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Estudo de Materiais de

Instalações de Baixa
Tensão, Capacidade e
Divisão entre Circuitos
Sofia Maria Amorim Falco Rodrigues
Estudo de Materiais de Instalações
de Baixa Tensão, Capacidade e
Divisão entre Circuitos

Introdução
Olá!

Você está no conteúdo de Estudo de Materiais de Instalações De Baixa Tensão,


Capacidade e Divisão entre Circuitos. Conheça aqui os principais materiais utilizados
nas instalações elétricas de baixa tensão, além de como desenvolver diagramas e
exemplos das principais simbologias e padrões.

Em seguida, você verá como determinar a capacidade dos pontos de consumo de


energia, compreendendo como calcular e prever as cargas nestes pontos e, por fim,
verá como é feita a divisão da instalação nos circuitos de iluminação e de força.

Bons estudos!

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Estudo Básico dos Materiais Utilizados nas
Instalações de Baixa Tensão
As instalações elétricas de baixa tensão são definidas conforme uma norma técnica
brasileira de regulamentação principal, que definirá as diretrizes de base para o
projeto elétrico deste tipo. Esta norma é a NBR 5410, feita pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) e possui grande detalhamento do que deve ser feito
para as instalações de baixa tensão, além de estabelecer, de maneira geral, o que
é a instalação elétrica de baixa tensão: circuitos que operem até 1000 V e 400 Hz
máximos, em corrente alternada e até 1500 V em corrente contínua.

A este ponto estudaremos, então, baseando na norma, os principais tipos de materiais


usados nas instalações de baixa tensão e, também, as simbologias e padrões
associados no desenvolvimento dos projetos elétricos, algo que é regulamentado por
normas nacional e internacionais como você verá adiante.

Visão Geral dos Principais Materiais de Instalações Elétricas de


Baixa Tensão

Veremos os principais componentes das instalações elétricas de baixa tensão, que


podem ser divididos basicamente entre dispositivos de comando da iluminação,
condutores de energia, tomadas e pontos de iluminação. O dimensionamento destes
é feito também conforme a NBR 5410.

Começando a análise sobre os interruptores, define-se que estes são os equipamentos


responsáveis pelo estabelecimento do fornecimento ou da interrupção da circulação
de corrente no circuito elétrico (GEBRAN & RIZZATO, 2017). Além disso, é importante
lembrar que estes dispositivos exercerão a função de comando na instalação.
Tomando como exemplo os principais dispositivos usados nas instalações elétricas
residenciais, é possível elencar alguns tipos principais de interruptores, conforme o
tipo de ligação estabelecida:

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Simples de seção única

Onde o interruptor será capaz de comandar apenas um ponto de iluminação na


residência.

Simples de duas seções (interruptor duplo)

Neste caso, o interruptor irá comandar dois pontos de iluminação.

Simples de três seções (interruptor de várias seções)

Estes dispositivos são usados, embora com menor frequência, para o


acionamento de três pontos de iluminação na residência.

Three-way (paralelo)

Neste caso, tem-se, na verdade, um tipo de arranjo. É bastante comum em


residências e também em prédios, usados de forma que dois interruptores
comandarão, de dois pontos locais diferentes, o acionamento de um mesmo
ponto de luz.

Four way (série ou intermediário)

Semelhante ao caso anterior, neste caso, tem-se um arranjo que é estabelecido


com dois interruptores em paralelo para o controle de um mesmo ponto de
iluminação por mais de dois pontos.

Além disso, também existem os relés fotoelétricos, que mais recentemente se


tornaram alguns dos exemplos principais dentro da implementação, cada vez mais
comuns, da automação residencial. Sua principal função é realizar o desligamento ou
a ligação de um determinado circuito, de forma automática, através da quantidade de
luz. Funcionalmente falando, este tipo de dispositivo se configura basicamente como
um contato que se abre ou se fecha mediante alguma ocorrência e, neste contexto,
esta configuração dependerá, então, da quantidade de luz, algo possível através do
uso de um sensor LDR (do termo inglês Light Dependent Resistor, ou seja, um resistor
dependente de luz). A figura seguinte apresenta um exemplo de um relé fotoelétrico:

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Figura 1 - Exemplo de relé fotoelétrico
Fonte: TRANCIL, 2020
#PraCegoVer: relé fotoelétrico em fundo branco.

