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18 A 21 OUTUBRO 2022
AMAMBAIE CAMPO GRANDE/MS
EVENTO VIRTUAL
CADERNO DE PROGRAMAÇÃO
E RESUMOS
XVI ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-MS
- XX SEMANA DE HISTÓRIA DA UEMS e V
SEMINÁRIO DO PROFHISTÓRIA DA UEMS -
Amambai/Campo Grande, 18 a 21 de outubro de 2022
REALIZAÇÃO:
Associação Nacional de História (ANPUH) - Seção Mato Grosso do Sul
FICHA TÉCNICA
Vários autores.
Bibliografia.
ISBM 976-65-00-54439-3
22-132239 CDD-931
índices para catálogo sistemático:
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CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E
RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
DIRETORIA
CONSELHO FISCAL
Membros Efetivos:
Membros Suplentes:
CONSELHO CONSULTIVO
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COMISSÃO ORGANIZADORA
COMISSÃO CIENTÍFICA
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SUMÁRIO
SUM ÁRIO ..........................................................................................................................................7
A P RESEN TAÇ ÃO ........................................................................................................................ 18
PROGRAMAÇÃO G E R A L .......................................................................................................... 19
MINICURSOS.................................................................................................................................21
Minicurso 01. Diálogos entre feminismos afroamericanos e o ensino de história..... 21
Minicurso 02. História Política: debates teóricos e reflexões críticas.......................... 21
Minicurso 03. Pedagogia das imagens: a arte e os multimeios como
potencializadores do saber h istórico..................................................................................22
Minicurso 04. Colonialismo e Feminismo: questão dehistória........................................22
Minicurso 05. Noções Básicas de Paleografia: manuseio e leitura de manuscritos
(século X IX )............................................................................................................................ 23
Minicurso 06. Usos do (auto)biográfico e educação antirracista...................................23
SIMPÓSIOS TEM ÁTICO S........................................................................................................... 25
ST 01. O antigo Mato Grosso: transformações socioeconômicas, políticas e
ambientais (séculos XV III-X X ).............................................................................................. 25
Tropas em movimento: campanhas militares espanholas na capitania de Mato
Grosso (1763-1767).............................................................................................................. 25
Colunas em marcha pelo Mato Grosso: aproximações entre a Retirada da Laguna
(1867) e a Coluna Miguel Costa - Prestes (1925)...........................................................26
Um divisor de águas? A Guerra do Paraguai na história de Mato Grosso e Mato
Grosso do S u l........................................................................................................................ 27
Relação trabalhista na atividade de pastoreio no Pantanal, final século XIX e
primeiras décadas de X X ..................................................................................................... 27
A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) e o protagonismo dos colonos .. 29
A SOMECO S/A na política ivinhemense.......................................................................... 29
A ordem do dia era acelerar a marcha desenvolvimentista: caminhos que se cruzam
dos pantanais a Amazônia ................................................................................................... 30
"Quando cortada a última árvore...”: o breve ciclo madeireiro no cone sul do atual
estado de Mato Grosso do Sul (1973-1982 como ápice)................................................ 31
História, imprensa e linguagem - as semânticas jornalísticas praticadas n’ O
Progresso (de Dourados) e no Correio do Estado (de Campo Grande), com
pretensões representativas da divisão de Mato Grosso, em 1977................................31
ST 02. Estudos Interdisciplinares sobre a Antiguidade: novas perspectivas para o
ensino e a pesquisa................................................................................................................ 32
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Cidadãos constitucionais: a luta por direitos e o fim das Milícias segregadas nos
periódicos cariocas (1831-1834)........................................................................................ 78
O caso ufológico da Barra da Tijuca de 1952: A fundação da Ufologia no Brasil pela
ação da im prensa...................................................................................................................79
A circulação de impressos e manuscritos na Confederação do Equador no Ceará .. 79
Sobre "o dever do cidadão que escreve”: ponderações de um beneditino sobre o
exercício periodista no período da Independência (1822-1824).................................... 80
Educando o Brasil pelas páginas da Infância e Juventude (1936-1937).....................80
Imprensa e espiritismo: as disputas no campo religioso alagoano na Primeira
República................................................................................................................................ 81
Heróis contra monstros: a representação dos colonos alemães em Goiás pelo
Deutscher Morgen (1938).................................................................................................... 81
Uma história da educação a partir dos periódicos..........................................................82
Os elogios fúnebres como mecanismos para a construção da memória c o le tiv a .... 82
HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS CANTORAS BRASILEIRAS DO RÁDIO EMILINHA
BORBA E MARLENE, ATRAVÉS DA REDE SOCIAL INSTAG RAM .......................... 83
ST 09. Narrativas Oficiais e Histórias Insurgentes: a memória como fonte na
construção de outras histórias no Brasil Contem porâneo..........................................83
Memórias de uma ex-profissional do sexo: Zona boemia da cidade de Itabaiana - PB
(1960-1980)............................................................................................................................ 84
AS REPRESENTAÇÕES NÃO OFICIAIS DA MERENDA ESCOLAR: UMA ANÁLISE
DA OBRA NOSSA HISTÓRIA DE ITAPAGIPE - M G ...................................................... 84
COMUNIDADE DO DOURADINHO: Cultura, memória e resistência na luta pela
permanência na terra ........................................................................................................... 85
COMO SE FORJAM HERÓIS: O AVESSO DA MEMÓRIA OFICIAL SOBRE OS
PRIMÓRDIOS DA CIDADE DE JOÃO M ONLEVADE/M G .............................................86
Grilagem de terra em Rondônia: o caso da Colonizadora Calama SA (1970-1980) . 87
COLONIALISMO E CONSTRUÇÕES IMAGINÁRIAS DO FEMININO NO BRASIL DO
SÉCULO XVI: UMA LEITURA FEMINISTA E DECOLONIAL........................................ 87
ST 10: Violência, crime e políticas de repressão do estado como objetos de reflexão
histórica ......................................................................................................................................... 88
O mal viver como ameaça à propriedade: as notícias sobre termos de bem viver e o
trabalho compulsório (1870-1890)...................................................................................... 89
O recrutamento militar como prática punitiva aos desajustados à ordem sociopolítica
................................................................................................................................................. 89
EPB, a história de uma disciplina acadêmica em tempos de crise da ditadura militar
(1979-1993)........................................................................................................................... 90
O MOVIMENTO LGBTI+ E OS CORPOS VI(R)ADOS PELA DITADURA CIVIL-
MILITAR BRASILEIRA: UMA OPORTUNIDADE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA.. 90
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APRESENTAÇÃO
O ano era 1992 e o evento histórico dos quinhentos anos do "descobrimento" das Américas
pautou reflexões de todas as matizes. O grande compositor cearense Belchior não se fez
de rogado e compôs uma canção que é um chamado pungente. A canção Quinhentos anos
de quê?, provocativa já em seu título, ainda representa o Brasil de hoje.
Cabe a nós, neste ano de 2022, perguntar o mesmo em relação ao bicentenário da
independência política do Brasil: 200 anos de quê?. Com o mesmo propósito do original
que o inspirou, promoveremos durante o XVI Encontro de História da ANPUH-MS, V
Seminário do ProfHistória UEMS e XX Semana de História da UEMS debates sensíveis,
sob a luz da razão histórica, considerando os significados que hoje tecemos ao
bicentenário. A quantas andam nossa soberania? Quais são os espaços para nossas
existências e resistências?
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PROGRAMAÇÃO GERAL
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- Conferencista:
Mediadora:
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MINICURSOS
Resumo: É inegável que estudiosos como René Rémond (2003), Jacques Julliard (1988)
e Jean-François Sirinelli (1999; 2003) foram significativos para moldar a atual noção de
História Política e rememorar suas distinções diante da banida História Política Tradicional.
Afinal, relembraram a importância e a autonomia do poder nos meios institucionais e não-
institucionais que formam a vida social, direcionando seus esforços para moldar uma Nova
História Política condizente com o contexto pós1960 que exigiu a descentralização dos
estudos políticos sob a figura do Estado. A recuperação da História Política do longevo
ostracismo a que foi condenada torna-se ainda mais significativa para compreender o
cenário político atual, no qual as relações de poder se mostram ainda mais aparentes ao
observador disposto a estudar suas manifestações nas mais diversas interações humanas.
A Nova História Política que nasceu por volta das décadas de 1960 e 1970 é uma chave
de leitura para o mundo atual na medida em que permite contemplar não somente o poder
estatal - algo deveras discutido no atual cenário governamental brasileiro e latino-
americano -, mas também aquele que se manifesta através das novas interações humanas
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que são oriundas do recente mundo virtual. Nesse sentido, o presente Minicurso se propõe
a realizar observações teóricas em torno das diversas facetas adquiridas pela História
Política ao longo do tempo e refletir sobre as maneiras como o historiador do político insere-
se no palco das múltiplas relações de poder. Trata-se, portanto, de um estudo da
genealogia da História Política com ênfase nas mudanças teóricas do campo e seus
significados para a construção do conhecimento histórico na atualidade.
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CADERNO DE RESUMOS
introdutório sobre a relação entre colonialismo e feminismo como uma questão a interrogar
o fazer histórico quanto à atenção às violências sociais.
Resumo: Este minicurso tem como objetivo oferecer noções básicas de paleografia para
o tratamento histórico e historiográfico de textos manuscritos, especificamente, do século
XIX. A nossa proposta visa, sobretudo, a interdisciplinaridade, uma vez que considera o
universo da leitura em sua tripla dimensão, isto é, relacionando as condições técnicas, as
formas e as práticas culturais que viabilizaram a criação desses manuscritos. Dito isto,
discutiremos num primeiro momento a durabilidade e a conservação de documentos
históricos, apresentando princípios de transcrição e digitalização. Concomitantemente,
indicaremos as dependências - àquelas que inscrevem a produção textual nas suas
condições de possibilidade e inteligibilidade - e as diferenças - àquelas atividades sociais
que são produzidas cotidianamente e escapam as regras e/ou normas estabelecidas. Ao
final, esperamos contribuir com a pesquisa em História, tornando possível o diálogo com
outros campos do conhecimento e suas técnicas.
Resumo: Que vidas são narradas e como elas são narradas? Quem são os 'personagens'
que são apresentados pelos livros didáticos e quem eles representam? Pensando a partir
destas questões, a proposta do presente minicurso visa abordar os múltiplos usos das
narrativas de vida para a pesquisa e o ensino de história, integrando abordagens que
partem de um estudo conceitual das chamadas "grafias de vida" (biografias, autobiografias,
cartas, diários, entrevistas) para, a partir daí, pensar possibilidades e abordagens para a
construção do saber histórico. Essas mais diversas formas de narrativas do eu tem
despertado um crescente interesse para a pesquisa histórica, em especial a partir das
questões lançadas pela chamada "guinada subjetiva", que alçou novamente os sujeitos
individuais no centro dos interesses das pesquisas em ciências humanas. Mas esse novo
olhar sobre o sujeito individual, sua vida e suas produções não estão mais marcadas pela
preponderância do estudo dos "grandes homens", mas sim pelo interesse pelo homem
comum, pelo não extraordinário que constrói a história. Philippe Levillain (2003), por
exemplo, ao tratar da reabilitação da escrita biográfica na França, afirmava que "A biografia
é o lugar por excelência da pintura da condição humana em sua diversidade". Dessa forma,
o presente minicurso tem apresenta a perspectiva (auto)biográfica como chave
interpretativa e aposta política fulcral para a reflexão sobre as histórias de vidas de homens
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CADERNO DE RESUMOS
e mulheres comuns, tornando "(...) passíveis de escuta vozes e falas silenciadas (...)"
(GONÇALVES, 2020, p. 65); ou ainda, trazer à cena histórica aqueles e aquelas cujas
existências foram apagadas e/ou silenciadas de certos currículos (SANTOMÉ, 2017),
práticas docentes e formas/perspectivas específicas - que se querem universais - de se
perceber, narrar e escrever a história (PERROT, 2017; DEL PRIORE, 2001; XAVIER,
2019). Tal perspectiva adquire particular relevância quando pensamos que, nos últimos 20
anos, o tema das relações étnico-raciais e do racismo no Brasil ganhou força não somente
nos currículos/espaços escolares (MUNANGA, 2008; PEREIRA, 2014; GRINBERG,
ABREU & MATOS, 2019), mas também em outros espaços, como na mídia digital por
exemplo (XAVIER, 2019; LEÃO, 2017), a partir de lutas históricas empreendidas por
diversos movimentos sociais, como a exemplo do(s) movimento(s) negro(s) brasileiro
(GOMES, 2017; SILVA, 2013). No entanto, tal temática permanece ainda como um grande
desafio no processo de formação e atuação docente. Assim, este minicurso se propõe a
discutir o potencial dos usos do biográfico para o ensino e aprendizagem, com destaque
para o ensino da história da África e afro-diaspórica. Para efeitos didáticos, em
consonância à grade de programação do evento, propomos a seguinte divisão: 1° dia (8h
às 12h) - "Grafias de vida": análise do conceito e de seus usos na história. A influência do
"giro linguístico" e da "guinada subjetiva" na história: usos do biográfico 2° dia (8h às 12h )
- Biografia e memória na sala de aula: contribuições para o ensino de história da África e
afro-diaspórica. Sugestões de atividades práticas.
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CADERNO DE RESUMOS
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
Resumo: Serão aceitos neste simpósio trabalhos dedicados ao estudo das transformações
verificadas no espaço correspondente aos atuais estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, desde o século XVIII até o XX, envolvendo temas como: 1) vias e meios de
transporte e comunicação; 2) atividades e estruturas produtivas e respectivas relações de
trabalho e fluxos comerciais; 3) movimentos migratórios, correntes de povoamento,
políticas de terra e processos de colonização; 4) relações entre grupos humanos e o meio
ambiente, em seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Serão também
aceitos trabalhos que, tendo em conta o fato de se tratar aqui de uma área fronteiriça,
busquem estudá-la como local de encontro de alteridades e palco de relações tanto
pacíficas como conflituosas - enfocando, por exemplo, iniciativas locais, projetos estatais,
conflitos políticos ou bélicos e suas peculiaridades e implicações regionais, nacionais e
transfronteiriças.
Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este texto tem por tema principal os conflitos armados desenvolvidas na região
compreendida pelo atual Estado de Mato Grosso do Sul. Enfoca a Retirada da Laguna,
episódio ocorrido em 1867, durante a Guerra da Tríplice Aliança, e a passagem na região
de revoltosos comandados por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, no ano de 1925,
desdobramento armado do Movimento Tenentista da Primeira República. As tropas que
marcharam pelo território mato-grossense são denominadas colunas, diferenciando-as,
porém, pelos adjetivos expedicionária e revolucionária. O objetivo geral é apresentar
aspectos significativos dos dois episódios. Como objetivos específicos, procura destacar
os conflitos armados ocorridos no Sul de Mato Grosso nos séculos XIX e XX; apresentar
sítios históricos sul-mato-grossenses, relacionados com a Guerra do Paraguai e a
passagem da coluna Miguel Costa - Prestes, identificar pontos de convergência e
divergência entre as duas epopeias bélicas, e refletir sobre fatos históricos acontecidos no
território atual do Estado de Mato Grosso do Sul. O trabalho está baseado em pesquisas
bibliográficas, realizadas em obras escritas por participantes das duas campanhas. As
observações de Norá (1993), Bourdieu (2006), Pollak (1989) e Ricouer (2007) foram
importantes como fundamentação teórica na análise das obras. Elas alertam sobre os
monumentos como lugares de memória, a seleção nos relatos autobiográficos de certos
acontecimentos significativos, dando-lhes coerência, e, ainda, sobre os momentos de
silêncio e de esquecimentos nas memórias. Após uma caracterização inicial dos dois
eventos, o texto prossegue com os comentários sobre a participação das mulheres, o
emprego dos canhões da Artilharia, os principais combates, o uso de cavalos, a busca de
alimentos, a travessia dos cursos de água e as transformações econômicas imediatas
decorrentes dos dois conflitos. Na conclusão, aponta a existência de semelhanças e
diferenças entre os acontecimentos da Retirada da Laguna e da Coluna Miguel Costa -
Prestes, na região do atual Estado de Mato Grosso do Sul, e a necessidade de estudos
complementares. Ressalta, ainda, a significativa presença na memória coletiva da Retirada
da Laguna e o desproporcional desconhecimento da passagem da Coluna Miguel Costa-
Prestes no Estado de Mato Grosso do Sul.
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Resumo: Pela magnitude dos recursos humanos e materiais que envolveu, bem como pelo
elevado número de mortes e pelas grandes destruições que causou, a Guerra do Paraguai
constitui um marco histórico de primeira grandeza, sobretudo em âmbito regional e local.
Ela é um marco na história do Cone Sul da América do Sul, na história dos países
envolvidos e também, certamente, na história de Mato Grosso/Mato Grosso do Sul: existe,
para nós, um "antes” e um "depois” da guerra. Entretanto, o trabalho aqui proposto coloca
a seguinte questão: até que ponto a guerra foi, efetivamente, mais que um simples marco
cronológico, do qual lançamos mão para separar o que ocorreu antes e o que veio depois?
Em outras palavras, visa-se aqui averiguar, em diálogo com a historiografia e a
documentação, os conteúdos concretos desse antes e desse depois, por meio de questões
como as seguintes: o depois seria algo radicalmente diferente do antes? Ou seria uma
simples continuação? O depois foi melhor que o antes? De que modo e em que medida?
