada a outras
linguagens, como as artes visuais, a dança, a música, a literatura, o cinema, o vídeo e a
fotografia (SANTOS, 2008, p. 2). Sendo assim, a performance se posiciona como uma
linguagem que atua na fronteira entre diversas formas de expressão artística (SANTOS,
2008, p. 1), sempre tomando o corpo do artista como seu ponto de partida (BATTCOCK,

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apud SANTOS, 2008, p. 8). Ela surge em um contexto marcado pela crise da arte moderna
e pelo surgimento de novas formas de criação que inauguram a era contemporânea dentro
do contexto artístico: um momento de reaproximação do âmbito da arte com a esfera da
vida cotidiana. A arte passa, então, a se apropriar de qualquer elemento da realidade, não
sendo mais possível distinguir o que é e o que não é arte pelo critério formal. Nesse sentido,
o corpo humano surge como instrumento de reflexão sobre o real, em termos
comportamentais, éticos, sociais e políticos. No contexto brasileiro da época, as artistas
mulheres se destacam no uso da performance como forma de expressão, sendo
memoráveis a produção, nessa linguagem, de Anna Bella Geiger, Letícia Parente e Anna
Maria Maiolino. No contexto desta pesquisa, interessa-nos uma obra específica desta
última artista: Entrevidas, de 1981. A proposta da artista ítalo-brasileira consistiu na
instalação de diversos ovos de galinha fertilizados ao longo de um caminho a ser por ela
percorrido. A situação fazia referência à ideia metafórica do "pisar em ovos”
(BERGAMASCHI, 2018, p. 232), relativa não apenas às pedras do caminho presentes em
toda trajetória de vida humana, mas também à situação do País à época, quando se
vivenciava o processo de abertura política depois de anos de Ditadura Civil-Militar (1964­
1985) (BERGAMASCHI, 2018, p. 232). A performance é registrada sob a forma de
fotografia, a funcionar não apenas como registro, mas também como forma de criação
paralela, dentro da conjuntura da série Fotopoemação, na qual a artista uniu imagens
fotográficas de suas performances a poemas de sua autoria, numa linguagem
intermidiática. Nesse sentido, propomos um trabalho de reflexão sobre a performance
Entrevidas, de Anna Maria Maiolino. Debateremos sobre o uso do corpo feminino como
elemento para se pensar a realidade da mulher em um mundo cujas estruturas são
estabelecidas a partir da dominação masculina sobre o feminino e como a arte pode se
posicionar como uma ferramenta de contestação diante de uma realidade permeada pela
opressão do patriarcalismo.

Palavras-chave: Artes visuais; Anna Maria Maiolino; performance; arte brasileira.

MUSEU, FOTOGRAFIA E GÊNERO: HISTÓRIA VISUAL DAS MULHERES NO


MUSEU
MUNICIPAL DEOLINDO MENDES PEREIRA

Liége Fonseca Barros - Mestrado, Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR

Resumo: Nesta pesquisa estudamos as articulações entre museu, cultura visual e


representação feminina, tendo como objetivo compreender a divulgação de conteúdo e a
sua recepção pelo público do Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira (Campo Mourão-
PR). À luz dos conceitos da história pública, gênero e cultura visual, procuramos
compreender como a audiência desse Museu apreendeu seu acervo fotográfico, além de
analisar o impacto da organização de exposições a partir dos princípios de gestão
arquivística e mediação acerca da ausência/presença feminina em sua cultura visual. De
que maneira esse equipamento cultural possibilitou a interpretação, debate, exposições e
a difusão de seu acervo tendo como pano de fundo a ausência/presença das mulheres? A
pesquisa culminou com a formação de públicos através das exposições Nós, Mulheres
Plurais, realizadas durante a Semana Nacional de Museus e a Primavera dos Museus, do
Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), nos meses de maio e setembro de 2022. Os dados
da pesquisa de campo foram obtidos através da análise de acervo fotográfico e artístico,
oralidades e performance de arquivos - institucional e pessoal - através de narrativas
visuais, textuais e poéticas, realizadas com um coletivo de mulheres, com aplicação do
protocolo Pop Up Museum (exposições conjuntas e coordenadas, diálogo com o público,
colaboração, coautoria e observação do público).

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CADERNO DE RESUMOS

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Palavras-chave: História Pública. Museu. Curadoria. Fotografia. Gênero

Educação Patrimonial Decolonial: o ato vivenciar

Filipe Arnaldo Cezarinho - Mestrado, UFRRJ/FAPERJ

Resumo: O objetivo da comunicação é apresentar reflexões de estudos em andamento


sobre a noção de Educação Patrimonial aplicada à Guerra de Espadas, manifestação
cultural centenária em Cruz das Almas/BA. Nesse sentido, busca-se propor um estilo de
Educação Patrimonial Decolonial, no qual finca os olhares para o campo da vivência
cotidiana das pessoas comuns em cruzamento com seus patrimônios culturais. Argumenta-
se, sobretudo, que os estudos recentes sobre Educação Patrimonial se instalam na relação
instituições-comunidades, não abrindo incursões para compreensão de atitudes de
educação patrimonial sem a presença de agentes do patrimônio ou de movimentos sociais
organizados. A consequência da aplicação desse modelo é a não observância e o
desperdício de experiências concretas evocadas por comunidades que não estão
organizadas em termos formais ou iluminadas por lógicas eurocentradas. A pesquisa em
andamento investiga textos teórico-conceituais sobre Educação Patrimonial contidos nos
Cadernos Temáticos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. A
leitura desses trabalhos está sendo realizada pelos crivos teóricos decoloniais.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Guerra de Espadas; Decolonialidade

O BANHO DE SÃO JOÃO DE CORUMBÁ E LADÁRIO: AS PRÁTICAS


CULTURAIS E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA FESTA

Andréia Marsaro da Rosa - Mestrado, Doutoranda em História pela UFGD. Professora


SED-MS.

Resumo: As cidades de Corumbá e Ladário estão localizadas na região noroeste do


estado de Mato Grosso do Sul, na fronteira com a Bolívia. Todos os anos na noite do dia
23 para 24 de junho nessas duas cidades os festeiros e suas comunidades fazem uma
festa em homenagem a São João. Ainda em suas casas os festeiros recebem seus
convidados, fazem orações, rezam missas, servem um jantar e saem de suas casas em
direção a Ladeira Cunha e Cruz com seus andores para banhar a imagem de São João
nas águas do rio Paraguai. Em maio de 2021 o Banho de São João foi reconhecido pelo
IPHAN como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil e foi inscrito no Livro de Registro das
Celebrações. Atualmente a festa é organizada pela Prefeitura de Corumbá que
disponibiliza estrutura para a descida dos andores com as imagens, além de shows
musicais, barraquinhas de comida e show pirotécnico. O festejo que era espontâneo foi
institucionalizado pelo poder público e inserido no calendário turístico do estado. Nesse
sentido, pretende-se apresentar brevemente aqui como essa festa acontece, como é
organizada pela prefeitura e como os festeiros se relacionam com esse processo. Para
tanto, o uso de relatos orais permite identificar como os agentes públicos procedem nessa
organização e também como os festeiros percebem esse processo.

Palavras-chave: Festa junina; história oral; religiosidade; patrimônio

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CADERNO DE RESUMOS

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ESTAS TRADIÇÕES CONSTITUEM AS NOSSAS ORIGENS: O CURURU E O


SIRIRI EM MATO GROSSO FRENTE À MARGINALIZAÇÃO E A
RESSIGNIFICAÇÃO

Alécio Gonçalves da Silva - Mestrado, UFGD

Resumo: No estado de Mato Grosso o processo de constituição de uma identidade cultural


teve seu resultado a partir de uma complexa interface entre fatores objetivos e discursivos,
tais como língua, território, história comum e criação de símbolos regionais, isso tudo,
aliado a intervenção direta e criativa de intelectuais ligados a instituições e ao próprio
Estado, incumbidos e desafiados a definir o aspecto subjetivo da identidade regional.
Nesse sentido, práticas populares, rurais e marginalizadas por força de lei, como as
performances de canto e dança do Cururu e o Siriri, entre o final do século XIX e início do
século XX, passam a ser ressignificadas, se dinamizam, e no decorrer do século XX, por
meio do ordenamento social, cultural e político do estado e do país, passam a fazer parte
do imaginário regional que, por sua vez, busca canalizar simbolicamente autênticas
expressividades da tradição e cultura mato-grossense. O temor de uma possível perda da
primazia do mando, originária das levas de migração, especialmente sulista, para o estado,
além da ruptura territorial e administrativa com a divisão e subsequente criação do estado
de Mato Grosso do Sul em 1977, levaram instituições, intelectuais e políticos,
principalmente de Cuiabá, a repensarem e a se empenharem na concretização de um
projeto identitário efetivo tendo por base a cultura popular, buscando assim a união dos
mato-grossenses frente aos novos desafios da contemporaneidade.

Palavras-chave: Cururu; Siriri; Identidade Mato-grossense.

Educação museal: a aprendizagem histórica entre a materialidade e a


imaginação

PRISCILA LOPES D’AVILA BORGES - Mestrado, UERJ

Resumo: O presente trabalho pretende debater a aprendizagem histórica e seus desafios,


diante de bens culturais patrimoniais em museus. O referencial teórico privilegia os estudos
de Jorn Rüsen e Paulo Freire, em conjunto com os trabalhos de Ulpiano Meneses e
Francisco Régis Ramos. Propomos uma análise do museu, enquanto espaço formativo,
dedicado a preservação e comunicação de determinadas memórias, intencionalmente
selecionadas, abrangendo sua potência educativa e os obstáculos para formação de um
público espontâneo, que tenha condições de compreender os saberes museais em sua
complexidade linguística. As discussões sugeridas referem-se à identificação dos alunos e
professores que visitam museus, como neosujeitos, envolvidos com demandas
socioeconômicas, que não privilegiam o aspecto cultural como relevante para a vida na
sociedade neoliberal. Além disso, problematiza a utilização pedagógica de museus por
professores de História, a partir de estudos de caso realizados no Museu Imperial
(Petrópolis-RJ), Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro-RJ) e Museu da República (Rio
de Janeiro-RJ), através de pesquisas de campo no ano de 2018. As análises que compõem
o estudo revelam que a linguagem expositiva costuma ser apropriada segundo paradigmas
curriculares, que dificultam o desenvolvimento de atividades efetivas perante a
singularidade dos saberes museais. Ademais, indicam a busca de professores por um lugar
de ilustração para os conteúdos debatidos em sala de aula, sugerindo aos alunos noções
equivocadas diante das representações históricas expostas no museu. O exame

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CADERNO DE RESUMOS

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comportamental de professores e alunos no ambiente museal demonstra o desafio da


aprendizagem a partir de objetos musealizados, sinalizando a necessidade de discutirmos
o papel do patrimônio na educação brasileira, bem como no Ensino de História.

Palavras-chave: Educação Museal; Aprendizagem Histórica; Ensino de História.

ENSINO DE HISTÓRIA NO MUSEU DA UFMG: COLONIAL OU DECOLONIAL?

Julio Cesar Virginio da Costa - Doutorado, UFMG/CP


Ana Clara de Sousa Duarte - Graduando, UFMG
Daniel Leite Gonsalez Motta - Graduação, Universidade Federal de Minas Gerais
Maria Eduarda Soares Simões - Graduando, Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo: Esta comunicação pretende apresentar algumas ações realizadas pelo


Educativo do museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB/UFMG)
diante do fenômeno das visitas escolares aos museus. Estamos propondo apresentar
alguns aspectos iniciais das visitas à exposição de arqueologia dos povos originários de
MG que datam de cerca de 14.000 anos atrás e analisar as ações educativas voltadas para
as escolas da educação básica, especialmente as públicas, na busca do ensino de história
de um Brasil antigo, de uma maior compreensão da Educação Patrimonial e da
conservação de bens arqueológicos e históricos.
É também objetivo desta comunicação apresentar o projeto de pesquisa Ensino de história
nas ações educativas do museu de história natural e jardim botânico da UFMG: colonial ou
decolonial?
O objetivo geral da pesquisa é identificar, analisar e descrever as ações educativas
(presenciais e remotas), e vestígios históricos do Setor Educativo do Museu de História
Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB/UFMG) na busca pela compreensão se estas
ações promovem um ensino e um ensino de história eurocêntrico ou decolonial para os
grupos de visitantes escolares na perspectiva de um “laboratório/fórum” ou se promove
uma leitura de museu como “teatro da memória/templo” que canoniza a temática expositiva
do museu no contexto de inserção dos sujeitos nas relações estabelecidas com o passado-
presente.
A metodologia da pesquisa além do seu caráter qualitativo descritivo e analítico, e,
também, se enquadra na tipologia de um estudo de caso. Ela também terá o suporte
metodológico da pesquisa descritiva, no caso específico do Museu de História Natural e
Jardim Botânico da UFMG (MHNJB/UFMG), especificamente, em seu setor Educativo.
As concepções metodológicas que foram mobilizadas na escolha estão ancoradas no
pressuposto de que o estudo de caso “permitirá incialmente fornecer explicações no que
tange diretamente ao caso considerado e aos elementos que lhe marcam o contexto” e
auxiliadas por outras estratégias de pesquisa (LAVILLE, 1999, p. 155).
Segundo Laville (Idem, p. 156), a grande vantagem da estratégia do estudo de caso é a
oportunidade de um aprofundamento, pois os recursos serão concentrados em um
determinado local, contexto e documentação.
Somado a essa metodologia de coleta de dados, também faremos uso da observação
direta nas visitas escolares que são realizadas no museu ao longo do ano de 2022 /2023.

Palavras-chave: Museu, ensino de história, decolonialidade

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

ST 14. Territórios e territorialidades: narrativas de diásporas e


permanências

Eliene Dias de Oliveira (UFMS), Jiani Fernando Langaro (UFG) e Silvana Aparecida da
Silva Zanchett (UFMS)

Resumo: A proposta deste Simpósio Temático é abrir espaço para discutir as pesquisas
no campo da territorialidade, abarcando experiências de deslocamentos e diásporas do
passado e do presente, bem como as pesquisas que envolvem permanências e modos de
vida que tenham o território como conceito central. Nesse sentido, destaca-se o uso de
fontes orais, audiovisuais e escritas pessoais, a saber: narrativas orais e a produção social
de memórias, histórias orais de vida, fotografias, documentários, narrativas gravadas,
documentos privados, cartas e escritas autobiográficas. Nesse sentido, interessa ao ST
analisar experiências sociais, econômicas e culturais que se ocuparam em desenvolver
ações conjugadas à formação de sujeitos e grupos em contextos e conjunturas de
deslocamentos e permanências, contribuindo para a composição de identidades e
experiências históricas.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

MIGRAÇÃO E MEMÓRIAS DE NORDESTINOS EM VICENTINA: UMA LEITURA


A PARTIR DA MIGRAÇÃO CEARENSE E PERNAMBUCANA

DOUGLAS MARTINS LIMA DE MOURA - Graduação, UFGD

Resumo: A presente proposta tem como base o estudo de caso que estou realizando no
PPGH da UFGD modalidade de mestrado, que tem como objeto de estudo a Migração e
Memória de nordestinos em Vicentina/MS, é um projeto que está em andamento, tem como
metodologia a história oral e busca através de entrevistas com migrantes e outras redes
colaboradores, compreender mais que o processo de migração como um todo, mas as
subjetividades e emotividades que perpassam os deslocamentos populacionais, com a
metodologia de história oral de vida, os sujeitos (as) são o centro do nosso projeto e de
nossa pesquisa. Nesse sentido a memória aparece como uma expressão da história oral
de vida. Portanto, suas memórias são individuais, mas também coletivas, tendo em vista
que falam de si, mas também de uma história partilhada, sobre a égide da comunidade
nordestina, em especial da comunidade nordestina, em especial nesse estudo de
cearenses e pernambucanos.

Palavras-chave: Migração; memória; comunidade nordestina.

O APRISIONAMENTO EM RUPTURA: Trajetórias negras de liberdade NO RIO


DE JANEIRO (1830-1836)

Gabriela Viera dos Santos - Graduação, Universidade Federal de Santa Maria

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Resumo: O presente trabalho investiga as relações sociais dos escravizados e suas


prováveis motivações para as fugas, noticiadas no periódico Correio Mercantil (RJ)
publicado entre os anos de 1830-1836 na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Mbembe
(2001), embora os esforços conscientes em direção a recuperação da memória africana
objetivassem a autodeterminação desses sujeitos, elas raramente escaparam ao status de
sofrimento na história, no qual a história da África e dos africanos permaneceu
condicionada ao processo de degradação histórica. Como forma de romper com isso e
avançar rumo a um legado de autonomia dos negros na África e no Brasil, nosso estudo
seguiu os contornos de trabalhos como de Beatriz G. Monigonian (2004), o qual lança à
prática algumas das críticas feitas por Mbembe, onde os usos de fontes como processos-
crime, anúncios de escravos e ações de liberdade, possibilitariam o entrecruzar de
identidades antes vistas sob um viés generalista, e agora propriamente das vidas dos
sujeitos escravizados e suas relações no sistema escravista. A partir de procedimentos
quantitativos nosso estudo centrou-se em duas questões importantes em vista de contribuir
com os estudos sobre a diáspora africana: 1. A construção de relações e redes de
solidariedade. 2. Acesso a uma "liberdade provisória”, mas ainda cobiçada. A primeira
questão retoma a complexidade das relações e dos sujeitos escravizados, onde a presença
de rivalidades étnicas entre os africanos de nações distintas ora se reproduziram e ora
diminuíram sob o peso da escravidão (DE ALBUQUERQUE, 2006). Como analisamos nos
anúncios, parte das fugas eram acompanhadas (12,07%) por homens e mulheres de
diferentes etnias, indicando que mesmo com a presença de rivalidades, as relações de
apoio, e possivelmente família, se faziam presentes. Em segundo, observamos as
condições das fugas e a provável motivação. Em 62 anúncios onde se conhece a idade
dos fugidos, 29 ocorrências eram de homens entre 4 a 16 anos (46,77%), fase em que
ainda estavam longe de acostumar-se com as novas condições de trabalho e ordem
vivenciadas no Brasil, que dificilmente seria a mesma daquela na África. Talvez por isso
romper com o aprisionamento, embora por pouco tempo, fosse algo a ser cobiçado já que
garantia a liberdade, como demonstra no anúncio de Antônio, de 13 a 14 anos, "já tem feito
3 fugidas, e quando foje costuma andar pela Tyjuca”1, nem sempre a fuga poderia ser para
afastar-se completamente da condição de escravos ou de negociação com seus senhores,
mas talvez, como Antônio fez, de andar pela Tijuca.

Palavras-chave: Diáspora Africana. Trajetórias negras. Liberdade.

Oficiais mecânicos na Colônia do Sacramento, 1680-1777

Jeferson dos Santos Mendes - Doutorado, UNESCO/FBNRJ

Resumo: A presente pesquisa busca analisar a presença de oficiais mecânicos na Colônia


do Sacramento. Desde mestre de obras, ferreiros, carpinteiros, marceneiros, pedreiros,
além de oleiros, tecelões, ceramistas, sapateiros e alfaiates. Como marco temporal
utilizaremos os períodos de 1680 até 1777. Período marcado por uma intensa atividade
nas construções e defesa da região sul, onde se observa um crescimento populacional e
urbanístico. Portanto, os marcos vão desde a fundação da praça de Colônia do
Sacramento, perpassa os eventos das ocupações e desocupações das tropas espanholas
na praça, marca o avanço da fronteira para à América meridional até a entrega definitiva
da praça de Colônia do Sacramento aos espanhóis. Por fim, demonstrar também, a
importância dos oficiais mecânicos na manutenção do território e no processo de
povoamento das regiões mais meridionais da América.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: Colônia do Sacramento, portugueses, oficiais mecânicos.

