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NA ENCRUZILHADA
DOS TEMPOS
V Seminário Internacional
História e Historiografia
A HISTÓRIA
NA ENCRUZILHADA
DOS TEMPOS
Caderno de Resumos
Comissão Organizadora (UFPE): George F. Cabral de Souza, Flávio Weinstein, Christine Rufino Dabat,
Isabel Guillen, Rômulo Luiz Xavier do Nascimento, Henrique Nelson da Silva (Doutorando-PPGH)
Comissão Científica: Flávio Weinstein (UFPE), Cristina Donza (UFPA), Franck Ribard (UFC), Cândido
Moreira Rodrigues (UFMT)
Equipe de Apoio: Levi Rodrigues, Rogéria Sá Feitosa, Elida Nathalia Olímpio da Silva, Eloisa Gomes
Gominho, Philipe Silva de Lima Paulino, Mateus Bernardo Galvão Couto, Pedro Ivo Gomes de Melo,
Joice Carla Silva de Oliveira, Luiz Felipe Miguel da Silva Carvalho, Maria Gabriela Vieira de Souza
Catalogação na fonte:
Catalogação na fonte:
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
Bibliotecária Kalina Ligia França da Silva, CRB4-1408
Inclui referências.
ISBN 978-85-415-0825-4 (broch.)
Todos os direitos reservados aos organizadores: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio
ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos
e videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial em qualquer sistema de
processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético.
Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 7
SIMPÓSIOS TEMÁTICOS�������������������������������������������������������������������������������������������� 39
ESPAÇO INICIAÇÃO���������������������������������������������������������������������������������������������������331
APRESENTAÇÃO
Comunicação 1:
A luta pela terra no estado do Pará: análise historiográfica
Comunicação 2:
Relações de trabalho, regime civil militar
e Justiça do Trabalho (1979)
Comunicação 3:
Diálogos com os de baixo: comunistas e camponeses
no Ceará (1947-1953)
Mesas Redondas 13
MESA 2:
ESGRIMAS DA LINGUAGEM: A HISTÓRIA, A LITERATURA E AS
ESTRATÉGIAS DE FABRICAÇÃO DO PASSADO
Comunicação 1:
História da ficção e ficção da História
Comunicação 2:
Octavio Paz: O labirinto e a solidão.
Octavio Paz possui uma vasta obra que o consagrou como escritor premiado
e reconhecido pela beleza dos seus textos. Paz não era especialista. Caminhou
por uma multiplicidade de assuntos com elegância e astúcia. Conhecia os
ritmos das palavras, era um poeta que não perdia a musicalidade quando
escrevia em prosa. O seu livro mais conhecido é O Labirinto da Solidão,
onde faz uma análise da cultura mexicana, interpretando seus contrapontos
históricos, sua singularidade, sua ligação com a modernidade e seus anseios
de solidão. Paz foi crítico literário e mergulhou nos significados do moder-
nismo. Dialogou, exerceu cargos públicos, mostrou-se defensor da liberdade.
Conseguiu articular a forma com o conteúdo em vários dos seus ensaios.
Não deixou de falar das artes, da importância dos sentimentos, sobretudo
do amor. Sua estética estimula, destrói mesmices, refunda tradições. Nossa
comunicação pretende discutir como a escrita e a narrativa em Paz ajudam o
historiador a pensar o impensável, abrindo espaços para a beleza e a ousadia.
O que seria a história sem possibilidade do reencanto? Conhecer Paz é uma
travessia que toca o coração.
Mesas Redondas 17
MESA 3:
ESTADO, FRONTEIRAS E CIDADANIA NO BRASIL IMPÉRIO
Esta Mesa redonda tem por objetivo discutir as questões relacionadas às in-
terfaces da história social com a história política e agrária no Brasil oitocen-
tista. O debate sobre a conjuntura no Período Regencial e seu impacto na ci-
dadania e na cultura política no Segundo Reinado. As relações e articulações
políticas entre os diversos espaços sociais e o centro do poder no Brasil, com
ênfase na participação e no protagonismo político de diversos grupos das
camadas populares e seus enfrentamentos com a elite política. Os projetos
de Estado voltados à questão da apropriação do espaço e os seus efeitos sobre
os grupos sociais articulados em torno da sua exploração. As temáticas em
torno das migrações internas e dos projetos de colonizações. O debate em
torno das questões relacionadas à consolidação das fronteiras do Império, e
as disputas em torno da afirmação política do Estado Imperial sobre os seus
limites territoriais.
Comunicação 1:
A Farroupilha e a consolidação do Império no Prata
Comunicação 2:
Na teia dos poderes: acomodações e resistências entre Império
e província (Sergipe - 1823-1842)
Mesas Redondas 21
MESA 4:
MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO NO MUNDO ATLÂNTICO
Comunicação 1:
A memória da escravidão no “filme histórico”: dialogando
com estudos de caso dos cinemas brasileiros, franceses e africanos.
Comunicação 2:
Malunguinho quilombola e Malunguinho da Jurema:
notas sobre as memórias da escravidão em Pernambuco, Brasil.
Mesas Redondas 25
MESA 5:
SERTÕES DE AFROS E INDÍGENAS
Comunicação 1:
Índios no sertão do Ceará
Comunicação 2:
Imagens dos sertões indígenas
Esta apresentação trata sobre mapas e imagens dos Sertões do período colo-
nial, o trabalho dialoga com antigos manuscritos e impressos envolvendo di-
ferentes grupos indígenas brasileiros representados na cartografia, interpreta-
dos por textos históricos e por trabalhos de arte. Nesta perspectiva analisamos
imagens da pintura do século XVII, gravuras e desenhos que ajudam a refletir
sobre o debate histórico das diferentes ações promovidas no intuito de ocupar
e controlar o interior das capitanias hereditárias do Nordeste e seus habitantes.
Comunicação 3:
Quilombos nos sertões
Comunicação 3:
“Serra do Ororubá, um celeiro”: povos indígenas, secas e conflitos
no “sertão verde”, o Semiárido pernambucano.
Mesas Redondas 31
os modelos de ocupação colonial, suscitam reflexões sobre a expansão de-
mográfica, as secas que atingem populações de cidades no atual Semiárido
pernambucano.
Comunicação 4:
Um balanço sobre os estudos de história ambiental no Ceará
Comunicação 1:
Patrimônio cultural e os registros do popular: intelectuais, memória
e o Centro de Referência Cultural do Ceará – CERES (1975-1990)
Comunicação 2:
Patrimônio e Cultura Negra: história e narrativa histórica
na Serra da Barriga
Mesas Redondas 35
MESA 8:
MIGRAÇÕES: POSSIBILIDADES, EXPERIÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
Comunicação 1:
Fontes para o estudo da presença açoriana na Amazônia (1752-1778)
Comunicação 3:
Imigração portuguesa: Entre documentação, estratégias,
mobilidade e trajetórias (Belém, 1850-1920)
Esta proposta de pesquisa objetiva fazer uma discussão sobre como negros,
índios e outros agentes sociais construíram uma história em comum, embo-
ra muitas vezes conflituosa na Zona Guajarina (Microrregião do nordeste
paraense atualmente constituída por seis (06) municípios: Bujaru, Capitão
Poço, Irituia, Ourém, São Miguel e São Domingos do Capim), assim como,
a utilização do território por esses indivíduos, envolvendo suas práticas so-
ciais, ambientais e políticas durante o século XIX. Entender como se davam
as relações entre os agentes que habitavam essa região é uma importante via
para compreender parte da história desses povos. Assim, o desenvolvimento
desta proposta de pesquisa busca contribuir com a historiografia com um
estudo que visa valorizar a história de um povo através do universo da micro-
-história e do reconhecimento de suas particularidades. A Zona Guajarina
foi de grande importância para economia paraense desde o período colonial
e por isso marcada pela intensa concentração do trabalho escravo, o que con-
tribuiu para constituição de diversos quilombos o que pode ser entendido
como um ato de resistência contra o regime da escravidão. A partir disso
e do estudo de caso da comunidade remanescente de quilombo intitulada
Jacarequara situada nas margens do rio Guamá, pretende-se analisar de que
forma as relações sociais e a resistência contra o processo de escravização
contribuiu para a formação desses quilombos. Portanto é fundamental com-
preender que a comunidade do Jacarequara, assim como tantas outras comu-
nidades da Amazônia, teve sua origem a partir da fuga de negros e índios da
escravização por parte dos brancos. Essa resistência ao escravismo e, a busca
pela liberdade, permitiu que negros africanos e índios amazônicos estabe-
lecessem as mais diversas relações, inclusive relações matrimoniais, o que
contribuiu para que muitas dessas comunidades resistissem até a atualidade.