Aponta-se, entre outras coisas, que, na década de 1980, a ideia da guerra como um marco
adquire novos contornos com a adesão de parte da nossa historiografia acadêmica à tese
dita "revisionista” da Guerra do Paraguai, que vincula o conflito a uma suposta manipulação
da Grã-Bretanha e, portanto, aos desígnios do imperialismo capitalista. Observa-se que o
rio Paraguai foi aberto à livre navegação internacional vários anos antes dessa guerra e
que, também antes da guerra, essa liberdade produziu importantes efeitos econômicos em
Mato Grosso. Discute-se, por fim, a superestimação das transformações econômicas
ocorridas em Mato Grosso no pós-guerra. Conclui-se que 1) o verdadeiro "divisor de águas”
na história de Mato Grosso, no século XIX, não foi a Guerra do Paraguai mas sim a abertura
dos rios platinos à navegação brasileira, ocorrida anos antes, e que 2) a guerra não trouxe
ruptura alguma em relação ao período anterior, a não ser em um sentido negativo (morte
e destruição). As transformações "positivas” que se verificam em Mato Grosso no período
posterior à guerra já vinham ocorrendo desde antes; desse modo, o conflito apenas atrasou
o andamento dessas transformações.
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Resumo: A SOMECO S/A foi uma empresa alinhada ao governo militar. Esse alinhamento
é percebido em duas situações: primeiro que a empresa desenvolveu seu projeto de
colonização acompanhando as políticas governistas. Segundo que a colonizadora,
principalmente após a emancipação política de Ivinhema, em 1963, apresentou
engajamento partidário, influenciando na política municipal, lançando ou apoiando
candidatos aos cargos de vereador e prefeito. Durante o processo de colonização, a
SOMECO S/A, construiu infraestrutura no município de Ivinhema, que contemplou prédios
da sede administrativa da empresa, e doou terrenos ao poder público onde foram
construídos a prefeitura, Câmara Municipal, Fórum e praças. Essas doações também
contemplaram a Igreja Católica, com a construção da igreja Nossa Senhora Aparecida,
primeiro templo religioso no município, e a Matriz São Paulo Apostolo. Neste sentido, nota-
se até hoje, uma relação estreita entre a empresa com o poder público e a Igreja Católica.
Exemplo disso, são as negociações de terrenos urbanos entre a prefeitura e a
colonizadora, e as doações e participação em leilões beneficentes. A proximidade entre
SOMECO S/A e poder público pode ser percebido desde sua emancipação política. A
emancipação de Ivinhema, traz um fato que merece ser mencionado. Enquanto alguns
municípios do Estado a independência administrativa, se deu por meio de muitas
negociações políticas, num lento processo, a de Ivinhema foi de forma rápida e precoce. O
início da colonização com aberturas de estradas, dos lotes, as construções de
infraestrutura da colonização, bem como a venda de terrenos, iniciaram-se em 1961, e a
emancipação veio em 11 de novembro de 1963, através da lei n° 1949 proposta pelo
deputado Antonio Alves Duarte (UDN). Ao longo da pesquisa, não encontrei muitas
informações sobre o processo de emancipação, ao que pude apurar em conversas com
antigos moradores e pessoas ligadas a política municipal, deduzo que essa independência
política está inserida num contexto de consolidação das fronteiras agrícolas. Quanto a
política propriamente dita, a emancipação de Ivinhema pode estar relacionada ao bom
relacionamento do proprietário da SOMECO S/A e de seus acionistas com grupos políticos
estaduais, o que faria da empresa grande influenciadora na política municipal".
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CADERNO DE RESUMOS
Palavras-chave: Ciclo madeireiro. Ocupação econômica. Região cone sul de Mato Grosso
do Sul.
Resumo: Este trabalho apresenta uma breve historicidade dos jornais O Progresso e
Correio do Estado, situados na porção sul do estado de Mato Grosso uno. E pauta a
discursividade empregada por eles em 1977, quando o desmembramento territorial foi
oficialmente autorizado por lei. Objetivou-se abordar as relações entre alguns políticos e a
imprensa, manifestadas em conflitos e alianças, e as representações construídas acerca
da divisão, veiculadas por esses dois impressos. Dada a importância da
interdisciplinaridade para o fazer historiográfico, ao permitir perspectivas epistemológicas
e paradigmáticas, outras, a temas recorrentes, neste escrito optou-se por inserir algumas
dimensões da linguagem para a análise das fontes-objetos deste estudo. Esses periódicos
apresentaram uma gênese similar quanto às suas fundações, mas foram construindo
“gramáticas” próprias com o passar dos anos, em razão das contingências e conjunturas
vivenciadas. Além das particularidades locais, sociais, culturais e políticas, em 1977, a
narrativa jornalística se inscrevia nas semânticas, eurocêntrica, capitalista e ditatorial.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Sima Qian (c. 145 a.C. - c. 90 a.C.) escreveu aquela que é, provavelmente, a
mais extensa obra historiográfica da Antiguidade, o Shiji ("Registros do Grande
Historiador”). O autor vivia naquela que foi uma das mais curiosas formações sociais da
época, o Império Han, que unificara o que hoje entendemos por China. Membro da corte
imperial, entrou em conflito com o seu imperador (o feroz Wudi, que governou de 141-87
a.C.), sendo punido com a castração. Ao invés de cometer suicídio, como era esperado
que fizesse, permaneceu vivo, pois desejava completar o seu labor historiográfico. Nele,
Sima Qian escreve uma história que vai do início da civilização até os seus próprios dias.
Essa apresentação pretende fazer uma propedêutica dessa obra, estabelecendo suas
linhas gerais e delimitando os pressupostos ideológicos que permeiam a obra, com
comparações com obras da tradição historiográfica greco-romana. Por fim, a sua estranha
sorte póstuma será apresentada.
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CADERNO DE RESUMOS
que a deusa foi introduzida, o aspecto de guerreira trazida junto da "linhagem” foi suprimido,
e teorizar quais motivos sociais, religiosos e políticos levaram a essa supressão, a
apresentação então finaliza em uma análise da figura da deusa após essa supressão,
utilizando de um diálogo da representação da mesma na tragédia Hipólito de Eurípedes,
com outras obras gregas clássicas, como a Ilíada de Homero e a Teogonia de Hesíodo,
analisando e utilizando as obras para observar o subproduto dessas modificações pelas
quais a deusa passou
Resumo: Homero, a exemplo de muitos autores da literatura grega, foi pouco conhecido
na baixa Idade Média, à época em que raríssimos intelectuais da Europa eram capazes de
ler em grego, língua que entrara em decadência entre os meios cultos depois do fim do
império romano. Um pequeno libelo que circulou até o séc. XIV sob o nome de Homero,
chamado Ilias latina, serviu como único modelo para os que acreditavam estar diante dos
originais homéricos vertidos para o latim. Mas tratava-se de uma síntese anônima pobre e
mal-acabada da Ilíada. Francesco Petrarca, grande idealizador do Humanismo, mostrou
profundo interesse pelas letras gregas diante dos códices a que teve acesso, mas não
aprendeu a língua de Homero. Em 1359, juntamente com Boccaccio, patrocinou a versão
latina da Ilíada e da Odisseia, contratando os serviços de Leonzio Pilato, calabrês de
origem bizantina, um intelectual que depois se tornaria o primeiro professor de grego da
Europa Ocidental. Pilato completou sua versão dos dois poemas em 1365. No ano
seguinte, Petrarca, já célebre por sua obra latina e por seus comentários sobre autores da
latinidade, pôs-se a ler a Ilíada de Pilato, fazendo preciosas anotações no manuscrito.
Homero, a despeito das imprecisões contidas na tradução literal de Pilato, estava sendo
lido na íntegra pela primeira vez na baixa Idade Média. A presente comunicação analisa a
recepção de Homero por parte de Petrarca, a partir de uma análise das notas contidas no
códice da Ilíada, publicado numa edição moderna. Petrarca escreveu mais de 6.700 notas
marginais no manuscrito que fez parte de seu acervo pessoal, anotando questões de
natureza gramatical, filológica, estilística, moral, política, exegética, além de notas com teor
essencialmente subjetivo. O resultado revela que Homero foi lido conforme o próprio
modelo humanista de Petrarca: o poeta e filósofo italiano buscou adequar o poema a seus
interesses políticos e morais, projetando em Homero um conjunto de ideais estoicos e
cristãos, como a crítica aos métodos dialéticos da escolástica, a censura da ira e das
paixões da alma e o direito à liberdade de expressão política no aconselhamento dos reis.
Anotando igualmente um acervo de ideias pessoais, Petrarca praticamente escreveu os
fragmentos de um novo livro, buscando novas compreensões de Homero, abrindo as
portas para os estudos helênicos na Itália humanista e projetando para o renascimento
uma nova forma de ler os clássicos gregos.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: A arte demonstra faces que refletem aspectos da sociedade que a financia, a
cria e a divulga, onde através de sua análise, nos é permitido um olhar histórico que faz
suscitar problematizações sobre o cenário, contexto e tempo histórico de povos em que as
diversas obras de arte nos levam. Desta forma, esta apresentação terá foco em introduzir
aos demais, o estudo iniciado através do projeto de pesquisa sobre a obra trágica Édipo
Rei de Sófocles (427 AEC), e sua releitura Édipo de Gianfrancesco Guarnieri na
teledramaturgia brasileira dos anos 70. Por sua vez, os aspectos sociais, políticos,
religiosos, o mito e cultura dos períodos que o nascer destas obras fazem parte são
abordados neste projeto, sendo eles a Atenas clássica do século V AEC, e a ditadura militar
no Brasil dos anos 70. Finalizando é claro, o projeto conta com a história comparada destas
duas obras que permitem maiores problematizações sobre as construções históricas
abarcadas nesta discussão.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Ainda hoje, a "Grécia antiga” causa fascínio nos jovens e adultos, em função dos
seus usos pelas empresas de jogos, séries streaming, filmes, literaturas, histórias em
quadrinhos e animações diversas. Entretanto, para além da indústria de entretenimento e
da cultura pop, a Antiguidade grega é tratada de forma superficial quando pensamos a sua
inserção na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assim, mobilizaremos o conceito
de consciência histórica para analisarmos os usos da "Grécia antiga” pela BNCC e as
possíveis motivações na sua subutilização na Educação Básica.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Os livros didáticos são ferramentas utilizadas nas escolas brasileiras que
auxiliam na construção do conhecimento e os discursos presentes neles contribuem para
a formação do imaginário social a respeito do assunto abordado. O presente trabalho
buscou analisar os conteúdos sobre o continente africano e os seus povos no livro didático
de história, do ensino fundamental II, intitulado História, Sociedade & Cidadania, 3 edição,
do 6° ano. Foi elaborado um estudo qualitativo no qual recorreu-se a técnica da revisão
bibliográfica e a técnica de análise de conteúdo com o intuito de verificar o discurso da
obra. Concluiu-se que o livro apresenta um discurso ambíguo, pois embora a obra permita
a desconstrução de algumas interpretações equivocadas produzidos sobre o continente
africano, por outro lado ainda colabora com uma visão reduzida do continente ao priorizar
a história de apenas dois povos na antiguidade: egípcios e cuxitas, atrelar a história
africana à história européia e destinar muito menos páginas à história da África em
comparação com a história da Europa.
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CADERNO DE RESUMOS
Ana Paula Squinelo (UFMS), André Mendes Salles (UFPE) e Azemar dos Santos Soares
Júnior (UFRN)
Resumo: O processo histórico que marca Abya Yala, a América Latina, é tangenciado
pelas tensões entre a herança colonial, os processos de lutas e de resistências, por
períodos democráticos e, infelizmente, também por momentos em que vários setores
latino-americanos flertam com as mais diversas facetas dos autoritarismos. Tais oscilações
influenciam e determinam a vida cotidiana de cada cidadão e cidadã. Nesses cenários, o
Ensino de História, a História e outras áreas das ciências humanas e sociais como a Arte,
Geografia, Filosofia, Sociologia, etc. ficam à mercê de políticas educacionais que ora lutam
em prol da consolidação dos pressupostos democráticos, ora flertam com os pressupostos
autoritários. Vide o que vivenciamos contemporaneamente no cenário educacional
brasileiro. Sendo assim, esse Simpósio Temático tem por objetivo discutir e problematizar
aspectos diversos sobre questões que versem a respeito da educação latino-americana:
manuais/narrativas didáticas, conflitos, imagens, saúde, currículos, políticas educacionais,
práticas educativas, propostas educacionais, gênero, literatura, cinema, música,
intelectuais, teatro, as "escritas de si", o bicentenário da independência brasileira,
historiografia, estudos comparativos, etc. Pretendemos assim acolher propostas que
busquem investigar a Abya Yala em seu contexto diverso, amplo, múltiplo e que dos
debates possam emergir distintos sujeitos e diferentes vozes latino-americanas. Vozes que
resistem. Resistências ao colonialismo e toda sua herança.
Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir como o discurso-imagem do gênero
charge se constitui arquivo histórico e discurso de resistência, e como isso se manifestou
no enfrentamento à crise sanitária provocada pelo SARS-Cov-2. Empregaremos como
método a análise do discurso para a apreciação das charges selecionadas no período
compreendido entre 2020 e 2021. Utilizaremos como referencial teórico Achille Mbembe
(2018) com o conceito de necropolítica, Michel Foucault, e sua concepção de análise do
discurso, e Peter Burke (2017), no relacionado à análise de imagens. Também
recorreremos a charges produzidas por artistas brasileiros críticos à gestão de Jair
Bolsonaro. Buscamos analisar charges entendendo-as como arquivos digitais, optando por
quatro cartunistas com grande número de seguidores na plataforma Instagram: Daniel
Lafayette, Gilmar Machado, Helô D’angelo e Laerte Coutinho, quando estes desenhavam
críticas diretas à gerência da pandemia. No Brasil, durante os primeiros anos de pandemia,
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O texto é um estudo sobre o Movimento 8 de Maio_ M8M. O M8M foi um coletivo
constituído por 30 artistas com diferentes linguagens. Existiu entre 2004 e 2005 na cidade
do Natal/RN. Apesar da curta existência, protagonizaram ações artísticas de enfrentamento
ao poder político estadual, articularam uma residência com artistas de vários estados,
realizaram seminários e possibilitavam a realização da produção artística dos participantes.
Nesse estudo recorro as entrevistas realizadas com vários integrantes e outros agentes do
sistema de arte, que, de alguma forma, dialogaram com o M8M. Essas entrevistas foram
produzidas por ocasião da produção de um vídeo documentário no ano de 2021, sob a
direção da artista Pêdra Costa, performer e antropóloga visual. O estudo contribui para o
registro da história das Arte Visuais do RN além de apresentar reflexões sobre a produção
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Esse texto tem por objetivo discutir a escrevivência, termo e conceito cunhado
por Conceição Evaristo como recurso epistêmico, metodológico e político da
intelectualidade negra no mundo acadêmico. Partindo de reflexões advindas de minha
trajetória, memória e formação vejo na escrevivência, um caminho que reúne em si a
possibilidade de articulação de parecenças e diferenças dentro da complexidade que é ser,
identificar-se e ser lida como mulher negra num lócus predominantemente branco. Para
tal, além de dividir recortes de algumas escrevivências minhas, nesse espaço, traço
diálogos com dados da realidade brasileira no que diz respeito ao acesso à educação em
nível de graduação e pós-graduação por mulheres negras; chamo a anteriormente citada
autora, Conceição Evaristo (2007; 2009; 2017; 2020) para estabelecer compreensões
sobre o que é escrevivência; Chimamanda Ngozie Adichie (2019) para debater implicações
de violência que uma história única eurocentrada impugna à formação identitária da
negritude ainda extremamente vinculada à estereótipos depreciativos. Nesse sentido,
busco ainda analisar como "O pacto da branquitude” relaciona-se a esse cenário, fazendo
interlocução com a autora da expressão, Maria Aparecida Bento (2022) em sua obra de
mesmo nome. Intercambiando esses e outros saberes que me atravessam, me apoio
também em Angela Davis (2016); Lélia Gonzalez (1984); Sueli Carneiro (2003; 2005), entre
outras. Assim, conclui-se que escreviver possibilita às mulheres negras acadêmicas uma
via desviante frente ao academicismo eurocentrado posto e visto como universal
produzindo ao mesmo tempo, intelectualidade e resistência.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar os escritos do intelectual, político e
médico Dr. Flávio Maroja na revista Era Nova que circulou na Paraíba no período de 1921
1925. Tais discursos tencionaram uma educação da saúde por meio da circulação de
impressos, Flávio Maroja foi colaborador do magazine, assinando inclusive uma seção de
crônicas intitulada "De Passagem”, sob o pseudônimo de Gil. Destarte, analisaremos a
promoção de uma educação da saúde a partir dos discursos presentes nas crônicas que
versavam sobre diversas temáticas do cotidiano, para tal utilizaremos a metodologia de
análise de discurso proposta por Michel Foucault. Dialogando com a História Cultural
usamos a noção de mediador cultural na esteira de pensamento do historiador francês
Jean-François Sirinelli (2012), para pensar Flávio Maroja enquanto um produtor e mediador
cultural que utilizou seus escritos literários para difundir discursos médico-pedagógicos.
Conclui-se que Flávio Maroja atuou fortemente na imprensa paraibana visando incutir na
população leitora hábitos próprios de uma educação da saúde.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Para que ocorra a formação plena dos/das estudantes faz-se necessário o
desenvolvimento de competências e habilidades aliados à valores e atitudes. Discute-se
que um dos principais papéis da história enquanto disciplina escolar seria form ar a
capacidade de pensar historicamente do/a aluno/a, para que este seja capaz de refletir
sobre a construção histórico-social que está inserido/a. No contexto brasileiro,
especialmente no estado do Mato Grosso do Sul estudos que envolvam a Guerra do
Paraguai/Guerra Guasu continuam necessários, apesar dos inúmeros avanços tanto no
ensino do tema como no campo historiográfico. Os manuais didáticos brasileiros mantêm
uma narrativa ociosa e positivista acerca do conflito platino. Mesmo com o considerável
número de materiais disponíveis, a exemplo SQUINELO, Ana Paula; DOCKHORN.