MEMÓRIAS PÚBLICAS, MIGRAÇÕES E MOVIMENTOS DIVISIONISTAS:


REFLEXÕES SOBRE UMA CARTILHA EM DEFESA DO ESTADO DO IGUAÇU

Jiani Fernando Langaro - Doutorado, Faculdade de História - UFG

Resumo: O trabalho problematiza uma cartilha publicada em 1990 pelo movimento em


defesa da criação do estado do Iguaçu. A nova unidade da federação, caso fosse aprovada,
seria instituída nos espaços onde atualmente se situam o Oeste catarinense, o Oeste
paranaense e o Sudoeste desse estado. O movimento divisionista embasava seu projeto
na história, especialmente na criação do Território Federal do Iguaçu, em 1943 - dissolvido
na constituinte de 1946 - e nos movimentos migratórios que acompanharam a Marcha para
o Oeste do Estado Novo. A queixa principal do movimento era de que Paraná e Santa
Catarina sempre haviam relegado suas regiões fronteiriças ao abandono, situação que
somente se reverteria com a criação do estado do Iguaçu. Diante disso, a apresentação
refletirá sobre as memórias públicas construídas pela cartilha e os usos que foram feitos
do passado das regiões divisionistas, como forma de construir a legitimidade da bandeira
que então se desfraldava.

Palavras-chave: Cultura visual, História Pública, Território Federal do Iguaçu

Ossos do ofício de um fronteiriço em território paraguaio: uma conversa


com o Pastor Ricardo Adolfo Becker

Leandro Baller - Doutorado, UFGD

Resumo: A proposta aqui apresentada faz uso de uma entrevista semi-dirigida, derivada
da metodologia de História Oral para a produção de fonte para a pesquisa histórica.
Realizada no final do ano de 2013 em Assunção - PY com o Pastor Luterano Ricardo
Adolfo Becker. Nascido na Província de Missiones na Argentina, possui ascendência
materna brasileira, paterna argentina, e sempre trabalhou radicado no Paraguai. Formado
em Teologia, Bacharel em Contabilidade e com especialização como Perito Mercantil, ele
atua especificamente com Pastor. Para esse momento, a opção de trabalhar com a fonte
em um evento de natureza regional se dá com o objetivo de percorrer um pouco melhor e
mais de perto a temática que a rica narrativa oral do Pastor Ricardo nos proporciona, e em
muitos aspectos se assemelha ao cotidiano de muitos trabalhadores que vivem entre um
país e outro, mesmo que derivada de uma entrevista realizada a quase uma década atrás.
Portanto, não será objeto dessa proposta, uma análise teórica metodológica que é de praxe
aos pesquisadores e nesse caso mais específico aos historiadores, prática necessária e
sempre usual. O objetivo aqui é minimamente mostrar como se desenvolve a perspectiva
de um agente histórico-social, sujeito fronteiriço, no decorrer de vários anos de ofício
religioso em terras paraguaias. A percepção dele e a maneira como constrói as suas
interpretações que vão acontecendo no decorrer de sua vivência ao longo dos anos no
país, sobre as cidades, o meio rural, as aldeias indígenas, os movimentos migratórios
locais, a formação do que ele chama de "colônias de estrangeiros”, entre elas os brasileiros,
os menonitas, os canadenses, os orientais, os alemães, entre outros. A todo momento
percebe-se a perspectiva crítica que o Pastor possui e assume acerca de muitos temas
que nos sãos comuns, seja na academia ou ao meio social de forma mais ampla. Tais

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

como a onipresença do sujeito paraguaio em regiões de fronteiras com o Brasil, com a


indignação ao tratamento relegado ao indígena que sofre com a estigmatização por parte
de todos os demais, com o pequeno agricultor paraguaio que segundo ele "quase
desapareceu” nos últimos tempos por causa da ascensão do capital financeiro agrícola,
com as mulheres presentes nos movimentos migratórios brasileiro e que em algumas
vezes passaram décadas sem sequer sair de casa, em meio ao mato no Paraguai, com a
difusão dos meios de comunicação, com a ausência do Estado, entre outros aspectos.

Palavras-chave: trabalho; fronteiras; estereótipos; cultura.

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

UBERLÂNDIA/MG, ANOS 1950: O CINEMA COMO ESPAÇO SOCIAL

Eliene Dias de Oliveira - Doutorado, UFMS

Resumo: A cidade de Uberlândia/MG dos anos 1950 se conta e se ritualiza a partir de


diferentes olhares. Para a imprensa e os grupos hegemônicos é contada como "ordeira e
desenvolvimentista”, a cidade luz, a Heliópolis do Triângulo. Nos relatos orais se apresenta
com outros sentidos, sendo percebida por outras lentes, contando-se nas experiências
cotidiana como, por exemplo, o ato de ir ao cinema. Para além da sociabilidade e do
entretenimento, nos surge aqui a cidade portadora de contradições e conflitos, revelando
outras nuances do viver urbano, como as divisões dos espaços sociais pela cor da pele e
classe social presentes na fala de narradores como Eurípedes José. Nessa interpretação
a cidade é (re)construída em seu amálgama de significados, descortinando uma
pluralidade de olhares e significados que serão o objeto dessa comunicação.

Palavras-chave: História, Cultura urbana, História Oral

Problemas urbanos na Salvador dos anos 1920.

Jonas Brito dos Santos - Mestrado, Unicamp

Resumo: Essa comunicação inspira-se no segundo capítulo de minha tese de doutorado


atualmente em fase de escrita. Mostrarei os problemas crônicos enfrentados pela
população soteropolitana (em sua esmagadora maioria negra) entre 1926 e 1930, no
campo da habitação, saneamento, transporte, comunicação e energia. Procurarei mostrar
a importância dos bairros suburbanos nessa história, inspirando-se no comentário do
cientista social Donald Pierson, que, nos anos 1930, notou que a capital baiana parecia
uma cidade medieval cercada por aldeias africanas. O propósito mais amplo é apontar
alguns dos problemas crônicos que explicam a ocorrência do grande protesto do Quebra-
Bondes em 4 de outubro de 1930, isto é, no desenrolar da Revolução de 1930.

Palavras-chave: Brasil; Bahia; Revolução de 1930; Quebra-Bondes; história política;


história social; história urbana.

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CADERNO DE RESUMOS

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EscreVivência: a religiosidade em Carolina Maria de Jesus

Maria Antônia Marçal - Doutorado, Universidade Estadual de Maringá,

Resumo: O objetivo deste trabalho de pesquisa é demonstrar as marcas da religiosidade


presentes na escrita de Carolina Maria de Jesus. Durante o levantamento bibliográfico
percebeu-se a ausência desta discussão nas pesquisas desenvolvidas sobre a autora. Esta
lacuna é apontada por Bom Meihy (2015, p. 191) na obra Cinderela Negra: a saga de
Carolina Maria de Jesus. O problema de investigação norteador desta pesquisa é
compreender de que forma a religiosidade permitiu a Carolina compreender a realidade.
Desta forma, poderíamos dizer que a religiosidade em Carolina Maria de Jesus exerce um
caráter diferenciado já que não se desenvolve unicamente numa perspectiva de conexão
com o transcendente. A religiosidade em Carolina lhe possibilita compreender a realidade
e se mover nela. As fontes de pesquisa utilizadas neste trabalho são: Quarto de Despejo
(2014), Casa de Alvenaria - Volumes (2021) e Diário de Bitita (1986) obras produzidas por
uma escritora improvável como afirmou Rufino (2009). Carolina Maria de Jesus intercalava
suas andanças pela cidade de São Paulo em busca de sobrevivência recolhendo das ruas
aquilo que poderia ser vendido. Por outro lado, a paixão pela leitura e a escrita a fazia
registrar seu cotidiano num ritmo latente e constante. Suas experiências como mulher
negra apresenta-se atrelada à tessitura de sua escrita e integra um estilo literário
denominado por Conceição Evaristo de “escrevivência” (2017). Desta forma, o presente
trabalho de investigação tem como objetivo apresentar um olhar sobre trabalhos de
pesquisa realizados sobre Carolina Maria de Jesus e demonstrar como as marcas
religiosas estruturam o olhar de Carolina na compreensão da realidade.

Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus, Religiosidade, Escrevivência.

Memórias femininas: narrativas de pescadoras do Pantanal Sul Mato


Grossense

Silvana Aparecida da Silva Zanchett - Doutorado, Universidade Federal de Mato Grosso


do Sul - Campus Coxim.

Resumo: A presente exposição trará as problematizações e as especificidades das


relações de gênero, no campo do trabalho da pesca profissional artesanal no Pantanal Sul
Matogrossense. Assim, apresentarei as construções históricas das narrativas orais
vivenciadas no mundo ribeirinho e pantaneiro, evidenciando histórias de vida de mulheres
que pescam profissionalmente. Nessas narrativas, publicizo os múltiplos sentidos e
significados que a vida ribeirinha lhes proporcionou ao longo de suas trajetórias de vida e
de trabalho. Além de descartar cada conquista proporcionada por ser mulher e pescadora
no Pantanal. Ainda, destaco suas expectativas, lutas e resistências tecidas no rio e nas
cidades, bem como a construção de modos de vida singulares expressos nas suas
vivências laborais e comunitárias. As narrativas evidenciam memórias cotidianas de
mulheres pescadoras que vivenciam e compartilham práticas e viveres às margens de um
rio, narrativas carregadas de significados de existências, além de ser um estudo da
invisibilidade da mulher trabalhadora da pesca artesanal nos Pantanais. Essas narrativas
evidenciam elementos das desigualdades sociais intrínsecas ao universo pesqueiro,
história, memórias silenciadas no universo pesqueiro Sul Mato Grosensse. Por fim, destaco
momentos de encontros e desencontros na maneira de ser mulher e ser pescadora no/do
Pantanal, localizada no Estado de Mato Grosso do Sul.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Palavras-chave: Mulheres; pescadoras; Memórias; Pantanal; Empoderamentos.

ST 15. Mundos do Trabalho rural e urbano: existências e


resistências

Maria Celma Borges (UFMS) e Vitor W agner Neto de Oliveira (UFMS)

Resumo: É ampla esta temática, compreendendo múltiplas relações de trabalho: formas


diversas de trabalho escravo e compulsório, assalariado, entre indígenas, não-indígenas,
quilombolas e camponeses, no campo e cidade. Importa discutir existências e resistências
de homens e mulheres neste universo, desde a América portuguesa ao tempo presente. A
proposição deste Simpósio Temático, segue os princípios delineados no Simpósio do GT
Mundos do Trabalho, oferecido nos Encontros da ANPUH-MS desde 2006, espaço que
proporciona momentos de debates e formulações enriquecedoras da historiografia.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Trabalhadores no Brasil. Uma análise sobre a “Nova história do trabalho”

Marcos Alesandro Neves dos Santos - Mestrado, UFSM - Doutorando

Resumo: O trabalho tem o objetivo de debater a produção historiográfica intitulada "Nova


história do trabalho". Suas principais obras, influências e o mais importante, quais as
principais mudanças em relação a uma historiografia dita "tradicional". Os elementos de
permanência e de ruptura passando por temas relevantes como a abolição e o pós
abolição, associativismo, o trabalho no campo, os processos migratórios e o operariado.

Palavras-chave: Historiografia; Mundos do trabalho; Trabalhadores;

Outras interseccionalidades: movimentos sociais como objetos e sujeitos


da pesquisa histórica no Brasil, 2016-2021

Mariana Esteves de Oliveira - Doutorado, UFMS e INCT Proprietas

Resumo: Escapando da reflexão classificatória das muitas teorias dos movimentos sociais
nas Ciências Sociais e na História, esta comunicação visa apresentar como historiadores
e historiadoras olham para os movimentos sociais quando os elegem como objetos de suas
pesquisas de mestrado e doutorado, por meio de uma análise do Estado do Conhecimento
das teses e dissertações dos últimos cinco anos em programas de pós-graduação em
História no Brasil. Além do mapeamento que esta metodologia permite realizar, esse
esforço revela caminhos muito particulares da pesquisa brasileira se comparada com as
(auto)críticas que cientistas sociais teceram sobre a pesquisa mundial, em muito voltada

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

para temas das identidades culturais. No Brasil, como se observa pela pesquisa ainda em
desenvolvimento no âmbito da UFMS, do INCT Proprietas e do Grupo TRETAS,
historiadores e historiadoras seguem atentos/as às questões distributivas, aos movimentos
nas esferas do trabalho e da terra, ao mesmo tempo que estão sensíveis aos seus sujeitos
e suas identidades, produzindo uma gama de intersecções que extrapolam as avenidas de
classe, raça e gênero mas, em muito, transita por elas.

Palavras-chave: Movimentos sociais, Estado do Conhecimento, Pesquisa Histórica

THOMPSON E A HIS TÓRIA DOS COSTUMES: UMA LEITURA NÃO


ECONOMICISTA DOS CONFLITOS NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII

Isabela Barbosa Rodrigues - Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,


projeto de TCC), UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: O objetivo do presente artigo é apresentar e analisar a concepção não


economicista de Thompson em torno das transformações sociais promovidas pela
revolução industrial na Inglaterra do século XVIII. Para tanto, investigaremos dois artigos
do autor, ambos presentes na obra Costumes em comum; o primeiro, "Tempo, disciplina
de trabalho e capitalismo industrial”; o segundo, "A economia moral da multidão inglesa no
século XVIII”. Quanto ao primeiro artigo, evidencia-se que a disciplina e a hierarquização
do trabalho não foram mudanças meramente econômicas, mas também, culturais. Isto é,
no campo dos costumes, precisamente em relação à percepção do tempo. Já em relação
ao segundo artigo, discute-se a conceituação da economia moral dos pobres, e como os
chamados "motins de fome” possuíam significações e simbologias mais profundas do que
unicamente o âmbito econômico poderia captar.

Palavras-chave: Historiografia; história dos costumes; Thompson; Economia moral.

A Família escrava em Mato Grosso: presenças e ausências na Comarca de


Paranaíba

Moniza Dias da Silva - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência - Pedagógica, projeto
de TCC), UFMS / CPTL

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo abordar a perspectiva da família escrava
ao longo da historiografia brasileira, que por sua vez em primeiro momento esteve
diretamente pautada por meio de uma perspectiva economicista de modo que as temáticas
sociais por sua vez foram relegadas ao esquecimento. Utilizando das obra do historiador
Robert Slenes "da senzala uma flor" (2011) busco analisar os aspectos da constituição da
família escrava, exprimindo assim as realidades da família para além de suas dimensões
de cativeiro, entendendo, através disso, os benefícios da matrimonio entre escravos para
os senhores e compreendendo a união pela perspectiva dos cativos que poderiam utilizar-
se do casamento como recurso para diminuição da violência e abuso. Em conjunto com a
obra de Slenes, utilizo de duas obras literárias "A carne" de Júlio Ribeiro e "Úrsula" obra
de Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra no Brasil, de modo a relacionar o
imaginário empregado até então aos relacionamentos interraciais e o modo como esses
eram compreendidos dentro de uma sociedade pós escravocrata. O trabalho também versa

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CADERNO DE RESUMOS

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a análise de processos crime da comarca de Paranaíba na tentativa de identificar aspectos


relacionados com a presença (ou não) de agrupamentos familiares.

Palavras-chave: Família escrava; Mato Grosso; Comarca de Paranaíba; Escravidão.

AS MULHERES EM MATO GROSSO: RELAÇÕES DE TRABALHO E DE


PODER ENTRE ESCRAVIZADAS E SENHORAS NAS PÁGINAS DO IHGB

Kerina Piason Mendes dos Santos - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência
Pedagógica, projeto de TCC)

Resumo: Sabendo que é através dos vestígios históricos que pode-se compreender a
importância da inclusão da História das mulheres na historiografia, já que impulsiona a
igualdade e estabelece novos ângulos para se analisar o protagonismo feminino através
do tempo, a referida pesquisa visa um estudo histórico das mulheres, desde o cenário das
minas do Cuiabá a outras partes desta Capitania, visando uma discussão acerca de temas
referentes ao mundo do trabalho, especialmente no universo do rural, as quais podem
evidenciar lutas e conquistas, assim como o modo de vida de mulheres, escravizadas e
livres, neste cenário. Cabe aqui analisar os fragmentos de histórias de vidas, experiencias
e acontecimentos sociais que nos permite um olhar mais aprofundado para o que as
mulheres, pobres e ricas, livres e escravas, negras e brancas, vivenciaram em seu
cotidiano, especificamente em Mato Grosso, com enfoque nas mulheres que sofreram
diversas formas de repressões em um contexto hierarquizado, onde as mulheres eram
enxergadas enquanto seres inferiores em relação ao poder senhorial. Para a análise da
referida pesquisa, visando uma compreensão sobre a História das mulheres na Colônia e
Império, serão analisadas quatro fontes provenientes da Revista do IHGB, sendo estas as
análises de Hercules Florence, traduzidas por Alfredo D’Escragnolle Taunay, entre outras
fontes que auxiliem a analisar uma história centrada nas interpretações construídas sobre
as mulheres, escravizadas e senhoras, ricas ou pobres, a partir de um viés de gênero, raça
e classe em Mato Grosso entre os séculos XVIII e XIX.

Palavras-chave: gênero; interseccionalidade; mundos do trabalho; escravidão.

Trabalhadores e Trabalhadoras das frentes de emergências: as fontes do


Departamento de Obras Contra as Secas (DNOCS) e a contribuição para
uma História Social do Trabalho (Campo Grande-RN, 1983 a 1984)

Ana Sara Cordeiro de Almeida - Mestranda do PPGHC-UFRN

Resumo: Nossa comunicação tem como objetivo fazer uma análise das fontes
documentais do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), com sede
regional na cidade de Assú, no Rio Grande do Norte, e suas contribuições para pesquisas
relacionadas a períodos de estiagens e como essa documentação ajuda a pensar a
dimensão do trabalho ou dos trabalhadores. Justiça-se este trabalho por colaborações aos
estudos amplos sobre trabalho. Em um período considerado de "seca verde” ,
compreendido entre os anos 1983 a 1984, o DNOCS no vale do Açu, foi o órgão
responsável pela contratação de homens e mulheres para trabalhos estruturais na região.
Os documentos referidos estão no arquivo da sede regional do DNOCS. Especificamente
no arquivo encontram-se fichas de contratações de trabalhadores em funções de operários

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

e sistematizam informações como: lugar de residência, profissão, se eram alfabetizados


ou não, estado civil etc. O potencial dessa documentação relaciona-se a temas como:
trabalho, história institucional e estiagens. Metodologicamente, seguiremos os caminhos
para análise documental: catalogação, digitalização e análise das fichas de inscritos do
período de 1983 a 1984. Para tanto, iremos seguir os encaminhamentos colocados pelo
autor Carlos Bacellar (2008), sobre os usos e manuseios de arquivos, e o aporte teórico de
Edward Palmer Thompson (1981). Salientamos, que a pesquisa se encontra em passos
iniciais e com resultados preliminares.

Palavras-chave: Estiagens, trabalhadores, Assú, Campo Grande, DNOCS, fichas de


inscrições.

A HISTÓRIA RURAL E OS ESCRAVIZADOS E QUILOMBOLAS EM MATO


GROSSO: TERRA, TRABALHO E LIBERDADE (SÉCULOS XVIII E XIX)

Ana Carolina Santos de Paula - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo: Esse trabalho pretende discutir e apresentar os resultados da pesquisa das


temáticas terra, trabalho e liberdade na perspectiva dos agentes sociais escravizados, com
enfoque para os quilombos em Mato Grosso e o varadouro e fazenda Camapuã, localizada
na região sul entre os séculos XVIII e XIX. O trabalho foi desenvolvido no sentido de buscar
por indícios dos negros e negras nessa região. É perpassado pela história rural, pois visa
encontrar vestígios de roças de escravizados e a constituição de quilombos, a fim de
compreender de quais formas se dava a busca pela liberdade e a resistência desses
homens e mulheres em meio a violências sistemáticas a que eram submetidos. Para
pensar essas questões, foi que o trabalho se propôs a vasculhar a documentação, sendo
ela: publicações da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB.