Este artigo trata das primeiras ondas de migração sertaneja e seu impacto na
província do Rio Grande do Norte na seca de 1877, e das formas de resistên-
cia dos retirantes na Colônia Agrícola Sinimbú. Algumas cidades e vilas li-
torâneas, como Ceará-Mirim, Macau e Mossoró, tornaram-se os locais esco-
lhidos pelas famílias vindas do alto sertão potiguar, Ceará e Paraíba para se
abrigarem da seca. No cotidiano da espera por socorros os retirantes encon-
tram o drama da fome, miséria e morte no espaço citadino. As autoridades,
por meio do discurso e prática sobre o trabalho, conseguirá reunir uma mão
de obra para os serviços de obras públicas, que além de converter os gêneros
alimentícios em espécie de salário, também era uma forma de controle e or-
denamento social nessa seca. A construção da Colônia Agrícola Sinimbú em
primeiro de junho de 1878, entre as vilas de Ceará-Mirim e Extremoz, embo-
ra tivesse os ideais do trabalho moralizador, não alcançou os fins desejados.
Simpósios Temáticos 43
no fim de 1848, possibilitaram uma extraordinária oportunidade para que
os setores da população local, habitante de Cruangi e Mocós se rebelassem,
mas não contra o partido governista, a suspensão das eleições senatoriais
ou a liberdade de imprensa, bandeiras caras aos praieiros, mas vinculadas
ao ideário das elites. Guimarães sofreu um primeiro ataque ao seu poder
e sua fazenda foi saqueada pelos praieiros em 1848. Em Timbaúba, os re-
beldes locais interpretariam o discurso praieiro a partir de sua realidade,
qual seja, o rompimento do mando exercido pelo português que até a feira
já havia transferido de lugar, localizando-a em frente à casa-grande de sua
fazenda. Antônio José Guimarães escapou dos conflitos da Praieira em 1848,
mas terminou morto por um levante de moradores em 1852. O conflito foi
registrado na imprensa da época, anotado por Pereira da Costa e Galvão de
Vasconcelos, mas apenas passou a ser divulgado na memorialística muni-
cipal no início dos anos 1930. O episódio é importante para debater a ex-
pansão do povoamento na região da fronteira Pernambuco/Paraíba, pelo
registro dos conflitos entre grandes e pequenos proprietários de algodão na
região, e os usos que deles se farão posteriormente. Utilizamos como fon-
tes os “Autos do Inquérito da Revolução Praieira”, a “Crônica da Revolução
Praieira”, a “Apreciação da Revolução Praieira”, a versão de Pereira da Costa
em seus Anais Pernambucanos sobre o conflito e os jornais A União e O
Liberal Pernambuco.
Este trabalho tem como objetivo propor um estudo sobre política e imprensa
no Cariri cearense, região localizada no Sul do Ceará, a partir das narrati-
vas publicadas nos editoriais do jornal O Araripe, periódico que circulou na
região de 1855 a 1864, editado pelos membros do Partido Liberal do Crato e
pelas elites locais. O semanário foi o primeiro a circular na região e consti-
tuía um meio de difusão das ideias liberais no Cariri, divulgando através de
suas matérias as ideologias e também os projetos que os membros do partido
e as elites locais almejavam concretizar na região, com ênfase na cidade do
Crato, considerada na época a mais desenvolvida e, por conseguinte, a prin-
cipal cidade da região. A análise dos discursos liberais, que circularam no
Cariri e nas vilas e regiões das províncias vizinhas através do referido jornal,
permite mapear as demandas do Partido Liberal, assim como os seus proje-
tos que, em sua maioria, visavam sempre o crescimento e desenvolvimento
regional, no qual a natureza, devido às peculiaridades que apresentava, tais
como solos férteis e regadios propícios para a atividade agrícola, foi percebi-
da como uma possibilidade para a obtenção de recursos, o que permitiria o
fortalecimento econômico da região. Nesse sentido, com base nas discussões
do campo da História Política, busca-se analisar as narrativas d’ O Araripe,
identificando os elementos e as ideologias políticas característicos desses
grupos, procurando mapear também o contexto social em que tais indivídu-
os estavam inseridos, assim como as possíveis redes de relações estabeleci-
das por essa elite política regional, algo que permite um conhecimento mais
abrangente das ideias veiculadas à imprensa caririense.
Simpósios Temáticos 45
Entre teias familiares: a mulher como proprietárias de terras na vila
de Patos, província da Parahyba do Norte (1870-1875)
Simpósios Temáticos 47
vínculo patriarcal estabelecido entre o trabalhador e a figura do senhor de
engenho. A partir de então, o homem do Cabo de Santo Agostinho adquire
a liberdade de construção do próprio espaço de moradia e, estabelecendo-se
nos terrenos em torno do Núcleo Principal, dá início ao processo de expan-
são urbana cujas características morfológicas passarão a definir os padrões
de forma e significação do espaço urbano e arquitetônico municipais, trans-
mitidos através do tempo na qualidade de herança cultural.
Josali do Amaral
josaliamaral@gmail.com
(Doutoranda – UFPE)
Simpósios Temáticos 49
História Social do Trabalho, utilizando-me de metodologia que analisa os
termos do direito e do recurso processual, via Justiça do Trabalho.
Simpósios Temáticos 51
analiso seus principais agentes e a estrutura doutrinária, que contava com
o respaldo dos saberes higienistas muito em voga no período para corro-
borar com suas ações, podemos afirmar que as vilas no final do século XIX
e início do XX representavam a moradia ideal para o trabalhador, sendo
vista como o oposto à habitação proletária que no discurso dito oficial, era
o foco irradiador de doenças e maus hábitos. A capital pernambucana, as-
sim como tantas outras do país, não possuía uma boa infraestrutura física,
era um ambiente com saneamento básico precário e sistema de iluminação
deficiente, que acarretava em condições habitacionais tidas como insalu-
bre. Tal conjuntura representava para a elite um risco ao operariado, na
medida em que, retirá-lo do meio urbano e moralizá-lo, mais do que uma
medida social, era, sobretudo, uma tentativa de controle sob uma classe
considerada perigosa em potencial, porém imprescindível à engrenagem
do sistema capitalista.
Simpósios Temáticos 53
da gente pobre do campo – moradores de fazenda, meeiros, vaqueiros, pe-
quenos proprietários, cassacos - nas Espinharas, no Sertão paraibano, numa
perspectiva da história vista de baixo assim como o historiador E. P.
Thompson nos orienta a fazer. No entanto, o próprio Thompson reconhe-
ceu as dificuldades de se encontrar vestígios relacionados à vida dessa gente
pobre. Dificuldades essas que motivaram a presente pesquisa, que surgiu a
partir do indiciamento de testemunhos (orais e escritos) relacionados às con-
dições de trabalho e as ações de resistência que marcaram o cotidiano des-
ses personagens históricos efetivos, tão esquecidos, e/ou tratados de forma
preconceituosa na historiografia tradicional. Busca, sobretudo, entender as
tramas cotidianas que marcaram as relações de trabalho desses personagens,
tanto nas fazendas, onde geralmente trabalhavam na condição de “morado-
res”, sem nenhuma garantia legal, assegurados apenas por contratos verbais,
ditados pelo proprietário da terra, como também, nas obras públicas instala-
das e mantidas pelo governo (estadual e/ou federal), nos períodos de longas
estiagens, quando o relativo equilíbrio movido por relações assimétricas e
recíprocas, era rompido, tornando o conflito que já existia, público, isto é,
levas e mais levas de pessoas se dirigiam para as principais cidades parai-
banas, onde exigiam trabalho e comida, exigências essas que se não fossem
cumpridas, a cidade poderia ser saqueada.