Oficinas de História: Temas para o ensino da Guerra do Paraguai - Sujeitos, Cotidiano e
Mato Grosso. 1. ed. Cuiabá: EdUFMT, 2021 acerca do tema, os resultados dessas
investigações não chegam aos manuais escolares. No que cabe a participação do homem
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CADERNO DE RESUMOS
negro livre e escravizado nesse cenário, estudos mais profundos acerca do tema mostram-
se necessários. Sendo assim, as pesquisas e publicações acerca do tema "A participação
do negro livre e escravizado na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu” no contexto
contemporâneo faz-se necessária. Nesse sentido, apresento nessa comunicação o projeto
de pesquisa, que se encontra em andamento e que visa estudar a participação do homem
negro livre e escravizado na Guerra do Paraguai/Guerra Guasu tendo como foco ensino
de história para o ensino médio na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e como
fonte documental o Currículo de Referência de Mato Grosso do Sul de Ciências Humanas
e Sociais aplicadas para o Ensino Médio, publicado pelo Governo do Estado de Mato
Grosso do Sul por meio da Secretaria Estadual de Educação (SED/MS) no ano de 2021.
Vera Lúcia Nowotny Dockhorn - Mestre em Ensino de História pelo Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História - ProfHistória - UFMT. Professora de História da
educação básica da rede estadual de ensino do Estado de Mato Grosso-MT.
Ana Paula Squinelo - Professora Titular na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS). Realizou estágio Pós-Doutoral em Ciências da Educação na especialidade de
Educação em História e Ciências Sociais (UMinho/PT). Doutora em História Social (USP).
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Esse artigo tem por objetivo analisar as minhas práticas educativas, enquanto
professor de história, gay assumido que, usando de um currículo oculto, usou de suas aulas
no ensino básico para discutir papeis de gênero e sexualidade, sob uma perspectiva de
uma narrativa de si, numa cidade interiorana do estado da Paraíba. Enquanto dissidente
de uma masculinidade hegemônica, segundo Connell e Messerschmidt (2013), ministrar
aulas de história, atribuindo protagonismo para mulheres e outros sujeitos fora dos padrões
heteronormativos, provocou em minha prática docente, discussões que, transbordaram o
passado histórico inscrito e escrito para personagens silenciados pelo livro didático. Mais
do que descrever estas aulas, esse texto, busca analisar, os discursos em sala de aula das
alunas e alunos, bem como de alguns pais, sobre o gênero, como tema transversal,
abordado na escola. A partir da metodologia da análise do discurso de Michel Foucault
(2014), as múltiplas vozes que aqui aparecem, demonstram as tensões e resistências à
uma sociedade patrimonialista e patriarcalista, cujos homens são os únicos sujeitos que,
possuem o direito de serem protagonistas dos livros didáticos. Conclui-se que práticas
educativas libertadoras serviram para incentivar debates a cerca daqueles que, outrora
foram silenciados, não apenas nos manuais didáticos, como também em sala de aula.
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CADERNO DE RESUMOS
lury Gabriel Amorim de Araújo - Mestre e doutorando em Educação pelo Programa de Pós-
graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar o discurso de memória escoteira cívica
proposta pelo militar, escoteiro e futebolista Benjamin Sondré publicada pela Imprensa
Naval durante a primeira metade do vigésimo século. As primeiras notícias do escotismo
chegaram em território nacional por volta do ano de 1910. A partir de então diversas
associações voluntárias, igrejas e Estado passaram a propagar a proposta educativa criada
pelo general inglês Robert Baden-Powell iniciada em seu país no ano de 1908. Para
construção deste trabalho, problematizamos como fonte histórica o "Guia do Escoteiro”,
mais especificamente o seu "Capítulo 14” , parte que trata do civismo. A obra ora analisada
foi publicada no contexto das tentativas de expansão do escotismo para os diferentes
estados do país. Por meio dele, se indicavam as diferentes técnicas e fundamentos do
escoteirismo. Metodologicamente, orientamo-nos através da análise do discurso proposta
por Michel Foucault (2020). Também foram importantes para a escrita deste texto as
compreensões de cultura escoteira de Nascimento (2008), de memória conforme Nora
(1993) e de escotismo e civismo de Oliveira e Leandro (2017), Marta Carvalho (2003) e
Araújo e Soares Júnior (2019). Por fim, compreendemos que na obra por meio do "Guia do
Escoteiro” se tentava propagar um discurso de adoração e sacrifício pelo Brasil em nome
de unidade nacional que deveria ser apreendida desde a infância pelos escoteiros.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a cultura da construção de corpo saudável
instituída na Escola de Aprendizes Marinheiros da Paraíba durante o início do século XX.
A cultura do corpo saudável dos aprendizes marinheiros, teve início ao menos na legislação
já em 1885, quando o regimento da época excluiu formalmente o menor com alguma
imperfeição no seu biotipo. O interesse estava na utilidade do corpo e para fabricá-lo foi
necessário adotar em seus programas de ensino as disciplinas de Higiene e Educação
Física identificadas na década de 1910 na escola de formação de marinheiros (Cf.:
SOARES JÚNIOR, 2019). Os médicos, ao que tudo indica, queriam unir a medicina com a
pedagogia e assim, difundir seus discursos sobre a prevenção de doenças e a importância
de exercícios físicos que contribuíram para a formação do corpo forte e saudável em suas
guarnições. Tornou-se um espaço de adestrar corpos. Nesse sentido, dialogamos com o
conceito de disciplina postulado por Michel Foucault (2014), que colabora para a reflexão
desses novos interesses sob o corpo. Tratando-se da Escola de Aprendizes Marinheiros
da Paraíba que treinava soldados para guerrear, assim como as demais corporações
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CADERNO DE RESUMOS
militares, para obter um "aparelho eficiente” ou uma "máquina”. Buscando entender esse
corpo saudável, que utilizamos como fontes históricas o Decreto n. 6.582, de 1° de agosto
de 1907 e o Decreto n. 11.479, de fevereiro de 1915 na tentativa de compreender os
critérios admissionais regidos por essa instituição, sobretudo, a harmonia de se ter "traços
physionomicos e geraes que constituem a belleza physica”. Metodologicamente, nos
apropriamos da análise do discurso de Michel Foucault (2014), no intuito de interpretar os
discursos de quem detinha poder sob a instituição e sob os menores. Concluimos que os
discursos higienistas contribuiu para validar a aptidão física dos aprendizes, como também
para orientar sobre as condições higiênicas dos prédios que a Escola da Paraíba habitou.
Luiz Felipe Soares de Lima - Graduado em História, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN)
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar as festividades promovidas pela Escola
de Aprendizes Marinheiros da Paraíba nos primeiros anos do século XX. Essa instituição
fez parte de um conjunto de unidades fundadas em meados do século XIX e encarregadas
de formar, elementar e profissionalmente, a infância dita pobre e marginalizada da
sociedade. No entanto, o desapreço com que as classes populares enxergavam a carreira
das armas dificultou o preenchimento de seus quadros, fazendo com que as escolas
procurassem zelar pelo bom nome junto à opinião pública através de instrumentos úteis a
esse interesse, a exemplo das festas. Pretendemos, desse modo, compreender as
intenções contidas nesses eventos, quando promovidas pela unidade paraibana, além de
perceber a forma como parte da imprensa local transmitiu tais ocasiões. Para tanto,
adotamos metodologicamente a análise do discurso, formulada por Michel Foucault (2014),
e o diálogo com os conceitos de disciplina, também de Michel Foucault (2018), e
estratégias, de Michel de Certeau (2008), como ferramentas, a fim de investigarmos as
fontes presentes nos Livros de Copiador de Ofício (1908-1912) e nas páginas do jornal O
Norte (1908-1909). Concluiu-se que os festejos ofertados pela Escola da Paraíba serviram
como estratégia de promoção dos serviços ali empreendidos, pois contavam com a
presença de figuras ilustres da burocracia estatal, de dentro e fora do estado, além de
iminente cobertura da imprensa, que fez circular elogios, discursos e informações sobre
tais solenidades.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar como funcionaram as Escolas de
Aprendizes Marinheiro no início do século XX, em especial no pós-revolta da chibata,
47
CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
acredita que a principal questão para quem se propõe em pesquisar a cultura material de
determinada instituição escolar, é saber o papel desempenhado por aquele objeto no
processo educacional. Assim, este trabalho é pautado no viés da História Cultural, em que
a temática das instituições escolares e aquilo que as cerca tanto possuem como também
são geradoras de cultura. Para isso, empregamos os escritos da historiadora Sandra
Pesavento (2019), por questionar-se sobre como trabalhar com os traços do passado.
Dessa forma, concluímos que o conteúdo presente no referido livro visava as técnicas e o
ofício de um Aprendiz de Marinheiro.
Resumo: Nas três primeiras décadas do século XX, no estado do Rio Grande do Norte,
um extensivo programa de reforma estruturante dirigido aos setores político, social e
urbano foi associado à reforma de uma educação escolar uniformizada levada a efeito
pelos republicanos. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar o discurso de educação
da saúde na reforma do ensino 1916 através da implementação das matérias escolares de
higiene e de educação física nas escolas do estado do Rio Grande do Norte. Dialogamos
com as categorias de cultura educacional de Pinheiro (2009); de poder disciplinar de
Foucault (2012); e cultura física e medicalização escolar de Soares Júnior (2019).
Metodologicamente norteado pela análise do corpus documental que consiste em
legislação educacional, regimento interno de escolas primárias públicas, mensagens
governamentais e principalmente, a Lei Orgânica do Ensino de 1916 Em suma, a atribuição
de práticas higienistas e físicas normalizadoras eram a tentativa de se instaurar uma
pedagogia dos corpos hígidos nas escolas primárias públicas no estado do Rio Grande do
Norte nas primeiras décadas do século XX. de maneira que os estudantes desenvolvessem
aptidões físicas, já inerentes aos seus corpos, e que lhes possibilitasse render fisicamente
dentro e fora dos ambientes escolares. Contudo, percebe-se, que, a lei por si só não
comporta uma mudança de uma cultura inteira, mas proporciona uma normalização dos
ambientes escolares e não escolares.
Eulina Souto Dias - Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O simpósio temático congregará trabalhos que se situem nos campos da História
Indígena e História do Indigenismo, que tematizam ações e representações de grupos
indígenas e de instituições indigenistas, concernentes às relações interétnicas, às lutas
pelos territórios, ao patrimônio simbólico/cultural, ao ensino escolar (em escolas indígenas
e não indígenas) e às transformações socioculturais inerentes ao processo histórico. A
História Indígena tem se desenvolvido enquanto saber historiográfico no Brasil desde o
final dos anos de 1980. Os trabalhos abordam a história com enfoque especial no olhar do
indígena, nesse sentido, o protagonismo do indígena enquanto agente histórico é elemento
fundamental, contribuindo para reformular ideias e pensamentos sobre os conhecimentos
e presença da grande diversidade étnica, cultural e linguística desses povos, bem como
para desconstruir estereótipos e preconceitos que perduram após 500 anos de contato.
Junto à História Indígena caminham os estudos sobre a História do Indigenismo, ou seja,
a análise das relações e políticas desenvolvidas pela sociedade não indígena com alvo nos
povos indígenas. Nesse bojo estão as políticas públicas, tais como: saúde, educação,
previdência social, ações afirmativas, demarcação de terras, entre outras, e iniciativas de
organizações não governamentais. O ensino de História Indígena para não indígenas é
outro aspecto relevante enquanto política de ação afirmativa que tem suscitado diversas
iniciativas de pesquisa e extensão que poderão ser discutidas nesse simpósio. Os campos
são vastos e complexos, isso faz como que a interdisciplinaridade e a diversidade de
metodologias sejam exigências, mais do que opções. O simpósio tem como objetivo
principal o debate entorno da produção historiográfica que tenha os povos indígenas como
elemento agregador.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O trabalho tem como base analisar os livros didáticos de história destinado ao
8° ano do ensino fundamental II do Plano Nacional do Livro Didático 2017/2020 com
objetivo de averiguar a participação Indígena no contexto da Guerra do Paraguai .Partindo
da hipóteses de que há um silenciamento da inclusão desses protagonista nos livros
didáticos, o projeto desenvolvido procurou realizar através de levantamentos de autores/as
e leituras associado tais pontos relacionado ao mesmo, pautando os livros didáticos como
fonte de pesquisa responsável pelo processo de ensino e aprendizagens, utilizado com
método de análises das coleções empregadas como também uma contextualização da
Guerra do Paraguai (1864-1870) no âmbito das abordagens das correntes historiográficas.
Em vista destes a seguinte investigação em ocorrência pretende entender fatores que
possivelmente contribui para o apagamento dos Indígenas na Guerra e de pensar em que
maneira poderemos contribuir para solucionar essa questão.
Resumo: A história indígena no Brasil é marcada por diversas formas de violência e sua
resistência a ela. Considerando tal trajetória e as lutas dos povos indígenas, que ganharam
força no período de redemocratização do Brasil, a Constituição de 1988 e as posteriores
políticas públicas trazem em seu texto a preocupação com a reparação histórica e o
reconhecimento de direitos que durante muito tempo lhes foram negados. No campo da
educação, o destaque é a Lei no 11.645/2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de
história e cultura indígena em todas as etapas da educação básica nas redes de ensino
público e privado. Esta lei consiste em uma medida valorativa voltada ao combate do
preconceito e quebra de estereótipos que ainda persistem. No entanto, apesar das
garantias previstas por lei, muitas vezes o assunto não é abordado ou trabalhado
adequadamente nas instituições de ensino. A presente pesquisa, toma como exemplo o
caso do município de Grão-Pará/SC, ocupado, em período anterior à colonização europeia,
por povos indígenas caçadores coletores e ceramistas Jês Meridionais. Em fins do século
XIX, quando seu território é ocupado por não-indígenas, ocorre o genocídio dos indígenas
Laklãnõ/Xokleng que viviam na região através da atuação dos bugreiros. Tal passado,
alerta para a necessidade de um ensino que leve os atuais moradores a (re)conhecer a
história indígena do município e a assumir seu papel no combate as violências resultantes
deste processo histórico. Por este motivo, propomos avaliar como a história e cultura
indígena são trabalhadas na rede de educação do município, oferecendo um diagnóstico
e apontando sugestões que contribuam com a efetivação da Lei no 11.645/2008.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este trabalho entrecruza com a pesquisa que vem sendo realizada no curso de
doutorado na abordagem do ensino das Histórias e Culturas Indígenas no contexto das
salas de aulas. O objetivo remete a necessidade de refletirmos e descortinarmos as
questões que acontecem também fora dos espaços escolares. Questões relacionadas a
violência, a omissão e a descriminação ocorrente com os povos indígenas no estado do
Mato Grosso do Sul. O ensino das Histórias e das Culturas Indígenas requer o debate da
interculturalidade crítica. Não basta apenas respeitar as diferenças, mas promover espaços
e modos de interagir com elas, a partir do local. A escola constitui-se em espaço a visibilizar
e dialogar com os conhecimentos plurais, no entanto o que tem sido proposto nos currículos
vigentes, em relação à inclusão, toma por base uma interculturalidade relacional e
funcional, no sentido de apenas abrir frestas, com informações mínimas, simplórias,
resumidas, sem produzir questionamentos e reflexões. Como explica Tubino (2004), as
escolas tem constituído o discurso do reconhecimento das diferenças, entretanto não
considera as injustiças cognitivas, desigualdades econômicas, relações de poder e o
processo de subalternização. É importante que as escolas se abram para a implementação
das políticas afirmativas, visando promover uma mudança na educação, e assim,
considerar os processos de relação, tanto simétrica quanto assimétricas, que visibilizam
ou invisibilizam, estigmatizam ou discriminam uns e outros. Esse processo envolve a
mobilização na prática e deve iniciar-se com a formação dos docentes para lidarem com
conteúdos e metodologias pertinentes a uma nova construção de olhares que permitam
acolher a outros sujeitos, culturas e histórias.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este projeto tem por objetivo compreender a violência obstétrica das mulheres
indígenas no sistema único de saúde (SUS) em Dourados, Mato Grosso do Sul. A minha
vivência enquanto mulher e feminista me impele a reflexões acerca da maternidade e do
parto, reconhecendo que as mulheres indígenas, fundamentalmente as Guarani e Kaiowá,
sofrem diferentes tipos de opressões. Observa-se que o Brasil é um dos países que mais
realizam cesarianas e o que mais priva a autonomia de escolha do parto das mulheres, e
esse problema acaba se aprofundando com as mulheres indígenas Guarani e Kaiowá. Dito
isso, busco compreender no âmbito das relações étnico-raciais os fundamentos, causas e
consequências da violência obstétrica sofrida por mulheres indígenas. O objetivo é
valorizar a subjetividade, as expressões da memória, o protagonismo dos povos indígenas
e a valorização de seus saberes. Ao falar em gestação, para as mulheres brancas, o senso
coletivo e a construção social e histórica mostram que a mulher em sua condição feminina
só conseguirá ser completa quando se tornar mãe. Quando falamos em mulheres
indígenas, observamos um quadro diferente. A mulher indígena além de sofrer violências
e preconceitos diários, é impossibilitada de gozar plenamente da maternidade, do processo
de gestação e especificamente o parto.
Resumo: A historiografia brasileira nos mostra que as relações entre os povos indígenas
e não indígenas, foram, em sua maioria, marcadas pelas desigualdades, manifestadas
através de ações colonialistas. Assim como todo solo brasileiro, o estado de Mato Grosso
do Sul vivenciou e ainda vivência inúmeros casos de violência contra os povos indígenas.