Palavras-chave: Quilombos, Escravidão, Camapuã, Mato Grosso, Roças

“Aqui tinha trabalho como o quê”: histórias de vida e deslocamentos no


pós-abolição no distrito de Almas (Anguera-Ba), 1900-1960

Lázaro de Souza Barbosa- Mestrado, Universidade do Estado da Bahia

Resumo: No cenário baiano de deslaçamento das relações compulsórias de trabalho e de


requalificação do ódio racial nos moldes republicanos, as condutas e as práticas laboriosas
de homens e mulheres do campo foram acompanhadas de perto pelo racismo num
processo de intensificação da subalternização. Ao longo das décadas do século XX,
sobretudo na primeira metade, o distrito de Almas, pertencente à Feira de Santana/BA até
1961, era um território que dispersava e atraia famílias e trabalhadores/as rurais de
diversas paragens e fazendas, não só do entorno. Num contexto de longo pós-abolição, o
distrito tornou-se um terreno de possíveis autonomias e liberdades por meio do trabalho,
das possibilidades e das estratégias de acesso e usos da terra. Esse texto se desenhou
na tentativa de compreender as maneiras de constituição das experiências e das vivências
de luta, trabalho e cidadania por partes de pessoas negras e pobres, marcadamente
oriundas do trabalho rural no distrito de Almas (atual Município de Anguera/BA), situado na
mesorregião do Centro-Norte baiano onde se destacava, num contexto de pequenas e

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médias propriedades, o comércio de gado, fumo, mandioca e outros itens agrícolas. Foram
intensas as movimentações de trabalhadores e trabalhadoras do campo, também
trabalhadores/as de certas itinerâncias, que exercitavam sua liberdade por meio da
mobilidade e do trabalho pelas estradas, da assunção de médios, pequenos negócios e da
luta pelo acesso a terra, ao mínimo social possível num ambiente tingido por diversas
expectativas senhoriais em torno do trabalho e do seu disciplinamento na República. Num
universo rural, perscrutado por meio da análise de processos-crimes, trabalhos de memória
(entrevistas) e fragmentos de jornais feirenses, o distrito de Almas e a região apresentavam
dimensões dos tensos processos contraditórios de reordenamento do trabalho em partes
interioranas da Bahia, onde trabalhadores rurais deslocavam-se para o distrito até ali
representante de um possível território de autonomia por meio do trabalho e do manejo da
terra.

Palavras-chave: Pós-abolição; campesinato; luta por terra, trabalho.

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Nos limites da tolerância: vivências cotidianas e saúde do trabalhador


metalúrgico do Distrito Industrial de Manaus na década de 1980

Vanessa Cristina da Silva Sampaio - Mestrado, Universidade Federal do Amazonas -


UFAM

Resumo: Interessa-nos neste trabalho, compreender os impactos que as vivências e as


condições de trabalho no Distrito Industrial de Manaus na década de 1980, exerceu sobre
a saúde do trabalhador metalúrgico, discutindo os acidentes e doenças do trabalho no qual
extavam expostos os operários. Reverberar sobre as relações entre capital, adoecimento
e exploração é o objetivo deste trabalho.

Palavras-chave: Saúde do Trabalhador, Distrito Industrial de Manaus, Metalúrgico,


Sindicalismo

Pobreza e doença em Machado de Assis: história, literatura e teratologia

Davidson de Oliveira Rodrigues - Doutorado, IFMG

Resumo: Este artigo intenciona analisar como a pobreza e a doença constituem


dimensões importantes para a compreensão da história do trabalho no Brasil. Para isto,
será feita uma análise acerca das relações entre monstruosidade e violência em textos de
Machado de Assis. As menções, metáforas e alegorias aos monstros são comuns na
literatura brasileira. Encontram-se relacionadas aos temores e terrores daqueles que se
propuseram a pensar o Brasil como um projeto de nação e Estado. Os monstros podem
ser entendidos como anomalias (FOUCAULT, 2001): seres passíveis de terem seus corpos
controlados, corrigidos ou suprimidos. O monstro pode ser uma exceção, um caso
específico, porém com uma generalidade tão frequente se assemelhando a um paradoxo,

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"regularidade na sua irregularidade” (FOUCAULT, 2001, p. 72). Nesses termos, a noção


de anormalidade pode ser entendida como fuga aos padrões e ethos eurocêntricos. Assim,
escravos, ex-escravos, doentes, sertanejos, caipiras trariam as marcas de uma
insuficiência perante os padrões dito civilizatórios da segunda metade do século XIX. Os
monstros oitocentistas são "seres de fronteira” (BELLEI, 2000) criaturas híbridas capazes
de evocar as relações entre humano e desumano. Machado de Assis se debruçou sobre
essa temática de forma indireta ao tensionar as relações entre vítimas e vitimizadores no
contexto do escravagismo. A forma como pobres e trabalhadores são aproximados dos
monstros escancaram, na crítica machadiana, os níveis de violência estabelecidos.
Pobreza e doença seriam as "exceções generalizadas” temidas e rechaçadas pelos
detentores do poder econômico e político. No entanto, dentro da perspectiva machadiana
há uma problematização desses termos, já que a monstruosidade maior seria resultado da
escravidão. Questiona-se, assim, se não seria o próprio ser homem branco civilizado o
detentor de um alter ego monstruoso.

Palavras-chave: monstro; Machado de Assis; história e literatura; história e teratologia

O alinhavar da memória do que se quer preservar e a crítica do que se quer


transformar: uma análise do fazer artesanal ceramista do Vale do
Jequitinhonha

Juliana Pereira Ramalho - Doutorado, Universidade Federal de Ouro Preto

Resumo: Este trabalho consiste na análise do processo produtivo do artesanato em


cerâmica, produzido por comunidades ceramistas do Vale do Jequitinhonha, situado no
nordeste de Minas Gerais, bem como de suas representações acerca do homem e da
mulher rural presentes nas peças artesanais produzidas pelos artesãos ceramistas da
região. Pautado na observação participante e na história oral buscou-se descrever os
movimentos de criação, preservação, transmissão e aquisição do conhecimento ceramista,
trocas, e as permanências e transformações do fazer artesanal, além de problematizarmos
o impacto social, econômico e cultural da atividade ceramista na vida dos envolvidos. Parte
da pesquisa que deu origem a este trabalho foi realizada nos anos de 2008 e 2009. Como
o intuito era estabelecer contato com o maior número de artesãos, foi definido que a
pesquisa se iniciaria pela feira de Artesanato que acontece no Festivale - Festival da cultura
Popular do Vale do Jequitinhonha, evento itinerante que anualmente ocorre no mês de
julho em uma diferente cidade do Vale. Seguindo o calendário de feiras de artesanato em
que há maior participação dos artesãos do Jequitinhonha a pesquisa foi realizada na "feira
de Artesanato Noemisa Batista” em 2008; na "feira de Artesanato Tião Artesão” em 2009;
na 10a feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha na UFMG, ocorrida em maio de 2009,
em Belo horizonte; na 20a feira Nacional de Artesanato realizada em novembro de 2009,
também na cidade de Belo horizonte, e por fim, uma pesquisa nas redes sociais de alguns
artesãos, como foi o caso da consulta às peças produzidas por Augusto Ribeiro
disponibilizadas em seu instagram aberto ao público, realizada no ano de 2022. Foram
entrevistados artesãos oriundos dos municípios de Almenara, Caraí, Itinga, Itaobim,
Jequitinhonha, Minas Novas, Ponto dos Volantes, Taiobeiras, Turmalina e Santo Antônio
do Jacinto. Os dados coletados foram analisados considerando o conteúdo das falas e
agrupados em categorias surgidas dentro do próprio processo da entrevista. A análise das
imagens apresentadas nas peças ceramistas abordam o cotidiano da vida rural como o
plantar, "o ir à roça”, o trabalho manual, o fazer biscoito, remetem aos valores morais como
o casamento, às relações com o sagrado e o profano; às relações de trabalho e exploração
do trabalhador rural, bem como a diversidade do ser mulher na contemporaneidade do
Jequitinhonha. No entrelaçar do hibridismo de saberes, o fazer artesanal dos ceramistas

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do Jequitinhonha mantem a beleza da aura criativa do artesanato, mantendo um elo entre


a tradição e a inovação, alinhavando fragmentos do vivido com a memória do que se quer
preservar e a crítica dos elementos que se quer transformar.

Palavras-chave: Vale do Jequitinhonha, artesãos, ceramistas, artesanato

Versando o estado da ordem pública em Pernambuco: Pobres e livres,


poder e trabalho no oitocentos (1848-1875)

Victor Hugo de Almeida França - Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), UFMS/CPTL

Resumo: O presente trabalho busca analisar as condições de trabalho, divisão da terra e


as relações de poder que perpassavam a sociedade imperial dentro da Província de
Pernambuco no período de 1848 a 1875, analisando como se desenvolveram as relações
de poder patronal e os constantes processos de concentração da terra e do poderio nas
mãos de uma elite latifundiária que empurrava os sujeitos, especialmente pobres e livres,
para as margens do poder, mas que também buscava o controle físico e mental de tais
indivíduos. O contexto em que figura o Brasil Império de meados para o fim do século XIX
se caracteriza pela consolidação do Estado e os projetos de expansão e colonização do
território interno, os quais se relacionam estritamente com a questão do trabalho, tendo em
vista que a proibição do tráfico intercontinental de escravos e as pressões internas e
externas para a modernização capitalista faziam da mão-de-obra o centro da análise e das
preocupações no oitocentos. Para que se possa analisar tal aspecto, o presente trabalho
toma como base os relatórios escritos e apresentados pelos presidentes da Província de
Pernambuco entre os anos de 1848 e 1875. Objetiva-se com isso desenvolver uma análise
de história social focada nas populações pobres e livres no interior e na capital de
Pernambuco, compreendendo suas ações, modos de vida e aspectos que os permeiam,
especialmente face aos poderes imperiais na tentativa de controle dessas populações.
Assim, o recorte temporal utilizado se dá por conta de que 1848 é o ano que marca a
Revolução Praieira e, portanto, de movimentações populares incitadas pelo partido liberal
e que em 1852 contribuiu para a Guerra dos Marimbondos (esta por sua vez impediu a
realização do Censo em 1852), até 1875, que é um período pouco posterior à realização
do Primeiro Censo Geral da população do Brasil. A fonte utilizada, mesmo que seja de
cunho oficial, permite compreender aspectos da vida cotidiana desses agentes sociais e o
como se relaciona o público e o privado no século XIX. É a partir destes documentos que
passo analisar principalmente os tópicos que dizem respeito à "segurança pública”,
"segurança individual”, "cadêas”, "polícia”, "guarda nacional” e "’obras públicas”
principalmente, mas sem descartar outros aspectos que permitam o vislumbre de como se
distribuía o orçamento bianual ou mesmo as ações comerciais na Província.

Palavras-chave: Província de Pernambuco; Guerra dos Marimbondos; Censo Geral;


Pobres e livres.

Memória(s) e (re)existência: o puxirão no Oeste do Paraná (1930 - 1970)

Anderson Arilson de Freitas - Mestrado, PPGH UFGD

Resumo: Esta comunicação versa sobre uma pesquisa, em desenvolvimento,


apresentada como requisito para o ingresso no Programa de Pós-Graduação em História

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- Doutorado, da Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD. A partir da realização


de entrevistas de História Oral, o objetivo do trabalho é discorrer sobre os aspectos
socioculturais das festas de puxirão, considerando o contexto da sua realização entre as
décadas de 1930 e 1970 no Oeste do Paraná. O puxirão caracterizou-se como uma forma
coletiva de trabalho rural na exploração da terra em troca de uma festa entre as pessoas
que encomendavam os serviços de roça e os vizinhos trabalhadores. As roças consistiam
em clareiras abertas na mata, retirando a vegetação capoeira, que depois de secas seriam
queimadas pelo posseiro e seus familiares, num sistema de coivara. À terra, isenta de
vegetação, era destinada ao plantio de cereais, tubérculos, frutos e leguminosas cultivados
para a alimentação de suínos, criados de forma extensiva na modalidade safra de porcos.
Após atingirem peso e crescimento os animais eram transportados a pé por carreiros e
estradas até os centros comerciais, onde seriam vendidos para representantes que
carregavam e transportavam a produção até os frigoríficos. A suinocultura extensiva no
contexto mencionado, apresentou-se como uma das formas de manutenção dos antigos
posseiros nas terras por eles exploradas para sobrevivência e subsistência. Na
impossibilidade da contratação financeira de mão de obra para a retirada da vegetação é
que o puxirão foi praticado como alternativa de parceria e no fortalecimento de vínculos
entre os participantes, por meio da celebração do trabalho. As festividades, por sua vez,
reuniram a população rural com músicas, danças, declamações, brincadeiras, entre outras
formas de interação social como opção de lazer, encontros de amigos e namorados. O
puxirão e a produção das safras de porcos teve seu desfecho na década de 1970,
inviabilizado por diferentes fatores: a “regularização fundiária”, promovida pelo governo
estadual à cargo de companhias colonizadoras, que desencadeou em êxodo rural; a ação
das madeireiras na região, com o desmatamento que impossibilitou o isolamento dos
animais na mata; os processos de mecanização agrícola de grão que contribuíram para a
mudança no mercado consumidor, priorizando óleos e azeites; o confinamento dos animais
por questões sanitárias após a peste suína e a produção de porcos pra carne e não mais
pra banha; e o acesso aos bens de consumo, eletrodomésticos movidos à eletricidade na
conservação dos alimentos. Apesar do puxirão não existir enquanto prática, investigar o
universo cultural dos trabalhos e festas possibilita a sua (re)existência nas memórias de
antigos posseiros da região Oeste do Paraná.

Palavras-chave: História Oral; Memória; Puxirão; Paraná;

Os Waimiri-Atroari, o Estado e a Empresa de Mineração Paranapanema:


usurpação das terras indígenas, violências e resistências no cenário da
ditadura militar (1964-1985)

Maria Celma Borges - Doutorado,UFMS, Campus de Três Lagoas e INCT Proprietas

Resumo: Esta comunicação objetiva problematizar a história dos povos originários


Waimiri-Atroari no Amazonas e Roraima, indagando como a sua vida fora alterada em vista
das relações de violência impetradas pela Empresa de Mineração Paranapanema na
exploração de riquezas minerais e do seu território. Em conluio com as ações do regime
militar e de seus órgãos estatais que deveriam proteger a essas populações, a exemplo da
FUNAI, a Paranapanema e suas subsidiárias usurparam da terra, dos rios, igarapés e
matas desses povos. O contexto de análise volta-se, então, para a ditadura empresarial
civil-militar, de 1964 a 1985. Para esta discussão serão utilizadas fontes do Arquivo
Nacional, especificamente do Fundo Serviço Nacional de Informação - SNI, em que consta
um amplo acervo de Dossiês, Correspondências Oficiais, entre outros documentos
confidenciais, dos mais diversos, os quais possibilitam estudar de que modo os direitos
humanos desse povo foram ignorados e quais ações públicas e privadas foram

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desenvolvidas nestas terras indígenas, fazendo com que sentissem no corpo, na pele, no
sangue, em sua terra, história e memória, as arbitrariedades que historicamente lhes foram
(e são) impostas. Também serão trabalhadas fontes como Ações Civis Públicas realizadas
contra o Estado e a FUNAI, e as quais envolvem os Waimiri-Atroari, assim como Relatórios
da Comissão Nacional da Verdade (2014), na parte que versa sobre este grupo, tal como
o Relatório da Comissão Nacional da Verdade da Amazônia (2014) que pontua como a
violência se instaurou face aos Waimiri-Atroari ao longo de sua história. Mas, ainda é
possível apreender a sua resistência, no modo possível de cada dia e também em ações
extraordinárias, como no enfrentamento direto.

Palavras-chave: Waimiri-Atroari, ditadura militar, Paranapanema, Funai

ENSINO E TRABALHO NA DITADURA MILITAR: a formação especial no 1°


grau e a Lei n. 5.692/71

Henrique Martins Ferreira Pinto- Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo: Este trabalho integra uma pesquisa mais ampla que busca analisar o papel do
Centro de Recursos Humanos João Pinheiro (CRHJP), na implantação da Lei n. 5.692/71.
Este órgão integrava o Departamento de Ensino Fundamental (DEF) do Ministério da
Educação e Cultura (MEC), e tinha como função colaborar na efetivação da política
educacional constituída no regime militar. A lei foi responsável por estabelecer o 1° e o 2°
graus, por aumentar o tempo de escolarização dos estudantes para 8 anos e por instituir a
profissionalização no 2° grau. Trata-se, assim, de uma pesquisa na área da História da
Educação que analisa a relação entre Políticas Públicas, Educação e Trabalho durante o
regime militar. Esta comunicação, em específico, teve como objetivo entender a discussão
sobre a Formação Especial no Ensino de 1° grau, a partir de documentos do I Seminário
de Formação Especial, realizado no ano de 1975, pelo DEF. Buscou-se compreender o
que foi o seminário, seu objetivo, quem eram os participantes e o conteúdo abordado. Em
sequência, buscou-se entender a proposta de formação especial, a educação para o
trabalho no 1° grau em desenvolvimento nos estados, os problemas destacados pelas
Secretarias de Educação e algumas de suas intercorrências. Para isso, foram analisados
documentos que se encontram no arquivo do CRHJP. O olhar para esses documentos
buscou perceber as estratégias, mas também apropriações e resistências nas formas de
se efetivar a lei, assim, utilizou-se como referencial os conceitos de estratégia e de tática
de Michel de Certeau (1990). Na análise da legislação foi possível entender que a formação
especial era constituída pelas fases de Sondagem de Aptidões e de Iniciação para o
Trabalho no 1° grau. O objetivo do I Seminário de Formação Especial era apresentar cinco
experiências de Formação Especial realizadas em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Piauí,
Bahia e do Distrito Federal. Entre as experiências destaca-se a da Bahia e do Distrito
Federal que apresentaram o modelo de Escola Parque como instituição de educação para
o trabalho. O Rio Grande do Sul apresentou a experiência de criação das Unidades Móveis
de Iniciação para o Trabalho (UMIT) que buscava atender estudantes do meio rural. Minas
Gerais apresentou atividades de manutenção da escola como possibilidades para o
estudante se preparar para o trabalho e apresentou a experiência de integração da rede
municipal com comércios e empresas na implantação da lei 5.692/71. A análise das
situações relatadas indicou que a execução da formação especial no 1° grau não tratava-
se de qualificar para o trabalho, mas sim de ensinar e reforçar uma cultura de trabalho e
para o trabalho. Também foi possível apreender diferenças entre as experiências
localizadas em ambiente urbano e em ambiente rural.

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Palavras-chave: formação especial, trabalho, educação para o trabalho, primeiro grau,


ditadura militar, políticas educacionais, lei 5.692/71

A Filarmônica Euterpe Itabunense (1925-1930)

Samir Santana de Oliveira - Mestrado, Universidade do Estado da Bahia - Uneb campus II

Resumo: No ano de 1922, os trabalhadores associados da agremiação mutualista


Sociedade Monte Pio dos Artistas de Itabuna - SMPAI - situada em Itabuna, cidade no sul
da Bahia - discutiram a necessidade e a viabilidade da formação de uma banda musical
com finalidade de ser uma escola de música para os filhos dos sócios e de pessoas pobres
na cidade. Em 1925 a banda foi oficialmente inaugurada como filarmônica e passou a ser
chamada de Filarmônica Euterpe Itabunense (FEI). Em paralelo a isso, os trabalhadores
pertencentes a SMPAI lutavam contra as adversidades postas por uma República
excludente e com raríssimas leis trabalhistas. O objetivo é compreender o papel da música
na vida desses trabalhadores e de qual modo a FEI estava inserida nas relações
paternalistas entre trabalhadores e elite política itabunense, entendendo a relação desses
sujeitos com o poder público da cidade - que iniciava uma imposição de novos "costumes”
através de leis e mudança de hábitos - e com seus associados, por meio das políticas e
conflitos internos desta instituição no início da sua fundação.

Palavras-chave: ASSOCIATIVISMO - TRABALHO - MÚSICA

Azaléia, Rosa e Dália: a luta pela terra na estrutura do patriarcado

Cláudia Delboni - Doutorado, Escola Estadual José Pereira Lins

Resumo: Em primeiro lugar analisarei a importância da história oral enquanto metodologia


que permitiu a escuta de mulheres assentadas no município de Sidrolândia/MS. O tema
principal do trabalho é analisar em que medida a participação das mulheres na luta pela
terra possibilitou avanços nas relações de gênero que permeiam a sociedade patriarcal.
Para isso realizarei o estudo de caso de três mulheres -Azaléia/Rosa/Dália - que
ingressaram no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em meados do
século XXI, e, após dois anos de permanência nos barracos de lona nos acampamentos
conquistaram a titulação da terra no ano de 2006.