Simpósios Temáticos 55
pioneiros frente ao poder masculino, detentor das diretorias dos STRs por
longos anos, e iniciam articulações pelas regiões afim de criar grupos forma-
dores de oposições a essas chapas. Por meio da figura masculina, ainda mui-
to forte dentro do mundo rural, essas mulheres se inserem nas campanhas
eleitorais e a partir delas promovem mudanças no interior desses espaços.
Resultando da minha pesquisa de mestrado (em andamento), este trabalho
ainda tem muito para ser dito, investigado e problematizado.
Simpósios Temáticos 57
Trabalho escravo contemporâneo em Alagoas na década de 1990
a partir de reflexões sobre História e educação do campo
Simpósios Temáticos 59
especialmente no que diz respeito à açudagem e à irrigação. A partir dos
1990, esse direcionamento nas políticas públicas implicou um conjunto de
intervenções macro estruturais que significaram a desapropriação de gran-
des faixas de terra com o objetivo de implantação da irrigação artificial, vi-
sando à segurança hídrica de partes específicas do Nordeste. Algumas dessas
intervenções foram denominadas de “Perímetros Irrigados” e construídas
paulatinamente em seis dos nove estados da região: Bahia (3), Ceará (14),
Paraíba (3), Pernambuco (4), Piauí (6) e Rio Grande do Norte (5), totalizaram
35 perímetros de irrigação artificial construídos em menos de 50 anos. O
Ceará foi o estado que mais recebeu obras desse tipo: nele o DNOCS cons-
truiu 14 Perímetros Irrigados, isto é, 40% do total das obras, o que implicou a
emissão de decretos de desapropriação de 116.303 hectares. Gradativamente,
a “Nova Política de Irrigação” ligada aos interesses e às intervenções do ca-
pital nacional e internacional fizeram com que as transformações no campo
fossem extremamente intensificadas, entre o último quartel do século XX e o
início do século XXI. Na região do Baixo-Jaguaribe cearense, em específico,
a fruticultura irrigada conferiu novo ritmo de trabalho e, em pouco menos
de uma década, projetou o Estado como um dos maiores exportadores do
país. Entretanto, esse crescimento foi obtido através de um conjunto amplo
e diverso de impactos causados às comunidades rurais da região que care-
cem de investigação histórica aprofundada. Diante desse contexto, o Núcleo
de Estudos sobre Memória e Conflitos Territoriais (COMTER) vem desen-
volvendo há três anos atividades de pesquisa, ensino e extensão no sentido
de identificar, preservar e promover as memórias e histórias das populações
rurais cearenses que foram impactadas, nas últimas décadas, pelas ações do
poder público e das empresas que representam os interesses do capital pri-
vado. Para tanto, tomamos a História Agrária como campo de estudo que se
interessa pela investigação, análise e compreensão das relações estabelecidas
no campo, e lançamos mão de uma metodologia de trabalho ampla e varia-
da. De forma concomitante, vimos realizando o registro audiovisual através
de entrevistas e filmagens; promovendo ampla pesquisa sobre documentação
escrita nos acervos de instituições públicas; identificando, salvaguardando e
disponibilizando documentos sobre a população campesina no Ceará, entre
outros. Em perspectiva, trata-se, portanto, de um trabalho amplo que ana-
lisa as diversas violências, expropriações, migrações, violações de direitos e
conflitos, mas que também investigue as resistências, negociações e lutas co-
tidianas, os modos de fazer, os saberes e os costumes, entre outros aspectos
Simpósios Temáticos 61
SIMPÓSIO 2:
Dinâmicas identitárias e étnicas
23/11/2016 – Quarta-feira
Simpósios Temáticos 65
legislação indigenista e a Lei de Terras de 1850, alterando o estatuto jurídico
do indígena no Império e a posse das terras outrora reconhecidas como ter-
ras indígenas. Isso trouxe mudanças na territorialidade que exigiu dos indí-
genas a reelaboração de suas estratégias de negociação contra a usurpação
das suas terras, pelos membros das câmaras municipais locais. Os documen-
tos analisados ajudam não apenas a pensar o lugar do índio no Brasil do sé-
culo XIX, mas também como os índios das vilas de Santa Maria e Assunção
efetivamente exerceram os seus direitos políticos enquanto índios das vilas.
Apontando um protagonismo indígena no momento marcado pelo processo
de usurpação das terras indígenas no Brasil Imperial.
Simpósios Temáticos 67
fundamentais na sustentação de uma identidade Tremembé. As narrativas
não se atêm a um tempo marcado pelo calendário cristão. Elas se estrutu-
ram em volta de marcos que delimitam o tempo, que elegem e estabelecem
lugares, a partir de acontecimentos advindos da memória coletiva, tanto no
que se refere ao tempo das experiências vividas, como em relação ao tempo
cíclico da natureza. Assim, a narrativa funda um conhecimento construído
e “materializado” a partir de práticas culturais e de lugares simbólicos, onde
os testemunhos procuram reforçar a legitimidade de seus direitos.
Simpósios Temáticos 69
As canções de capoeira como instrumento de construção
de identidade pelos capoeiristas
Simpósios Temáticos 71
Memória, história e escravidão: a carta da escrava Esperança Garcia
e os usos da memória da escravidão para a construção da identidade
negra no Piauí
Simpósios Temáticos 73
interior do Estado, como Aratuba , localizada na serra de Baturité. Percebe-
se que a nossa formação está arraigada num imaginário marcado por uma
colonização intelectual eurocêntrica, onde por muito tempo foi aceita a ideia
de que determinadas teorias eram avançadas e superiores, sobretudo as eu-
ropeias e outras subalternizadas, como as africanas.
Simpósios Temáticos 75
Portugueses, sírios e libaneses no Maranhão:
representações e identidades nos séculos XIX e XX
Simpósios Temáticos 77
associada ao frevo e as tensões que a axé-music fizeram emergir em Recife na
década de 1990.
A Bretanha se viu diante de uma grande crise no quinto século após a re-
tirada do exército e da administração provincial do Império Romano. Não
podemos afirmar se os Romanos teriam alguma pretensão de retornar, se
tinham não o fizeram deixando para traz apenas os rastros de sua ocupa-
ção, pelo menos nesse período a Bretanha não fazia mais parte do mapa do
Império Romano, que acabou gerando uma crise política e social, onde vilas
e estradas foram abandonadas, principalmente as possuíam foco militar e
próximas ao muro de Adriano.
Simpósios Temáticos 81
O coco de roda do mestre Benedito de Cabedelo-PB: a problemática
que envolve a preservação das tradições culturais
Este estudo é resultado de uma pesquisa de mestrado que teve como fru-
to a elaboração de um projeto de tese e para esta comunicação, tem como
principal objetivo, discutir como se deu a elaboração das políticas públicas
culturais em Pernambuco. Ao referir-se a tal assunto, buscou-se obter o en-
tendimento de qual “cultura” estava em disputa no Estado. Sendo assim, to-
ma-se como objeto desta análise as ações das instituições que são definidas
para essa pesquisa como protagonistas para a construção da política para
a cultura pernambucana, tais como; a Fundação de Cultura do Estado de
Pernambuco (Fundarpe), Conselho de Cultura do Estado e Fundação de
Cultura do Recife, buscando a partir da atuação destes órgãos, compreender
como foram construídas as relações entre cultura e políticas públicas. Para
investigar como esses espaços atuaram, realizamos uma pesquisa documen-
tal em edições de jornais de circulação em Pernambuco e Diários oficiais do
Estado e da Prefeitura do Recife relativos ao período de 1975 a 1988.