Uma das comunidades que sofre com as violências que partem do estado e da sociedade
não indígena é Kurupi de Santiago Kue, que há mais de duas décadas aguarda pela
demarcação. Situado na área rural do município de Naviraí, a comunidade que se encontra
acampada em uma pequena faixa territorial luta todos os dias contra a morosidade do
estado em efetivar os seus direitos e contra as consequências desse desrespeito, que por
sua vez, reflete em iniciativas inconstitucionais que objetivam reforçar a negação a
demarcação de terras indígenas. Outrossim, tal medida reforça o clima de tensão entre a
comunidade e os pretensos proprietários rurais, que legitimam sua posição de poder em
uma relação desigual. Assim sendo, pretendemos analisar alguns fatos que ajudam a
compreender as diferentes formas de violência cometidas contra a comunidade Kurupi de
Santiago Kue e como a comunidade tem atuado diante dos novos conflitos. Reconhecendo
a abrangência desses fatos, nos atentaremos aos últimos acontecimentos que marcaram
o acirramento do clima de tensão na área reivindicada entre os anos de 2020 e 2022. No
presente trabalho, buscaremos percorrer a dimensão sócio-histórica, tendo como diretriz
norteadora o fator da violência como eixo de análise. Para tanto, serão realizadas
entrevistas com moradores do acampamento, pesquisa bibliográfica referente ao conflito
fundiário em Mato Grosso do Sul e análise das manifestações realizadas por organizações
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CADERNO DE RESUMOS
não governamentais que forneçam informações sobre o contexto observado. Com base no
prévio levantamento de dados, ressaltamos a importância de abordar as situações de risco
que a comunidade Kurupi de Santiago Kue tem enfrentado para permanecerem na área
reivindicada e avançarem na reivindicação de seus direitos. A vida no front tem sido mais
difícil nos últimos anos, isso porque, a comunidade, cansada da negação de sua existência
(seus direitos), tem empreendido novas estratégias para exigir que seu território seja
demarcado.
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CADERNO DE RESUMOS
indígena era uma espécie de "Escravo da Nação” , uma espécie de "bem público” cuja
utilização pelos particulares era regulamentada pelo Estado. A suposta revogação da
servidão imposta pelas guerras justas pela edição do Decreto de 27 de outubro de 1831,
acarretou apenas a alteração da forma pela qual a servidão seria realizada. A referida
legislação deve ser lida em conjunto com o "Regulamento ácerca das Missões de
catechese, e civilisação dos Índios (Decreto n° 426 de 24 de julho de 1845), especialmente
o parágrafo 28 do art.1° que assim estabelecia: "Art. 1° Haverá em todas as Provincias um
Director Geral de Indios, que será de nomeação do Imperador. Compete-lhe: (...) § 28.
Exercer toda a vigilancia em que não sejão os Indios constrangidos a servir a particulares;
e inquerir se são pagos de seus jornaes, quando chamados para o serviço da Aldêa, ou
qualquer serviço publico; e em geral que sejão religiosamente cumpridos de ambas as
partes os contractos, que com elles se fizerem”(BRASIL, 1845). Extingue-se a servidão de
direito, mas a de fato permanece, com a cessão de indígenas, para prestação de serviços
a particulares, por intermédio do exercício da tutela orfanológica do Juízes de Órfãos ou
por intermédio dos Diretores-Gerais de Índios das províncias do Império. Com os mesmo
efeitos pode ser igualmente citada a Lei n° 2, de 25 de abril de 1838, que estabeleceu na
província do Pará " (...)o Corpo de Trabalhadores, uma forma de recrutamento de mão-de-
obra coercitivo, que dava ao Estado o direito de fazer a distribuição de mão-de-obra de
acordo com seus interesses para obras públicas e serviços de particulares. No entanto, é
importante examinar, à luz da história dos conceitos, as necessárias diferenciações entre
trabalho não-livre, trabalho compulsório e trabalho escravo (o melhor exemplo da evolução
de um conceito e da sua necessária contextualização histórica).
Resumo: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre a importancia do Centro
Histórico- Cultural Tapuias Paiacus e do Museo indígena da cidade de Apodi, o Museo
Luíza Cantofa no estado do Rio Grande do Norte, e será utilizando-se de algumas das
teorias estudadas na disciplina de Imaginánios e Cultura material, do Programa de Pós
Graduação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que daremos suporte
a este estudo. Pensaremos como a construção desses centros Históricos e museus foram
importantes para o fortalecimento da História e das memórias dos povos Tapuias Paiacu,
e consequentemente, contribuíram para o ingresso destes, junto aos demais grupos
etnicos emergentes Potiguar, contribuindo desta forma, para o fortalecendo do Movimento
Social Indígena no estado do Rio Grande do Norte. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica dos textos utilizados na disciplina do PPGH da UFGD de Imáginários e Cultura
material, bem como dissertações, artigos, além da metodologia da História oral.
Utilizaremos como fontes: jornais, vídeos, entrevista e sites relacionadas ao tema. Tal
trabalho justifica-se, uma vez que é de suma importancia pesquisas como estas, para dar
novas reinterpretações as fontes e uma maior visibilidade a esses povos que por muitos
anos foram deixados a margem ou ditos como desaparecidos pela historiografia clássica
oficial do estado.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este ensaio tem como ponto de partida abordar o tratamento que vem sendo
dado aos povos indígenas desde a colonização em relação ao modo como estes povos se
relacionam com a terra e como os não indígenas interferem nessa relação. Darei maior
ênfase no período da ditadura empresarial militar brasileira (1964-1985), contexto em que
houve uma expansão capitalista na região amazônica com a construção de grandes obras,
especificamente da Usina Hidrelétrica de Balbina (AM). De caráter repressor, o regime
militar produziu documentação que, ao ser consultada, revelou desprezo às críticas
(embasadas cientificamente) pelos impactos causados antes, durante e depois da
construção da referida usina. Diante disso, farei alguns contrapontos em documentação
encontrada no fundo do Serviço Nacional de Informações (SNI) referente ao ano de 1988,
com o que se revelou após o aparecimento dos primeiros efeitos da construção de Balbina,
impactando, no tempo presente, a vida das comunidades indígenas - como os povos
Waimiri-Atroari - e as comunidades ribeirinhas das regiões alagadas pelas águas do rio
Uatumã.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este trabalho faz uma análise histórica da tese do "marco temporal de ocupação”
aplicada pelo Supremo Tribunal Federal - STF a partir do julgamento do caso da Terra
Indígena Raposa Serra do Sol ocorrido no ano de 2009, segundo a qual a Constituição de
1988, em regra, só protege as terras indígenas efetivamente ocupadas pelos indígenas na
data de sua promulgação. Entretanto, o acórdão do julgamento estabeleceu exceção para
os casos em que se verifique a existência de "renitente esbulho” . Apesar disso, na prática,
o entendimento sobre o que se entende por "renitente esbulho” em julgamentos posteriores
da Segunda T urma do STF tem se mostrado anti-histórico ao ignorar a história das relações
coloniais presentes no interior do país onde os povos indígenas tiveram suas terras
usurpadas no passado. A análise desenvolvida concluí que a tese do marco temporal é
anti-histórica por ignorar os fundamentos jurídicos e históricos aplicados na construção do
art. 231 da Constituição Federal de 1988, de forma semelhante, o entendimento sobre o
que configura renitente esbulho é anti-histórico, pois ignora sua impossibilidade diante das
circunstancias históricas vivenciadas pelos povos indígenas no Brasil durante o período
pré-Constituição de 1988.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo discutir o papel das doenças como um
instrumento utilizado no genocídio contra os povos indígenas durante a ditadura militar
(1964-1985) e no atual governo do presidente Jair Bolsonaro, mais especificamente no
primeiro ano de pandemia, em 2020. Entendemos o genocídio como uma prática social
(FEIERSTEIN, 2008) e como uma categoria sócio-histórica, para além de jurídica. Sendo
assim, assumimos a tarefa de analisar como ações e omissões do Estado, no primeiro ano
da pandemia de COVID-19 e diante de surtos, endemias e epidemias entre os povos
indígenas durante a ditadura militar, alimentaram o genocídio indígena no Brasil. Além
disso, pretende-se apresentar algumas das estratégias de resistência de indígenas
brasileiros diante desses cenários, tanto no atual governo quanto na ditadura.
Adriana Aparecida Pinto (UFGD), Jaqueline Ap. Martins Zarbato (UFMS), Nelson Barros
Júnior (UFMS) e Silvia Ayabe (UFGD)
Resumo: Esse simpósio tem como objetivo congregar estudos, pesquisas e experiências
de profissionais da área de História, Educação e afins, no sentido de problematizar as
abordagens sobre memórias regionais, história das mulheres e ensino de história. Isso
porque envolvem as diferentes concepções de ensinar e aprender História, seja em
espaços formais de aprendizagem ou espaços não formais. E que envolvam as narrativas
sobre lugares, sobre saberes, sobre as fontes históricas que contribuem na formação da
consciência histórica. A memória em si esta ligada à aprendizagem, ou a uma função e
experiência aprendida no passado, faz parte de uma preocupação básica com a sociedade.
E fundamenta a relação com a História, na medida em que nos ajuda a compreender as
diferentes narrativas históricas. A proposta do ST é mobilizar a produção de conhecimento
que envolvam os saberes, experiências, concepções, fontes, argumentos.
Compreendendo o ensino de história como propulsor de diálogos e pesquisas que ampliem
a sistematização do conhecimento sobre o ponto de vista da didática da história, da história
da educação, das metodologias ativas, das análises e leituras de fontes históricas. E que
contribuam para (re) pensar a ampliação do fazer histórico.
61
CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Com o decorrer do tempo, a mulher indígena passou a ganhar voz dentro e fora
da comunidade de forma mais significativa, defendendo os interesses do seu povo e de
temas particulares das mulheres. Com isso, buscaram se articular em organizações e a
planejar as suas ações para alcançar determinados objetivos, esses sempre alinhados com
o movimento indígena geral. Sabendo disso, buscarei analisar aqui o protagonismo
feminino na comunidade indígena de Palmeira dos Índios e, para isso, será analisada a
atuação do Comitê Intertribal de Mulheres Indígenas de Alagoas (COIMI) e a trajetória de
Graciliana Celestino Wakonã, presidente e fundadora deste comitê. Como fonte de
pesquisa será analisada a cartilha do Stsô-Setsônika elaborada em 2015, recortes de
jornais e entrevistas, a fim de entender melhor como as mulheres passaram a ultrapassar
silenciamentos e invisibilidades e quais as suas pautas reivindicatórias nesta determinada
região.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: A presente proposta tem como objetivo relatar a experiência de como ocorreram
as aulas remotas de História em tempos pandêmicos da COVID-19, vivenciados nos anos
de 2020 e 2021 na Escola Municipal Loide Bonfim Andrade localizada no município de
Dourados-MS, escola esta na qual desenvolveu-se o Programa de Residência Pedagógica
(PRP) - UFGD, Subprojeto: História, onde a temática principal do projeto estava voltada
para o Patrimônio Histórico Cultural integrada às práticas pedagógicas do ensino de
História. Inicialmente as ações desenvolvidas foram teóricas, através de reuniões de
estudos e apresentação do projeto através da utilização da Plataforma Google Meet e de
Lives Pedagógicas disponibilizadas pela coordenação institucional do PRP referente
temáticas gerais sobre formação de professores, Base Nacional Comum Curricular - BNCC
e o novo Ensino Médio, Segurança biológica nas escolas e também como os recursos
digitais seriam utilizados para o desenvolvimento das atividades do projeto. O PRP através
de suas ações envolvendo a interação entre os residentes, acadêmicos do curso de
História, os Professores Preceptores e a coordenação do programa, subprojeto: História,
contribuiu de forma muito significativa para a formação inicial à docência dos acadêmicos,
pois possibilitou diferentes ações pedagógicas desenvolvidas junto aos estudantes dos 6°
e 7° anos do ensino fundamental, relacionadas à temática do Patrimônio Histórico e
Cultural, onde foi possível aprimorar saberes quanto aos simbolismos que fazem parte da
identidade e da cultura, propiciando conhecimentos e clareza quanto a cultura regional do
Estado de Mato Grosso do Sul. Abordar essa temática enquanto um eixo central do
Subprojeto de História, proporcionou a construção de novos olhares para a dinâmica local,
destacando a importância de se promover a Educação Patrimonial na aprendizagem
histórica.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O presente trabalho busca investigar, no recorte temporal do Ceará das últimas
décadas do século XIX, a atuação de mulheres professoras pela conquista do espaço
público letrado, ocupado em maior proporção, por figuras masculinas. A investigação se
deterá na trajetória da escritora, jornalista e professora Francisca Clotilde, cuja atuação no
âmbito educacional se deu no ensino primário e na Escola Normal, atentando sempre para
a dinâmica conflitual que envolveu sua atuação no cenário intelectual, à época. Suas
posturas ora constituíram reverberações do conservadorismo católico, ora foram se
modificando, mesmo quando os papéis sociais tentavam incutir o contrário. Essas
mulheres tomaram as ideias vigentes que lhes designavam as atividades no espaço
doméstico, na tentativa de ter reconhecida sua importância na ordem e harmonia da
estrutura social. Nesse sentido, defenderam a importância das funções por elas realizadas
no interior dos lares e das famílias, inclusive como base e suporte imprescindível para se
direcionar os próprios rumos da educação de seus filhos e alunos. Assim, reivindicaram
sua competência para tratar dos assuntos educacionais em voga, e participaram
ativamente, seja como colaboradoras de jornais dentro e fora do Ceará, ou mesmo no
próprio cotidiano escolar, das principais questões que direcionaram o estado de coisas
àquela época, como as discussões em torno da necessidade de mudanças no currículo do
ensino de nível primário, assim como os métodos de ensino que melhor atenderiam às
especificidades da instrução pública. Ressalte-se que a investigação se deu nos relatórios
de inspetores da Instrução Pública, nas sessões da Assembleia Legislativa Provincial e
nos artigos de autoria de Francisca Clotilde publicados nos principais periódicos que
circulavam em Fortaleza. A busca pelos indícios da trajetória e atuação desta professora,
assim como as questões e conjecturas formuladas, permitiram levantar problemáticas
pertinentes à História das Mulheres e da Educação.
Palavras-chave: Educação-Decolonial-Afrocentrada
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
também pode ser perscrutada por meio dos impressos periódicos, na revista selecionada
para este estudo, foi possível observar que a educação das mulheres deveria influir na
formação da "boa” mãe, esposa, filha e brasileira. Além disso, foi possível perceber que a
leitura foi mais aconselhável do que a atividade da escrita, pois esta, representava maior
emancipação para as mulheres.
Resumo: Esse trabalho pretende apresentar a pesquisa que tem como objetivo analisar o
processo de formação histórico-educativa acerca das memórias e representações das
mulheres negras no Brasil, principalmente em espaços museais. Atrelando assim, na
pesquisa algumas concepções e conceitos sobre lugares de memória e museus, museus
e educação, saber feminino negro e a diversidade cultural, identidades femininas pelos
objetos do museu, representações culturais das mulheres negras no museu, ensino da
história e cultura africana e afro brasileira a partir dos bens culturais. Os bens culturais não
tem em si sua própria identidade, mas a identidade que os grupos sociais lhe impõem,
neste sentido, os valores atribuídos podem se diferenciar em cada lugar pesquisado, em
cada cidade, sendo na maioria das vezes relacionado no âmbito da cultura. O processo da
pesquisa se utiliza da historiografia e memória sobre e dos grupos africanos e afro-
brasileiros, percebendo a dimensão formativa pontuadas pelas análises sobre
africanidades no Brasil, principalmente pelo campo de gênero, memória e história das
mulheres negras, pela etnografia escolar, pela museologia de gênero, identidade cultural.
Esse projeto iniciou em agosto de 2021, com o intuito de investigar a formação e a
apresentação da simbologia feminina negra em espaços não formais de aprendizagem,
como os museus e analisar como são trabalhadas as representações de seus corpos, suas
vestimentas, dos turbantes, das imagens, das coleções, dos saber-fazer pelo setor
educativo do Museu Afro Brasil (SP).
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CADERNO DE RESUMOS
da música e do cinema com o meio, com o tempo e com a História. Neste sentido, este
seminário temático pretende reunir trabalhos que abordem as iterações entre a construção
do conhecimento histórico, a música e o cinema em seu sentido amplo, destacando seus
momentos de produção e difusão, capazes de estabelecerem relações entre o áudio e o
visual no âmbito do conhecimento discursivo. Desta maneira, esperamos que este
seminário temático proporcione, por meio de abordagens variadas sobre os usos da música
e do cinema no âmbito da construção do conhecimento histórico, ou de sua ressignificação,
diálogos e trocas de ideias, no intuito do enriquecimento das possibilidades de se lidar com
a música e com o cinema como fonte de pesquisas. Por meio deste Simpósio Temático
pretende-se organizar uma rede de pesquisadores-as em Música e Cinema na História e
nas Ciências Humanas, Sociais e Linguagens, de modo a possibilitarmos outros projetos.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma breve análise a respeito
de algumas charges publicadas em jornais de Mato Grosso do Sul e que dizem respeito
aos governos que administraram o estado ao longo de 1979 a 2018. Estas fontes históricas
foram coletadas por este autor entre os anos de 2007 e 2014, em arquivos de jornais das
cidades de Dourados (O Progresso) e Campo Grande (Correio do Estado, Diário da Serra
e O Estado de Mato Grosso do Sul) para fins de uma futura produção bibliográfica sobre
os governos sul-mato-grossenses e suas representações nas charges. Como tenho
pesquisado a respeito de alguns aspectos da história política desta unidade federativa,
resolvi, nesta produção, abordar esse tema de forma diferente, por meio das sátiras
políticas, possibilitando assim, lançar novos olhares sobre o assunto.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
A Revista do Ensino de Minas Gerais e seu uso como fonte e objeto para a
História da Educação
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Esse trabalho tem por escopo analisar os discursos jornalísticos publicados
sobre o infanticídio de Liége no Brasil, de modo a analisar de que modo a impressa local
noticiou o assassinato que a belga Suzanne Vanderput comentou contra o próprio filho
vítima da tragédia da Talidomido. Metodologicamente, emprego das fontes ocorrerá
mediante a análise das fontes históricas - notícias de jornais -, através da análise do
discurso de aos moldes propostos por Michel Foucault (2014). Desse modo, buscamos
entender as formas enunciadas responsáveis por atenuar/justificar, especificamente, o
infanticídio cometido contra um corpo que foi retratado como “monstruoso” e "deformado”.