Palavras-chave: Mulheres, resistência, assentamento, patriarcado

ST 16. Tempos da história e Imagens do tempo

Eduardo Wright Cardoso (PUC-RJ), Iuri Bauler Pereira (Columbia University; PhD
Candidate & Teaching Fellow) e Naiara dos Santos Damas Ribeiro (UFJF)

Resumo: Ainda que constitutivo das ciências históricas, o tempo nunca deixou de se
revelar como um objeto fugidio e como uma temática complexa. A despeito de ser o objeto

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do historiador, as temporalidades se constituíram, na verdade, como uma espécie de


"impensável" da disciplina histórica que assim conseguia se manter, paradoxalmente,
imune a elas. Nos últimos anos, contudo, é possível acompanhar uma tendência de
reversão desse quadro. Num amplo espectro de áreas de pesquisa acadêmica e da
produção artística, a perda de sua condição soberana como pressuposto autoevidente
levou o tempo da história a se transformar num problema de primeira importância. Isso é
perceptível nas múltiplas tentativas de definir, apreender, situar e circunscrever não apenas
as temporalidades, mas também as articulações entre presente, passado e futuro. No
domínio da teoria e da filosofia da história, ponto de partida da nossa proposta, essa virada
em direção ao problema da temporalidade permitiu analisar a ideia de tempo como sendo
simultaneamente contingente e resultado de uma escolha regulada por consensos
instáveis e mutáveis, destacando, assim, a sua dimensão normativa, artificial e
performativa. O que está em jogo aqui é um desafio duplo, ligado tanto à transformação
das formas contemporâneas de experimentar o tempo (Hartog, 2013), quanto à
rearticulação que ela impõe nos modos de figurá-lo. Afinal, como é possível dizer as
temporalidades quando a relação fundamental entre experiência, linguagem e tempo
mudou radicalmente nos últimos anos? (Turin, 2019). Diante disso, nos propomos a
abordar a questão do tempo histórico, problematizando tanto as estruturas temporais que
o constituem, quanto as imagens construídas para a figuração, subversão e fabulação
crítica desse objeto fugidio (Hartman, 2020). O Simpósio "Tempos da história e Imagens
do tempo" busca acolher trabalhos que discutam as diferentes figurações dos tempos da
história e da memória na historiografia, na literatura, no cinema e nas artes plásticas
contemporâneas. Em um momento de crise das expectativas que fundamentam a nossa
relação com a história como processo e como disciplina, torna-se importante examinar
novos modos de constituir, habitar e refletir sobre o tempo. Além disso, temas como o
anacronismo, a multiplicidade temporal e o sentido da contemporaneidade (re)adquirem
centralidade, na medida em que expõem os limites e as possibilidades relacionadas às
articulações heterodoxas entre o presente, o passado e o futuro. A partir de um conjunto
amplo de manifestações, pretendemos construir um panorama das discussões
contemporâneas sobre as políticas do tempo, tentando problematizar os limites éticos e
estéticos das formas de contar e figurar o tempo e simultaneamente enfatizar a emergência
de novas imaginações temporais.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

As representações temporais nos mapas históricos

Rodrigo Bianchini Cracco - Doutorado, UEMS

R e sum o : O mapa histórico é uma representação atual acerca de eventos e processos


passados. Sua historicidade, ao menos a priorizada aqui, recai na função referencial do
discurso que ele veicula e não na materialidade do objeto. Não é nosso objeto o mapa
antigo, que se caracteriza como fonte para o historiador, mas o mapa histórico enquanto
produto historiográfico atual. Nosso objetivo na presente proposta de exposição é discutir
os modos de representação da temporalidade veiculados pelos mapas históricos, i.e.,
compreender como o tempo, em especial o tempo histórico, é representado em mapas
utilizados no processo de ensino-aprendizagem em história. Para tanto, buscaremos
interpretar os mapas históricos como unidades de sentido textual. Paul Ricoeur escreveu
em várias passagens de sua obra, e em especial em Tempo e Narrativa (1983-1985) que
o tempo só se torna significativo quando é tempo humano, quando se relaciona com as

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ações humanas no tempo. Igualmente as narrativas apenas contam uma história na


medida em que são ordenadas temporalmente. O tempo cartográfico se torna tempo
humano a partir do momento em que conta uma história, diz uma ou várias ações humanas
do passado. Na articulação elaborada por Ricoeur entre tempo e narrativa, buscamos
acrescentar mais um elemento, qual seja: o espaço.

Palavras-chave: Tempo histórico. Cartografia. Teoria da História. Ensino de História.

Biografias e temporalizações nacionais: a narrativa biográfica como forma


de organizar o tempo da história nacional na Argentina e no Chile no século
XIX

Augusto Martins Ramires - Mestrado, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Resumo: Em face da considerável quantidade de biografias publicadas no espaço sul-


americano durante o oitocentos, é possível distinguir diferentes modos de elaboração
biográfica. Destarte, objetivo da comunicação é descrever as variáveis de elaboração da
escrita biográfica no século XIX no espaço sul-americano. Examinaremos composições
biográficas no intuito de propor categorias heurísticas para apreender o movimento
biográfico durante o século XIX e ressaltar suas especificações discursivas e suas
estratégias de composição para a formulação do tempo nacional; de forma específica, será
analisada a dupla versão da biografia de José de San Martin escrita por Domingo Faustino
Sarmiento e publicada no Chile e na argentina em meados do século. Nossa hipótese é
que as biografias funcionam como um modo de elaboração do discurso histórico que
estrutura e temporaliza uma experiência nacional da história.

Palavras-chave: história da historiografia; biografia; Historiografia latino-americana.

Pesquisa, escolha biográfica e micro-história

Guilherme de Mattos Gründling - Mestrado, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Resumo: Nessa proposta de comunicação procuro refletir sobre a experiência de pesquisa


e de produção de uma narrativa histórica, escolhas, intervenções e procedimentos teórico-
metodológicos realizados diante da tarefa de escrever uma tese de doutorado, de teor
biográfico. Sendo assim, procuro pensar nos diferentes processos que envolvem a
construção da pesquisa e da escrita, ainda em desenvolvimento na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Através de um diálogo estreito com autores da tradição
historiográfica italiana, a micro-história, busco refletir sobre três etapas fundamentais para
a estruturação dos problemas de pesquisa. A etapa da escolha biográfica, os motivos que
me levaram a biografar o militar e político Manoel Luís Osório (1808-1879). Em seguida, o
significado e as implicações metodológicas enfrentadas diante do peso político e histórico
da memória que pretendia de alguma maneira interferir. E, por fim, a etapa da pesquisa e
da escrita, problemáticas teóricas enfrentadas desde a concepção de uma tese de história
a partir da singularidade de uma trajetória de vida.

Palavras-chave: Biografia - Pesquisa histórica - Narrativa historiográfica

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The French Lieutenant's Woman: presentismo e ubiquidade do passado

Gueise de Novaes Bergamaschine - Doutoranda em História UFOP

Resumo: "The French Lieutenant's W oman” , escrita pelo britânico John Fowles, foi
publicada em 1969 e é considerada, atualmente, um paradigma de metaficção
historiográfica. Sua forma de apropriação paródica do passado, através principalmente da
incorporação intertextual, é considerada modelar para a poética pós-moderna de uma
forma geral e muito significativa para a caracterização da relação entre modernidade e pós-
modernidade. Para Linda Hutcheon, na obra de Fowles é possível ver a formulação mais
aberta e explícita da natureza e função da paródia na ficção. "The French Lieutenant's
Woman” é uma obra singular, que mantém uma dupla vinculação com o romance vitoriano
e ao mesmo tempo com a escrita ficcional pós-modernista. Um romance que se passa no
século XIX mas que se posiciona, abertamente, como um romance escrito, nas palavras
do narrador, na "era de Alain Robbe-Grillet e Roland Barthes” . Considerando a percepção
do protagonista de que o tempo é "o maior engano”, que a "existência não tinha história” e
que é como se fosse "sempre agora”, é possível considerar que o autor queira tratar de
uma percepção de tempo imbuída de certo presentismo e falta de referência do passado.
No entanto, se o quer, faz isso através de personagens que, vivendo um século antes dele
e de sua obra, ainda têm essa percepção de forma momentânea e aguda, na verdade são
surpreendidos por ela, como por um insight. Na verdade, existe ubiquidade do passado na
obra. Para as personagens, o passado ainda tem tanta importância que, a forma como elas
irão equacioná-lo, influenciará fortemente seu destino. É interessante notar como o
protagonista relaciona o seu sentimento de perda da referência do passado com um
processo de fossilização e com a perda da ironia. Talvez seja possível inferir que, recuperá-
la, seja talvez recuperar uma certa capacidade de ver a passagem do tempo de forma
menos óbvia, atribuir menos determinismo ao passado e buscar ter certa agência sobre o
presente e o futuro."

Palavras-chave: The French Lieutenant's Woman, Metaficção historiográfica, Presentismo

O tempo em suspensão: história, imagem e temporalidade em Aby warburg


e Walter Benjamin

Naiara dos Santos Damas Ribeiro - Doutorado, UFJF.

Resumo: Em seu texto História, ciência e ficção (1983), Michel de Certeau aponta para
um paradoxo peculiar que marca a relação entre a história e o tempo dentro do contexto
moderno de "despolitização” da pesquisa historiográfica. Segundo ele, a despeito de ser o
objeto do historiador, o tempo, na verdade, pertencia à ordem do "impensável” ,
transformando-se num ponto fixo a partir do qual se articula uma ciência histórica que lida
com o tempo, mas que paradoxalmente se mantém - ou melhor, insiste em se manter -
imune a ele. Nos últimos anos, contudo, é possível acompanhar uma tendência de reversão
desse quadro, sobretudo quando se considera que a crise da narrativa modernista da
singularidade do tempo histórico resultou não só na perda da sua soberania como
pressuposto autoevidente, como também na perda da sua estabilidade teórica dentro do
imaginário temporal disciplinar. Diante disso, coloca-se em xeque a política do tempo que
regula as formas convencionais de contar e figurar o tempo no interior da disciplina,
sobretudo a separação entre passado e presente que acompanha a ideia de tempo único
e linear. Nesse movimento de reavaliação crítica, as obras do historiador da arte Aby
Warburg e do filósofo W alter Benjamin, têm sido relidas com grande interesse para pensar

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XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

não só os limites de uma concepção historicista de tempo, mas também para propor formas
alternativas de temporalização a partir da uma aproximação fundamental entre história e
imagem. Nessa apresentação, a minha proposta é analisar de que modo o trabalho desses
autores pode contribuir para a criação de novas perspectivas temporais no campo da teoria
e da historiografia através de dois conceitos que colocam a imagem no centro da operação
historiográfica: a noção de "vida póstuma” da imagem de Aby Warburg e de "imagem
dialética” de W alter Benjamin. Na dupla condição como figura epistêmica e como forma
sensível, a imagem aparece aqui como recurso e como percurso para a consolidação de
uma nova imaginação temporal capaz de pensar e figurar os tempos múltiplos da história.

Palavras-chave: Tempo; Imagem; Aby Warburg; W alter Benjamin

Formulações ensaística sobre o tempo exusíaco na narrativa histórica

Talita Fernandes Araujo - Graduação,Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC

Resumo: Este trabalho é sobre precipitações ensaísticas e iniciais de pesquisa, sendo


desdobramentos da pesquisa de mestrado. Uma das questões levantadas é sobre o tempo
histórico e os usos do passado e como ele se traduz no espaço diaspórico da encruzilhada,
e é transposto na subjetividade negra, executado a exemplo a partir dos raps. Portanto por
meio dos atravessamentos conceituais sobre o tempo produzido por vários teóricos da
história como; os estratos de tempo, regimes de historicidade, invocamos a
cosmopercepção Exu para enunciar que tempo é esse que faz, e se dá na encruzilhada da
diáspora negra. Como no espaço da experiência do acontecimento rap esse tempo negro
se traduz em um tempo exusíaco, seria também esse tempo gendrado assim como a
memória. Portanto, são essas as precipitações inquietantes sobre o tema, que perseguem
a pesquisa.

Palavras-chave: Subjetividade, Tempo histórico, Temporalidades

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Peter Lund e a ciência do XIX

Marina Silva Cota - Graduação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais - ICHS/UFOP

Resumo: Peter Wilhelm Lund (1801-1880), naturalista dinamarquês, pode ser considerado
uma importante engrenagem para os estudos sobre a paleontologia brasileira no século
XIX. No ano de 1833, iniciou diversas escavações em cavernas de formações calcárias no
vale do Rio das Velhas, nas proximidades de Lagoa Santa, Minas Gerais, que o levaram a
descrever um período geológico desconhecido, abrindo, assim, uma janela para o
conhecimento da fauna pleistocênica, a partir dos fósseis. O seu trabalho se encontra
registrado em memórias, compostas por cartas e sua biografia, intitulado Memórias
Scientificas. A edição organizada e traduzida para o português, em 1950, pelo paleontólogo
Carlos de Paula Couto, denominada Memórias sobre a Paleontologia Brasileira,
compreende todas as memórias de Lund, além de estudos de Geologia, Zoologia e
Paleontologia. Considerando estes elementos, esse trabalho possui como objetivo a

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apresentação dos resultados parciais da pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa


de Iniciação Científica da UFOP e financiado pela Fapemig cuja temática contempla a
noção de tempo profundo no continente americano. No desenvolvimento de sua primeira
memória Cavernas existentes no calcário do interior do Brasil, contendo algumas delas
ossadas fósseis, a teoria mais aceita para explicar a existência de fósseis, baseava-se na
ideia de que eram seres vivos que habitaram a Terra em tempos remotos os quais teriam
sido destruídos por grandes catástrofes, como o Diluvium. Por meio de revisão
bibliográfica, no presente trabalho, serão relacionados a primeira memória, a noção de
Tempo Catastrofista, proposto por Georges Cuvier na obra Discurso sobre as Revoluções
na Superfície do Globo (1825), e as percepções de Lund da teoria catastrofista. Como
resultado, demonstra-se que as ideias de Lund partem de uma construção a partir das
teorias em circulação à época, sobre o tempo extenso, e que somente a partir delas, ocorre
a possibilidade de investigar e detalhar as vivências de animais extintos, por seu material
fóssil, proporcionando conectar um tempo profundo por meio do limite entre o tempo
passado e o tempo presente.

Palavras-chave: História das Ciências, Geologia, Peter Lund, Memórias, Fósseis.

Metáforas e figurações do tempo histórico nacional nos escritos de


Francisco Muniz Tavares

Lucas dos Santos Silva - Mestrado,PUC-Rio

Resumo: Esta proposta de comunicação pretende analisar as metáforas que permeiam os


escritos do padre pernambucano Francisco Muniz Tavares, a fim de refletir sobre as formas
de figuração do tempo histórico nacional produzidas no Brasil ao longo da primeira metade
do século XIX. Em sua longeva trajetória política, este letrado participou de eventos
importantes da história nacional, como a Revolução Pernambucana de 1817, as Cortes de
Lisboa e a Assembleia Constituinte de 1823. Além disso, no início do Segundo Reinado,
Muniz Tavares foi muito atuante no debate parlamentar. Também nesse contexto, publicou
um livro cuja pretensão era reabilitar a Revolução de Pernambuco na história nacional, o
História da Revolução de Pernambuco em 1817 (1840). Tanto nessa obra quanto nos
discursos políticos, chama atenção a recorrência do uso de metáforas para dar
inteligibilidade à história brasileira, atribuindo sentido a um tempo marcado pela
instabilidade. Por meio de tais metáforas, é possível entrever transformações importantes
nos seus modos de conceber e representar a temporalidade. Nessas mudanças das formas
temporais, nota-se, por um lado, um processo de “modernização” da experiência do tempo,
o qual, sinteticamente, caracteriza-se pela identificação do aprofundamento das rupturas
entre passado, presente e futuro, bem como pela conformação de relações entre o
movimento temporal e o progresso. Por outro lado, porém, constatam-se também
tensionamentos e hesitações frente ao regime temporal moderno, que se manifestam não
só por meio de uma crítica profunda à história da colonização europeia, mas também
através da dúvida em relação à viabilidade de inscrever a história brasileira nos quadros
de uma meta-narrativa pautada por um progresso irreversível e constante. Exemplar a esse
respeito é a imagem utilizada por Muniz Tavares para se referir à escravidão. Definindo-a
como uma “nódoa” herdada pelo Brasil do processo de colonização portuguesa, o letrado
pernambucano questionava em que medida o passado colonial efetivamente foi
ultrapassado com a Independência de 1822, dúvida que coloca em suspeição a vinculação
entre o futuro daquela nação recém-independente e a superação do atraso e da
“degradação” de sua civilização.

Palavras-chave: Francisco Muniz Tavares. Tempo histórico. Brasil Império.

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A história num “lance de olhos”: a figuração dos tempos na “Plani -história”


(1877) de José Joaquim Rodrigues Lopes

Eduardo Wright Cardoso - Doutorado, PUC-Rio

Resumo: Nossa proposta tem por objetivo refletir sobre elementos que possibilitam pensar
os desdobramentos das últimas décadas no Brasil a partir da noção de história do tempo
presente. Nos termos de Arantes (2015), desde 1964 o nosso tempo se congelou, sendo
o início da ditadura militar uma baliza precisa para delimitar o que chamamos de tempo
presente no Brasil. O marco também pode ser amparado em Rousso (2016) com a noção
segundo a qual o tempo presente é determinado pela "última catástrofe”. O historiador
francês pensa no contexto europeu, ampliando a ideia segundo o qual o marco para o
tempo presente é o holocausto. Uma catástrofe grande o bastante para ter sido mimetizada
em outros locais do mundo, no caso da América do Sul as ditaduras da segunda metade
do século XX. No caso brasileiro, a abertura política se deu de forma concertada tornando
a justiça de transição débil a ponto de não ter se praticado justiça com relação às violações
dos direitos humanos. A euforia do fim da ditadura talvez tenha impedido de perceber o
quanto as expectativas com relação ao futuro tenham se reduzido, pensando com auxílio
de Koselleck (2006) e Arantes (2015). Nesse sentido, enquanto no período anterior a 1964,
o termo "revolução” podia ser recorrente no vocabulário das esquerdas, nos dias que se
correm o grande temor é o desaparecimento da "democracia” , a exemplo do título do
documentário de Costa (2019) "Democracia em Vertigem”. Nesse sentido, num país
profícuo em injustiças, boa parte da energia das esquerdas são direcionadas para a busca
de reparação para as injustiças do passado, "pautas retroativas” . Enquanto isso, ficamos
sem possibilidade de elaboração de um projeto consistente de país para o futuro, tornando
nossas expectativas decrescentes."

Palavras-chave: História do tempo presente; História do Brasil; Democracia

Entre a Ciência e a Educação: como é percebida a Ciência Histórica nos


livros didáticos?

Tatiane de Jesus Chates - Doutorado,Universidade do Estado da Bahia (Uneb)

Resumo: Esta comunicação pretende discutir preliminarmente um Projeto de Investigação


que está sendo colocado em prática no biênio 2022/2023, com recursos do Programa de
Iniciação Científica da Universidade do Estado da Bahia (PICIN/ Uneb). A partir de uma
pesquisa inicialmente qualitativa, de caráter descritivo, são discutidos os principais
conceitos relacionados com a Ciência Histórica, e as suas respectivas incidências nos
livros didáticos da educação básica. Dada a importância dos estudos metodológicos em
História na educação básica, que precisam privilegiar as relações estabelecidas entre
fontes históricas e livros didáticos, este Projeto de Investigação apresenta uma relevância
incontornável. Como formar bons/as professores/as de História sem analisar a dialética
existente entre fontes históricas e livros didáticos? Para uma discussão bem-sucedida do
tema, os estudos metodológicos devem retomar aspectos inerentes à constituição da
Ciência Histórica, especialmente ao longo do século XIX, notadamente a partir dos
pressupostos teóricos oferecidos pela historiografia francesa e alemã. Assim, Ciência e
Educação fraternalmente se aliam no propósito da formação didática do/a futuro/a
professor/a de História. O Projeto de Investigação Fontes Históricas e Livros Didáticos:

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uma análise metodológica visa catalogar e analisar fontes históricas encontradas nos livros
didáticos da disciplina de História, na educação básica. Através do contato estabelecido
com Instituições de Ensino de municípios parceiros ao Campus XIII/ Itaberaba da
Universidade do Estado da Bahia (Uneb), está sendo feito o levantamento dos principais
livros didáticos de História utilizados na região da Chapada Diamantina/ Piemonte do Rio
Paraguaçu. A partir desta lista, serão dispostas em quadros e tabelas as fontes históricas
encontradas nestes materiais didáticos. Após discussão das categorias de análise mais
pertinentes, finalmente será feito o estudo metodológico e científico das fontes históricas
encontradas. Assim, a segunda etapa deste Projeto de Investigação pode abrir uma outra
senda de pesquisa, a partir do levantamento quantitativo das fontes históricas encontradas,
em suas respectivas categorias de análise.

