Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação (MARCUSCHI,
2006)
É notável que o estudo sobre os gêneros textuais vem se ampliando no
decorrer dos anos, como nos destaca Marcuschi (2006). Desde Aristóteles, em que os gêneros eram divididos em três categorias, os estudos acerca deles foram se ampliando e hoje são objeto de estudo de toda a produção textual. Nesse sentido, os pressupostos trazidos por Bakhtin no que diz respeito a natureza “relativamente estável” dos gêneros e mais na frente reafirmado por Bazerman (1994) nos faz compreender que não há possibilidades de impor definições que sejam permanentes aos gêneros, tal permanência se contraporia a sua “natureza histórica, socio-interacional, ideológica e linguística” (p. 23) uma vez que os gêneros textuais estão ligados às esferas sociais da atividade humana. Confirmada essa natureza “relativamente estável” dos gêneros, se faz necessário entender, da mesma forma, que precisamos das categorias para analisa-los e entende-los. É necessário ser sensível aos “enquadres dos gêneros e não podemos toma-los como se fossem peças que se sobrepõem às estruturas sociais”. (p. 24). Dito isso, tomamos essa compreensão como norteadora para sinalizar que não se pode desprezar a esfera estrutural dos gêneros, ela é essencial junto a sua esfera social-interacional, ele não é estático nem puro. (p. 25) Os pressupostos bakhtinianos nos ajudam a entender essa premissa, de que os as manifestações verbais ocorrem em forma de texto, não um texto qualquer, nem um texto dito por qualquer um, mas um texto emitido por um sujeito localizado social e historicamente. Para mais, Marcuschi nos lembra do que Maingueneal nos diz sobre a categoria do gênero evitar entendimentos estritamente ligados somente a estrutura do discurso ou somente ao seu entorno enunciativo. Desse modo, os gêneros são entendidos como uma ação social, dependendo assim de seu habitat, de seu lugar na sociedade e na história. De certo, os esforços para se categorizar os gêneros são muitos, mas não determinantes. Hoje, o que se inscreve nessas tentativas é a classificação dos critérios das categorias textual e discursiva dos gêneros. Para ambas as categorias, deve-se analisar os atores sociais, o ambiente, o contexto social e histórico em que esses gêneros são lançados. Nesse interim, as noções de gêneros primários e secundários postuladas por Bakhtin trazidos no texto por Marcuschi nos ajudam a entender o que mais na frente seria denominando de gêneros do discurso, uma vez que o primeiro está atrelado às situações ideológicas mais comuns do cotidiano (ideologia do cotidiano) e a segunda se refere às práticas sociais mais elaboradas. (p. 26)