Simpósios Temáticos 83
processo de criação do Museu do Mamulengo – Espaço Tiridá, localizado na
Cidade de Olinda, evidenciando a história da instituição, assim como a par-
ticipação de seus criadores e parceiros. A pesquisa histórica nos aponta que,
na segunda metade da década de 1970, o grupo Mamulengo Só-Riso denun-
ciava nos principais jornais do Estado de Pernambuco a falta de interesse por
parte dos órgãos públicos em apoiar os artistas mamulengueiros. Esta falta de
apoio, na visão do grupo, provocava a diminuição de artistas e, consequen-
temente levaria ao desaparecimento desta manifestação cultural. Também
identificamos que o grupo teatral Mamulengo Só-Riso passou a adquirir,
com recurso próprio, pequenas coleções com a intenção de preservar, do-
cumentar e difundir a arte do mamulengo brasileiro como manifestação da
cultura regional. Nossa pesquisa percebe que o desdobramento dessas ações
foi a criação do Museu do Mamulengo Espaço – Tiridá, no ano de 1994, por
meio de parceria entre o grupo Mamulengo Só-Riso, a Fundação Joaquim
Nabuco, o IPHAN e a Prefeitura da Cidade de Olinda, com o intuito de pre-
servar e expor o acervo de bonecos adquiridos. O Museu do Mamulengo se
constitui como estratégia de preservação desta manifestação do patrimônio
cultural, como resposta a ameaça de perda desta prática cultural.
Esta pesquisa tem por objetivo refletir sobre os casos do Museu das Missões
e do Museu de Arqueologia de Itaipu, museus regionais vinculados ao
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a partir da
perspectiva do tombamento das ruínas em que se situam, seguido de sua
conversão em museus. A análise parte do caráter evocativo das ruínas em
relação a um tempo pretérito e ao que o presente conservou dele para, então,
discutir as políticas institucionais em termos de restauração, da criação de
museus, do patrimônio arqueológico e da aquisição de acervo, tendo como
objeto de estudo os dois únicos museus-ruínas no conjunto de 29 museus do
órgão naquilo que têm em comum e nas diferenças, mas, acima de tudo, na
excepcionalidade de seus formatos frente aos demais museus do Iphan.
Simpósios Temáticos 85
curso de aperfeiçoamento em antropologia cultural do Museu do Índio/SPI,
coordenado por Darcy Ribeiro. Após nove meses de estudos, fez o primeiro
trabalho de campo entre os Karajá, permanecendo cinco meses na aldeia de
Santa Isabel do Morro, na ilha do Bananal, rio Araguaia, atual Tocantins.
Pelo Museu Nacional, retornou por mais cinco meses à região, entre 1959 e
1960. Após experiências de campo em outras áreas indígenas, conciliadas
a atividades de docência, orientação de pesquisas e curadoria das coleções
etnográficas do Museu Nacional, fez novas incursões ao Araguaia no fim
da década de 1970. Nestas experiências foram formadas coleções de objetos,
imagens e narrativas. Uma de suas teses é A Arte e o artista na sociedade
Karajá. Utilizando ferramentas metodológicas dos campos da arte e da an-
tropologia, procurava entender como transformações na “arte índia” acom-
panhariam mudanças pelas quais as sociedades indígenas passavam me-
diante o contato com a “sociedade nacional”. A tese foi uma das referências
antropológicas embasadoras do processo de registro no IPHAN. Em 2012,
o Museu Nacional realizou a exposição Karajá: Plumária e Etnografia, em
referência à cultura material deste povo coletada na instituição e às pesquisas
realizadas por Heloísa Fénelon. Uma experiência no dia da inauguração, em
que indígenas convidados ao evento questionaram a exibição de máscaras de
uso ritual, pode ser reveladora da complexidade de valores e sentidos atri-
buídos ao que, nos museus, está sob a denominação de coleção etnográfica.
Simpósios Temáticos 87
vida. Sua ideia remete para as condições necessárias materiais para que os
organismos crescerem e reproduzirem na biosfera. Partindo desses dois con-
ceitos – patrimônio cultural e meio ambiente – pretendemos estruturar a
argumentação teórica que permita entender o processo de valorização de
determinados lugares como patrimônio ambiental. Procuramos perceber a
cadeia argumentativa de diferentes autores do campo das humanidades e
das ciências da natureza que discutam como os grupos sociais se mobilizam
para reconhecer o meio ambiente como patrimônio ambiental.
Simpósios Temáticos 89
à tona no momento enunciativo da entrevista? Como falam sobre a experi-
ência profissional? Como constroem suas reminiscências? Tais indagações
levam a uma discussão sobre a identidade docente na perspectiva apontada
por Thomson (1997) de que a identidade molda as reminiscências e o pro-
cesso de recordar torna-se uma das principais formas de assumir uma iden-
tidade na história que é narrada. As narrativas de memórias são concebidas
como documentos da História da Educação. Em outras palavras, uma his-
tória da educação a partir de memórias, levando-se em conta o contexto de
migração e (re)ocupação em que o município de Tangará da Serra insere-se.
Mas por que estudar a história da educação de Tangará da Serra, a partir das
memórias de professoras? O objetivo é compreender como essas mulheres
tornaram-se ou ressignificaram-se como professoras.
Rozélia Bezerra
rozelia_ufrpe@yahoo.com.br
(Doutora em Educação – Professora da UFRPE)
Simpósios Temáticos 91
verificar que a literatura pode ser uma resistência contra o apagamento da
memória intangível.
Rodrigo Cantarelli
rodrigocantarelli@gmail.com
(Doutorando – UFPE)
Maristela Carneiro
maristelacarneiro86@gmail.com
(Doutora em História – SEED/PR)
Simpósios Temáticos 93
Olinda para quem? – os interesses sócio-políticos envolvidos
no processo de tombamento do sítio histórico da cidade de Olinda
(1968-1982)
Simpósios Temáticos 95
mais intensamente na cidade de Sobral, a qual chegou a contar, entre os anos
de 1918 e 1924, com quatro jornais semanais em circulação simultânea, im-
pressos em tipografias próprias, empregando vários operários gráficos e fun-
cionando como pontos de aglutinação dos grupos intelectuais locais (o clero,
os jornalistas e os bacharéis conservadores). Desponta, em meio a este cená-
rio, uma nova categoria de sujeito: o jornalista profissional, representado em
Sobral por Vicente Loyola (jornal O Rebate) e Deolindo Barreto Lima (jornal
A Lucta). Defendiam a democracia e o republicanismo numa região marcada
pela política oligárquica, onde pequenos grupos disputavam a hegemonia
política numa disputa pelo poder onde o jornalismo funciona como uma
fagulha num barril de pólvora. Na batalha pelo poder político, econômico
e ideológico, os jornalistas sofreram duras perseguições, culminando com
a morte de Vicente Loyola em 1919, vítima de doença crônica agravada pela
dura lida jornalística e conflitos com as autoridades judiciárias locais, e o
assassinato de Deolindo Barreto Lima, abatido a tiros num dia de eleição
no interior do Paço Municipal de Sobral em 1924. Numa cidade qualifica-
da como “intelectual”, pagava-se a escrita de um jornalista com a morte.
Iniciaram-se as batalhas pela memória e o resultado foi a construção de um
imaginário onde Vicente Loyola passou a figurar como o enfermo, fraco e
pobre, e Deolindo Barreto como o herói, mártir da imprensa.
Simpósios Temáticos 97
SIMPÓSIO 04:
Acontecimentalização, comemoração e monumentalização:
Invenção e (des)sacralização de mitologias políticas a partir
das injunções das memórias
Este texto tem por objetivo discutir como os acontecimentos, eventos e co-
memorações que orbitaram os 50 anos da ANPUH e os 30 anos da Revista
Brasileira de História participam da construção da memória disciplinar da
historiografia brasileira, se colocando como lugares de disputas políticas e
institucionais que convocam determinadas práticas e discursos que insti-
tuem uma dada narrativa para a construção do campo disciplinar da “mo-
derna historiografia brasileira” ao longo das últimas décadas do século XX e
início do XXI. Neste sentido, procuramos pensar as relações institucionais,
políticas e intelectuais que possibilitaram a construção de uma dada memó-
ria disciplinar para o campo da História no Brasil e como esta memória vai
der disputada, reposta, contraposta, monumentalizada, confrontada e (des)
construida quando do momento comemorativo do cinquentenário da prin-
cipal associação de historiadores do país, a ANPUH, e do aniversário de 30
anos de sua revista, a RBH.