Palavras-chave: Ciência Histórica; Século XIX; Livros Didáticos.

O novo tempo do Brasil?

José Alexandre da Silva - Doutorado, Universidade Estadual de Maringá

Resumo: Nossa proposta tem por objetivo refletir sobre elementos que possibilitam pensar
os desdobramentos das últimas décadas no Brasil a partir da noção de história do tempo
presente. Nos termos de Arantes (2015), desde 1964 o nosso tempo se congelou, sendo
o início da ditadura militar uma baliza precisa para delimitar o que chamamos de tempo
presente no Brasil. O marco também pode ser amparado em Rousso (2016) com a noção
segundo a qual o tempo presente é determinado pela "última catástrofe” . O historiador
francês pensa no contexto europeu, ampliando a ideia segundo o qual o marco para o
tempo presente é o holocausto. Uma catástrofe grande o bastante para ter sido mimetizada
em outros locais do mundo, no caso da América do Sul as ditaduras da segunda metade
do século XX. No caso brasileiro, a abertura política se deu de forma concertada tornando
a justiça de transição débil a ponto de não ter se praticado justiça com relação às violações
dos direitos humanos. A euforia do fim da ditadura talvez tenha impedido de perceber o
quanto as expectativas com relação ao futuro tenham se reduzido, pensando com auxílio
de Koselleck (2006) e Arantes (2015). Nesse sentido, enquanto no período anterior a 1964,
o termo "revolução” podia ser recorrente no vocabulário das esquerdas, nos dias que se
correm o grande temor é o desaparecimento da "democracia” , a exemplo do título do
documentário de Costa (2019) "Democracia em Vertigem”. Nesse sentido, num país
profícuo em injustiças, boa parte da energia das esquerdas são direcionadas para a busca
de reparação para as injustiças do passado, "pautas retroativas” . Enquanto isso, ficamos
sem possibilidade de elaboração de um projeto consistente de país para o futuro, tornando
nossas expectativas decrescentes."

Palavras-chave: História do tempo presente; História do Brasil; Democracia

DIA 3: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

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Figurações do tempo no cinema etnográfico: um estudo sobre a “paisagem


sonora” nos filmes de Jorge Prelorán

Ana Caroline Matias Alencar- Doutorado, PUC-Rio

Resumo: Nos anos 1960, o cineasta argentino Jorge Prelorán, recém-graduado em


Estudos Fílmicos pela Universidade da Califórnia (UCLA), retornava ao seu país de origem
para dar início a uma série de filmes intitulada ""Relevamiento Cinematográfico de
Expresiones Folklóricas Argentinas"". Tratava-se de um conjunto de películas, quase
sempre em curta-metragem, que procuravam enfocar aspectos da cultura e do modo de
vida “típicos” - tal como se concebia - de regiões interioranas do país. A escolha do lugar
de filmagem quase sempre privilegiava o Noroeste argentino, interpretado como
reservatório cultural “autêntico”, porém sob risco de desaparecimento iminente, que deveria
ser preservado justamente pela captura de imagens audiovisuais desses redutos culturais
ainda remanescentes. Situada nos marcos do ""Relevamiento"", a película ""Araucanos de
Ruca Choroy"" (1969), que será colocada sob exame, guarda algumas particularidades em
relação aos demais documentários realizados para o projeto, sendo a principal delas o
singular tratamento conferido pelo filme à voz de seu protagonista, Damacio Caitruz, um
senhor de origem mapuche que assumirá ao longo do relato o papel de narrador em over.
Ademais, todo o plano sonoro desse média-metragem, feito a partir da inserção de uma
multiplicidade de sonoridades ambientes - entre elas o cantar dos pássaros, o bramido de
um rio, o farfalhar das árvores, os estampidos produzidos por um tear, os lamentos de uma
cerimônia fúnebre - , poderia ser interpretado como construtor de uma espécie particular
de imagens, para a análise das quais a categoria de “paisagem sonora” [soundscape],
elaborada por Murray Schafer, será mobilizada. O objetivo, com isso, será o de desnovelar
o filme que desborda os limites do olhar e se constrói mediante as aludidas “paisagens
sonoras” ; um filme que, por vezes, exige ser escutado ainda mais atentamente do que
visto. Nesse sentido, o desafio proposto pela filosofia das imagens de Georges Didi-
Huberman, que nos convoca a “fechar os olhos para ver” , será aqui aceito, sendo essa a
estratégia adotada para que possamos nos colocar diante das imagens do tempo urdidas
pelo documentário e observar como elas, em toda sua sutileza, nos devolvem o olhar.

Palavras-chave: Paisagem sonora; Jorge Prelorán; cinema etnográfico; figurações do


tempo.

Cronópios, Psiconautas e Sonhos: figurações do tempo na contracultura


latino-americana

Iuri Bauler Pereira - Doutorado,Columbia University

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo apresentar um panorama de certas


figurações alternativas ou heterodoxas do tempo na contracultura latino-americana dos
anos 1960-1970. A proposta sustenta que neste período, caracterizado pela historiografia
como um dos momentos-chave de ruptura e transformação de uma certa experiência
política do tempo (cujo símbolo por excelência é 1968), figurações alternativas do tempo
circulavam em textos e experimentos da incipiente contracultura latino-americana, objetos
insubordinados com relação a atual memória histórica e política de 1968. A partir de um
arquivo formado por textos literários e objetos cinematográficos de Miguel Grinberg
(Argentina), Glauber Rocha (Brasil) e Raquel Jodorowsky (Peru), pretendo explorar formas
heterodoxas de figuração do tempo, mediadas por práticas experimentais, neo-misticismos
e estéticas do sonho na América Latina.

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Palavras-chave: tempo; contracultura; América Latina

O ateísmo de Zé do caixão e sua relação com os regimes de historicidade de


Koselleck

Letícia da Silva Leite - Graduação, Universidade Estadual de Maringá

Resumo: A intenção deste trabalho é relacionar o regime de historicidade baseado no


futuro, que segundo Koselleck marcou a modernidade, com a representação do ateísmo,
por meio do personagem Zé do caixão, nos filmes "A meia noite levarei sua alma” (1964)
e "Esta noite encarnarei no teu cadáver'' (1967), ambos dirigidos por José Mojica Marins.
De acordo com Koselleck, os regimes de historicidade, isto é, a experiência de tempo, são
variáveis, pois são resultados de experiências vividas pelos seres vivos, portanto, existem
pontos de viradas, singularidades e continuidades que vão se alterando e alterando suas
intensidades. Para o autor, as experiências de tempo remetem à temporalidade do homem,
e com isto, à temporalidade da história. Assim sendo, ele propõe dentro dessa tendência
de tempo, três regimes de historicidade possíveis: o regime pautado no passado, o regime
pautado no presente e o regime pautado no futuro. A partir da era moderna Koselleck indica
que a diferença entre experiência e expectativa aumenta progressivamente, passando a
dominar um regime de historicidade centrado no futuro, ao qual chama de paradigma
moderno. A situação se modifica com a descoberta de um novo horizonte de expectativa,
o que terminou ganhando a forma do conceito de progresso. Do ponto de vista da
terminologia, as profecias espirituais foram substituídas por um "progresso" mundano. Na
visão do autor, um grupo, um país, uma classe social tinha consciência de estar à frente
dos outros, ou então procuravam alcançar os outros e ultrapassá-los, quem possuísse um
nível superior de civilização julgava-se no direito de dirigir esses povos. Os filmes em
questão estão localizados nesse período em que o regime de historicidade era considerado
por Koselleck numa tendência futurista e o personagem Zé do Caixão e sua relação com
o ateísmo está bastante atrelada a isso. Zé do Caixão, por ser ateu, se considerava
superior aos outros humanos religiosos e responsável por levar a sociedade ao progresso
ateísta: se pautava em parâmetros eugenistas para afirmar e viver seu ateísmo, justificando
sua violência e até mesmo assassinatos pelo bem de um futuro pautado na ciência e livre
de crenças. O paradigma que o apóia sustenta a ideia de uma superação, como se a
religião ocupasse um estágio anterior ou menos desenvolvido de pensamento. Portanto,
como já dito por Koselleck, o objetivo de uma perfeição possível, que antes só podia ser
alcançado no além, foi posto a serviço de um melhoramento da existência terrena e isto
fica muito evidente nos atos do personagem em questão, o que torna claro a relação da
fonte com o tempo histórico e o regime de historicidade em que foi produzida.

Palavras-chave: Regimes de Historicidade; Reinhart Koselleck; Ateísmo Ateísmo

Fotografias da Comissão Rondon no Sul de Mato Grosso

Julia Falgeti Luna - Mestre em História UFGD/ Doutoranda em História/ UFGD

Resumo: A presente proposta de comunicação, faz parte do estudo de doutorado, em


andamento, e tem como objetivo o estudo de fontes imagéticas, as fotografias, produzidas
pela Comissão Rondon, no sul de Mato Grosso, início do século XX, precisamente entre
1900- 1906. Mais do que responsável por executar obras de infraestrutura e geopolítica no

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interior do Brasil, a Comissão chefiada por Marechal Cândido Mariano Rondon realizava
pesquisas botânicas, geológicas e levantamento dos povos indígenas. Partindo desses
pressupostos, a efetivação da proposta de estudo foi possível devido à consulta da obra
Índios Brasil, tomo I (2019). A narrativa assenta-se, assim, na compreensão do papel
histórico das imagens produzidas no sul de Mato Grosso pela Comissão Rondon, cujas
representações imagéticas originadas das expedições de Rondon possuem historicidade
de um passado não distante, sendo possível visualizar os aspectos geográfico, a fauna, a
flora e as relações sociais estabelecidas.

Palavras-chave: Fotografias. Comissão Rondon. Sul de Mato Grosso.

Cosmos e Catástrofe nos tempos do fim: as discussões climáticas nos


livros de Carl Sagan na última década do século XX

Marlon Ferreira dos Reis - Mestrado, Pontifícia Universidade Católica Rio de Janeiro

Resumo: A presente exposição tem por objetivo demonstrar o esforço realizado pelo
astrônomo Carl Sagan em circunscrever, conectar e atribuir significado ao tempo, à história
e ao universo considerando a problemática do aquecimento global na última década do
século XX. Tenho como hipótese que, em resposta às catástrofes climáticas, através do
conceito de Cosmos, Carl Sagan almejava elevar a história à dimensões planetárias,
produzindo uma união entre o tempo humano e da natureza. O contexto de crise climática,
descoberto em meados do século XX, estremeceu os pilares mais básicos da relação
temporal entre seres humanos e o planeta. Tal qual as ciências naturais, as humanidades
passaram a ser constantemente provocadas pela dimensão disjuntiva da catástrofe
anunciada, fazendo com que inúmeros autores esforçassem-se para tornar cognoscível
este possível "tempo do fim” . Com efeito, Carl Sagan mobilizou o termo Cosmos como
chave de leitura capaz de dar sentido a essa nova dinâmica que ascendia da catástrofe.
Por um lado, a palavra em questão almejou abarcar o significado de "ordem do universo” ,
e, por outro, salientar uma interpretação racional deste universo, fruto de uma capacidade
de contemplação típica de nossa espécie. Portanto, é possível encontrar uma figuração do
tempo que buscava trazer unicidade para elementos até então insociáveis. Nesse sentido,
para Sagan, o apocalipse climático profetizado no século XX foi levantado como uma
ameaça cujo combate era parte de uma obrigação histórico-moral para com humanos e
não humanos que vieram antes e que virão depois de nós. Segundo o astrônomo, a prática
de observação do universo seria ela mesma um mecanismo de "compreensão histórica”,
uma lição de perspectiva em que o estudo do clima seria caso exemplar. Ao observar o
Cosmos, seria possível compreender o que as possibilidades para o planeta Terra,
sobretudo no que diz respeito a como ele "poderia dar errado”. A representação
astronômica possibilitaria ver a Terra "de fora”, tanto espacialmente quanto temporalmente.
Nesse sentido, a análise da produção de Sagan nos permitiria reconhecer narrativas que
buscam tatear abordagens que enfrentem os desafios contemporâneos oriundos das
mudanças climáticas.

Palavras-chave: Cosmos; Catástrofe; Carl Sagan; Mudanças Climáticas

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ST 17: Ensino de história, tempo presente e usos do passado:


saberes e fazeres na pesquisa e na sala de aula

Maria Aparecida Lima dos Santos (UFMS), Fernando Vendrame Menezes (SEMED/Campo
Grande) e Suzana Lopes Salgado Ribeiro (UNITAU)

Resumo: Disputas sobre o passado marcam a experiência dos dias atuais. Tal embate
tem palco em pesquisas e nas salas de aula, que apontam conflitos e discussões sobre
memória, lugares de memória e patrimônio como elementos que convergem para a
construção de uma história do tempo presente, concepção historiográfica que resultou da
ampliação do conceito de "tempo presente", não mais considerado como um simples
período adicional mais próximo, mas como conceito que "remete em sua acepção
extensiva ao que é do passado e nos é ainda contemporâneo, ou ainda, apresenta um
sentido para nós do contemporâneo não contemporâneo" (DOSSE, 2011, p. 11). Diante
disso, concebe-se a História ensinada como espaço de construção de um novo tempo
histórico, baseado fundamentalmente em construções significativas do presente e não do
passado, como se poderia esperar (PLÁ, 2009, p. 1). Frente a demandas do patrimônio e
da memória estabelecidas pelo presente, muitos pesquisadores têm se preocupado em
conhecer os sentidos e significados que os diferentes sujeitos que atuam no espaço escolar
atribuem ao passado em suas vidas cotidianas, considerando a originalidade e a
especificidade epistemológica do processo de produção dos saberes ensinados
(MONTEIRO, 2015). Assim, nosso simpósio pretende receber pesquisas e relatos sobre
experiências de professores, seus fazeres e saberes, e sobre estudantes e as perspectivas
do ensino e da aprendizagem.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL: UM ESTUDO DAS DOCUMENTOS


ORIENTADORES DA CIDADE/MUNICÍPIO DE DOURADOS - MS.

Jackson James Debona - Doutorado, Universidade Federal da Grande Dourados- UFGD

Resumo: O presente texto é parte da pesquisa de doutorado que objetiva investigar


processos de ensino de história a partir da inserção de conteúdos ligados à história da
região de Mato grosso do Sul, qualificados nesta pesquisa como história regional.
Entendemos como história regional, uma abordagem da história global que plasma o
particular ao universal possibilitando uma narrativa afeita às diversidades históricas
(ALBUQUERQUE JR, 2008; BARROS, 2013 [2004]; CARVALHO, 2021; AMADO, 1990;
VISCARDI, 1997). A pesquisa assenta-se na pesquisa bibliográfico-documental, e
abordagem metodológica, em primeira instância, permeada pelas compreensões históricas
à luz do referencial teórico da História Cultural (HUNT, 1995; PESAVENTO, 2012), pois
intenciona-se, na pesquisa final, identificar e analisar como professores de História da
cidade de Dourados têm atendido às prerrogativas dos documentos oficiais que regulam
os currículos mínimos para o ensino da disciplina. Desta feita, entender como os
documentos enfocam a perspectiva do regional é essencial para compreender quais as
noções políticas corroboram com tal noção, a qual se pretende ser ensinada no
componente História. Nesse sentido, buscou-se conhecer o processo de construção da

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base curricular que dá suporte ao ensino de história, e, por conseguinte, ao que


pretendemos entender como história regional. A pesquisa documental centra-se no estudo
dos documentos referenciais considerando perceber o processo de permanências e
rupturas ocorridas neste conjunto documental, reforçando que, para o exame em tela, o
foco assenta-se nas perspectivas do ensino de história e na ênfase do aspecto regional.
São documentos utilizados nesta análise: O Referencial Curricular do Ensino Fundamental
Anos Iniciais e Anos Finais da Rede Municipal de Ensino de Dourados-MS - versão 2016;
Currículo de Referência de Mato Grosso do Sul - versão 2019; O Currículo da Rede
Municipal de Ensino de Dourados - versão 2020. A cidade/município de Dourados prima
por certo protagonismo quando se trata de discussões no campo educacional, ainda que
pesem os fatores desfavoráveis relativos à remuneração e valorização docente. Contudo,
as equipes pedagógicas da SEMED buscam organizar e acompanhar as alterações de
documentos referencias, no âmbito estadual e nacional, com certa presteza. Nesse
sentido, o Referencial Curricular para o Ensino de Dourados, antecipa uma série de
pressupostos para a Educação Básica. O exame da documentação possibilitou
compreender e visualizar aumento substancial de conteúdos de história regional e a
ascendia de temas de grupos étnicos não antes contemplados explícitos na documentação.

Palavras-chave: Ensino de História; História Regional; Referenciais Curriculares.

SENTIDOS DE TEMPORALIDADE NA BNCC DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Danielle Luzia Ramos de Moraes Navarro - Mestranda em Ensino de História;


Profhistória/UEMS; GEPEH/UFMS; Maria Aparecida Lima dos Santos - Doutorado,
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Grupo de Pesquisas Currículo, Cultura e
História (GEPEH/UFMS)

Resumo: O documento curricular que atualmente norteia a Educação Infantil brasileira


denominado Base Nacional Comum Curricular (BNCC) move em sua narrativa sentidos de
ensino de História e de Temporalidade. O desenvolvimento de noções relacionadas à
temporalidade histórica é um elemento fundamental na Educação Infantil, pois essa via
possibilita que as crianças compreendam as diversas representações sociais
disseminadas pelas sociedades do presente e do passado, além de fomentar o
pensamento crítico e emancipatório. Nesse sentido, nossa pesquisa, de viés qualitativo
(GHEDIN; FRANCO, 2011) e documental (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009) acerca
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem indicado o processo de apagamento que
as questões relacionadas à temporalidade histórica no viés apontado, e ao ensino de
História de maneira geral, tem sofrido nas últimas décadas. Nosso trabalho nesta
comunicação, propõe com base nos resultados de nossa análise realizada em perspectiva
pós-fundacional (LACLAU, 2005; BURITY, 2010), expor alguns exemplos das práticas de
significação constituídas no interior desse documento curricular que promovem o referido
apagamento.

Palavras-chave: Educação Infantil, Ensino de História, Temporalidade, perspectiva pós-


fundacional.

Usos públicos do passado e monumentos: reflexões no espaço escolar.

Luciana Leite da Silva - Doutorado, Universidade Federal de Catalão.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

Resumo: Essa proposta de comunicação visa apresentar uma atividade que foi realizada
com estudantes do Ensino Médio do Colégio Jardim Balneário Meia Ponte (Goiânia). A
problematização central consiste na discussão acerca de monumentos que prestam
homenagem à personagens históricos que praticaram crimes contra a humanidade. Nesse
sentido, além de apresentar distintas posturas perante os atos de derrubada e/ou
depredação de monumentos, iremos expor como as e os estudantes participantes dessa
atividade se posicionam e expressam suas perspectivas sobre o tema.

Palavras-chave: Monumentos, usos públicos, história.