Ademais, um dos exemplos principais de aplicação dos relés fotoelétricos, além de


instalações residenciais, é a na iluminação pública, já que estes relés são utilizados
em postes para que a luz acenda quando o sol se põe. O relé visto na figura é um
exemplo destinado a este tipo de aplicação.

Saiba mais
Outro exemplo importante que pode ser visto em instalações
elétricas residenciais são os sensores de presença, também
utilizados para o acendimento ou desligamento de lâmpadas
quando detectam o movimento.

As tomadas de corrente, por sua vez, são componentes usados para possibilitar o
fornecimento de energia elétrica para um equipamento e, analisando novamente no
âmbito residencial, estes elementos fornecerão tipicamente 127 V (monofásica) ou 220
V (bifásica). Além disso, sabe-se que há uma orientação no Brasil, nos últimos anos,
para o uso de tomadas de três pinos, como o modelo apresentado na figura seguinte:

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Figura 2 - Tomada de três pinos
Fonte: Gabriel_Ramos, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: tomada de corrente de três pinos, instalada em uma parede de
tijolos brancos.

O ponto de iluminação é o local no qual a lâmpada será instalada, sendo que este
processo demanda o uso de um receptáculo, o adaptador para ligação da lâmpada,
popularmente conhecido no Brasil como bocal, e o modelo E127 é o mais utilizado
(GEBRAN & RIZATTO, 2017). Adicionalmente, outro tipo importante de elemento é o
condutor elétrico, responsável por estabelecer a ligação entre o ponto de alimentação
até o componente que será energizado. Estes podem ser de diversos tipos de
materiais condutores, como o cobre e o alumínio, por exemplo, que são, inclusive, os
mais, além de contarem também com um elemento de isolação. Assim, sobre este,
sabe-se que geralmente é utilizado o PVC (policloreto de vinila), pois este material
possui proteção antichamas, algo necessário conforme estabelecido pela NBR 5410.
Ademais, as cores dos condutores também são especificadas pela NBR 5410, sendo
azul claro para neutro e verde com amarelo, ou simplesmente verde, para condutor de
sistema de proteção.

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Atenção
Embora não exista um padrão normatizado pela NBR 5410,
geralmente utiliza-se para a fase condutores vermelhos e, para a
outra, a cor preta.

Os eletrodutos são utilizados, basicamente, para proteção da fiação na instalação


elétrica, sendo materiais desenvolvidos em tubos, pelos quais passam os fios e
cabos. Assim, podem ser classificados conforme o tipo de material, metálico ou não
metálico; quanto à flexibilidade; quanto à forma de conexão, roscáveis ou soldáveis
e quanto à espessura da parede e a cor correspondente, podendo ser: leve, amarelo;
semipesado, cinza; pesado, preto ou reforçado, neste caso normalmente azul ou
laranja (GEBRAN & RIZZATO, 2017).

A figura a seguir apresenta alguns exemplos de eletrodutos:

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Figura 3 - Exemplos de eletrodutos
Fonte: GEBRAN; RIZZATO, 2017
#PraCegoVer: na parte superior, é possível ver dois exemplos, no lado esquer-
do um eletroduto metálico e do direito um modelo não metálico. Já na parte de
baixo da figura, é possível ver do lado esquerdo um eletroduto flexível e do lado
direito eletrodutos leve, semipesado e pesado.

O quadro de distribuição, por sua vez, é o responsável pela distribuição da energia


que chega, fornecida pela concessionária, para os circuitos da casa. Por outro lado,
os dispositivos de proteção também farão parte da instalação elétrica, o que inclui as
instalações de baixa tensão e sabe-se, pela própria NBR 5410, que a instalação destes
será obrigatória, como mostra a imagem a seguir, de um quadro de distribuição:

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Figura 4 - Exemplo de quadro de distribuição de uma residência
Fonte: CLAMPER, 2020.
#PraCegoVer: quadro de distribuição em fundo branco, apresentando exem-
plos das ligações feitas em uma instalação elétrica residencial, com proteção
contra surtos, com os dispositivos demarcados em preto, contra correntes
residuais, com os dispositivos demarcados em amarelo e, também, com
dispositivos termomagnéticos monopolares, com os dispositivos também
demarcados, neste caso em verde.