Para isso, dialogamos com o conceito de estigma a partir de Erving Goffman (2016) e a
anormal de Michel Foucault (2012). A síndrome de talidomida é foi provocada pelo uso de
um medicamento responsável por prevenir enjoos matinais em mulheres grávidas. Embora
a partir da década de 1950, o isômero direito da talidomida tenha sido considerado um bom
medicamento para uso durante a gravidez, em casos de ingestão do isômero esquerdo da
droga talidomida, a criança nascia com defeitos congênitos terríveis, assim como o recém-
nascido assassinado pela própria mãe no caso em tela. Percebe-se que a síndrome de
talidomida é ainda um tema pouco estudado no campo da História da Saúde e das
Doenças, e que precisa ser analisada especialmente por se tratar de uma enfermidade
provocação pela ação da indústria farmacêutica, e que desencadeou diversas outras
tragédias decorrentes dela, assim como caso que se pretende neste trabalho.
Resumo: O presente ensaio, tem como principal objetivo, problematizar e analisar, como
a imprensa paraibana apresentava para seus leitores a doença epilepsia no século XX. E,
como esses discursos ficaram na memória individual e coletiva, interferindo assim nas
produções discursiva do diagnóstico da doença epilepsia. Vamos pensar a memória como
representações discursivas que ultrapassam gerações. Para tanto, vamos pensar os
discursos publicados na imprensa paraibana como representação da memória. Neste
contexto, vamos dialogar com Jacques Le Goff (2003) e assim fazer uma análise discursiva
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CADERNO DE RESUMOS
através dos jornais o Norte, A união, o centro entre outros periódicos do século XX. Vamos
problematizar o conceito de memória, documento e monumento, problematizando os
conceitos e discussões acerca das representações dos doentes.”
Resumo: O Grupo Comunista Lenine (GCL) foi a primeira organização brasileira vinculada
à Oposição de Esquerda Internacional. Surgiu em 1930 a partir de diversas cisões que
ocorreram no PCB entre 1928 e 1929. O grupo se identificou como fração e lançou diversas
críticas aos comunistas, apontando para a burocratização do partido e para problemas
teóricos e práticos que o afastava das teses fundamentais do bolchevismo. O jornal
operário, A Luta de Classe, foi o principal veículo propagandístico utilizado pelo grupo.
Cada publicação apresentava cerca de uma dezena de artigos. Estes versavam sobre
vários pontos, tático-estratégicos, político-ideológicos e teóricos. O GCL pensava a
publicação a partir de uma perspectiva pedagógica. A presente comunicação tem o objetivo
de, a partir da análise do jornal A Luta de Classe, apresentar e discutir como a organização
se posicionou diante de temas nacionais e internacionais.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Essa pesquisa tem como proposta analisar as denúncias dos jornais em relação
ao Diretor-Geral do Colégio Pedro II durante o período ditatorial. O período de ditadura
civil-militar foi responsável por importantes modificações políticas, sociais, econômicas e
educacionais no Brasil, possibilitando pensar em importantes reconfigurações de
repertórios, valores e comportamentos em âmbito social e cultural mais amplos. É a partir
dessas dinâmicas relacionais em diferentes sociedades que se promovem as disputas de
experiências dos diversos grupos e se formam acordos sociais que são partilhados pela
sociedade como forma de vivência, uma certa herança, uma vivência da dinâmica política.
No caso da ditadura civil-militar brasileira, os atores se movimentam no interior do sistema
vigente, hegemônico e mantido por meio de força policial. Pretendemos nos apoiar nessa
perspectiva para compreender a forma como diferentes atores sociais do microcosmo que
constitui a comunidade escolar do Colégio Pedro II, nesse caso, como o Diretor Vandick
da Nóbrega se relacionava com os jornais. Devemos levar em conta quando utilizamos a
história da imprensa como fonte, a sua perspectiva de poder de influência sobre os seus
leitores. Esses canais de comunicação também podem ser vistos como órgãos de poder,
que procuram representa valores e interesses de setores da sociedade, além dos
interesses financeiros. Articulam no escopo de suas propostas, representações da
sociedade, seus interesses políticos e econômicos além da formulação e delimitação de
debates públicos. Por parte da imprensa, o principal opositor de Vandick da Nóbrega foi o
jornalista Hélio Fernandes, dono do jornal Tribuna de Imprensa. Ele fez uma série de
reportagens sobre o Diretor em sua coluna diária. Iremos analisar também, duas séries de
denúncias contra irregularidades no colégio pelo Diário de Notícias durante a década de
1970.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O movimento estudantil, com seu histórico de agente político de oposição, foi
uma das grandes forças de resistência à ditadura militar imposta ao Brasil após o golpe de
Estado de 1964. Tornou-se, por essa razão, alvo preferencial da repressão. A organização
estudantil foi duramente atingida já no dia 1° de abril daquele ano, quando a sede da União
Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro, foi incendiada e metralhada. Em
novembro do mesmo ano o governo Castelo Branco editou a Lei Suplicy de Lacerda,
cassando a legalidade da UNE e das UEEs (Uniões Estaduais dos Estudantes). Além
disso, os centros acadêmicos das universidades "foram extintos e em seu lugar novas
entidades foram criadas, atreladas legalmente ao Estado por meio do MEC” (DAEFIOL,
2022, p. 60).
Apesar das medidas para desarticular a organização estudantil, a movimentação política
dos estudantes não cessou e a ditadura foi confrontada abertamente até 1968, com a
realização de protestos e manifestações que eram reprimidas com violência crescente. Um
caso emblemático foi a morte do estudante secundarista Edson Luis, alvejado por policiais
durante uma passeata contra o fechamento do restaurante estudantil Calabouço, no Rio
de Janeiro. A polícia reprimiu com violência até mesmo o cortejo fúnebre com o corpo do
estudante assassinado, que foi acompanhado por 50 mil pessoas, o que fez eclodir
manifestações de protesto em diversas partes do país. A cidade do Rio de Janeiro foi palco
também de outro episódio de violência por parte da repressão, a "Sexta-Feira Sangrenta” ,
quando policiais e estudantes se confrontaram por seis horas, o que gerou um novo
protesto, a "Passeata dos Cem Mil”, em apoio aos jovens agredidos pela polícia.
Em 13 de dezembro de 1968 o regime baixou o Ato Institucional n° 5 (AI-5), que promoveu
o cerceamento das liberdades e a vigilância da sociedade civil, em especial os opositores.
Em fevereiro de 1969 foi editado o Decreto-Lei 477, que transpôs para o ambiente
universitário todas as restrições impostas pelo AI-5. Diante desse quadro, os estudantes
buscaram caminhos alternativos para levar adiante a luta de resistência. Um desses
caminhos foi a imprensa estudantil.
No presente artigo, pretendemos discorrer sobre o uso do jornal estudantil O Brado
Universitário como fonte /objeto de pesquisa para a compreender a articulação de
resistência por parte do movimento estudantil em Maringá. O periódico, produzido entre
1973 e 1976 pelo Diretório Acadêmico Nelson Hungria (DANH), da Faculdade de Direito
da Universidade Estadual de Maringá (UEM), constituiu-se numa forma de luta possível no
período mais duro da ditadura militar. A pesquisa resultou na dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em História da UEM e foi publicada em livro em 2022.
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CADERNO DE RESUMOS
Maria Rita Chaves Ayala Brenha - Graduada em História pela UEM, Maringá-PR.
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História Política da UEM. Bolsista CAPES.
Resumo: Entre os anos de 1932 e 1937, período de sua existência legal, a Ação
Integralista Brasileira (AIB) angariou cerca de meio milhão de aderentes e se firmou
enquanto o primeiro partido político brasileiro com implantação nacional. Manifestação da
base burocrática-hierárquica integralista, em seus dois Congressos Nacionais, o primeiro
ocorrido em 1934 na cidade de Vitória (ES), e o segundo, a 1935 em Petrópolis (RJ), a AIB
foi (re)estruturada. Os Congressos, para além de uma “demonstração do grande sentido
do integralismo” , constituíam um momento ímpar para os camisas-verdes por serem
ocasião de definição de estatutos, da estratégia para tomada do poder e da formação do
Estado Integral. Isto posto, tendo como fontes os periódicos integralistas “A O fen siva”,
“Monitor Integralista” e “Anauê!”, cujas publicações compreendem o período de 1933 a
1935, bem como as publicações de 1934 e 1935 dos jornais da grande imprensa “O Paiz”
e “O Globo”, intencionamos refletir sobre as alterações e continuidades no movimento a
partir daqueles eventos, por meio da reconstituição do fato, análise da ideologia integralista
e do contexto histórico. Registramos que o presente estudo é resultado de dois Projetos
de Iniciação Científica, desenvolvidos entre os anos de 2018-2019 e 2019-2020.
Maria Clara Aredes de Figueiredo - Doutorado, PPHR - Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro
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CADERNO DE RESUMOS
e de cidadania, cada grupo com suas próprias demandas e reivindicações. Com a lei da
Guarda às milícias foram extintas e com isso os ex-oficiais de milícias de pretos e pardos
reivindicavam seu direito de ingresso na nova força sem serem preteridos na designação
de patentes em virtude da cor de sua pele. A criação da GN pôs fim em uma instituição
centenária e de forte enraizamento social. Os homens de cor livres - pretos e pardos -
utilizaram a imprensa para fazer chegar suas reivindicações a mais pessoas, suas
reclamações foram também dirigidas aos cidadãos da corte. Periódicos como O Homem
de Cor ou O Mulato, Brasileiro Pardo e O Cabrito se dirigiam aos cidadãos da corte, que
consideravam seus iguais, com palavras de afirmação de seus talentos e virtudes e
afirmando seus direitos como homens de cor e brasileiros livres.
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CADERNO DE RESUMOS
Para analisarmos as reflexões dos educadores e intelectuais envolvidos nos debates sobre
a formação da infância e da juventude utilizamos Bomeny (2003), Camara (2013),
Schwartzman (1984). Os estudos de Luca (2014), Barros (2019), Certeau (2011)
fundamentaram a interpretação das fontes. Os discursos são marcados pelo seu tempo e
contexto sócio-histórico. Nesta perspectiva Capelato (2012), Pandolfi (2012) versam sobre
a educação no Estado Novo, seus anseios, conflitos e sobretudo o desejo de tornar o Brasil
um país moderno. Esta pesquisa faz parte dos estudos em torno da Educação rural como
parte da minha dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós - Graduação em
Educação em agosto de 2018. A partir da investigação de fontes para compor o objeto de
pesquisa foi possível localizar na revista Infância e Juventude questões tangentes que
objetivaram solucionar o problema da formação dos brasileiros. O olhar voltado aos artigos
referentes à educação da Infância e da Juventude possibilitou o aprofundamento do debate
pedagógico divulgado pelos intelectuais envolvidos neste projeto civilizatório.
Resumo: A imprensa escrita foi amplamente usada por várias religiões, em movimento de
defesa de suas doutrinas ou de denúncia de outras. A disputa no campo religioso se dava
tanto nas publicações em jornais e revistas específicos, católicos, protestantes e espíritas,
como também nos grandes jornais, não religiosos. A partir da análise das publicações da
imprensa constantes no período da Primeira República, ou seja, logo após a separação
entre Estado e Igreja, buscaremos indícios dos conflitos, e de como os discursos foram
utilizados para legitimar ou condenar religiões no estado de Alagoas.
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propósitos desse inusitado periódico no Brasil, e como essa matéria vem ao encontro
desses objetivos.
Victor Augusto Mendonça Guasti - Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes
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Cátia Franciele Sanfelice de Paula (UNIR), Débora Ferreira Borges Barbosa (UEMS) e
Maria Rita de Jesus Barbosa (PUC/SP)
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CADERNO DE RESUMOS
que se perpetuam de forma naturalizada. Nesse ínterim, tais abordagens contribuirão para
ampliar nosso olhar acerca da história brasileira, num contexto marcado pelo negacionismo
histórico e científico. A finalidade do Simpósio é reunir pesquisadores preocupados com a
temática, a fim de contemplar múltiplas experiências de pesquisa e diferentes perspectivas
analíticas em torno da relação entre história e memória cujas interpretações teóricas
compreendam o passado enquanto marcador de tempos e espaços sobrepostos, atentas
à dimensão pungente da memória.
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Horário: Das 14h (MS)/ 15h (Brasília) às 17h (MS) /18h (Brasília)
Resumo: Um dos caminhos para a compreensão da história foram os novos jeitos de olhar
acompanhado da ampliação do campo de pesquisa cuja história, vista de baixo, passou a
ter participação na escrita historiográfica. Uma história que trata da experiência do
cotidiano das pessoas comuns, somada à temática dos mais variados tipos de história, tem
melhores resultados, visto que não se pode escrever a história com um olhar único, ou
seja, deve haver um contexto. A abertura a esses novos caminhos possibilitou o
aprofundamento da escrita da história e a aproximação com outras áreas fez que novas
histórias fossem (re)pensadas. Uma delas é a história militar que ao se aproximar de áreas
como a história social e política pôde suscitar novas questões e conceitos, assim como
mudanças na forma de escrever e interpretar. É nessa perspectiva que temas como o
recrutamento militar estão em voga atualmente. Isso ajuda a preencher os vácuos na
escrita da história dos indivíduos. Durante o período colonial, e quase todo o Império
Brasileiro, o recrutamento foi a principal forma de engajamento nas tropas de primeira linha.
Estudiosos abordam o recrutamento, ora como controle social das camadas mais pobres,
ora como ferramenta punitiva para desafetos. O artigo, tendo o Maranhão como campo de
estudo, busca colocar em relevo a relação paradoxal dos indivíduos recrutados com o
sistema dominante repleto de complexas relações entre senhores, recrutadores e
recrutados. Esse sistema, ao empregar sujeitos considerados vadios nas tropas, era uma
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forma de o Estado poder valer-se do trabalho desses sujeitos, ao mesmo tempo em que
os mantinha sob vigilância. Tornar-se praça do Exército, do Corpo de Polícia ou marujo da
Marinha era, portanto, uma forma de punir malfeitores, desafetos ou corrigir indisciplinados.
Para tal abordagem utilizamos tanto a documentação primária como os autores Regina
Faria (2012), Matthias Assunção (2008), Walter Filho (1996), Lúcio Kowarick (1994) entre
aqueles que têm a temática como estudo Hendrik Kraay, Kalina Silva, Nelson Sodré, Fábio
Mendes, dentre outros.
Resumo: Este trabalho é vinculado a uma pesquisa mais ampla, em desenvolvimento junto
ao Mestrado Profissional em Ensino de História, ProfHistória, oferecido pela UEMS,
Unidade de Campo Grande, denominada Corpos vi(r)ados no ensino de História. O título
desta proposta de comunicação, O movimento LGBTI+ e os corpos vi(r)ados pela ditadura
civil-militar brasileira: uma oportunidade para o ensino de História, expressa a abordagem
que se pretende, ligada ao ensino de História e às relações dissidentes de sexualidade,
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sofreu pelas mãos da repressão entre os anos de 1968 - 1971. Pretendemos também, ao
contribuir com o conhecimento histórico desse evento, evidenciar a importância em
reconhecer o local como integrante da totalidade e que conhecer nossa história perpassa
a máxima sobre as ditaduras: para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça.
Resumo: O período da ditadura civil militar no Brasil foi instaurado no ano de 1964 e durou
até o ano de 1985. Por ocasião do golpe de 1964 organizado por militares e civis, depôs o
presidente João Goulart iniciando um dos períodos mais sombrios de nossa história.
O Ato Institucional número um (AI-1) deu início a engrenagem na manutenção da ditadura
militar no Brasil. Logo após o anúncio do AI-1 foi publicado a portaria n° 1de 19 de abril de
1964 onde determina a abertura do Inquérito policial militar "a fim de apurar fatos e as
devidas responsabilidades de todos aqueles que, no País, tenham desenvolvido ou ainda
estejam desenvolvendo atividades capituláveis nas Leis que definem os crimes militares e
os crimes contra o Estado e a Ordem Política e Social” (Brasil, 1964). Uma das funções do
IPMs segundo a portaria seria julgar os crimes militares, crimes contra o estado e a Ordem
Pública e Social, ou seja, principalmente as atividades subversivas e de pessoas contrarias
as ideias do regime recém instaurado no país. De fato, os IPMs foram instaurados em todo
o território nacional.
O estado de Mato Grosso também sofreu com os efeitos que a nova configuração política
posta pelo Golpe de 1964. Em especial no sul do estado na ocasião do golpe, várias
pessoas foram presas, tiveram seus direitos políticos cassados (ARAKAKI, 2014), diversas
pessoas foram investigadas e condenadas a partir da instauração de IPMs em diferentes
cidades no sul de Mato Grosso.
O principal Objetivo desse trabalho será analisar aspectos da implantação dos IPMs do sul
de Mato Grosso, a partir de documentos do Serviço Nacional de Informação (SNI)
encontrados no Arquivo Nacional.
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CADERNO DE RESUMOS
Sabrina Sales Araújo - Graduação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
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CADERNO DE RESUMOS
não foram suficientes para assegurar segurança alimentar e física e, apesar da justificativa
do desenvolvimento sustentável atrelado ao desenvolvimento das populações locais
nortear as propostas governamentais para o setor turístico, visualizado por exemplo no
Plano de Desenvolvimento Turístico Sustentável - PDTUR (1999) e o Programa
Pantanal(1999), entre outros, as políticas públicas durante esse período demonstraram
ampla preocupação econômica por parte do estado visando apenas a retomada das
atividades turísticas, sem dar o devido amparo e auxílio às populações diretamente delas
dependentes, demonstrando incompatibilidade com os argumentos relacionados à
sustentabilidade que justificam a existência e os investimentos públicos no setor na região.