No banco dos réus as nossas estátuas: A problemática dos passados


sensíveis e o ensino da história local

Darlise Gonçalves de Gonçalves - Mestrado,UFPel

Resumo: "A oficina “No banco dos réus as NOSSAS estátuas”, se utiliza da história local
enquanto metodologia e conteúdo a ser abordado na aula de história. Assim, ao lançar
mão desse recurso didático visa trazer a problemática das estátuas para o nível do local e
regional, propondo como eixo central um “julgamento” das estátuas pelas quais
cotidianamente passamos em nossas cidades. Entretanto vale destacar que o ensino da
história local encerrada em si acaba por esvazia-la do seu potencial estratégico para a
formação do pensamento histórico nos alunos. Residindo nesse ponto a importância do
estabelecimento de interconexão das vivencias e experiências que circundam os
estudantes a aquelas desenvolvidas em contextos mais amplos, e nessa perspectiva “o
estudo da história local passa a ser concebido como uma estratégia pedagógica capaz de
viabilizar a transposição didática do saber histórico para o escolar” (LIMA, CAVALCANTE,
2018, p.3). Diante do exposto, importante usufruirmos criticamente dos diferentes espaços
urbanos de sociabilidade e convivência nos quais os alunos estão inseridos ou pelos quais
passam cotidianamente. Nesse ponto, reside a problemática das estátuas: quem são os
indivíduos ali retratados? Em que período viveram? Que papel ocupavam na sociedade em
questão? Essas e outras questões serão abordadas durante a oficina."

Palavras-chave: Passados sensíveis; história local; ensino de história

Usos públicos da história e as comemorações

Miriam Bianca Amaral Ribeiro - Doutorado,UFG

Resumo: O governo de Goiás, através de sua Secretaria de Cultura e contando com


aliados como o IHGG, Instituto Histórico e Geográfico Goiano, a SGHA, Sociedade Goiana
de História da Agricultura, vinculada à SGPA, Sociedade Goiana de Agricultura e Pecuária,
entidade regional do latifúndio, está organizando uma série de eventos, publicações e
intervenções midiáticas para a construção de uma grande comemoração pública tendo
como objeto, os 300 anos da chegada da bandeira do Anhanguera por essas terras. Estão
sendo preparadas publicações, inaugurações, sessões de debates, entre outras
intervenções. Exemplo disso, já ocorreu a inauguração festiva da reforma do IHGG,
financiada pelo Banco SICOB, onde a sede histórica da entidade foi cedida ao banco e
hoje é uma agência dessa empresa, sendo que os arquivos e atividades do Instituto ficaram
restritos a um prédio anexo. O evento contou com representantes das entidades envolvidas
e autoridades do governo do estado, sendo as falas submetidas à condição de parte das

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

comemorações dos 300 anos da chegada da bandeira do Anhanguera. Estão em


andamento publicações que contam com a contribuição de historiadores vinculados à
universidades, mas, convidados individualmente e não como representação institucional.
Esse texto se apresenta uma contribuição ao debate sobre os sentidos das comemorações
e suas relações com a história pública e o ensino de história, e é também uma posição
política e pública quanto aos usos públicos da história para reafirmação e atualização da
história hegemônica, tendo como objeto as ‘comemorações’ da chegada da bandeira do
Anhanguera às terras goianas e seu uso público presente pelas forças hegemônicas na
atualidade. Nos ajudam LeGoff, com o conceito de cultura histórica e Willians, com o
conceito de ressignificação, em um percurso onde historiamos a invenção do mito, seus
usos e atualizações.

Palavras-chave: usos públicos da história, comemoração

A presença feminina na Guerra do Paraguai/Guasu em HQs

Yara Karolina Santana de Mattos Messias - Mestrado, UFMS

Resumo: As discussões sobre a presença das mulheres na guerra do Paraguai/Guasu,


desperta questionamentos mais amplos, compreendendo a trajetória, o cotidiano, os
enfrentamentos e os rompimentos com os estereótipos de fragilidade, submissão,
maternidade entre outros que as mulheres desde o século XIX, desconstroem em suas
empreitadas. Pesquisar sobre a presença das mulheres na guerra significa uma ruptura
com o negligênciamento de grupos que tiveram sua participação e importância na guerra,
diminuídas. Romper com esses silenciamentos e escrever sobre elas (mulheres) não é um
trabalho fácil, tendo em vista que a própria guerra do Paraguai/Guasu, ensinada,
apresentam com maior ênfase os personagens masculinos, como os grandes heróis, os
monumentos, a versão patriótica e dissolvido nessas discussões de forma bem tímida
temos a história das mulheres.

Palavras-chave: HQs; Mulheres; Guerra do Paraguai/Guasu

Desafios e possibilidades do ensino de história indígena em uma escola


pública de Dourados/MS

Joziane de Azevedo Cruz - Mestrado, UFGD

Resumo: O artigo apresenta como reflexão a discussão da experiência do ensino de


história indígena nas aulas de História, com turmas de ensino fundamental, de uma escola
pública da cidade de Dourados/MS. Instigada pelas experiências que os estágios
proporcionaram, tenho por objetivo refletir algumas questões que foram colocadas em sala
de aula pelos alunos/as, as atividades escritas e as observações construídas no período
de estágio em diálogo com as bibliografias específicas sobre o tema. A fonte que subsidiou
a construção do texto são os registros escritos em forma de textos de opinião, elaboradas
pelos/as alunos/as alusivo ao tema das demarcações das áreas indígenas no MS e a
relação com o ensino de história. A educação se constitui em um espaço propício para a
implantação de novas práticas, que consequentemente, poderão acarretar na
transformação de imaginários construídos historicamente, no qual o negro e o índio foram
negligenciados na história brasileira. Nesse sentido, a implantação da Lei 11.645/2008 se

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

constitui em um marco para a minimização desse cenário de desigualdades e


discriminação no qual diversos grupos sociais estão sujeitos.

Palavras-chave: Ensino de História, História Indígena, Demarcação.

DIA 2: 20 de outubro (quinta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Panorama das pesquisas quanto a utilização do software Genially para o


ensino de História na Educação Básica

Rafael Alberto Gomez Brito de Siqueira e Silva - Graduação, UNITAU

Resumo: O contexto de avanços tecnológicos provocou profundas mudanças sociais nas


esferas do trabalho, da cultura e da educação. Diante disso, busca-se a compreensão de
novas metodologias de ensino que possam suprir as necessidades pedagógicas das
gerações de nativos digitais, tornando o ensino escolar compassado à sociedade
tecnológica. Nesse panorama, investiga-se os estudos quanto a utilização do software
Genially para o ensino de História na Educação Básica, por meio de um estudo qualitativo
que apresenta um panorama das pesquisas realizadas. O software Genially é um programa
que consiste em uma plataforma online especializada em criar conteúdos visuais e
interativos, onde se pode inserir textos, imagens, áudios e links externos; o programa
disponibiliza diversas ferramentas de trabalho animadas, tais como apresentações,
infográficos, gamificação, imagem interativa, vídeoapresentação, guias e material
formativo, consistindo em uma possibilidade didático-pedagógica para professores que
buscam acrescentar as tecnologias da informação e comunicação no dia a dia escolar.
Assim, esse estudo pretendeu analisar, a partir do panorama das pesquisas, o uso do
software Genially como uma ferramenta didático-pedagógica, focando nas facilidades, se
promovidas ou não, e nas dificuldades, se encontradas ou não; compreendendo como
ocorreu a dinâmica de uma aula mediada pela tecnologia, principalmente no que se refere
aos seus potenciais aspectos motivacionais e engajadores, verificando, assim, a
aplicabilidade do uso desse software como ferramenta didático-pedagógica. Verificou-se
que o uso do software Genially consiste em uma ferramenta didática que contribui para a
melhora do ambiente de aprendizagem, para o desenvolvimento de maior motivação entre
os discentes, para o aumento da aprendizagem em si e da memorização de conceitos
históricos. Potencialmente, vê-se o uso desse software como uma opção didática adicional
capaz de aproximar o ensino escolar às dinâmicas da sociedade digital.

Palavras-chave: Cultura digital. Educação Básica. Genially. Práticas de ensino de História.


Softwares.

História Pública, mídias digitais e ensino de história.

Márcia Santos Severino - Graduação, Universidade Federal de Goiás - Mestranda do


Profhistoria e membro do grupo de pesquisa MITECHIS (Mídias, Tecnologias e História).

Resumo: A presente comunicação visa problematizar as relações entre a constituição da


História Públicas desde os anos de 1970 nos Estados Unidos, sua difusão pelo mundo e

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

seus impactos no ensino de História, principalmente por meio das mídias digitais no Brasil.
Atualmente no país temos observados os usos e abusos da História e como negacionismos
têm sido difundidos pelas mídias digitais atingindo, muitas vezes. os estudantes do ensino
básico. Tornou-se tarefa hercúlea para professores do ensino fundamental e médio
desconstruir narrativas presentes nas mídias digitais que não apresentam o rigor científico
que a pesquisa histórica exige. Nessa perspectiva, a presente comunicação visa debater
o que é a História Pública e como o docente do ensino básico da disciplina pode se utilizar
das mídias digitais para a disputa de narrativas frente à construção de uma educação
emancipatória.

Palavras-chave: História Pública, Mídias Digitais; Ensino de História

GAMIFICAÇÃO: A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS ELETRÔNICOS NO ENSINO DE


HISTÓRIA

João Carlos Polezel Junior - Mestrado, UEMS - Universidade Estadual do Mato Grosso do
Sul

Resumo: Tem-se destacado no contexto do ensino escolar atual o distanciamento que


existe entre o processo de ensino na escola e a cultura dos jovens. No campo da Educação,
é possível identificar estudos e pesquisas em torno de experimentações visando promover
a aproximação do conhecimento histórico escolar do cotidiano dos jovens no ambiente
escolar, destacando-se aí a utilização dos jogos digitais. Nesta comunicação, pretendemos
apresentar a proposta de pesquisa iniciada no Programa de Pós-Graduação Mestrado
Profissional em Ensino de História e que toma como objeto de investigação as relações
entre jogos eletrônicos e ensino de História. Nosso objetivo é expor nossas intenções de
pesquisa, destacando a intenção de analisar as narrativas e representações do passado
produzidas em jogos com grande aceitação entre alunos do Ensino Médio e a historiografia
utilizada nos livros didáticos propostos atualmente na Base Nacional Comum Curricular,
considerando a perspectiva da Gamificação e os pressupostos teórico-epistemológicos do
campo do ensino de História.

Palavras-chave: Ensino de História, Gamificaçao, Jogos Eletrônicos, Representação

Pelo prisma do indivíduo: a História a partir das trajetórias pessoais na sala


de aula

Juliana Aparecida Lavezo - Doutorado, Universidade de São Paulo

Resumo: A apresentação aqui exposta refere-se a um relato de experiência em sala de


aula de uma escola particular de Ensino Fundamental II no interior paulista ocorrida nas
aulas de História em diferentes turmas, como sétimo e oitavo anos. As aulas tinham por
objetivo abordar as biografias de personagens ilustres como Leonardo Da Vinci e Candido
Portinari, relacionando-os com os conteúdos a serem aprendidos pelos alunos de cada
turma ao longo dos bimestres. A escolha das personagens se deu justamente por causa
desses conteúdos, uma vez que o sétimo ano estudava Renascimento artístico e o oitavo
ano, economia cafeeira, dessa forma, abordamos as telas de Portinari onde essa temática
aparecia. Os alunos do sétimo ano fizeram releituras da obra Mona Lisa (La Gioconda) de
Da Vinci em sala de aula e também reproduziram as invenções do cientista, já os alunos
do oitavo ano reproduziram as obras Café, Mestiço e O lavrador de café, que foram

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CADERNO DE RESUMOS

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

estudadas durante as aulas de História; todos os trabalhos dos alunos foram expostos na
feira da escola no final do ano letivo.

Palavras-chave: Biografia-História-aula

PENSAR E ESCREVER HISTORICAMENTE: PAPEL DA ESCRITA NAS AULAS


DE HISTÓRIA E A CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES EM FALAS DE
DOCENTES

DANIELLE DOS SANTOS BARRETO - Graduação, UFMS/SEMED; Maria Aparecida Lima


dos Santos - Doutorado, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Grupo de Pesquisas
Currículo, Cultura e História (GEPEH/UFMS)

Resumo: Neste trabalho, apresentam-se reflexões resultantes da análise dos sentidos que
um docente atribui ao papel da língua escrita para ensinar História. Este trabalho baseou-
se nos princípios da metodologia de pesquisa qualitativa em vertente interpretativa e de
viés etnográfico (GHEDIN; FRANCO, MAINARDES; MARCONDES, 2011; GÓMEZ, 1998).
Nossas análises têm apontado que a escrita escolar compreendida como produção textual
torna-se um espaço importante de análise de aspectos relacionados à identidade e ao
desenvolvimento de noções de tempo na articulação proposta, devido à existência de um
sujeito e seu trabalho na produção de discursos, em meio aos quais, identidades são
constituídas. A investigação dos sentidos atribuídos pelos(as) docentes de História ao
papel da escrita tem exacerbado mecanismos através dos quais nos permitem supor
relações entre a maneira como o professor organiza e conduz a aula e suas concepções
de identidade de gênero e raça, é relevante na elaboração de reflexões sobre o papel da
escrita no ensino de História.

Palavras-chave: Escrita Escolar; Ensino de História; Pensamento Histórico.

Alargando as fronteiras: ensino de História e multidisciplinaridade

Ligia Souza Guido; Vinícius Ribeiro Bagattine; Vanessa de Moraes Lisboa Santos -
Mestrado, Prefeitura Municipal de Porto Feliz-SP

Resumo: O presente trabalho versa sobre uma proposta pedagógica multidisciplinar


desenvolvida e aplicada na Rede Municipal de Educação de Porto Feliz-SP em outubro de
2020. Por ocasião do aniversário da cidade que celebra o movimento monçoeiro como
traço identitário central da localidade, o Núcleo de Formação Pedagógica da Secretaria
Municipal de Educação elaborou para cada série do Ensino Fundamental uma atividade
multidisciplinar que revisitou e abordou de forma crítica e reflexiva o processo de expansão
e interiorização territorial da América Portuguesa durante o século XVIII e início do XIX. As
atividades de cada série foram desenvolvidas a partir de um trecho de fonte manuscrita
setecentista.

Palavras-chave: Ensino de História; monções; multidisciplinaridade; século XVIII; Porto


Feliz-SP

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CADERNO DE RESUMOS

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A selfie de Maria Quitéria: a produção de material didático de História


baseado em imagens

Leandro Antonio de Almeida - Doutorado, UFRB

Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar a produção de um material didático


de história baseado em imagens, o livro temático "De Maria de Jesus a Maria Quitéria:
caminhos centenários de um retrato” , elaborado no âmbito do grupo Roda de Histórias
(UFRB) entre 2020-2022. Maria Quitéria se notabilizou por fugir da casa do pai, disfarçar
de homem e se voluntariar como combatente nos conflitos da Guerra do Recôncavo em
1822 e 1823, cujo destaque levou-a a ser condecorada pelo Imperador no Rio de Janeiro
e, até hoje, ser considerada uma heroína da independência, sobretudo nas comemorações
do segundo centenário em 2022 e 2023. Tanto no contexto das comemorações cívicas
quanto no escolar é comum a mobilização acrítica dos retratos de Quitéria, que já se
tornaram imagens canônicas na Bahia e fora dela. Assim, buscamos elaborar um material
centrado na trajetória dos retratos de Quitéria, especialmente duas versões: a feita por
Augustus Earle para o diário de viagem de Maria Graham publicado em 1824, e a pintura
de Domenico Failutti para o Museu Paulista em 1920. Em um contexto de cultura digital
marcado pela proliferação de imagens como suporte de fake News e outros mecanismos
de desinformação, consideramos importante uma análise crítica da imagem que ressalte
seu aspecto de representação, menos como uma cópia da realidade e mais como uma
forma de intervenção sobre ela marcada por um processo produtivo que envolve
perspectivas, intencionalidades, técnicas e escolhas. O resultado foi um livro digital em
PDF centrado nos contextos de elaboração, nos locais de inserção e na visualização do
retrato. Para isso, mobilizamos, além dos próprios retratos, outras imagens e textos
escritos da época, bem como trechos de bibliografia acadêmica mais recente sobre o tema.
Junto desse aparato, há também atividades para os estudantes que envolve visualização
de imagens únicas, comparação entre imagens, leitura de textos, redação e produção de
desenhos.

Palavras-chave: material didático, imagem, Maria Quitéria, retratos

DIA 3: 21 de outubro (sexta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Instrumentos metodológicos para a formação de professores de História:


reflexões sobre o uso de Projetos Didáticos de Referência

Maria Aparecida Lima dos Santos - Doutorado, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul; Fernando Vendrame Menezes- Doutorado, Secretaria Municipal de Educação
(SEMED/MS); Maria Larissa Montania Vera - Mestranda, UEMS

Resumo: A construção do conhecimento histórico escolar deve ser estruturada com base
em repertório teórico-conceitual próprio da Ciência de Referência, o que implica considerar
elementos da metodologia de investigação própria do historiador, pautando-se pela
utilização de fontes, bem como a elaboração de uma narrativa historiográfica. No entanto,
a prática em sala de aula também é regida pela Razão Pedagógica, o que exige a produção
de reflexões sobre o fazer docente nas aulas de História, exacerbando-se assim a
complexidade das práticas na história ensinada. Nesta comunicação, pretendemos

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CADERNO DE RESUMOS

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XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

apresentar a reflexão da equipe de História no contexto de um curso de formação ofertado


no 2° semestre de 2020, em ambiente virtual, a professores da Rede Municipal de Ensino
da cidade de Campo Grande. Objetivando promover a reflexão sobre a construção do
conhecimento histórico escolar, nos anos finais do ensino fundamental, a partir do trabalho
com fontes históricas como recurso para o ensino da História Regional, lançou-se mão da
organização do tempo didático no formato de Projeto Didático de Referência. A partir dessa
perspectiva metodológica, os módulos propostos aos cursistas, bem como a elaboração
de planos de aulas e de narrativa historiográfica como produto final do curso, foram
pautados pela busca de articulação entre as dimensões concernentes aos conhecimentos
historiográficos e didático-pedagógicos. Nas considerações finais, destacamos que o uso
do Projeto Didático de Referência como metodologia de formação de professoras/es
potencializa a abordagem da complexidade do ensino de História na perspectiva apontada.
Além disso, incide igualmente na produção de reflexões sobre as práticas formativas pela
equipe proponente da ação em torno de princípios relacionados à promoção de contextos
significativos para a construção de conhecimento didático pedagógico no contexto da
ampliação do repertório sobre a História Regional e seu ensino.

Palavras-chave: ensino de História; Projeto Didático de Referência; formação de


professores

Onde cabe o Ensino de História? Seus espaços no tempo presente

Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez - Mestrado, UFF/Prefeitura do Rio de Janeiro

Resumo: Considerando a pandemia do Covid-19, que reconfigurou as estratégias de


ensino, exigindo dos docentes habilidades com mídias, adaptação do currículo e
reorganização do espaço doméstico enquanto ambiente de trabalho, foram perceptíveis as
vulnerabilidades às quais foi submetido o Ensino de História, principalmente pela ausência
de política pública que o respaldasse em meio às incertezas (Dieguez, 2021). Diante de
um cenário repleto de notícias falsas e de ataques infundados à ciência histórica, vimos
crescer sites, blogs, youtubers que, estrategicamente "amparados" por posturas
negacionistas, sentiram-se confortáveis em perpetuar tais ações online. Lembrando que,
as redes sociais de comunicação servem, muitas vezes de suporte para sedimentar estas
desconfianças em relação aos fatos históricos, descredibilizando a escola, a ciência e
dando lugar a um leque de mentiras (Nascimento; Campos, 2020), cujos efeitos são
diretamente sentidos no Ensino de História, alvo principal destes ataques. Neste retrato de
narrativas infundadas, o papel do professor(a) de História é averiguar essa gama de
versões disponíveis, "buscando a consistência empírica e a lógica que possam validá-las
ou refutá-las" (Nicolini; Medeiros, 2021, p.281), percebendo esses respingos,
principalmente, neste momento de condição sanitária periclitante. Raciocinando sobre
essas questões, o simpósio temático pretende tratar da vulnerabilidade do Ensino de
História dentro das unidades escolares, reunindo pesquisas, relatos de experiências e
propostas que tragam indícios, respingos e impasses observados pelos docentes, além de
trabalhos que analisem essa perda de espaços sofrida pela disciplina histórica em
pequenas/grandes ações do dia-a-dia no ambiente escolar. O simpósio temático se propõe
a levantar ainda a seguinte hipótese: o modelo remoto de ensino e a condição pandêmica
foram sinais facilitadores para retirar o espaço da História na escola, tornando-a
vulnerável?