Assim, o dispositivo de proteção contra surtos (DPS) é usado para proteger o sistema
contra surtos de tensão, algo que pode ocorrer com a queda de um raio, por exemplo.
Já os dispositivos de proteção contra correntes residuais, também conhecidos pela
sigla DR, destinam-se à proteção contra choques elétricos, para animais e pessoas
que utilizam a instalação. Já os dispositivos termomagnéticos monopolares, ou
disjuntores (como são mais conhecidos), protegem contra a sobrecorrente nos

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condutores dos circuitos, sendo um disjuntor por circuito (CREDER, 2007; GEBRAN &
RIZZATO, 2017).

Atenção
Sabe-se, então, que há um disjuntor por circuito na residência
e a residência tem diversos circuitos, como você verá a seguir,
conforme a distribuição de carga.

O Diagrama Elétrico no Desenvolvimento do


Projeto de Baixa Tensão e a Padronização Usada
Assim, compreendendo-se o uso das ferramentas principais do projeto elétrico, os
diagramas unifilares e multifilares, estudaremos agora a simbologia mais utilizada,
também baseando-se nos dispositivos, materiais e elementos mais usados nas
instalações elétricas de baixa tensão. As normas técnicas que nos fornecem
a simbologia que deve ser utilizada são as normas internacionais IEC 60417 e
60617, de 2002 e de 2012 respectivamente, desenvolvidas pelo INTERNATIONAL
ELETROTECHNICAL COMISSION e a norma brasileira NBR 5444. Além disso, sabe-se
que a NBR 5444, embora já cancelada e sem substituição pela própria ABNT, ainda é
usada como referência do conteúdo na língua portuguesa e as demais normas técnicas
internacionais tratam sobre símbolos gráficos e padronizações para equipamentos
e para diagramas, respectivamente. Começando nossa análise da simbologia pelas
lâmpadas e luminárias, observa-se as seguintes representações mais frequentes,
como mostra o quadro adiante:

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Quadro 1 - Principais simbologias para lâmpadas e luminárias.
Fonte: ABNT, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela de três colunas e cinco linhas e, apre-
senta as principais simbologias para lâmpadas e luminárias, seus significados
e algumas observações.

Adicionalmente, no próximo quadro você pode ver alguns dos principais exemplos
dentro da simbologia, utilizados para tomadas:

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Quadro 2 - Principais simbologias tomadas.
Fonte: ABNT, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de duas colunas e quatro linhas e
apresenta as principais simbologias para tomadas e seus significados.

Quanto aos interruptores, dispositivos destinados ao acionamento dos pontos de


iluminação utilizados na instalação, como já visto, também é estabelecido um padrão
de simbologia próprio, conforme pode ser visto adiante:

Figura 5 - Principais simbologias para interruptores.


Fonte: ABNT, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de três colunas e seis linhas e
apresenta as principais simbologias para interruptores, seus significados e
algumas observações.

Adicionalmente, um outro elemento importante da instalação elétrica é o quadro de


distribuição de energia e, para este, também há uma simbologia própria em que, de
maneira geral, quando o retângulo da simbologia está completamente preenchido

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significa que o quadro é parcial. Tomando como exemplo, os quadros gerais tem os
padrões vistos no quadro:

Quadro 3 - Principais simbologias para quadros de distribuição.


Fonte: ABNT, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela de duas colunas e três linhas e,
apresenta as principais simbologias para quadros de distribuição e
seus significados.

O penúltimo quadro, nesta parte de estudo das simbologias, apresenta exemplos


de aplicações de outros importantes elementos genéricos, utilizados em todas as
instalações elétricas: os condutores e eletrodutos.

Note ainda que cada traço representará um condutor:

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Quadro 4 - Principais simbologias para condutores e eletrodutos
Fonte: ABNT, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela de duas colunas e cinco linhas e,
apresenta as principais simbologias para condutores e eletrodutos e seus
significados.

Ademais, as seguintes padronizações vistas também são largamente utilizadas,


demonstrando então as simbologias para lâmpadas, fusível, relé térmico e para
o motor elétrico, equipamento menos comum em instalações de baixa tensão,
sobretudo residenciais, mas que pode ser largamente utilizados em determinados
locais com tensão até 1000 V, por exemplo:

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Quadro 5 - Outras simbologias usadas
Fonte: PETRUZELLA, 2013 (Adaptado).
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de três colunas e sete linhas e apre-
senta as principais simbologias usadas que são importantes, seus significa-
dos e algumas observações.

A seguir, começaremos a entender a parte teórica e matemática do desenvolvimento


do projeto elétrico de baixa tensão.