Ana Laura Galvão Batista - Graduação, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita
Filho” - UNESP/Franca
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: As décadas de 1930 e 1940 na Argentina são marcadas pelo acelerado processo
de urbanização de Buenos Aires, acompanhado da intensificação dos fluxos migratórios
internos de habitantes que se deslocam do interior provinciano para a capital e passam a
compor, juntamente com os grupos de imigrantes estrangeiros, o ainda incipiente
proletariado industrial da cidade. A conjuntura argentina que permite a ascensão do coronel
Juan Domingo Perón à presidência em 1946 leva o discurso oficial a enfrentar, desde o
início de seu governo, o desafio de superar as divisões sociais e conciliar diferentes modos
e ritmos temporais em nome de um consenso populista fundamental para garantir a
hegemonia e a legitimidade do regime. Dessa forma, o projeto cultural empreendido
durante os dois mandatos do governo peronista (1946-1955) foi essencial para a
reconfiguração da identidade nacional e para o reconhecimento, no jogo político argentino,
desses novos atores sociais recém-chegados a uma capital profundamente cosmopolita e
europeizada. Com políticas que buscavam formatar e veicular as referências dessas
populações migrantes através da cultura de massas, o discurso populista de Perón
esforçava-se em aproximar os espaços e as temporalidades do rural e do urbano,
minimizando suas diferenças e enfraquecendo as resistências por parte dos citadinos em
relação a esses grupos interioranos e ao seu universo simbólico. Desse modo, a partir de
estratégias retóricas de “peronização” , nacionalização e urbanização desses referenciais,
buscava-se defender os valores tradicionais representados pela cultura do campo sem
necessariamente abrir mão do progresso e da vida moderna na cidade, procurando-se
conformar, assim, uma cultura nacional e peronista que pudesse abarcar,
simultaneamente, todo povo argentino. Partindo das contribuições essenciais da Metafísica
do tempo histórico de Reinhart Koselleck para os estudos temporais, assim como da
revisão crítica desse pensamento tradicional desdobrada por Stefan Helgesson no âmbito
da historiografia pós-colonial, procuramos identificar as conversões temporais do discurso
populista de Perón as quais teriam permitido, no plano cultural, que o ímpeto pelo
progresso industrial e técnico da nação para que esta se tornasse cada vez mais urbana e
moderna pudesse conviver, ao mesmo tempo, com um universo tradicional rural e folclórico
extensamente veiculado pelas políticas e propagandas oficias e pelos meios de
comunicação de massa.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Este trabalho apresenta o programa de educação rural coordenado pelo Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) entre os anos de 1947 e 1951. Para tanto, volto-
me para uma análise do projeto, suas diretrizes e principais atividades, tendo em vista
discutir o papel que esta instituição desempenhou na formação e elaboração de projetos
escolares voltados para a preparação da população para atuar na zona rural. Embora fosse
uma agência de pesquisa e produção de dados educacionais, no pós-guerra, o INEP
acabou assumindo papel de gerenciador de políticas públicas ao coordenar um programa
para construção de escolas primárias e normais rurais. O projeto em questão surgiu da
necessidade de qualificar a mão-de-obra no campo, combater o analfabetismo e o êxodo
rural a partir de acordos firmados com os estados. De alcance nacional, o programa
contribuiu com a construção de centenas de escolas e com a assessoria de técnicos
estrangeiros, como o pesquisador estadunidense Robert King Hall. Assim sendo, focalizo
minha análise nos objetivos do projeto e os resultados alcançados, destacando as relações
entre Hall e o INEP no referido período.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Benedito Emílio da Silva Ribeiro - Mestrado, Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG
Palavras-chave: Serviço de Proteção aos Índios; Era Vargas; povos indígenas; mundo
rural; campesinatos; sistemas tradicionais.
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CADERNO DE RESUMOS
Sura Souza Carmo (UFS), Rose Elke DeBiasi (UFS) e Filipe Arnaldo Cezarinho (UFRRJ)
Resumo: A presente proposta de Simpósio Temático tem por objetivo discutir os museus,
a musealização, o patrimônio cultural e as políticas de memória a partir de estudos
interdisciplinares - História, Museologia, Educação, Arquitetura - considerando coleções
museológicas, bens tangíveis e intangíveis como objetos de estudo e fontes para a
compreensão de aspectos políticos e sociais no Brasil do século XX ao Tempo Presente.
Compreende-se os museus e os bens patrimonializados como expressões, em muitos
casos, de políticas sobre a memória ou da nacionalidade, frutos da escolha de grupos
hegemônicos, assim como de fricções de movimentos sociais articulados. Apesar de, a
partir da década de 1930, no Brasil, haver uma aproximação entre os intelectuais e as
classes populares que representam a formação de uma identidade nacional plural, no
âmbito patrimonial, as ações de salvaguarda do patrimônio se caracterizavam, contudo,
pela salvaguarda de bens culturais que representassem a tradição luso-brasileira. Tal
preponderância das políticas de salvaguarda do patrimônio e de memória continuam
hegemônicas até a atualidade. Observa-se ainda a necessidade de estudos a respeito das
intenções na formação de diferentes coleções museológicas e na ação de
tombamento/registro de diferentes patrimônios em atos que consagram determinados bens
em detrimento de outros. Ao optar-se por estudos interdisciplinares, o ST - Museus,
Patrimônio Cultural e Memória está aberto às perspectivas teórico-metodológicas diversas,
objetos e abordagens plurais. Desse modo, serão bem-vindos estudos que versem sobre:
I) história da formação de coleções museológicas; II) estudos voltados para a
valorização/desvalorização de bens culturais; III) relação Patrimônio e cotidiano; IV)
políticas patrimoniais no Brasil; V) Patrimônio e decolonialidade; VI) Saberes populares e
Patrimônio Cultural Imaterial; VII) Educação; e VIII) Ensino de História em museus.
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: O artigo tem por finalidade identificar os desafios para a conservação em clima
tropical de acervos documentais presentes em arquivos, bibliotecas e museus que
possuem como suporte o papel - material mais comum de pesquisa em fontes históricas.
A abordagem busca elucidar quais os fatores intrínsecos e extrínsecos que fragilizam os
documentos em papel e como profissionais de espaços de guarda e pesquisadores podem
realizar procedimentos adequados para maior longevidade das coleções. Quanto aos
fatores intrínsecos - inerentes ao material - observou-se que alguns materiais são mais
frágeis devido principalmente a acidez de algumas tipologias de papel. Relacionado aos
fatores extrínsecos - não inerentes ao material - foi salientado a necessidade de níveis
estáveis de temperatura e umidade além de um rigoroso controle quanto ao ataque
biológico - causado principalmente por fungos, insetos e roedores. A pesquisa possui
caráter qualitativo, utilizando-se da revisão bibliográfica sobre o assunto para difundir
práticas adequadas de guarda e manuseio de documentos históricos. Desse modo, a
pesquisa procura descortinar alguns problemas enfrentados pelas instituições de guarda
de acervos documentais, as formas de diminuição dos percalços enfrentados e orientar
também os pesquisadores quanto ao manuseio adequado de materiais fragilizados.
Bruna de Oliveira Santos - Graduação, PUC Goiás / UFG / Faculdade de São Bento do Rio
de Janeiro
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CADERNO DE RESUMOS
De acordo com a legislação estadual, percentuais das receitas obtidas por meio do ICMS
pertencentes aos Municípios são distribuídos segundo critérios específicos, definidos em
seu Anexo I (art. 1°, caput), entre os quais está previsto o do Patrimônio Cultural: "relação
percentual entre o Índice de Patrimônio Cultural do Município e o somatório dos índices de
todos os Municípios, fornecida pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico -
IEPHA” (Art. 1°, VII).
Nesse cenário, visando obter os recursos correspondentes, os municípios mineiros
passaram a implantar e desenvolver ações na área do patrimônio cultural. Nessa atuação
seguem as orientações definidas na Lei Robin Hood e guiam-se pelas determinações
conceituais e metodológicas do IEPHA/MG, fixadas em resoluções e deliberações
normativas. Ademais, a esse órgão cabe a análise anual da documentação enviada pelos
municípios mineiros, comprobatória da implantação e/ou da execução dessas políticas
públicas, segundo os preceitos normativos estabelecidos pela própria autarquia estadual.
Nesse contexto, tendo-se em conta a adoção do critério do ICMS - Índice do Patrimônio
Cultural, de 1996 até os dias atuais, a comunicação discutirá as diretrizes metodológicas
adotadas nas deliberações do IEPHA/MG, tendo-se em conta as categorias dos bens
culturais (materiais e imateriais), os instrumentos legais, as medidas propostas e as ações
estimuladas. Analisará os níveis e os impactos financeiros da adesão dos municípios
mineiros à política pública estadual de identificação, proteção, salvaguarda, valorização e
difusão de bens culturais, nesse período.
Resumo: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre a importancia do Centro
Histórico- Cultural Tapuias Paiacus e do Museo indígena da cidade de Apodi, o Museo
Luíza Cantofa no estado do Rio Grande do Norte, mostrando como as teorias estudadas
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: A performance é uma linguagem artística que veio à tona nas décadas de 1960
e 1970, tomando como princípio a apresentação cênica, muitas vezes atrelada a outras
linguagens, como as artes visuais, a dança, a música, a literatura, o cinema, o vídeo e a
fotografia (SANTOS, 2008, p. 2). Sendo assim, a performance se posiciona como uma
linguagem que atua na fronteira entre diversas formas de expressão artística (SANTOS,
2008, p. 1), sempre tomando o corpo do artista como seu ponto de partida (BATTCOCK,
104
CADERNO DE RESUMOS
apud SANTOS, 2008, p. 8). Ela surge em um contexto marcado pela crise da arte moderna
e pelo surgimento de novas formas de criação que inauguram a era contemporânea dentro
do contexto artístico: um momento de reaproximação do âmbito da arte com a esfera da
vida cotidiana. A arte passa, então, a se apropriar de qualquer elemento da realidade, não
sendo mais possível distinguir o que é e o que não é arte pelo critério formal. Nesse sentido,
o corpo humano surge como instrumento de reflexão sobre o real, em termos
comportamentais, éticos, sociais e políticos. No contexto brasileiro da época, as artistas
mulheres se destacam no uso da performance como forma de expressão, sendo
memoráveis a produção, nessa linguagem, de Anna Bella Geiger, Letícia Parente e Anna
Maria Maiolino. No contexto desta pesquisa, interessa-nos uma obra específica desta
última artista: Entrevidas, de 1981. A proposta da artista ítalo-brasileira consistiu na
instalação de diversos ovos de galinha fertilizados ao longo de um caminho a ser por ela
percorrido. A situação fazia referência à ideia metafórica do "pisar em ovos”
(BERGAMASCHI, 2018, p. 232), relativa não apenas às pedras do caminho presentes em
toda trajetória de vida humana, mas também à situação do País à época, quando se
vivenciava o processo de abertura política depois de anos de Ditadura Civil-Militar (1964
1985) (BERGAMASCHI, 2018, p. 232). A performance é registrada sob a forma de
fotografia, a funcionar não apenas como registro, mas também como forma de criação
paralela, dentro da conjuntura da série Fotopoemação, na qual a artista uniu imagens
fotográficas de suas performances a poemas de sua autoria, numa linguagem
intermidiática. Nesse sentido, propomos um trabalho de reflexão sobre a performance
Entrevidas, de Anna Maria Maiolino. Debateremos sobre o uso do corpo feminino como
elemento para se pensar a realidade da mulher em um mundo cujas estruturas são
estabelecidas a partir da dominação masculina sobre o feminino e como a arte pode se
posicionar como uma ferramenta de contestação diante de uma realidade permeada pela
opressão do patriarcalismo.
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CADERNO DE RESUMOS
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Eliene Dias de Oliveira (UFMS), Jiani Fernando Langaro (UFG) e Silvana Aparecida da
Silva Zanchett (UFMS)
Resumo: A proposta deste Simpósio Temático é abrir espaço para discutir as pesquisas
no campo da territorialidade, abarcando experiências de deslocamentos e diásporas do
passado e do presente, bem como as pesquisas que envolvem permanências e modos de
vida que tenham o território como conceito central. Nesse sentido, destaca-se o uso de
fontes orais, audiovisuais e escritas pessoais, a saber: narrativas orais e a produção social
de memórias, histórias orais de vida, fotografias, documentários, narrativas gravadas,
documentos privados, cartas e escritas autobiográficas. Nesse sentido, interessa ao ST
analisar experiências sociais, econômicas e culturais que se ocuparam em desenvolver
ações conjugadas à formação de sujeitos e grupos em contextos e conjunturas de
deslocamentos e permanências, contribuindo para a composição de identidades e
experiências históricas.
Resumo: A presente proposta tem como base o estudo de caso que estou realizando no
PPGH da UFGD modalidade de mestrado, que tem como objeto de estudo a Migração e
Memória de nordestinos em Vicentina/MS, é um projeto que está em andamento, tem como
metodologia a história oral e busca através de entrevistas com migrantes e outras redes
colaboradores, compreender mais que o processo de migração como um todo, mas as
subjetividades e emotividades que perpassam os deslocamentos populacionais, com a
metodologia de história oral de vida, os sujeitos (as) são o centro do nosso projeto e de
nossa pesquisa. Nesse sentido a memória aparece como uma expressão da história oral
de vida. Portanto, suas memórias são individuais, mas também coletivas, tendo em vista
que falam de si, mas também de uma história partilhada, sobre a égide da comunidade
nordestina, em especial da comunidade nordestina, em especial nesse estudo de
cearenses e pernambucanos.
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: A proposta aqui apresentada faz uso de uma entrevista semi-dirigida, derivada
da metodologia de História Oral para a produção de fonte para a pesquisa histórica.
Realizada no final do ano de 2013 em Assunção - PY com o Pastor Luterano Ricardo
Adolfo Becker. Nascido na Província de Missiones na Argentina, possui ascendência
materna brasileira, paterna argentina, e sempre trabalhou radicado no Paraguai. Formado
em Teologia, Bacharel em Contabilidade e com especialização como Perito Mercantil, ele
atua especificamente com Pastor. Para esse momento, a opção de trabalhar com a fonte
em um evento de natureza regional se dá com o objetivo de percorrer um pouco melhor e
mais de perto a temática que a rica narrativa oral do Pastor Ricardo nos proporciona, e em
muitos aspectos se assemelha ao cotidiano de muitos trabalhadores que vivem entre um
país e outro, mesmo que derivada de uma entrevista realizada a quase uma década atrás.
Portanto, não será objeto dessa proposta, uma análise teórica metodológica que é de praxe
aos pesquisadores e nesse caso mais específico aos historiadores, prática necessária e
sempre usual. O objetivo aqui é minimamente mostrar como se desenvolve a perspectiva
de um agente histórico-social, sujeito fronteiriço, no decorrer de vários anos de ofício
religioso em terras paraguaias. A percepção dele e a maneira como constrói as suas
interpretações que vão acontecendo no decorrer de sua vivência ao longo dos anos no
país, sobre as cidades, o meio rural, as aldeias indígenas, os movimentos migratórios
locais, a formação do que ele chama de "colônias de estrangeiros”, entre elas os brasileiros,
os menonitas, os canadenses, os orientais, os alemães, entre outros. A todo momento
percebe-se a perspectiva crítica que o Pastor possui e assume acerca de muitos temas
que nos sãos comuns, seja na academia ou ao meio social de forma mais ampla. Tais
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: Escapando da reflexão classificatória das muitas teorias dos movimentos sociais
nas Ciências Sociais e na História, esta comunicação visa apresentar como historiadores
e historiadoras olham para os movimentos sociais quando os elegem como objetos de suas
pesquisas de mestrado e doutorado, por meio de uma análise do Estado do Conhecimento
das teses e dissertações dos últimos cinco anos em programas de pós-graduação em
História no Brasil. Além do mapeamento que esta metodologia permite realizar, esse
esforço revela caminhos muito particulares da pesquisa brasileira se comparada com as
(auto)críticas que cientistas sociais teceram sobre a pesquisa mundial, em muito voltada
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CADERNO DE RESUMOS
para temas das identidades culturais. No Brasil, como se observa pela pesquisa ainda em
desenvolvimento no âmbito da UFMS, do INCT Proprietas e do Grupo TRETAS,
historiadores e historiadoras seguem atentos/as às questões distributivas, aos movimentos
nas esferas do trabalho e da terra, ao mesmo tempo que estão sensíveis aos seus sujeitos
e suas identidades, produzindo uma gama de intersecções que extrapolam as avenidas de
classe, raça e gênero mas, em muito, transita por elas.
Moniza Dias da Silva - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência - Pedagógica, projeto
de TCC), UFMS / CPTL
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo abordar a perspectiva da família escrava
ao longo da historiografia brasileira, que por sua vez em primeiro momento esteve
diretamente pautada por meio de uma perspectiva economicista de modo que as temáticas
sociais por sua vez foram relegadas ao esquecimento. Utilizando das obra do historiador
Robert Slenes "da senzala uma flor" (2011) busco analisar os aspectos da constituição da
família escrava, exprimindo assim as realidades da família para além de suas dimensões
de cativeiro, entendendo, através disso, os benefícios da matrimonio entre escravos para
os senhores e compreendendo a união pela perspectiva dos cativos que poderiam utilizar-
se do casamento como recurso para diminuição da violência e abuso. Em conjunto com a
obra de Slenes, utilizo de duas obras literárias "A carne" de Júlio Ribeiro e "Úrsula" obra
de Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra no Brasil, de modo a relacionar o
imaginário empregado até então aos relacionamentos interraciais e o modo como esses
eram compreendidos dentro de uma sociedade pós escravocrata. O trabalho também versa
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CADERNO DE RESUMOS
Kerina Piason Mendes dos Santos - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência
Pedagógica, projeto de TCC)
Resumo: Sabendo que é através dos vestígios históricos que pode-se compreender a
importância da inclusão da História das mulheres na historiografia, já que impulsiona a
igualdade e estabelece novos ângulos para se analisar o protagonismo feminino através
do tempo, a referida pesquisa visa um estudo histórico das mulheres, desde o cenário das
minas do Cuiabá a outras partes desta Capitania, visando uma discussão acerca de temas
referentes ao mundo do trabalho, especialmente no universo do rural, as quais podem
evidenciar lutas e conquistas, assim como o modo de vida de mulheres, escravizadas e
livres, neste cenário. Cabe aqui analisar os fragmentos de histórias de vidas, experiencias
e acontecimentos sociais que nos permite um olhar mais aprofundado para o que as
mulheres, pobres e ricas, livres e escravas, negras e brancas, vivenciaram em seu
cotidiano, especificamente em Mato Grosso, com enfoque nas mulheres que sofreram
diversas formas de repressões em um contexto hierarquizado, onde as mulheres eram
enxergadas enquanto seres inferiores em relação ao poder senhorial. Para a análise da
referida pesquisa, visando uma compreensão sobre a História das mulheres na Colônia e
Império, serão analisadas quatro fontes provenientes da Revista do IHGB, sendo estas as
análises de Hercules Florence, traduzidas por Alfredo D’Escragnolle Taunay, entre outras
fontes que auxiliem a analisar uma história centrada nas interpretações construídas sobre
as mulheres, escravizadas e senhoras, ricas ou pobres, a partir de um viés de gênero, raça
e classe em Mato Grosso entre os séculos XVIII e XIX.