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CADERNO DE RESUMOS

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Palavras-chave: Alunos. Aprendizagem. Ensino

Uma proposta de inserção da história do Movimento LGBTQIA+ nas aulas de


história: combate ao HIV/ Aids,direitos humanos e o tempo presente (1981­
1996)

Ana Cláudia Teixeira de Lima - Doutoranda em História pelo PPGHCS/COC/Fiocruz.

Resumo: O objetivo do presente trabalho consiste em discutir e analisar, em uma


perspectiva panorâmica, como o combate às epidemias e aos estigmas do HIV/Aids foi
uma agenda importante de articulação dos movimentos civis LGBTQIA+ na América Latina,
Estados Unidos da América e Europa Ocidental. Para isso, concentramo-nos em um
recorte temporal centrado nos primeiros 15 anos da história da Aids, desde os registros do
casos iniciais, em 1981, passando pelo subsequente agravamento da epidemia da doença
e da situação dos indivíduos que padeciam em virtude dela até a criação do coquetel
antiaids, elaborado por David Ho, cientista do Aaron Diamond Aids Research Center (Nova
York, EUA), e sua equipe, em 1996, a mais expressiva mudança de paradigma no
tratamento da infecção pelo HIV. Nesse contexto, para os ativistas LGBTQIA+, a agenda
de combate ao HIV/Aids estava profundamente associada às pautas que historicamente
integravam as reivindicações do movimento LGBTQIA+, tais como: o reconhecimento e a
valorização das diversas formas de sexualidade; o enfrentamento ao preconceito, à
discriminação e à intolerância; e a defesa e a garantia dos direitos humanos e sociais.
Embasados nessas concepções, inseridos no cenário mais amplo do ativismo contra o
HIV/Aids e aproximando-se do campo da saúde, grupos e Organizações Não
Governamentais (ONGs) LGBTQIA+ atuaram como forças sociais e políticas de pressão
aos governos, na luta contra estigmas, na divulgação de informações sobre métodos
preventivos e na batalha pelo acesso aos medicamentos do tratamento. À vista disso,
também serão apresentadas as trajetórias desses grupos e ONGs e os atores que os
compunham, em uma abordagem que destaca as contribuições da comunidade LGBTQIA+
na luta contra o HIV/Aids. Dessa forma, passando pelas relações entre história da Aids,
história do tempo presente e história contemporânea apresentamos uma proposta de
inserção da história do movimento LGBTQIA+ nas aulas de história, valorizando,
divulgando e promovendo a trajetória do movimento LGBTQIA+ e ressaltando o seu
protagonismo e suas contribuições na luta e no combate ao HIV/Aids.

Palavras-chave: História do Movimento LGBTQIA+ - Ensino de História - HIV/Aids -


História da Aids.

UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE HISTÓRIA COM FOCO NOS DIREITOS


HUMANOS A PARTIR DA GUERRA DO VIETNÃ

Fábio Borges Ribeiro Júnior - Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).

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Resumo: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, em seu Subprojeto


de História (PIBID/UNESC) tem por objetivo levar os acadêmicos do Curso de História ao
primeiro contato com a educação básica. Os acadêmicos realizaram intervenções nas
salas de aula da rede municipal de Criciúma/SC, supervisionados pela professora de
História da escola sede do projeto. A cidade se caracteriza pelo intenso fluxo migratório
desencadeado pelas atividades econômicas no sul catarinense, atraindo migrantes que se
estabelecem na região. Assim, a cidade e seus ambientes escolares tem se caracterizado
pela multiculturalidade, o que pode gerar episódios de preconceito no contato entre
diferentes culturas. Nesse sentido, o Subprojeto de História do PIBID/UNESC teve como
tema central o ensino de História para os Direitos Humanos. Durante o andamento do
projeto foram realizadas uma série de estudos e discussões sobre o tema dos Direitos
Humanos, definidos por Benevides (2007) como aqueles direitos considerados inerentes a
todas as pessoas e essenciais à vida com dignidade. Assim, o ensino deve formar uma
cultura de respeito à dignidade das pessoas, buscando desconstruir preconceitos e acabar
com as formas de exclusão. Nos debates, o grupo buscou relacionar esta temática com os
estudos de Jorn Rüsen sobre Consciência Histórica, segundo os quais, o indivíduo pode
ser influenciado pela história e seu contexto, mas ele também é um sujeito ativo nela, sendo
a consciência histórica a consciência da historicidade do presente. Assim, foi desenvolvida
uma intervenção para a turma do 9° ano, relacionada à Guerra do Vietnã (1965-1975), com
o objetivo de analisar a violação dos Direitos Humanos no contexto da guerra em relação
às crianças, a partir de fotografias que apresentam o contraste entre a segurança das
crianças norte-americanas e a insegurança das crianças vietnamitas. Na construção da
intervenção foram seguidas as determinações da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). Assim, a atividade iniciou com a comparação da fotografia Burst of Joy (Explosão
de Alegria), de um militar americano recebido por seus filhos nos Estados Unidos, com as
fotografias de crianças vietnamitas vivendo no contexto da guerra. Os alunos também
fizeram a leitura de trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). A partir
da leitura, os estudantes foram questionados sobre quais violações dos Direitos Humanos
aparecem nas fotografias apresentadas, em relação às crianças vietnamitas. Os
estudantes discutiram sobre o tema dos Direitos Humanos, percebendo e destacando a
desigualdade na garantia e aplicação dos Direitos Humanos. Nessa intervenção, os alunos
do ensino fundamental puderam desenvolver suas consciências históricas e os
acadêmicos estabelecer contato com a educação básica.

Palavras-chave: Ensino de História, Consciência Histórica, Direitos Humanos, Guerra do


Vietnã, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

ENSINO DE HISTÓRIA SOBRE O HOLOCAUSTO DENTRO DO TEMA DOS


DIREITOS HUMANOS: UM TRABALHO COM BASE NO CONCEITO DE
CONSCIÊNCIA HISTÓRICA

Patrick Dutra; Fábio Borges Ribeiro Júnior - Universidade do Extremo Sul Catarinense
(Graduandos do Curso de História/Criciúma - SC)

Resumo: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência da Universidade do


Extremo Sul Catarinense (PIBID/UNESC), através do subprojeto de história, buscou
aproximar os graduandos ao ambiente escolar e articular o ensino de história com o tema
dos Direitos Humanos dentro das escolas Municipais de Criciúma, SC. A cidade de
Criciúma se caracteriza pela sua industrialização, atraindo grande quantidade de
imigrantes que buscam melhores condições de vida. Esta característica se traduz no
ambiente escolar através do multiculturalismo, proporcionando muitas possibilidades de
ensino, mas podendo desencadear episódios de xenofobia e demais situações de

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preconceito no contato entre diferentes culturas. Frente a esta realidade, o objetivo do


projeto foi trabalhar as migrações e o ensino de História dentro do tema dos Direitos
Humanos, com uma turma do 9° ano do ensino fundamental anos finais, discutindo o
Holocausto a partir do ensino sobre a Segunda Guerra Mundial. Para isso, foi respeitado o
planejamento de ensino da professora supervisora da escola e abordadas as orientações
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), relacionando os temas de estudo às
realidades dos estudantes da rede municipal de educação da cidade de Criciúma. Tendo
por base os escritos do historiador Jorn Rüsen, foram realizadas leituras e discussões
sobre Consciência Histórica e o ensino de história, segundo os quais, o indivíduo pode ser
influenciado pela história e seu contexto, mas ele também é um sujeito ativo nela, uma vez
que estes teóricos abordam a consciência histórica como a consciência da historicidade do
presente. A partir dos escritos de Maria Victoria Benevides, o tema dos Direitos Humanos
foi estudado e compreendido como aqueles necessários à formação de uma cultura de
respeito à dignidade da pessoa humana como prática norteadora de uma intervenção
educacional, devendo levar em consideração que os Direitos Humanos são aqueles
considerados inerentes a todas as pessoas e essenciais à vida com dignidade. A partir
destas discussões foram desenvolvidos materiais pedagógicos para aplicação em sala de
aula, visando levar os alunos a debater sobre migração, diferenças étnicas e culturais e a
necessidade de posicionamento da sociedade em defesa dos Direitos Humanos e a
relacionar o antissemitismo na sociedade europeia do período entre guerras com o
holocausto judeu, utilizando a exposição entre aspas, disponível virtualmente no museu do
holocausto de Curitiba/PR. O projeto proporcionou aos estudantes reflexões sobre a
responsabilidade da sociedade para com a defesa e o cumprimento dos Direitos Humanos.

Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Ensino de


História; Consciência Histórica; Direitos Humanos; Holocausto;

Ensino de História: história oral e narrativa: a voz da mulher negra

TIAGO NILSON DA SILVA - Mestrando no ProfHistória, UFSC.

Resumo: Essa proposta apresenta as reflexões a partir das narrativas de uma mulher
negra do bairro da Armação da Piedade, no município de Governador Celso Ramos -
Santa Catarina. Articula e se conecta com narrativas no Ensino de História. Os objetivos
dessa pesquisa são a partir das narrativas construir possibilidades de trabalhar locais em
sala de aula. A metodologia utilizada foi a história oral, realizada por meio de entrevistas,
dialogando com os conceitos de memória, experiências, narrativas e patrimônio. Concluiu-
se que por meio da história oral foi possível visibilizar uma memória "esquecida” e
subalternizada e não problematizada em sala de aula a partir da narrativa de uma mulher
negra do município.

Palavras-chave: Ensino de História; Memória, Mulher.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

ST 18: Educação Étnico-racial e Histórias do Pós-Abolição:


protagonismo negro na diáspora africana no centro da América do
Sul

Lourival dos Santos (UFMS) e Manuela Areias (UEMS/Profhistória)

Resumo: Este simpósio tem o objetivo de oferecer um espaço de discussão de temáticas


acerca dos significados da liberdade e da cidadania negra no Brasil e das práticas de
educação para as relações étnico-raciais. Diversos personagens negros desenvolveram
estratégias de reivindicação pelo fim da escravidão, de integração à sociedade e de ações
contra as discriminações raciais experimentadas no pós-abolição. A crescente produção
historiográfica sobre a escravidão e o pós-abolição, tem lançado novos olhares para os
protagonismos da população negra na luta por direitos e sobre o que significa ensinar
História a partir da temática da diversidade étnico-racial e cultural. Vinculado ao GT
Nacional Emancipações e Pós-Abolição, da Associação Nacional de História (ANPUH),
este simpósio temático propõe refletir sobre trajetórias de personagens negros e negras e
seus protagonismos na luta por direitos, considerando as relações que esses estudos
estabelecem com os campos das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-
brasileira e africana. Os novos paradigmas teórico-historiográficos, as reivindicações
apresentadas pelo movimento negro e as atuais agendas políticas educacionais
antirracistas, sobretudo após a publicação da lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o
ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, provocaram uma ampliação da noção
de diversidade e um adensamento das reflexões sobre o que significa ensinar História a
partir da temática das relações étnico-raciais. Portanto, visa-se congregar trabalhos que
versam sobre: trajetórias individuais e coletivas de personagens negros, direitos de
cidadania dos libertos, relações raciais e lutas contra o racismo, memórias da escravidão,
quilombos, identidades negras, festas e música negra, movimentos e trocas culturais,
saberes e práticas no ensino de História e educação antirracista, entre outros temas afins.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

REPRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DE


ESCOLAS PÚBLICAS: um estudo de caso sobre a aplicabilidade das leis
10.639/03 E 11.645/08 em João Pinheiro (MG)

Maria Célia da Silva Gonçalves - Doutorado, PUC_GO

Resumo: A pesquisa tem objetivo analisar as representações dos professores que atuam
nas séries iniciais sobre as leis 10.639/03 e 11.645/08 e suas aplicabilidades em escolas
públicas de João Pinheiro-MG. A pesquisa foi realizada em modalidade qualitativo,
efetivada com a entrevista como instrumento de coleta de dados, por meio de História Oral.
As entrevistas foram gravadas com cinco professores que atuam em cinco escolas da Rede
Estaduais da cidade de João Pinheiro (mG) no ano de 2017. Foi também feito o estudo das
Leis 10.639 /03 E 11645/08 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino da História
e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Através da análise das entrevistas, pôde-se perceber,
pelas representações dos professores, como são aplicadas ou trabalhadas as Leis nas

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

escolas públicas estudadas. Apesar do conhecimento dos profissionais da educação sobre


as leis e os programas embasados nas mesmas para propiciar maior conhecimento aos
alunos sobre a cultura Afro-brasileira e Indígena, ainda é um desafio falar sobre ou ou
incorporá-las nas práticas pedagógicas.

Palavras-chave: Lei 10.639/03 E 11.645/08. Educação. Afro-brasileiros e Indígenas.

Ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira nas escolas


públicas de Amambai-MS

Thaiane Sales Brandão (UEMS/PIBIC); Orientadora: Profa. Manuela Areias (UEMS)

Resumo: Propomos analisar a implementação da lei 10.639/03, que impõe a


obrigatoriedade do ensino de História da África e Cultura afro-brasileira, nas escolas
públicas do município de Amambaí- MS. As escolas analisadas foram: Dom Aquino Corrêa,
Vespasiano Martins e Cel. Felipe de Brum. Em termos metodológicos, analisamos os livros
didáticos, Projetos Políticos Pedagógicos, documentos oficiais (como as diretrizes de base
criadas para a aplicação da lei nas escolas) e realizamos entrevistas com docentes das
instituições mencionadas para compreender os saberes e práticas pedagógicas adotados
em sala de aula. A ampliação da noção de diversidade ocorreu sobretudo, na década de
1988, com a Constituição Cidadã, que ressalta a obrigatoriedade de um ensino que explore
as diversas culturas brasileiras. Dessa forma, buscaremos entender como as escolas de
Amambaí têm atuado no tocante à diversidade racial e cultural e, por conseguinte, como
vem lidando com a História e Cultura Africana e Afro-brasileira e a promoção de uma
educação das relações étnico-racial.

Palavras-chave: Ensino de História da África, Lei 10.639/03, Comunidade Escolar.

Os efeitos da Lei 10.639/2003: religiosidade e cultura afro-brasileira

Luzinete Nass - Graduação,Faculdade UNIDA de Vitória

Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir sobre os efeitos derivados da Lei
10.639/2003, Lei esta que tem como intuito a promoção da cultura afro-brasileira e que as
religiões a ela relacionadas sejam valorizados. Desde o sancionamento da Lei, o ensino
da história e da cultura afro-brasileira deve ser inserido em todas as escolas do Brasil,
especialmente para que seja possível construir uma sociedade respeitosa. É uma forma
de combater de maneira efetiva o racismo e as práticas discriminatórias, estereotipadas e
preconceituosas dele suscitadas. A problemática com a qual esta pesquisa se depara é
que embora a legislação fomente a construção de conhecimento religioso sem juízos de
valor, ainda há a manutenção de preconceitos e estereótipos quanto às religiões de matriz
africana. A escola assume uma missão importante nesse contexto: apresentar as
informações históricas bases necessárias à construção de uma outra mentalidade, esta
capaz de valorizar e respeitar outras culturas. É esta a relevância social deste estudo.

Palavras-chave: Lei 10.639/2003; Culturas: Religiões de Matrizes Africana.

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A FESTA DE SÃO SEBASTIÃO E SANTOS REIS DO QUILOMBO DA


PICADINHA, DOURADOS-MS: PARA UM ENSINO DE HISTÓRIA
ANTIRRACISTA

Ana Paula Pícoli de Lima (UEMS) e Beatriz dos Santos Landa (UEMS/Profhistória)

Resumo: Esta comunicação visa apresentar a pesquisa desenvolvida entre os anos de


2020-2022 sobre a história das festas de São Sebastião e Santos Reis, da comunidade
quilombola Dezidério Fellipe de Oliveira, localizada na região da Picadinha, distrito da
cidade de Dourados - Mato Grosso do Sul. Essa comemoração iniciada na abertura do
século XX, fruto do cumprimento a uma promessa feita no período da Segunda Guerra
Mundial, se constitui em importante arcabouço cultural imaterial desta comunidade há 80
anos, que assim como o próprio quilombo não é conhecida e/ou visibilizada como
patrimônio constituinte do município. Ancorada na pesquisa bibliográfica e na metodologia
da História oral, a fim de coletar as informações necessárias para o seu cumprimento, esta
investigação teve como desdobramento a elaboração de um material didático em formato
de HQ (história em quadrinhos) para ser utilizado na educação básica entre os alunos do
Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio. A finalidade de construir uma narrativa histórica
por meio dos quadrinhos justifica-se por acreditar na ludicidade apresentada por este
formato de texto, ao qual os educandos se sentem atraídos. Por fim, o material seja como
tema de estudo ou fonte visual visa promover a educação étnico-racial prevista nas Leis
10639/03 e 11645/08, em combate ao antirracismo e as formas de preconceitos
recorrentes a estes segmentos sociais.

Palavras-chave: Quilombo, Picadinha, Ensino de História, História em quadrinhos,


Relações étnico-raciais

Fragmentos da História. Memorias, Mitos e Biografias na Construção de uma


História Negra Brasileira

ELAINE PEREIRA ROCHA - Doutorado, The University of the W est Indies

Resumo: A demanda por uma História Negra do Brasil, que inclua a história da escravidão
e ultrapasse os limites temporais e temáticos do cativeiro, avançando pelo século XX, vem
tomando corpo nas expectativas de jovens que buscam histórias que reflitam suas próprias
experiências e que superem o binômino senhores versus escravos. Por uma história que
revele o protagonismo, as vitórias e os sucessos dos antepassados que não aceitaram
passivamente a dominação racial. Fragmentos de memórias, mitos e histórias diminutas,
os "causos”, as crenças, as narrativas de histórias familiares, trazem em si o potencial de,
juntas, formarem uma história negra que nasce da experiência e da memória de
afrodescendentes. O desafio da inclusão dessas narrativas na composição da História traz
o desafio teórico-metodológico e as questões: a quem a história serve? Para que serve a
história?

Palavras-chave: Memoria, Mito, História, Racismo, Exclusão

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CADERNO DE RESUMOS

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Ensino de História e Cultura Afro-brasileira, mulheres negras e o uso de


biografias

LARISSA SIQUEIRA DE ALENCAR - Mestrado, UEMS/Profhistória

Resumo: Propomos reflexões sobre o uso de biografias de personagens negras no ensino


de História e Cultura Afro-brasileira. Para tanto, discutiremos como essa opção
metodológica sugerida pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a
partir da lei 10.639/2003, corrobora para uma educação antirracista, por meio do
reconhecimento do protagonismo e da reavaliação do papel do negro, com ênfase em
mulheres negras na formação histórica, social e cultural do Brasil. Buscaremos evidenciar
o fazer histórico dessas mulheres, desde suas articulações no interior de dos movimentos
sociais, o movimento negro e o movimento feminista, as quais emergiram novas ativistas
políticas: o movimento de mulheres negras e as especificidades de sua agenda. Dessa
forma, por intermédio das trajetórias de Eva Maria de Jesus, liderança quilombola, e da
educadora Gonçalina Faustina de Oliveira, entrelaçando a discussão étnico-racial, de
gênero e o combate ao racismo no ambiente escolar, pretendemos analisar a participação
dessas duas personagens na história de Campo Grande/MS. Trata-se de visibilizar todos
os sujeitos, principalmente femininas e negras, envolvidos na história local fazendo da sala
de aula um espaço de diálogo e valorização das diferenças pela construção de um
conhecimento histórico escolar antirracista e pluralizado.

Palavras-chave: ensino de história, relações étnico-raciais e de gênero; protagonismo de


mulheres negras; uso de biografias.