Este estudo se remete ao ano de 1942 tendo como fim a análise do discurso
médico-psiquiátrico, dos relatos dos pacientes e de seus familiares no pro-
cesso de construção social da “doença mental”. O objetivo é resgatar da-
dos importantes sobre a história de alguns homens, em situações junto às
suas famílias, no período em que passaram pelo Pavilhão de Observação e,
posteriormente, internados no Hospital de Alienados. Como fonte, utiliza-
remos os livros dos prontuários masculinos correspondentes a este ano. Os
Prontuários analisados, em sua totalidade ou separadamente, ajudam-nos
a conhecer as motivações dos internamentos, a visão dos pacientes acerca
do seu próprio distúrbio mental, a lógica de funcionamento do hospício, os
perfis de pacientes de determinados período, a relação entre os sintomas e
normas sociais, as terapêuticas, os diagnósticos, as resistências, entre ou-
tros aspectos. Nesse sentido, buscamos uma nova abordagem historiográ-
fica que contraria alguns trabalhos acadêmicos de inspiração foucaultiana
considerando seus excessos, a exemplo da supervalorização dos poderes ins-
titucionais sobre a loucura, enfatizando os indivíduos e sua subjetividade,
sem, contudo, desprezar as contribuições de Michel Foucault que pretende-
mos apresentar de forma diferenciada.
Carolina P. M. Cahu
cpmcahu@hotmail.com
(Doutora em História – APEJE/MPPE)
Helmara Giccelli
helmaragiccelli@hotmail.com
(Doutoranda – UFPE)
Nos primeiros anos do século XX, quando Teresina caminhava para uma
reorganização do seu cenário urbano e algumas falas apontavam a neces-
sidade de criação de instituições assistencialistas para ajudar os pobres da
cidade, visualizamos entre esses discursos a necessidade da criação de asilo
apenas para os doentes mentais, principalmente para os que se encontra-
vam entre os presos da cadeia da cidade. A fala mais forte partiu da lideran-
ça do médico Areolino Antônio de Abreu que, reunido com outros amigos
de profissão e com a ajuda do governo, inaugurariam a primeira instituição
voltada para atender os doentes mentais em Teresina. Essa instituição foi
denominada, inicialmente, de Asylo de Alienados de Teresina. Foi nessa
instituição que os loucos de Teresina encontraram de fato uma preocupação
mais específica com sua doença. Nesse sentido, compreendemos que pensar
a história dessa instituição possibilita vermos que passos foram se consti-
tuindo no Piauí que se voltaram para assistência aos doentes mentais no
Serioja R. C. Mariano
seriojam2@hotmail.com
(Doutora em História – UFPE/Professora da UFPB)
Nayana R. C. Mariano
(Doutora em Educação – UFPB/Professora da UFPB)
Este trabalho pretende discutir como o uso das águas das fontes termais de
Brejo das Freiras, situado no município de São João do Rio do Peixe, extremo
Oeste da Paraíba, foram tomadas como prática de cura de diversas patolo-
gias por parte dos habitantes dessa região. De sua descoberta por populares
que passaram a usá-la como “líquido milagroso”, passando pelo exame de
balneabilidade o que garantiu a sua “virtude terapêutica” nos anos de 1920,
a sua apropriação pelo Estado enquanto instituição responsável pela admi-
nistração desse denominado bem público. O foco da pesquisa se concentra
na fabricação de um imaginário social sobre as Águas Termais como “fonte
de revigoração”, de “tratamento”, de “cura”. Foi por meio desse imaginário
social que as Fontes Termais de Brejo das Freiras recebeu visitas de habi-
tantes de diferentes estados brasileiros na busca da “cura milagrosa”, e para
onde ainda hoje converge muitas pessoas de diferentes lugares do país. Para
a realização dessa pesquisa foram utilizadas diferentes fontes históricas tais
como jornais, fotografias e fontes orais, o que nos permitiu trazer para o
nosso trabalho a experiência de alguns que vivenciaram essas denominadas
práticas de cura.
Andrea Bandeira
andreasfbandeira@uol.com.br
(Doutora em História – Professora da UPE)
Este trabalho tem por objetivo analisar o assassinato do Padre José Arteiro
Soares, ocorrido dentro da sacristia da Igreja Matriz de nossa Senhora
da Conceição na cidade de Acaraú-CE, no ano de 1931, quando estava se
Esta pesquisa histórica tem como objetivo analisar de que forma os sujei-
tos sociais do bairro Djard Vieira recompõem no presente suas trajetórias
vivenciadas no cotidiano pela luta do espaço urbano, assim como, pelo di-
reito à cidade. Inserida no campo da história social na qual prioriza a ex-
periência humana, os processos de diferenciação dos comportamentos e
também as identidades coletivas sociais (CASTRO, 1997). Busca dar visi-
bilidade às moradoras/mulheres em reivindicações sociais e políticas pela
Esta proposta de artigo visa analisar sob o olhar da história social e da cul-
tura política a articulação política e administrativa na Província da Paraíba
durante o Período Regencial (1831-1840), ciente que durante este período o
governo Imperial estava nas mãos de uma parcela da elite política Imperial,
deputados gerais e senadores, tanto conservadores como liberais, discutiam
inúmeras alternativas para a governabilidade do Império. Deste modo, ana-
lisarmos sob o ponto de vista provincial este momento político tão comple-
xo para a história do Brasil. Durante este período várias propostas político-
-administrativas estavam postas em discussão, nesse contexto de embates
políticos e ideológicos, foram pensadas e implantadas duas instituições
cujo funcionamento nós iremos analisar neste artigo, o Conselho Geral de
Província (1824-1834) e a Assembleia Provincial (1834), ambas analisadas
sob o ponto de vista da Província da Paraíba. Nesse artigo discutiremos
a criação dessas instituições e as implicações administrativas decorrentes
da sua implantação. Para realização deste artigo foram analisados os do-
cumentos pertencentes ao corpus documental do Arquivo Histórico do
Estado da Paraíba, o conjunto de Leis do Império pertencente ao acervo do
Pretendemos lançar aqui algumas notas sobre a vida do coronel José de Barros
Falcão de Lacerda Cavalcanti, a partir da análise de um livreto autobiográfi-
co elaborado e publicado na primeira metade do século XIX: “Exposição dos
serviços prestados...”. Este será tomado como base para entrevermos ques-
tões referentes à identidade, cultura política e biografia do respectivo perso-
nagem. Cotejando-o com outras fontes primárias e bibliográficas, falaremos
sobre a participação do dito coronel em ações ora para defender a ordem
Esse trabalho tem como objetivo principal discutir a presença das mulheres
escravizadas na cidade do Recife oitocentista que em determinado momento
utilizaram a fuga como forma de resistência ao cativeiro. Utilizando como
fonte os anúncios de “Escravos Fugidos” do Diário de Pernambuco, enquanto
escrita do senhor e estratégia de apreensão das cativas, procuramos analisar
nas entrelinhas as táticas de resistência por elas utilizadas para preservarem
tal cara “liberdade”. Como principal aporte teórico usamos os conceitos de
tática e estratégia de Michael de Certeau, procurando compreender as razões
pelas quais essas mulheres permaneciam no perímetro urbano, por vezes
executando os mesmo serviços prestados aos seus senhores ou acoitadas em
O presente trabalho tem como objetivo investigar uma das principais cate-
gorias de trabalhadores inseridos no sertão nordestino do século XIX, que
se apresentam como agregados ou moradores. Estes sujeitos foram impor-
tantes personagens da sociedade e da economia rural piauiense. Podiam-se
encontrar nesta categoria homens livres, libertos e inclusive escravizados,
afamados como de difícil ordenamento e controle. A partir de uma revisão
bibliográfica e pesquisa documental tentaremos investigar outra face históri-
ca destes sujeitos tendo como foco a participação dos agregados na economia
piauiense na segunda metade do século XIX, destacando a diversificação
econômica que a província vinha experimentando nesta época com maior
inclinação para a produção agrícola.