Resumo: Nossa comunicação tem como objetivo fazer uma análise das fontes
documentais do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), com sede
regional na cidade de Assú, no Rio Grande do Norte, e suas contribuições para pesquisas
relacionadas a períodos de estiagens e como essa documentação ajuda a pensar a
dimensão do trabalho ou dos trabalhadores. Justiça-se este trabalho por colaborações aos
estudos amplos sobre trabalho. Em um período considerado de "seca verde” ,
compreendido entre os anos 1983 a 1984, o DNOCS no vale do Açu, foi o órgão
responsável pela contratação de homens e mulheres para trabalhos estruturais na região.
Os documentos referidos estão no arquivo da sede regional do DNOCS. Especificamente
no arquivo encontram-se fichas de contratações de trabalhadores em funções de operários
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CADERNO DE RESUMOS
Ana Carolina Santos de Paula - Graduanda (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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CADERNO DE RESUMOS
médias propriedades, o comércio de gado, fumo, mandioca e outros itens agrícolas. Foram
intensas as movimentações de trabalhadores e trabalhadoras do campo, também
trabalhadores/as de certas itinerâncias, que exercitavam sua liberdade por meio da
mobilidade e do trabalho pelas estradas, da assunção de médios, pequenos negócios e da
luta pelo acesso a terra, ao mínimo social possível num ambiente tingido por diversas
expectativas senhoriais em torno do trabalho e do seu disciplinamento na República. Num
universo rural, perscrutado por meio da análise de processos-crimes, trabalhos de memória
(entrevistas) e fragmentos de jornais feirenses, o distrito de Almas e a região apresentavam
dimensões dos tensos processos contraditórios de reordenamento do trabalho em partes
interioranas da Bahia, onde trabalhadores rurais deslocavam-se para o distrito até ali
representante de um possível território de autonomia por meio do trabalho e do manejo da
terra.
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Victor Hugo de Almeida França - Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), UFMS/CPTL
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CADERNO DE RESUMOS
desenvolvidas nestas terras indígenas, fazendo com que sentissem no corpo, na pele, no
sangue, em sua terra, história e memória, as arbitrariedades que historicamente lhes foram
(e são) impostas. Também serão trabalhadas fontes como Ações Civis Públicas realizadas
contra o Estado e a FUNAI, e as quais envolvem os Waimiri-Atroari, assim como Relatórios
da Comissão Nacional da Verdade (2014), na parte que versa sobre este grupo, tal como
o Relatório da Comissão Nacional da Verdade da Amazônia (2014) que pontua como a
violência se instaurou face aos Waimiri-Atroari ao longo de sua história. Mas, ainda é
possível apreender a sua resistência, no modo possível de cada dia e também em ações
extraordinárias, como no enfrentamento direto.
Henrique Martins Ferreira Pinto- Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo: Este trabalho integra uma pesquisa mais ampla que busca analisar o papel do
Centro de Recursos Humanos João Pinheiro (CRHJP), na implantação da Lei n. 5.692/71.
Este órgão integrava o Departamento de Ensino Fundamental (DEF) do Ministério da
Educação e Cultura (MEC), e tinha como função colaborar na efetivação da política
educacional constituída no regime militar. A lei foi responsável por estabelecer o 1° e o 2°
graus, por aumentar o tempo de escolarização dos estudantes para 8 anos e por instituir a
profissionalização no 2° grau. Trata-se, assim, de uma pesquisa na área da História da
Educação que analisa a relação entre Políticas Públicas, Educação e Trabalho durante o
regime militar. Esta comunicação, em específico, teve como objetivo entender a discussão
sobre a Formação Especial no Ensino de 1° grau, a partir de documentos do I Seminário
de Formação Especial, realizado no ano de 1975, pelo DEF. Buscou-se compreender o
que foi o seminário, seu objetivo, quem eram os participantes e o conteúdo abordado. Em
sequência, buscou-se entender a proposta de formação especial, a educação para o
trabalho no 1° grau em desenvolvimento nos estados, os problemas destacados pelas
Secretarias de Educação e algumas de suas intercorrências. Para isso, foram analisados
documentos que se encontram no arquivo do CRHJP. O olhar para esses documentos
buscou perceber as estratégias, mas também apropriações e resistências nas formas de
se efetivar a lei, assim, utilizou-se como referencial os conceitos de estratégia e de tática
de Michel de Certeau (1990). Na análise da legislação foi possível entender que a formação
especial era constituída pelas fases de Sondagem de Aptidões e de Iniciação para o
Trabalho no 1° grau. O objetivo do I Seminário de Formação Especial era apresentar cinco
experiências de Formação Especial realizadas em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Piauí,
Bahia e do Distrito Federal. Entre as experiências destaca-se a da Bahia e do Distrito
Federal que apresentaram o modelo de Escola Parque como instituição de educação para
o trabalho. O Rio Grande do Sul apresentou a experiência de criação das Unidades Móveis
de Iniciação para o Trabalho (UMIT) que buscava atender estudantes do meio rural. Minas
Gerais apresentou atividades de manutenção da escola como possibilidades para o
estudante se preparar para o trabalho e apresentou a experiência de integração da rede
municipal com comércios e empresas na implantação da lei 5.692/71. A análise das
situações relatadas indicou que a execução da formação especial no 1° grau não tratava-
se de qualificar para o trabalho, mas sim de ensinar e reforçar uma cultura de trabalho e
para o trabalho. Também foi possível apreender diferenças entre as experiências
localizadas em ambiente urbano e em ambiente rural.
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CADERNO DE RESUMOS
Eduardo Wright Cardoso (PUC-RJ), Iuri Bauler Pereira (Columbia University; PhD
Candidate & Teaching Fellow) e Naiara dos Santos Damas Ribeiro (UFJF)
Resumo: Ainda que constitutivo das ciências históricas, o tempo nunca deixou de se
revelar como um objeto fugidio e como uma temática complexa. A despeito de ser o objeto
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
Resumo: "The French Lieutenant's W oman” , escrita pelo britânico John Fowles, foi
publicada em 1969 e é considerada, atualmente, um paradigma de metaficção
historiográfica. Sua forma de apropriação paródica do passado, através principalmente da
incorporação intertextual, é considerada modelar para a poética pós-moderna de uma
forma geral e muito significativa para a caracterização da relação entre modernidade e pós-
modernidade. Para Linda Hutcheon, na obra de Fowles é possível ver a formulação mais
aberta e explícita da natureza e função da paródia na ficção. "The French Lieutenant's
Woman” é uma obra singular, que mantém uma dupla vinculação com o romance vitoriano
e ao mesmo tempo com a escrita ficcional pós-modernista. Um romance que se passa no
século XIX mas que se posiciona, abertamente, como um romance escrito, nas palavras
do narrador, na "era de Alain Robbe-Grillet e Roland Barthes” . Considerando a percepção
do protagonista de que o tempo é "o maior engano”, que a "existência não tinha história” e
que é como se fosse "sempre agora”, é possível considerar que o autor queira tratar de
uma percepção de tempo imbuída de certo presentismo e falta de referência do passado.
No entanto, se o quer, faz isso através de personagens que, vivendo um século antes dele
e de sua obra, ainda têm essa percepção de forma momentânea e aguda, na verdade são
surpreendidos por ela, como por um insight. Na verdade, existe ubiquidade do passado na
obra. Para as personagens, o passado ainda tem tanta importância que, a forma como elas
irão equacioná-lo, influenciará fortemente seu destino. É interessante notar como o
protagonista relaciona o seu sentimento de perda da referência do passado com um
processo de fossilização e com a perda da ironia. Talvez seja possível inferir que, recuperá-
la, seja talvez recuperar uma certa capacidade de ver a passagem do tempo de forma
menos óbvia, atribuir menos determinismo ao passado e buscar ter certa agência sobre o
presente e o futuro."
Resumo: Em seu texto História, ciência e ficção (1983), Michel de Certeau aponta para
um paradoxo peculiar que marca a relação entre a história e o tempo dentro do contexto
moderno de "despolitização” da pesquisa historiográfica. Segundo ele, a despeito de ser o
objeto do historiador, o tempo, na verdade, pertencia à ordem do "impensável” ,
transformando-se num ponto fixo a partir do qual se articula uma ciência histórica que lida
com o tempo, mas que paradoxalmente se mantém - ou melhor, insiste em se manter -
imune a ele. Nos últimos anos, contudo, é possível acompanhar uma tendência de reversão
desse quadro, sobretudo quando se considera que a crise da narrativa modernista da
singularidade do tempo histórico resultou não só na perda da sua soberania como
pressuposto autoevidente, como também na perda da sua estabilidade teórica dentro do
imaginário temporal disciplinar. Diante disso, coloca-se em xeque a política do tempo que
regula as formas convencionais de contar e figurar o tempo no interior da disciplina,
sobretudo a separação entre passado e presente que acompanha a ideia de tempo único
e linear. Nesse movimento de reavaliação crítica, as obras do historiador da arte Aby
Warburg e do filósofo W alter Benjamin, têm sido relidas com grande interesse para pensar
126
CADERNO DE RESUMOS
não só os limites de uma concepção historicista de tempo, mas também para propor formas
alternativas de temporalização a partir da uma aproximação fundamental entre história e
imagem. Nessa apresentação, a minha proposta é analisar de que modo o trabalho desses
autores pode contribuir para a criação de novas perspectivas temporais no campo da teoria
e da historiografia através de dois conceitos que colocam a imagem no centro da operação
historiográfica: a noção de "vida póstuma” da imagem de Aby Warburg e de "imagem
dialética” de W alter Benjamin. Na dupla condição como figura epistêmica e como forma
sensível, a imagem aparece aqui como recurso e como percurso para a consolidação de
uma nova imaginação temporal capaz de pensar e figurar os tempos múltiplos da história.
Resumo: Peter Wilhelm Lund (1801-1880), naturalista dinamarquês, pode ser considerado
uma importante engrenagem para os estudos sobre a paleontologia brasileira no século
XIX. No ano de 1833, iniciou diversas escavações em cavernas de formações calcárias no
vale do Rio das Velhas, nas proximidades de Lagoa Santa, Minas Gerais, que o levaram a
descrever um período geológico desconhecido, abrindo, assim, uma janela para o
conhecimento da fauna pleistocênica, a partir dos fósseis. O seu trabalho se encontra
registrado em memórias, compostas por cartas e sua biografia, intitulado Memórias
Scientificas. A edição organizada e traduzida para o português, em 1950, pelo paleontólogo
Carlos de Paula Couto, denominada Memórias sobre a Paleontologia Brasileira,
compreende todas as memórias de Lund, além de estudos de Geologia, Zoologia e
Paleontologia. Considerando estes elementos, esse trabalho possui como objetivo a
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Resumo: Nossa proposta tem por objetivo refletir sobre elementos que possibilitam pensar
os desdobramentos das últimas décadas no Brasil a partir da noção de história do tempo
presente. Nos termos de Arantes (2015), desde 1964 o nosso tempo se congelou, sendo
o início da ditadura militar uma baliza precisa para delimitar o que chamamos de tempo
presente no Brasil. O marco também pode ser amparado em Rousso (2016) com a noção
segundo a qual o tempo presente é determinado pela "última catástrofe”. O historiador
francês pensa no contexto europeu, ampliando a ideia segundo o qual o marco para o
tempo presente é o holocausto. Uma catástrofe grande o bastante para ter sido mimetizada
em outros locais do mundo, no caso da América do Sul as ditaduras da segunda metade
do século XX. No caso brasileiro, a abertura política se deu de forma concertada tornando
a justiça de transição débil a ponto de não ter se praticado justiça com relação às violações
dos direitos humanos. A euforia do fim da ditadura talvez tenha impedido de perceber o
quanto as expectativas com relação ao futuro tenham se reduzido, pensando com auxílio
de Koselleck (2006) e Arantes (2015). Nesse sentido, enquanto no período anterior a 1964,
o termo "revolução” podia ser recorrente no vocabulário das esquerdas, nos dias que se
correm o grande temor é o desaparecimento da "democracia” , a exemplo do título do
documentário de Costa (2019) "Democracia em Vertigem”. Nesse sentido, num país
profícuo em injustiças, boa parte da energia das esquerdas são direcionadas para a busca
de reparação para as injustiças do passado, "pautas retroativas” . Enquanto isso, ficamos
sem possibilidade de elaboração de um projeto consistente de país para o futuro, tornando
nossas expectativas decrescentes."
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uma análise metodológica visa catalogar e analisar fontes históricas encontradas nos livros
didáticos da disciplina de História, na educação básica. Através do contato estabelecido
com Instituições de Ensino de municípios parceiros ao Campus XIII/ Itaberaba da
Universidade do Estado da Bahia (Uneb), está sendo feito o levantamento dos principais
livros didáticos de História utilizados na região da Chapada Diamantina/ Piemonte do Rio
Paraguaçu. A partir desta lista, serão dispostas em quadros e tabelas as fontes históricas
encontradas nestes materiais didáticos. Após discussão das categorias de análise mais
pertinentes, finalmente será feito o estudo metodológico e científico das fontes históricas
encontradas. Assim, a segunda etapa deste Projeto de Investigação pode abrir uma outra
senda de pesquisa, a partir do levantamento quantitativo das fontes históricas encontradas,
em suas respectivas categorias de análise.
Resumo: Nossa proposta tem por objetivo refletir sobre elementos que possibilitam pensar
os desdobramentos das últimas décadas no Brasil a partir da noção de história do tempo
presente. Nos termos de Arantes (2015), desde 1964 o nosso tempo se congelou, sendo
o início da ditadura militar uma baliza precisa para delimitar o que chamamos de tempo
presente no Brasil. O marco também pode ser amparado em Rousso (2016) com a noção
segundo a qual o tempo presente é determinado pela "última catástrofe” . O historiador
francês pensa no contexto europeu, ampliando a ideia segundo o qual o marco para o
tempo presente é o holocausto. Uma catástrofe grande o bastante para ter sido mimetizada
em outros locais do mundo, no caso da América do Sul as ditaduras da segunda metade
do século XX. No caso brasileiro, a abertura política se deu de forma concertada tornando
a justiça de transição débil a ponto de não ter se praticado justiça com relação às violações
dos direitos humanos. A euforia do fim da ditadura talvez tenha impedido de perceber o
quanto as expectativas com relação ao futuro tenham se reduzido, pensando com auxílio
de Koselleck (2006) e Arantes (2015). Nesse sentido, enquanto no período anterior a 1964,
o termo "revolução” podia ser recorrente no vocabulário das esquerdas, nos dias que se
correm o grande temor é o desaparecimento da "democracia” , a exemplo do título do
documentário de Costa (2019) "Democracia em Vertigem”. Nesse sentido, num país
profícuo em injustiças, boa parte da energia das esquerdas são direcionadas para a busca
de reparação para as injustiças do passado, "pautas retroativas” . Enquanto isso, ficamos
sem possibilidade de elaboração de um projeto consistente de país para o futuro, tornando
nossas expectativas decrescentes."
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interior do Brasil, a Comissão chefiada por Marechal Cândido Mariano Rondon realizava
pesquisas botânicas, geológicas e levantamento dos povos indígenas. Partindo desses
pressupostos, a efetivação da proposta de estudo foi possível devido à consulta da obra
Índios Brasil, tomo I (2019). A narrativa assenta-se, assim, na compreensão do papel
histórico das imagens produzidas no sul de Mato Grosso pela Comissão Rondon, cujas
representações imagéticas originadas das expedições de Rondon possuem historicidade
de um passado não distante, sendo possível visualizar os aspectos geográfico, a fauna, a
flora e as relações sociais estabelecidas.
Marlon Ferreira dos Reis - Mestrado, Pontifícia Universidade Católica Rio de Janeiro
Resumo: A presente exposição tem por objetivo demonstrar o esforço realizado pelo
astrônomo Carl Sagan em circunscrever, conectar e atribuir significado ao tempo, à história
e ao universo considerando a problemática do aquecimento global na última década do
século XX. Tenho como hipótese que, em resposta às catástrofes climáticas, através do
conceito de Cosmos, Carl Sagan almejava elevar a história à dimensões planetárias,
produzindo uma união entre o tempo humano e da natureza. O contexto de crise climática,
descoberto em meados do século XX, estremeceu os pilares mais básicos da relação
temporal entre seres humanos e o planeta. Tal qual as ciências naturais, as humanidades
passaram a ser constantemente provocadas pela dimensão disjuntiva da catástrofe
anunciada, fazendo com que inúmeros autores esforçassem-se para tornar cognoscível
este possível "tempo do fim” . Com efeito, Carl Sagan mobilizou o termo Cosmos como
chave de leitura capaz de dar sentido a essa nova dinâmica que ascendia da catástrofe.