O (auto)biográfico como aposta: reflexões sobre uma experiência de ensino


e de pesquisa

Lívia Beatriz da Conceição - Doutorado, UERJ

Resumo: Esta apresentação tem por objetivo um compartilhamento de experiência fruto


de disciplina ministrada junto ao curso de graduação em história da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ), intitulada usos do (auto)biográfico na escrita e no ensino de
história, e que teve como uma de suas finalidades refletir sobre as potencialidades dos
usos das histórias de vida para uma reeducação das relações étnico-raciais no Brasil
visando práticas antirracistas. Nesse intuito, naquela oportunidade, trouxemos à cena
político-historiográfica o trabalho com alguns conceitos, tais como os de escrevivência
(EVARISTO, 2005; 2017), dororidade (PIEDADE, 2017) e interseccionalidade
(CARNEIRO, 2019, 2020; LORDE, 2019, 2020; GONZALEZ, 2018; NASCIMENTO, 2018,
2019). Nosso objetivo principal fora aquele de potencializar estas apostas teórico-
metodológicas (e suas respectivas autoras) enquanto chaves interpretativas (e sujeitas
autorais) possíveis da perspectiva (auto)biográfica. Nesses termos, esta apresentação
será uma primeira oportunidade de sistematização e de reflexão compartilhada desta
estratégica e singular (para a sua autora proponente) experiência de ensino e de pesquisa.

Palavras-chave: (auto)biografia; ensino de história; educação antirracista.

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

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ST 19. Tecnologias e Ensino de História

Aline Vanessa Locastre (UEMS/ProfHistória) e Arnaldo Martin Szlachta Junior


(UFPE/ProfHistória/PPHG)

Resumo: A Cultura Digital vem transformando as nossas relações no mundo, fomentando


a reconfiguração de ideias e ampliando o modo como nos informamos e comunicamos.
Qualquer pessoa, desde que conectada, pode não apenas consumir, mas produzir
conteúdos via tecnologias digitais. Tais ferramentas e práticas têm um impacto significativo
na economia, política e na educação. A escola brasileira desta década, por mais que não
possua uma ampla conexão à rede e a ferramentas acessíveis a todos os alunos, tem sido
convidada a responder a tais demandas de modo efetivo. Das dez competências da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), quatro estão associadas, direta ou indiretamente a
elementos que remetem à tecnologia ou ao digital no ambiente escolar. Buscamos, neste
Simpósio Temático, debater pesquisas que pontuam as possibilidades curriculares que o
uso das tecnologias digitais pode ter como aliadas para o professor/pesquisador de
História, salientando uma sala de aula enquanto local de produção de conhecimentos
históricos escolares, fomentadora de uma aprendizagem Histórica significativa para os
educandos.

DIA 1: 19 de outubro (quarta-feira)


Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)

Panorama das pesquisas sobre o uso do software Genially para o ensino de


História na Educação Básica

Rafael Alberto Gomez Brito de Siqueira e Silva (Universidade de Taubaté (UNITAU) /


Prefeitura Municipal de Taubaté - SP)

Resumo: O contexto de avanços tecnológicos provocou profundas mudanças sociais nas


esferas do trabalho, da cultura e da educação. Diante disso, busca-se a compreensão de
novas metodologias de ensino que possam suprir as necessidades pedagógicas das
gerações de nativos digitais, tornando o ensino escolar compassado à sociedade
tecnológica. Nesse panorama, investiga-se os estudos quanto a utilização do software
Genially para o ensino de História na Educação Básica, por meio de um estudo qualitativo
que apresenta um panorama das pesquisas realizadas. O software Genially é um programa
que consiste em uma plataforma online especializada em criar conteúdos visuais e
interativos, onde se pode inserir textos, imagens, áudios e links externos; o programa
disponibiliza diversas ferramentas de trabalho animadas, tais como apresentações,
infográficos, gamificação, imagem interativa, vídeoapresentação, guias e material
formativo, consistindo em uma possibilidade didático-pedagógica para professores que
buscam acrescentar as tecnologias da informação e comunicação no dia a dia escolar.
Assim, esse estudo pretendeu analisar, a partir do panorama das pesquisas, o uso do
software Genially como uma ferramenta didático-pedagógica, focando nas facilidades, se
promovidas ou não, e nas dificuldades, se encontradas ou não; compreendendo como
ocorreu a dinâmica de uma aula mediada pela tecnologia, principalmente no que se refere

150
CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

aos seus potenciais aspectos motivacionais e engajadores, verificando, assim, a


aplicabilidade do uso desse software como ferramenta didático-pedagógica. Verificou-se
que o uso do software Genially consiste em uma ferramenta didática que contribui para a
melhora do ambiente de aprendizagem, para o desenvolvimento de maior motivação entre
os discentes, para o aumento da aprendizagem em si e da memorização de conceitos
históricos. Potencialmente, vê-se o uso desse software como uma opção didática adicional
capaz de aproximar o ensino escolar às dinâmicas da sociedade digital."

Palavras-chave: Cultura digital. Educação Básica. Genially. Práticas de ensino de História.


Softwares.

Surfando nos Acervos Digitais: desafios e potencialidades para a pesquisa


histórica e Ensino de História

Luiz Gustavo Martins da Silva (UFOP)


George Leonardo Seabra Coelho (UFT)

Resumo: Nos últimos trinta anos diversos acervos documentais e bibliográficos foram
sendo construídos e disponibilizados no ambiente em rede. Porém, dentro do imenso
oceano da Internet, há quem tem experiência de navegação prejudicada, quer dizer, nem
sempre sabemos navegar e encontrar os pontos ou portos para ancorar a nossa
embarcação. Os acervos das instituições de memória - entendidas como bibliotecas,
museus e arquivos - cumprem uma função social ao promover o acesso à pesquisa, à
educação e à cultura, além de preservar a memórias e a identidade. Considerando que a
sociedade contemporânea não pode prescindir das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (TDIC) e dos inúmeros recursos midiáticos, torna-se necessário entender
que toda ação e reflexão passa a ser volatizada e, por isso, atomizada frente ao novo.
Diante essa premissa, um acervo digital torna-se o locus referencial dessa sociedade que
precisa e/ou necessita (re)conhecer-se nesse mundo tecnológico. Tendo em vista a
importância da comunicação e da publicização dos documentos presentes em arquivos
públicos, buscamos problematizar os usos das tecnologias digitais; Para tanto, esta
comunicação apresenta o Projeto Surfando nos Acervos Digitais e suas possibilidades para
a pesquisa e ensino na área das humanidades. A noção de que o estudante precisa
“aprender a aprender” sempre foi pertinente, de modo que a construção, digitalização,
divulgação e apropriação dos acervos virtuais trazem à luz diversas oportunidades para a
pesquisa histórica e Ensino de História.

Palavras-chave: Tecnologias, acervos, pesquisa, ensino.

As potencialidades do RPG no ensino de história: alteridade e empatia

Caio Cobianchi da Silva (Seduc MT/ UFMT)

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CADERNO DE RESUMOS

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Resumo: O presente texto procura refletir sobre as potencialidades do RPG, em sua


modalidade RPG de mesa, para o ensino de História. Toma-se como base epistemológica
a teoria da consciência histórica na perspectiva da cognição histórica situada para entender
as potencialidades do RPG como artefato da cultura histórica em sua relação com a
aprendizagem histórica. O conceito de alteridade é pensado a partir de Jorn Rüsen em sua
abordagem do conceito de identidade histórica. Já o conceito de empatia é tensionado
através de uma discussão com Peter Lee e Bodo von Borries, teóricos da Educação
histórica nas vertentes inglesa e alemã, respectivamente. Pesquisas a respeito da relação
entre RPG e ensino de História são incluídas no diálogo, trazendo uma base empírica para
a reflexão proposta. Busca-se apresentar argumentos que incentivem o uso do RPG nas
aulas de História rumo à constituição de uma interpretação histórica mais empática
cognitiva e emocionalmente, sem desconsiderar os limites deste artefato. Palavras-
chave: RPG; Ensino de História; Educação Histórica; empatia.

Memes no Ensino de História: uma experiência entre práticas e saberes

Melina Lima Pinotti (UFGD)

Resumo: O objetivo desse artigo é apresentar um relato da prática de ensino em História


quando atuei como professora numa escola estadual em Mato Grosso do Sul. Nessa
experiência, na metodologia de aprendizado foi utilizado como recurso didático, os memes,
uma forma de linguagem comum nas redes sociais e que integra as tecnologias digitais no
ambiente escolar. Na ocasião, estudantes do 2°Ano do Ensino Médio foram orientados a
criarem "memes” que denunciassem a desigualdade étnica, social, de classe e de gênero
no Brasil. A atividade foi feita em sala de aula e inserida como finalização no conteúdo da
Revolução Francesa que teve como lema "Liberdade, Fraternidade e Igualdade”. Tais
conteúdos foram relacionados com estudos acerca da "Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão”, de 1789 e com a "Constituição da República Federativa do Brasil” de 1988.
O uso de mídias na metodologia serviu para aproximar os estudantes com o ensino de
História e sua relação entre o passado e o presente, bem como, compreender que
problemáticas sociais fazem parte de processos sociais, formados por continuidades e
rupturas históricas.

Palavras-chave: Ensino de História, mídias sociais e metodologia.

Governo Dilma - Entre a Cultura Digital e a Consciência histórica

Gabrielle Gomes Oliveira (UFG)

Resumo: No cenário político e social do Brasil do século XXI, o governo da presidente


Dilma Rousseff (2013-2016), tornou- se objeto de disputa entre a grande mídia que legitima
o processo impeachment e os cientistas sociais que denunciam o processo como um golpe
à democracia. Parte dessa disputa conceitual sobre esse processo se deu por meio das

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

redes sociais, atingindo os diferentes setores da sociedade e consequentemente o


ambiente escolar, em que os alunos são sujeitos históricos e parte integrante da sua
comunidade, que criam e repetem os discursos e conceitos que são propagados pela
cultura digital. 2016 é um período marcada um movimento de mudança no cenário político
do Brasil, em que a história do tempo presente gera debates e impactam a forma que os
alunos compreendem o passado e o futuro. A presente pesquisa tem como objetivo
analisar como a cultura digital e a formação de uma consciência histórica se constroem
entre o discurso jornalístico e a produção historiográfica na esfera pública das redes
sociais.

Palavras-chave: Cultura Digital-Consciência histórica-2016

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DE HISTÓRIA E O USO


DA TECNOLOGIA

Francisco Uilton Alves Araújo (PUC/SP)


Heloisa de Faria Cruz (PUC/SP)

Resumo: A disciplina História faz parte dos componentes curriculares educacionais do


Brasil, e a História ensinada em sala de aula se constitui no espaço onde a maioria das
crianças e jovens brasileiros tem contato com o aprendizado sobre o saber histórico e a
possibilidade de adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades que se refletirão
diretamente em suas vidas. Ao sabermos da relevância dessa disciplina na construção da
consciência histórica, na construção da criticidade nossa preocupação nesse estudo é a
forma como a História é ensinada, ou seja, a prática docente em sala de aula. Essa
proposta parte da prática docente das experiências já tornadas públicas de professores de
História com uso dos recursos tecnológicos, seja em encontros da área, seja em teses,
dissertações e artigos com o intuito de estimular uma reflexão acerca de seus métodos.
Diante desse novo cenário em que a tecnologia está incorporada na sociedade e no
sistema educacional, tornando-se globalizada nesse meio, pensar uma renovação do
ensino e dos materiais didáticos é fundamental enfatizando a complexidade de
estudar/aprender História. Ainda sobre as possibilidades destacadas sobre a inserção da
tecnologia, a mudança proporcionada por ela, rompe de certa forma paradigmas da
educação tradicionalista e propõe novas propostas metodológicas para o processo de
ensino-aprendizagem. Com o início do século XXI, ainda se tem discutido muito sobre a
utilização das TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação) na educação e como
esses recursos tecnológicos podem em certa medida potencializar e possibilitar novas
práticas pedagógicas, acreditamos que esses recursos podem auxiliar os professores e
estudantes na medida em que se conectem ao espaço escolar e compreendam tais
recursos como agregadores no processo de aprendizagem, numa ideia de tornar a
sociedade da informação, a do conhecimento a partir da potencialidade das tecnologias. "

Palavras-chave: Ensino de História; Experiências; Recursos Tecnológicos.

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CADERNO DE RESUMOS

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ESSE JOGO DÁ MACHT! APRENDIZAGEM HISTÓRICA E JOGOS DIGITAIS


EM CONTEXTOS ESCOLARES

Graça Viviane Pereira Santos Pereira (Secretaria da Educação do Estado da Bahia)

Resumo: Os anos de 2020 e 2021 representaram uma lacuna de tempo que causou
impacto mundial ocasionado pela disseminação da Covid-19 e, com isso, o ensino de
História também sofreu as reverberações proporcionadas pela pandemia mundial, com o
impacto de muitas mortes. Por esse motivo, as relações sociais passaram a ser
intermediadas virtualmente, inclusive as aulas, que foram suspensas e ministradas através
de plataformas digitais, recursos que os docentes não estavam preparados
metodologicamente para operacionalizar. Em 2021, houve o retorno do ano letivo,
inicialmente virtual e, em seguida pelo sistema híbrido. Apesar do receio da sociedade pela
possível contaminação e propagação da doença na comunidade escolar, por fim as aulas
retornaram para o ensino presencial. A presente dissertação foi construída neste período,
em um contexto sui generis da pandemia mundial em que se torna importante compreender
o impacto do ambiente pandêmico no ensino e na aprendizagem de História pelos
estudantes do Ensino Médio. Contudo, o trabalho tem por objetivo principal discutir e
investigar o processe de elaboração da narrativa histórica a partir da construção de
narrativas para jogos digitais sobre temas históricos, através da confecção de um Game
Designe Document, o GDD. A investigação procurou respostas sobre as possibilidades
serem exequíveis com a intermediação dos pressupostos da Educação Histórica,
principalmente através da proposta da Aula-Oficina desenvolvida Isabel Barca, que por ora
foram utilizados, para estimular a promoção dos conhecimentos históricos dos estudantes
do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio da Polícia Militar João Florêncio Gomes.
Destarte, foi construído uma revisão sistemática integrativa sobre os jogos digitais, a
utilização de jogos no ensino de História, o ensino de História no Brasil, a Didática da
História e a Educação Histórica. Foi investigado se na construção do GDD os estudantes
demonstrariam o pensamento histórico sobre o conceito metahistórico de mudança
temporal. Isso porque percebe-se uma tendência juvenil a considerar válido somente o
tempo presente, desconsiderando as ações dos homens e mulheres no e do passado, o
que foi feito através do conceito substantivo das lutas dos trabalhadores e das
modificações que a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, sofreu no decorrer na
História, com a lacuna de tempo de 1917 a 2017, sendo a primeira data da greve operária
de 17 e a segunda data as últimas modificações da CLT. As atividades foram realizadas
no itinerário formativo de História Elementar do Novo Ensino Médio, por este motivo
também foi feito um estudo sobre essa temática. Apesar das diversas intercorrências
ocasionadas pela pandemia mundial o trabalho foi realizado, com a escrita do GDD, com
dois protótipos de jogo sobre a temática elaborados. A partir dos resultados obtidos,
observou-se que houve a promoção do pensamento histórico dos estudantes em níveis
diversificados sendo observável nas diversas atividades realizadas durante o percurso do
ano letivo de 2021.

Palavras-chave: Ensino de história. Educação histórica. Jogos digitais. Aula-Oficina.


Aprendizagem histórica.

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CADERNO DE RESUMOS

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Jogos digitais e o ensino de História: experiência no PIBID

Aline Vanessa Locastre (UEMS/ProfHistória)

Resumo: Fruto de um projeto realizado durante os anos de 2020-2021, a presente


comunicação tem como objetivo apresentar os resultados obtidos com o trabalho
desenvolvido no PIBID do curso de História da UEMS. Com um corpo discente
majoritariamente da etnia Guarani e Kaiowá, buscamos fomentar um letramento histórico
e digital tanto nos discentes do curso, quanto nos estudantes das escolas públicas
envolvidas no projeto de iniciação à docência. O trabalho com jogos digitais a partir de
temáticas indígenas foi desafiador e nos mostrou as desigualdades de acesso, bem como
a importância dos espaços formais de educação pública como ambientes de conectividade.
Por meio de uma análise bibliográfica e documental, nossa discussão pauta-se nos dados
da desigualdade de acesso às mídias digitais e internet em nosso país, e possibilita a
reflexão sobre a formação de professores e o ensino de História diante de novos desafios,
tecnologias e metodologias.

Palavras-chave: Ensino de História; Tecnologias Digitais; Formação de Professores.

O DIÁLOGO ENTRE A HISTÓRIA E AS NOVAS LINGUAGENS DE ENSINO

Jane de Souza (UNIR)

Resumo: O artigo pretende analisar no primeiro momento a História como ciência e sua
evolução como disciplina escolar e como as tecnologias podem auxiliar na aprendizagem
em sala de aula destacando a importância de quatro competências das Bases Nacionais
Comuns Curriculares (BNCC). A dimensão deste trabalho fundamenta-se em mostrar essa
relação e a quebra da tradição dos livros didáticos com a prática das novas linguagens
tecnológicas dentro da sala de aula. A frente disso, faz-se necessário à busca dessa
reflexão do ambiente escolar onde o professor passe a vivenciar essas alterações de forma
a beneficiar suas próprias ações podendo buscar novas metodologias e novas formas de
promoção do processo ensino aprendizagem. A sociedade vive um desenvolvimento
acelerado que ocorrem todos os dias, as descobertas ocorrem em segundos. Mas é preciso
pensar sobre todas essas mudanças, onde informações e descobertas acontecem em
instantes, onde processo de desenvolvimento da aprendizagem escolar está inserido no
processo no qual a sociedade vem passando e esse é um dos pontos que precisa ser
discutido, pois é dentro da sala de aula que são promovidas as mais importantes
formulações teóricas sobre o desenvolvimento cultural, e social do educando. A análise
histórica da História como disciplina e sua evolução e a BNCC nos leva às seguintes
problematizações: Em primeiro lugar o ensino de História, a atuação da escola nesse
contexto, o papel do professor e como os alunos tem recebido essa nova forma de
aprendizagem e compreender as causas e a dinâmica desse processo é algo que
consideramos fundamental. Optou-se pela pesquisa de referencial bibliográfico, que

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CADERNO DE RESUMOS

XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS

XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS

mostrou como essas ferramentas estão impactando cada vez mais a vida moderna com
reflexos na educação.

Palavras-chave: Ensino de história. Bases nacionais comum curriculares; Aprendizagem


em história.

Ensino de história: abordagem decolonial e questões do Tempo Presente

Lorena Zomer (UEPG)


Maristela Carneiro (UEPG)
Janaina de Paula do Espírito Santo (UFMT)

Resumo: Nosso objetivo com essa comunicação é debater sobre questões historiográficas
e o ensino de História da América Latina, com base em discussões decoloniais que
busquem problematizar perspectivas identitárias latino-americanas. Diversos países têm
passado por movimentos rompantes em relação às suas instituições, constituições, em
busca de maior representatividade social e política. Desse modo, buscar as definições
sobre a latinidade na América é questionar-nos sobre como esses discursos estão em
disputa em nosso cotidiano, seja pelo viés político ou pelo cultural, os quais, de qualquer
forma, incidem sobre o modo como ensinamos e como chegam aos materiais didáticos
utilizados em sala de aula. Esses conflitos envolvem temas relacionados à memória, aos
lugares de memória, bem como noções e espaços patrimoniais que fazem parte da vida
cotidiana de sujeitos em espaços escolares e não escolares e que colaboram com noções
de uma história do tempo presente. Assim, o Ensino de História deve ser visto como uma
ação de construção de noções e sentidos sobre o nosso próprio tempo histórico e não
apenas do passado e que podem colaborar com o debate, muitas vezes impulsionado por
padrões e valores europeus, brancos e hierárquicos, no que diz respeito à outras formas
de conhecimento e de identificação. Com base nessas considerações trazemos nossa
experiência e discussões nas disciplinas de Oficina de História e de América Latina, a partir
do uso de fontes como mangás, de ferramentas digitais e de uma abordagem decolonial.

Palavras-chave: Ensino de História; Tempo Presente; Decolonial.

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