23/11/2016 (quarta-feira)
23/11/2016 (quarta-feira)
Eurípedes Funes
eufunes@terra.com.br
(Doutor em História – USP/Professor da UFC)
24/11/2016 (quinta-feira)
Pode-se dizer que a forma como o meio natural em geral foi muitas vezes
visto – e em grande medida ainda o é – ao longo da história do Ocidente
segue uma sequência bastante linear e ainda baseada no pensamento grego,
especialmente aquele de Aristóteles. O homem, nesse contexto, apareceu
praticamente em todas as épocas e entre todos os povos – no Ocidente -
como superior a todo o entorno. O mais interessante é que foi um pen-
samento que se arraigou de tal forma que, hoje, quase não se percebe que
ele foi construído. A sequência dos pensadores que moldaram as visões
de mundo no Ocidente, notadamente no que diz respeito à natureza, de
Aristóteles a Darwin, passando por Agostinho, Descartes, Montesquieu,
Rousseau, e alguns outros, embora pareça evidente, foi uma escolha. Esses
autores serviram, ao longo do tempo, aos interesses dominantes e, por isso,
muito raramente foram questionados. Aliás, também não é esta a intenção
aqui. Não resta a menor dúvida de que todos os clássicos que serão men-
cionados têm, de fato, contribuições inegáveis a dar ao desenvolvimento de
uma forma racional de pensar o mundo. Contudo, também não se pode
deixar de ter em mente que existiram e continuam existindo outras formas
de compreender e de lidar com o entorno, não necessariamente melhores
ou piores, mas diferentes. Ora, o fato de determinados pensadores em vez
de outros terem prevalecido no Ocidente diz muito sobre a maneira preda-
tória por meio da qual se deu o contato com o meio natural nesta parte do
globo e ajuda a explicar a existência, ainda hoje, de visões absolutamente
contraditórias da natureza, percebida, ao mesmo tempo, como bela e indis-
pensável à vida, de um lado, e perigosa e hostil, de outro. O Brasil é herdeiro
dessa visão, consolidada na Europa Ocidental e, tanto enquanto colônia de
Portugal, quanto como país independente, de maneira similar a vários ou-
tros da América Latina, sempre se inspirou nos ditos “países civilizados”
para a construção da sua legislação e a criação de suas instituições. Isso, de
fato, não foi diferente em relação às políticas florestais que se tentou implan-
tar ao longo dos anos. Nesse sentido, o que se pretende, aqui, é traçar um
breve histórico das ideias sobre natureza, especialmente sobre florestas, que
foram mais influentes nesses países ocidentais de referência desde o que se
considera aqui como o ponto de partida – ou seja, o pensamento aristotélico
– até a virada do século XIX para o século XX.
A relação entre a Coroa portuguesa e seus súditos muitas vezes era marcada
pelo que se convencionou denominar de Economia das Mercês. Neste sis-
tema, serviços e recompensas faziam parte de um complexo jogo de trocas
que envolvia vassalos e monarca, sendo que os primeiros prestavam ser-
viços sempre na esperança de uma remuneração futura. Este era o motor
que estimulava as ações de conquista nos mais diferentes locais do Império
Ultramarino Português. Após o conflito denominado Guerra dos Mascates
(1710-1711), que teve seu estopim na decisão régia de erguimento do pelou-
rinho do Recife com a respectiva criação dessa municipalidade, mas que
já vinha sendo anunciado pelo clima de instabilidade entre aristocratas e
os mascates reinóis, alguns partidários do Recife e defensores da decisão
régia requereram o hábito da Ordem de Cristo como remuneração por
serviços realizados na contenda entre os partidos de Olinda e Recife. Este
trabalho visa, a partir dos Requerimentos presentes no Arquivo Histórico
Ultramarino, realizar uma análise do discurso tentando entender quais as
estratégias discursivas utilizadas pelos defensores da causa recifense, na
tentativa de convencer o Conselho Ultramarino e o monarca D. João V de
que mereciam ser agraciados com o hábito de Cristo e suas tenças.
A sociedade brasileira tem sua história marcada desde o século XVI à presen-
ça da Igreja Católica que, juntamente com o Estado Português, buscou mol-
dar os costumes e o cotidiano colonial. Essa presença nos legou fontes para o
estudo de várias localidades de outrora, uma delas é o Rol de Confessos, um
livro que nos fornece informações sobre freguesias e vilas do passado colo-
nial. Confessar era um preceito divino e deveria ser seguido frequentemente
por todos os que fossem cristãos. Conforme as Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia, a confissão deveria ser feita por “todos os fiéis cristãos
de um, e outro sexo, que fossem capazes de pecar” (Constituições, 2007). O
espaço que iremos observar é a Freguesia de Santa Luzia do Norte, locali-
zada na Comarca de Alagoas e que, segundo Diégues Júnior (2012), surgiu
no século XVII, sendo a quarta freguesia criada na região. Nosso objetivo,
com o uso de uma fonte inédita para Pernambuco é entender, entre outras
coisas, as formações familiares, números de domicílios e posse de escravos.
Ao longo da segunda metade dos setecentos, Santa Luzia do Norte possuía
uma população crescente conforme os levantamentos populacionais, entre
homens e mulheres de várias idades, o contingente populacional em 1775 era
de 4.664, número que no ano de 1788 passou a ser de 5.605. Essa gente vivia
numa região “de muitos engenhos e de boa produção de açúcar”, funcionan-
do como entreposto para o comercio de mercadorias que abasteciam a antiga
sede da Comarca. A partir de tais informações, e com o uso da história social
nos é possível entender a distribuição espacial dos domicílios, identificando
o nome das ruas que eram mais e menos habitadas no final do século XVIII,
possibilitando entender o funcionamento social de uma freguesia colonial
da Capitania de Pernambuco.
Daniel de Sá Aguiar
danieldesa13@gmail.com
(Mestrando – UFPI)
Essa pesquisa teve como principal objetivo analisar como se deu a trajetória
política da liderança indígena Tupi (Potiguara), Sebastião Pinheiro Camarão,
quando ocupou o cargo de Governador Geral dos Índios (1694-1721), as-
sim como sua participação na chamada Guerra dos Mascates (1710-1711),
que liderou um terço de soldados indígenas, em aliança com os mascates
de Recife, contra os senhores de engenho de Olinda. Ao longo desse estudo,
constatei que Dom Sebastião, além de obter recompensas e ascensão social,
imprimiu significados indígenas para um conflito não indígena ocorrido na
Capitania Real de Pernambuco. Para efetivação desta pesquisa, recorri ao
diálogo com as obras do historiador pernambucano Evaldo Cabral de Mello,
mas também com manuscritos coloniais localizados no Arquivo Histórico
Ultramarino de Lisboa.
Dom António Rolim de Moura fora nomeado em 1748 para ocupar o car-
go de governador da Capitania recém-criada de Mato Grosso, nos con-
fins da América Portuguesa. Terras que segundo os tratados pertenciam a
Monarquia Espanhola, fora ocupada no primeiro quartel do século XVIII
depois das descobertas de veios auríferos na região, quando da nomeação
do governador Dom António, as negociações para o Tratado de Madrid
estavam em curso e a criação da Capitania, demonstra o anseio da Coroa
Portuguesa em consolidar a ocupação e a posse daquela fronteira. Nascido
em casa nobre, o governador era o sexto filho de D. Nuno de Mendonça, o 4º
Conde de Val de Reis e neto do Marquês de Angeja, mas seria o herdeiro de
sua casa de origem, sucedera seu parente distante na Casa de Azambuja, de
quem recebera o senhorio, o título de Dom e comendas de ordens militares.
Rolim de Moura servira nos regimentos militares, fora vedor da Rainha, e
como sua família era experimentado nos serviços para a Coroa, recebera
a mercê de governar no sertão da América Portuguesa, em um espaço de
disputa entre as Coroas Ibéricas, a Capitania de Mato Grosso. Durante o
período que esteve a frente da capitania, fundara uma vila-capital, negociara
novas rotas comerciais, principalmente a que ligava o Mato Grosso ao Grão-
Pará e esteve em contato com outros governadores. Quando de sua chegada
na Capitania, encontrara uma “nobreza da terra” estabelecida e aliada aos
oficias vindos do Reino, ora em confronto, ora aliado dos principais da terra,
o governador negociou e se imiscuiu em questões que não eram de sua alça-
da. Almejamos neste trabalho compreender a atuação política de Rolim de
Moura nos tempos que estivera no governo da Capitania de Mato Grosso, ao
mesmo tempo percebendo as disputas com os poderosos locais em que se en-
volvera. É através dos documentos que enviara ao Reino que revela as nuan-
ces da vida de governador no sertão, a preocupação em assegurar a fronteira,
o abastecimento das vilas, mas também assegurar seu próprio futuro, solici-
tando patentes militares, aumento de seu soldo e privilégios aos seus aliados.