Por um lado, a palavra em questão almejou abarcar o significado de "ordem do universo” ,
e, por outro, salientar uma interpretação racional deste universo, fruto de uma capacidade
de contemplação típica de nossa espécie. Portanto, é possível encontrar uma figuração do
tempo que buscava trazer unicidade para elementos até então insociáveis. Nesse sentido,
para Sagan, o apocalipse climático profetizado no século XX foi levantado como uma
ameaça cujo combate era parte de uma obrigação histórico-moral para com humanos e
não humanos que vieram antes e que virão depois de nós. Segundo o astrônomo, a prática
de observação do universo seria ela mesma um mecanismo de "compreensão histórica”,
uma lição de perspectiva em que o estudo do clima seria caso exemplar. Ao observar o
Cosmos, seria possível compreender o que as possibilidades para o planeta Terra,
sobretudo no que diz respeito a como ele "poderia dar errado”. A representação
astronômica possibilitaria ver a Terra "de fora”, tanto espacialmente quanto temporalmente.
Nesse sentido, a análise da produção de Sagan nos permitiria reconhecer narrativas que
buscam tatear abordagens que enfrentem os desafios contemporâneos oriundos das
mudanças climáticas.
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Maria Aparecida Lima dos Santos (UFMS), Fernando Vendrame Menezes (SEMED/Campo
Grande) e Suzana Lopes Salgado Ribeiro (UNITAU)
Resumo: Disputas sobre o passado marcam a experiência dos dias atuais. Tal embate
tem palco em pesquisas e nas salas de aula, que apontam conflitos e discussões sobre
memória, lugares de memória e patrimônio como elementos que convergem para a
construção de uma história do tempo presente, concepção historiográfica que resultou da
ampliação do conceito de "tempo presente", não mais considerado como um simples
período adicional mais próximo, mas como conceito que "remete em sua acepção
extensiva ao que é do passado e nos é ainda contemporâneo, ou ainda, apresenta um
sentido para nós do contemporâneo não contemporâneo" (DOSSE, 2011, p. 11). Diante
disso, concebe-se a História ensinada como espaço de construção de um novo tempo
histórico, baseado fundamentalmente em construções significativas do presente e não do
passado, como se poderia esperar (PLÁ, 2009, p. 1). Frente a demandas do patrimônio e
da memória estabelecidas pelo presente, muitos pesquisadores têm se preocupado em
conhecer os sentidos e significados que os diferentes sujeitos que atuam no espaço escolar
atribuem ao passado em suas vidas cotidianas, considerando a originalidade e a
especificidade epistemológica do processo de produção dos saberes ensinados
(MONTEIRO, 2015). Assim, nosso simpósio pretende receber pesquisas e relatos sobre
experiências de professores, seus fazeres e saberes, e sobre estudantes e as perspectivas
do ensino e da aprendizagem.
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Resumo: Essa proposta de comunicação visa apresentar uma atividade que foi realizada
com estudantes do Ensino Médio do Colégio Jardim Balneário Meia Ponte (Goiânia). A
problematização central consiste na discussão acerca de monumentos que prestam
homenagem à personagens históricos que praticaram crimes contra a humanidade. Nesse
sentido, além de apresentar distintas posturas perante os atos de derrubada e/ou
depredação de monumentos, iremos expor como as e os estudantes participantes dessa
atividade se posicionam e expressam suas perspectivas sobre o tema.
Resumo: "A oficina “No banco dos réus as NOSSAS estátuas”, se utiliza da história local
enquanto metodologia e conteúdo a ser abordado na aula de história. Assim, ao lançar
mão desse recurso didático visa trazer a problemática das estátuas para o nível do local e
regional, propondo como eixo central um “julgamento” das estátuas pelas quais
cotidianamente passamos em nossas cidades. Entretanto vale destacar que o ensino da
história local encerrada em si acaba por esvazia-la do seu potencial estratégico para a
formação do pensamento histórico nos alunos. Residindo nesse ponto a importância do
estabelecimento de interconexão das vivencias e experiências que circundam os
estudantes a aquelas desenvolvidas em contextos mais amplos, e nessa perspectiva “o
estudo da história local passa a ser concebido como uma estratégia pedagógica capaz de
viabilizar a transposição didática do saber histórico para o escolar” (LIMA, CAVALCANTE,
2018, p.3). Diante do exposto, importante usufruirmos criticamente dos diferentes espaços
urbanos de sociabilidade e convivência nos quais os alunos estão inseridos ou pelos quais
passam cotidianamente. Nesse ponto, reside a problemática das estátuas: quem são os
indivíduos ali retratados? Em que período viveram? Que papel ocupavam na sociedade em
questão? Essas e outras questões serão abordadas durante a oficina."
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seus impactos no ensino de História, principalmente por meio das mídias digitais no Brasil.
Atualmente no país temos observados os usos e abusos da História e como negacionismos
têm sido difundidos pelas mídias digitais atingindo, muitas vezes. os estudantes do ensino
básico. Tornou-se tarefa hercúlea para professores do ensino fundamental e médio
desconstruir narrativas presentes nas mídias digitais que não apresentam o rigor científico
que a pesquisa histórica exige. Nessa perspectiva, a presente comunicação visa debater
o que é a História Pública e como o docente do ensino básico da disciplina pode se utilizar
das mídias digitais para a disputa de narrativas frente à construção de uma educação
emancipatória.
João Carlos Polezel Junior - Mestrado, UEMS - Universidade Estadual do Mato Grosso do
Sul
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estudadas durante as aulas de História; todos os trabalhos dos alunos foram expostos na
feira da escola no final do ano letivo.
Palavras-chave: Biografia-História-aula
Resumo: Neste trabalho, apresentam-se reflexões resultantes da análise dos sentidos que
um docente atribui ao papel da língua escrita para ensinar História. Este trabalho baseou-
se nos princípios da metodologia de pesquisa qualitativa em vertente interpretativa e de
viés etnográfico (GHEDIN; FRANCO, MAINARDES; MARCONDES, 2011; GÓMEZ, 1998).
Nossas análises têm apontado que a escrita escolar compreendida como produção textual
torna-se um espaço importante de análise de aspectos relacionados à identidade e ao
desenvolvimento de noções de tempo na articulação proposta, devido à existência de um
sujeito e seu trabalho na produção de discursos, em meio aos quais, identidades são
constituídas. A investigação dos sentidos atribuídos pelos(as) docentes de História ao
papel da escrita tem exacerbado mecanismos através dos quais nos permitem supor
relações entre a maneira como o professor organiza e conduz a aula e suas concepções
de identidade de gênero e raça, é relevante na elaboração de reflexões sobre o papel da
escrita no ensino de História.
Ligia Souza Guido; Vinícius Ribeiro Bagattine; Vanessa de Moraes Lisboa Santos -
Mestrado, Prefeitura Municipal de Porto Feliz-SP
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Maria Aparecida Lima dos Santos - Doutorado, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul; Fernando Vendrame Menezes- Doutorado, Secretaria Municipal de Educação
(SEMED/MS); Maria Larissa Montania Vera - Mestranda, UEMS
Resumo: A construção do conhecimento histórico escolar deve ser estruturada com base
em repertório teórico-conceitual próprio da Ciência de Referência, o que implica considerar
elementos da metodologia de investigação própria do historiador, pautando-se pela
utilização de fontes, bem como a elaboração de uma narrativa historiográfica. No entanto,
a prática em sala de aula também é regida pela Razão Pedagógica, o que exige a produção
de reflexões sobre o fazer docente nas aulas de História, exacerbando-se assim a
complexidade das práticas na história ensinada. Nesta comunicação, pretendemos
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Fábio Borges Ribeiro Júnior - Graduando (bolsista Pibic, Pibid, Residência Pedagógica,
projeto de TCC), Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).
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Patrick Dutra; Fábio Borges Ribeiro Júnior - Universidade do Extremo Sul Catarinense
(Graduandos do Curso de História/Criciúma - SC)
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Resumo: Essa proposta apresenta as reflexões a partir das narrativas de uma mulher
negra do bairro da Armação da Piedade, no município de Governador Celso Ramos -
Santa Catarina. Articula e se conecta com narrativas no Ensino de História. Os objetivos
dessa pesquisa são a partir das narrativas construir possibilidades de trabalhar locais em
sala de aula. A metodologia utilizada foi a história oral, realizada por meio de entrevistas,
dialogando com os conceitos de memória, experiências, narrativas e patrimônio. Concluiu-
se que por meio da história oral foi possível visibilizar uma memória "esquecida” e
subalternizada e não problematizada em sala de aula a partir da narrativa de uma mulher
negra do município.
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Resumo: A pesquisa tem objetivo analisar as representações dos professores que atuam
nas séries iniciais sobre as leis 10.639/03 e 11.645/08 e suas aplicabilidades em escolas
públicas de João Pinheiro-MG. A pesquisa foi realizada em modalidade qualitativo,
efetivada com a entrevista como instrumento de coleta de dados, por meio de História Oral.
As entrevistas foram gravadas com cinco professores que atuam em cinco escolas da Rede
Estaduais da cidade de João Pinheiro (mG) no ano de 2017. Foi também feito o estudo das
Leis 10.639 /03 E 11645/08 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino da História
e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Através da análise das entrevistas, pôde-se perceber,
pelas representações dos professores, como são aplicadas ou trabalhadas as Leis nas
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Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir sobre os efeitos derivados da Lei
10.639/2003, Lei esta que tem como intuito a promoção da cultura afro-brasileira e que as
religiões a ela relacionadas sejam valorizados. Desde o sancionamento da Lei, o ensino
da história e da cultura afro-brasileira deve ser inserido em todas as escolas do Brasil,
especialmente para que seja possível construir uma sociedade respeitosa. É uma forma
de combater de maneira efetiva o racismo e as práticas discriminatórias, estereotipadas e
preconceituosas dele suscitadas. A problemática com a qual esta pesquisa se depara é
que embora a legislação fomente a construção de conhecimento religioso sem juízos de
valor, ainda há a manutenção de preconceitos e estereótipos quanto às religiões de matriz
africana. A escola assume uma missão importante nesse contexto: apresentar as
informações históricas bases necessárias à construção de uma outra mentalidade, esta
capaz de valorizar e respeitar outras culturas. É esta a relevância social deste estudo.
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Ana Paula Pícoli de Lima (UEMS) e Beatriz dos Santos Landa (UEMS/Profhistória)
Resumo: A demanda por uma História Negra do Brasil, que inclua a história da escravidão
e ultrapasse os limites temporais e temáticos do cativeiro, avançando pelo século XX, vem
tomando corpo nas expectativas de jovens que buscam histórias que reflitam suas próprias
experiências e que superem o binômino senhores versus escravos. Por uma história que
revele o protagonismo, as vitórias e os sucessos dos antepassados que não aceitaram
passivamente a dominação racial. Fragmentos de memórias, mitos e histórias diminutas,
os "causos”, as crenças, as narrativas de histórias familiares, trazem em si o potencial de,
juntas, formarem uma história negra que nasce da experiência e da memória de
afrodescendentes. O desafio da inclusão dessas narrativas na composição da História traz
o desafio teórico-metodológico e as questões: a quem a história serve? Para que serve a
história?
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Resumo: Nos últimos trinta anos diversos acervos documentais e bibliográficos foram
sendo construídos e disponibilizados no ambiente em rede. Porém, dentro do imenso
oceano da Internet, há quem tem experiência de navegação prejudicada, quer dizer, nem
sempre sabemos navegar e encontrar os pontos ou portos para ancorar a nossa
embarcação. Os acervos das instituições de memória - entendidas como bibliotecas,
museus e arquivos - cumprem uma função social ao promover o acesso à pesquisa, à
educação e à cultura, além de preservar a memórias e a identidade. Considerando que a
sociedade contemporânea não pode prescindir das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (TDIC) e dos inúmeros recursos midiáticos, torna-se necessário entender
que toda ação e reflexão passa a ser volatizada e, por isso, atomizada frente ao novo.
Diante essa premissa, um acervo digital torna-se o locus referencial dessa sociedade que
precisa e/ou necessita (re)conhecer-se nesse mundo tecnológico. Tendo em vista a
importância da comunicação e da publicização dos documentos presentes em arquivos
públicos, buscamos problematizar os usos das tecnologias digitais; Para tanto, esta
comunicação apresenta o Projeto Surfando nos Acervos Digitais e suas possibilidades para
a pesquisa e ensino na área das humanidades. A noção de que o estudante precisa
“aprender a aprender” sempre foi pertinente, de modo que a construção, digitalização,
divulgação e apropriação dos acervos virtuais trazem à luz diversas oportunidades para a
pesquisa histórica e Ensino de História.
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Resumo: Os anos de 2020 e 2021 representaram uma lacuna de tempo que causou
impacto mundial ocasionado pela disseminação da Covid-19 e, com isso, o ensino de
História também sofreu as reverberações proporcionadas pela pandemia mundial, com o
impacto de muitas mortes. Por esse motivo, as relações sociais passaram a ser
intermediadas virtualmente, inclusive as aulas, que foram suspensas e ministradas através
de plataformas digitais, recursos que os docentes não estavam preparados
metodologicamente para operacionalizar. Em 2021, houve o retorno do ano letivo,
inicialmente virtual e, em seguida pelo sistema híbrido. Apesar do receio da sociedade pela
possível contaminação e propagação da doença na comunidade escolar, por fim as aulas
retornaram para o ensino presencial. A presente dissertação foi construída neste período,
em um contexto sui generis da pandemia mundial em que se torna importante compreender
o impacto do ambiente pandêmico no ensino e na aprendizagem de História pelos
estudantes do Ensino Médio. Contudo, o trabalho tem por objetivo principal discutir e
investigar o processe de elaboração da narrativa histórica a partir da construção de
narrativas para jogos digitais sobre temas históricos, através da confecção de um Game
Designe Document, o GDD. A investigação procurou respostas sobre as possibilidades
serem exequíveis com a intermediação dos pressupostos da Educação Histórica,
principalmente através da proposta da Aula-Oficina desenvolvida Isabel Barca, que por ora
foram utilizados, para estimular a promoção dos conhecimentos históricos dos estudantes
do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio da Polícia Militar João Florêncio Gomes.
Destarte, foi construído uma revisão sistemática integrativa sobre os jogos digitais, a
utilização de jogos no ensino de História, o ensino de História no Brasil, a Didática da
História e a Educação Histórica. Foi investigado se na construção do GDD os estudantes
demonstrariam o pensamento histórico sobre o conceito metahistórico de mudança
temporal. Isso porque percebe-se uma tendência juvenil a considerar válido somente o
tempo presente, desconsiderando as ações dos homens e mulheres no e do passado, o
que foi feito através do conceito substantivo das lutas dos trabalhadores e das
modificações que a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, sofreu no decorrer na
História, com a lacuna de tempo de 1917 a 2017, sendo a primeira data da greve operária
de 17 e a segunda data as últimas modificações da CLT. As atividades foram realizadas
no itinerário formativo de História Elementar do Novo Ensino Médio, por este motivo
também foi feito um estudo sobre essa temática. Apesar das diversas intercorrências
ocasionadas pela pandemia mundial o trabalho foi realizado, com a escrita do GDD, com
dois protótipos de jogo sobre a temática elaborados. A partir dos resultados obtidos,
observou-se que houve a promoção do pensamento histórico dos estudantes em níveis
diversificados sendo observável nas diversas atividades realizadas durante o percurso do
ano letivo de 2021.
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Resumo: O artigo pretende analisar no primeiro momento a História como ciência e sua
evolução como disciplina escolar e como as tecnologias podem auxiliar na aprendizagem
em sala de aula destacando a importância de quatro competências das Bases Nacionais
Comuns Curriculares (BNCC). A dimensão deste trabalho fundamenta-se em mostrar essa
relação e a quebra da tradição dos livros didáticos com a prática das novas linguagens
tecnológicas dentro da sala de aula. A frente disso, faz-se necessário à busca dessa
reflexão do ambiente escolar onde o professor passe a vivenciar essas alterações de forma
a beneficiar suas próprias ações podendo buscar novas metodologias e novas formas de
promoção do processo ensino aprendizagem. A sociedade vive um desenvolvimento
acelerado que ocorrem todos os dias, as descobertas ocorrem em segundos. Mas é preciso
pensar sobre todas essas mudanças, onde informações e descobertas acontecem em
instantes, onde processo de desenvolvimento da aprendizagem escolar está inserido no
processo no qual a sociedade vem passando e esse é um dos pontos que precisa ser
discutido, pois é dentro da sala de aula que são promovidas as mais importantes
formulações teóricas sobre o desenvolvimento cultural, e social do educando. A análise
histórica da História como disciplina e sua evolução e a BNCC nos leva às seguintes
problematizações: Em primeiro lugar o ensino de História, a atuação da escola nesse
contexto, o papel do professor e como os alunos tem recebido essa nova forma de
aprendizagem e compreender as causas e a dinâmica desse processo é algo que
consideramos fundamental. Optou-se pela pesquisa de referencial bibliográfico, que
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mostrou como essas ferramentas estão impactando cada vez mais a vida moderna com
reflexos na educação.
Resumo: Nosso objetivo com essa comunicação é debater sobre questões historiográficas
e o ensino de História da América Latina, com base em discussões decoloniais que
busquem problematizar perspectivas identitárias latino-americanas. Diversos países têm
passado por movimentos rompantes em relação às suas instituições, constituições, em
busca de maior representatividade social e política. Desse modo, buscar as definições
sobre a latinidade na América é questionar-nos sobre como esses discursos estão em
disputa em nosso cotidiano, seja pelo viés político ou pelo cultural, os quais, de qualquer
forma, incidem sobre o modo como ensinamos e como chegam aos materiais didáticos
utilizados em sala de aula. Esses conflitos envolvem temas relacionados à memória, aos
lugares de memória, bem como noções e espaços patrimoniais que fazem parte da vida
cotidiana de sujeitos em espaços escolares e não escolares e que colaboram com noções
de uma história do tempo presente. Assim, o Ensino de História deve ser visto como uma
ação de construção de noções e sentidos sobre o nosso próprio tempo histórico e não
apenas do passado e que podem colaborar com o debate, muitas vezes impulsionado por
padrões e valores europeus, brancos e hierárquicos, no que diz respeito à outras formas
de conhecimento e de identificação. Com base nessas considerações trazemos nossa
experiência e discussões nas disciplinas de Oficina de História e de América Latina, a partir
do uso de fontes como mangás, de ferramentas digitais e de uma abordagem decolonial.
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