Acreditamos que Dom António Rolim de Moura fora um “homem ultrama-
rino”, segundo a clivagem de Luiz Felipe de Alencastro (2000: p. 103), fizera
O objetivo deste texto é uma análise da ocupação das antigas terras ocupadas
pelos mocambos de Palmares no agreste pernambucano. Pretende-se ir além
Virgínia Almôedo
virginiaalmoedo@gmail.com
(Doutora em História – UFPE/Professora da UFPE)
O mundo das arrematações era uma área bastante frutífera para as pre-
tensões de enriquecimento e distinção para os homens de negócios deste
ou do outro lado do Atlântico. Os contratos de rendimentos funcionavam
como um importante meio de acumulação e influência, constituindo um
poderoso instrumento de discriminação no interior do corpo de comércio.
Comumente arrendadas aos negociantes de “grosso trato”, a delegação da
competência fiscal oferecia grandes vantagens à Coroa, pois a desonerava
dos custos de arrecadação em vastos territórios, além de conferir a anteci-
pação do montante previsto no contrato. Deste modo, a monarquia deixava
sob a responsabilidade de terceiros, a eficácia das cobranças das rendas e a
fiscalização do rendimento. Mas, se por um lado, a segurança do recebimen-
to certo dos rendimentos entusiasmou a monarquia portuguesa a aderir os
Marcus Cruz
marcuscruz@uol.com.br
(Doutor em História – Professor da UFMT)
Kleber Clementino
kleberclementino1@gmail.com
(Doutor em História – UFPE)
23/11/2016 – Quarta-feira
Cristina Portella
portella53@gmail.com
(Doutoranda – UFRJ)
O presente trabalho tem por objetivo identificar o que se entende por po-
ligamia e como esta fortificou os casamentos firmados entre os povos de
origem bantu, tanto em Moçambique quanto em Angola no século XIX,
representando também as estratégias de fortalecimento dos grupos sociais
e de manutenção das práticas culturais durante o período de dominação
colonial. Consideramos a poligamia como uma representação de poder
desses povos identificado tanto no papel dos homens detentores das rique-
zas e apropriações no poder político, quanto no papel das mulheres que
eram os meios de manutenção das riquezas dentro desses casamentos.
Como fonte utilizaremos algumas cartas e ensaios sobre a história do con-
tinente africano disponíveis no Documentário Trimestral de Moçambique
e no Boletim Cultural do Huambo; bem como as obras de Henri Junod em
Usos e Costumes dos Bantos, John Iliffe em Os Africanos História dun
Continente e Elikia M’Bokolo em Africa Negra História e Civilizações.
Optamos assim por uma abordagem histórica que promova o diálogo entre
as fontes e as obras citadas numa tentativa de compreender o processo de
obtenção de poder e organização das famílias bantu diante da utilização do
conceito de poligamia.
Solange P. Rocha
(Doutora em História – UFPE/Professora da UFPB)
25/11/2016 – Sexta-feira
Uma dança sobre o abismo é assim que Gilberto Amado define sua forma-
ção e atuação intelectual. Em livro com título de mesmo nome, publicado
em 1932, o autor diz reunir alguns dos escritos típicos da sua formação e os
passos mais característicos da sua atividade intelectual no Brasil. Segundo
Amado, os textos foram feitos ao impulso e publicados sem nenhuma alte-
ração. “Da rhetorica de alguns deles, de certas afirmações e pontos de vista
que me poderiam parecer hoje excessivos, sorrio sem desaprovação com a
ternura do homem maduro pelos desatinos da mocidade.” O objetivo desta
discussão é explorar como e de que forma as leituras e discussões realizadas
pelo jovem Gilberto Amado, estudante da Faculdade de Direito do Recife no
início do século XX, fizeram parte da sua produção intelectual nos anos que
se seguiram à sua passagem pela capital pernambucana. Amado participa
enquanto aluno daquela Faculdade, de todo o debate em torno das chamadas
“ideias novas” propugnadas pela Escola do Recife, movimento intelectual,
inaugurado a partir de 1870, nas dependências da Faculdade de Direito do
Recife cuja principal finalidade era cientificizar o Direito a partir do que
um dos seus principais expoentes, Sílvio Romero, chamou de “um bando
de ideias novas”: positivismo, evolucionismo, darwinismo, crítica religiosa,
naturalismo, cientificismo. A ideia era que não só o direito passasse pelo
processo de cientificização, como também a arte, a história, a literatura e a
política.. Gilberto de Lima Azevedo Souza Ferreira Amado de Faria nasceu
em Estância (Sergipe), em 7 de maio de 1887 e morreu no Rio de Janeiro
em 1969. É o primeiro de quatorze filhos de Ana de Lima Azevedo de Sousa
Ferreira e Melchisedech de Sousa Amado. Cedo, o jovem Amado se trans-
fere para Salvador para estudar Farmácia. E, em 1905, vai para Recife, onde
começa a estudar na Faculdade de Direito do Recife. Em 1907, Amado co-
meça a escrever seus Golpes de Vista, coluna incialmente diária no Diário de
Pernambuco, na qual o autor escrevia sobre tudo: política local, nacional e
internacional, costumes, acontecimentos cotidianos, etc. Mas, sem dúvidas,
o assunto que salta aos olhos, na pesquisa naquele jornal, são suas leituras.
Seu gosto pela literatura, filosofia e sociologia, saberes que fizeram parte da
Felippe Neri Collaço (1815 - 1894) atuou como professor, escritor, tradutor,
engenheiro, agrimensor, advogado e publicista. No campo da imprensa,
compôs a chefia da redação do Diario de Pernambuco entre as décadas de
1840 e 1850, quando este órgão amplificava a voz dos guabirus. Também
lançou 10 jornais e uma revista ilustrada, sendo por isto considerado “um
dos dignos representantes de Gutemberg em Pernambuco”. Era bisneto
de José Vaz Salgado, mas não alcançou seu lastro financeiro, tampouco
o “puro sangue” ancestral: Felippe era um homem de cor. Apesar desta
“luzida” origem, de integrar a malha clientelar do partido Conservador,
de transitar entre a elite política e intelectual do Recife, nosso personagem
sofreu diversas hostilidades por não fazer parte, para usar sua expressão,
da “classe dos pretensos descendentes do Cáucaso”. Pareceu compreender
que não era visto como parelha entre os membros da alta-roda pernam-
bucana apenas aos 60 anos, depois de reunir diversos ultrajes em função
de sua cor, que era usada como expediente de deslegitimação sempre que
seus rivais intencionavam abatê-lo. Assim, lançou o impresso O Homem -
realidade constitucional ou dissolução social (1876), criado principalmente
para instruir, moralizar e unir as gentes de cor pernambucanas, as quais,
segundo o jornal, estavam sendo despojadas dos direitos garantidos pela
Lei fundamental do país. Garantimos que trata-se de um órgão com traços
biográficos, mesmo que nenhuma coluna de conteúdo original esteja subs-
crita, e que nomes sejam omitidos, pois, esquadrinhamos aspectos da tra-
jetória de Collaço, que caiu nas valas comuns da História. Neste trabalho,
focamos em suas queixas e testemunhos inscritos n’O Homem, pondera-
mos sobre questões relacionais da cor num Recife atravessado pelo racismo
e pela escravidão.
Este trabalho abordará José Antônio Gonsalves de Mello (1916 – 2002) que
atuou como historiador pesquisando, sobretudo, acontecimentos relaciona-
dos a temática do Brasil Holandês. Nosso objetivo é refletir sobre o cam-
po historiográfico pernambucano na década de 1940 por meio da produ-
ção de José Antônio, principalmente o livro Tempo dos Flamengos (1947).
Identificamos que Tempo dos Flamengos está associado ao IAHGP, que fun-
cionava como uma instituição que regulava as produções historiográficas em
Pernambuco. Nesse sentido, é interessante priorizar os conceitos de campo
e habitus proposto por Bourdieu para refletir sobre as condições sociais que
condicionam a produção de uma obra.
O trabalho trata da questão educacional nos anos 1940, no Ceará. Tal pes-
quisa é empreendida a partir da análise de uma coluna, intitulada Ensino
e Educação, cuja autoria é do Prof. Coelho Sampaio. Tem-se por objetivo
analisar aspectos mais recorrentes da coluna, em específico, e refletir acerca
da função do jornal na Fortaleza dos anos 1940, em geral. Em função disso,
o conjunto principal de fontes a serem analisadas é uma seleção de números
da referida coluna. Acerca de reflexões sobre a circularidade desses periódi-
cos, utiliza-se a tipologia de fonte dos memorialistas, principalmente o livro
Royal Briar: A Fortaleza nos Anos 1940, de Marciano Lopes. Outros colabo-
radores da Gazeta de Notícias também foram utilizados, bem como outras
seções do jornal. Outras seções desse jornal foram observadas, ainda que,
Este trabalho tem por objetivo analisar tensões políticas ligadas à elite ecle-
siástica sobralense, a partir dos embates revelados no jornal sobralense
Correio da Semana, entre os anos de 1946 e 1947. Identificamos um grupo
de intelectuais como “soldados” da Igreja nas disputas simbólicas da cidade
de Sobral. Estão inseridos, segundo nossas reflexões, em uma perspectiva
de militarização, nos moldes de Bourdieu, do clero. Um dos atores histó-
ricos de destaque, o Padre Sabino, era diretor do hebdomadário que per-
tencia à Igreja e produzia, em momentos de tensões políticas contra grupos
rivais da cidade, discursos belicosos de defesa da Igreja e de ataque às estas
perspectivas divergentes. Nosso palco para a problematização é a cidade
revelada pelos jornais. Não apenas o aspecto físico da urbe, mas as relações
simbólicas que transformam estas delimitações geográficas em espaços, ao
serem lugares praticados, como pensa Certeau. Entendemos que um dos
principais vetores da constituição de espaços é a produção de discursos que,
22/11/2016 - Terça-feira
Pablo F. de A. Porfirio
pabloporfirio@hotmail.com
(Doutor em História – Professor do CAP/UFPE)
Este trabalho procura analisar algumas das imagens produzidas por jorna-
listas e fotógrafos dos Estados Unidos sobre os movimentos de trabalhadores
Tásso Brito
tasso.brito@gmail.com
(Mestre em História – Professor da UFRPE)
Humberto Miranda
humbertoufrpe@gmail.com
(Doutor em História – UFPE/Professor da UFRPE)
24/11/2016 – Quinta-feira
Cleidiane Morais
cleidimorais2010@hotmail.com
(Mestranda – UFC)
Este trabalho faz uma reflexão sobre a relação existente entre os Resultados
de aprendizagem esperados no Ensino de História no EJA e o direito a me-
mória coletiva constitutiva da identidade da cidade de Riacho das Almas,
tendo como Estudo de Caso a Escola Mário da Mota Limeira, situada na
área urbana deste município. Portanto, o trabalho em tela, visa compreender
como sucede a relação da construção pedagógica com os artefatos e perso-
nagens riachenses, ao ponto de auferir-lhes reconhecimento como elemen-
tos simbólicos da memória e da identidade coletivas. Justifica-se, como ele-
mento desencadeante desta pesquisa o alto grau de desinformação, auferidos
através dos testes de rendimento, dos fatores originantes dos monumentos,
bustos ou edificações, bem como dos personagens que contribuíram para a
formação política, territorial e da identidade local. Desse modo, temos como
hipótese que, negando-se a memória daquilo que passa para além dos mu-
ros dos conteúdos universalmente previstos nos livros didáticos, há perdas
irreparáveis a construção das referências identitárias. A supressão do com-
ponente local no Ensino de História representa um fator de desagregação
social, uma afronta à democracia e uma tentativa de alienação da memória
coletiva local, daí resultando numa manipulação autoritária do destino da
gestão da coisa pública.
O texto que ora apresentamos tem como proposta central realizar uma
análise do modo como os Manuais Cubanos de Didática da História para
a Escola Primária de Miguel Angel Cano se apropriaram do método his-
tórico em seus princípios e práticas. Os Manuais de Didática da História
a serem analisados como fonte histórica do nosso trabalho são os livros
Enseñanza de la Historia en la Escuela Primaria publicados nos anos de
1918, 1930 e 1954 em Havana. Trata-se do mesmo manual em três edi-
ções. As referências teóricas e metodológicas de análise das fontes cita-
das se apoiam na perspectiva de interpretação do contexto linguístico da
Escola de Cambridge que se ancora principalmente no historiador inglês
Quentin Skinner e nos princípios do método histórico elaborados por ale-
mães e franceses no século XIX. Nossa intenção é perceber como estes ma-
nuais traduziram nas proposições teóricas e metodológicas de ensino os
procedimentos de trabalho do ofício do historiador. Temos como objetivo
responder às questões sobre quais princípios e práticas foram transpostos
aos impressos de “didática da história” destinados à formação “científi-
ca” do professor da escola primária e quais as estratégias empregadas por
Cano para transformar princípios e práticas “escolásticas” dos professo-
res em práticas “científicas”. Este estudo situa-se na confluência da Teoria
da História e da Didática da História. Trabalharemos com as categorias
Didática e Método Histórico. Este trabalho é parte de nossa tese de douto-
rado que se encontra em andamento.
Este pôster visa apresentar uma pesquisa realizada com alunos do Ensino
Fundamental e Médio da “E.E.E.F.M Deodoro de Mendonça” localizada na
cidade de Belém/PA, acerca dos critérios de auto-identificação desses alunos
sobre sua cor. Buscou-se compreender de que forma as relações de identida-
de étnica se desenvolvem dentro do ambiente escolar, com o objetivo de re-
fletir sobre os conceitos utilizados para a auto-identificação dos alunos como
partes de um grupo social ou étnico, discutindo também as terminologias
utilizadas para adjetivar certos grupos étnicos como. Morenos, pardos, ne-
gros, brancos etc.
Também faz parte desse trabalho, a análise de entrevistas feitas com
os alunos a respeito das identidades e de como eles se reconhecem. O pôster
apresenta as análises realizadas e uma amostragem dos dados coletados e sis-
tematizados, bem como os impactos da apresentação desses dados no o am-
biente escolar. A presente atividade ao inserir-se na disciplina história volta-
se também para uma reflexão acerca do preconceito no ambiente escolar.
Há, pelo menos, três décadas o ensino superior de História tem sido alvo de
intensos e produtivos debates. Existe uma produção que se avoluma com o
Este trabalho tem como foco a análise das relações políticas que foram
necessárias para a criação do CECINE (Centro de Ensino de Ciências do
Nordeste), inaugurado no ano de 1965 com o objetivo de aprimorar o en-
sino de ciências no Nordeste e no Brasil. O Centro foi criado a partir da
iniciativa do MEC (Ministério de Educação e Cultura), que percebia uma
carência no ensino das ciências (Física, Química, Matemática e Biologia)
no Brasil. A criação do mesmo ainda vai contar com o apoio financeiro e
técnico por parte do Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura
(IBECC) e da Fundação Ford. Muito mais do que aprimorar o ensino, o pro-
jeto do MEC visava a adoção de uma nova metodologia no ensino das ciên-
cias, com uma proposta baseada nas inovações do Massassuchets Institute
of Tecnology (MIT) e da Universidade de Harvard, ambas instituições ame-
ricanas. O CECINE foi o primeiro de cinco centros de ensino de ciências
criados no Brasil, e serviu como referencial para os demais centros. Nesse
cenário visamos focar nas relações existentes entre o CECINE e a SUDENE
(Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), pois esta atuou ativa-
mente na criação do mesmo, financiando bolsas e infraestrutura física. Esta
parceria garantiu ao CECINE um status diferenciado dos demais centros
existentes no país, e é um forte indício do caráter desenvolvimentista deste
empreendimento educacional.