Determinação da Capacidade dos Pontos de


Consumo de Energia Elétrica
O primeiro passo é definir a previsão de carga dos pontos, que se distinguem
especialmente entre iluminação e pontos de tomada num projeto elétrico de baixa
tensão, na maior parte dos casos. Assim, para referência, considere o diagrama
unifilar do projeto elétrico de uma residência, visto a seguir:

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Figura 6 - Projeto elétrico de uma residência
Fonte: CREDER, 2007, p. 59
#PraCegoVer: Na imagem, há uma planta baixa de uma residência, com a
distribuição da instalação de baixa tensão apresentada pelo diagrama unifilar,
que é desenhado sobre a planta, a partir do uso da simbologia padrão suge-
rida. Neste diagrama, então, tem-se as informações sobre as lâmpadas, as
tomadas usadas e as ligações dos condutores, além de anotações sobre as
potências e a qual circuito pertence, como ficará mais claro adiante.

Perceba, então, que o diagrama é feito com base na planta baixa do local, de forma
a elencar a distribuição correta da instalação. Geralmente também são utilizadas
tabelas junto ao diagrama, como os quadros apresentados para o exemplo prático
estudado. No primeiro caso, temos a potência instalada, analisando os pontos de
luz e das tomadas, além de apresentar, geralmente, junto a este ponto, informações
sobre as dimensões do cômodo:

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Tabela 1 - Quadro de dimensão de cômodos e da potência instalada
Fonte: CREDER, 2007, p. 60.
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de cinco colunas e oito linhas e
apresenta, de acordo com o tamanho do cômodo, a potência necessária de luz,
tomadas gerais e tomadas específicas.

Além disso, quando detalhamos na distribuição dos circuitos, tem-se:

Tabela 2 - Quadro de pontos de lâmpadas e tomadas


Fonte: CREDER, 2007, p. 60.
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de cinco colunas e treze linhas e
apresenta detalhes na distribuição dos circuitos de lâmpadas, pontos de toma-
das gerais e pontos de tomadas específicas.

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Continuação:

Corrente Seção (mm2) In


CIR
P/U X1,25 Vivos PE A

1 8 11,5 1,5 1,5 10

2 11,8 21,3 2,5 2,5 15

3 4,7 6,8 1,5 1,5 10

4 19,7 28,4 4 4 25

5 9,5 13,6 2,5 2,5 15

6 7,9 11,8 2,5 2,5 10

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Total 61,6 64,74 6 6 50

Tabela 3 - Quadro de corrente e seção


Fonte: CREDER, 2007, p. 60.
#PraCegoVer: Na imagem há uma tabela de seis colunas e doze linhas e,
apresenta a continuação da tabela anterior com corrente e seção.

Previsão de Carga para a Iluminação e Pontos de Tomadas

Um outro ponto importante que serve de base para o desenvolvimento e o projeto


elétrico, sobretudo no ponto onde vamos analisar a previsão de carga, é a potência
média de referência dos aparelhos mais utilizados nas residências, como mostra o
quadro seguinte:

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Aparelho Potência (W) Aparelho Potência (W)
Aquecedor de
1000 Geladeira comum 200
ambiente

Geladeira duplex ou
Aspirador de pó 200 500
freezer

Barbeador 50 Grill 1000

Batedeira 100 Liquidificador 200

Máquina de lavar
Chuveiro 4400 500
roupa

Circulador de ar 150 Secador de cabelo 1000

Exaustor 300 Televisor 200

Forno Microondas 1200 Ventilador 150

Quadro 6 - Quadro de potência média de referência dos aparelhos mais usados nas casas
Fonte: CREDER, 2007. p. 62 (Adaptado).
#PraCegoVer: Na imagem, há uma tabela de quatro colunas e nove linhas e
apresenta a potência média de referência dos aparelhos mais usados em caso,
como aspirador de pó, geladeira comum, televisor, entre outros.

Na prática, para aparelhos fixos de iluminação à descarga, o que é o caso das


lâmpadas fluorescentes, deve-se considerar a potência como a potência da
lâmpada, as perdas e o fator de potência do reator, se for o caso. Além disso,
existem as seguintes orientações gerais quanto à previsão das cargas de
iluminação (CREDER, 2007): Em cômodos de unidades residenciais ou locais
como hotéis e similares deve-se prever, pelo menos, um ponto de luz fixo no teto,
considerando uma potência mínima de 100 VA.

Em cômodos de área igual ou menor que 6 m², prevê-se uma carga de pelo menos
100 VA e, em áreas superiores a 6 m², prevê-se 100 VA iniciais e acréscimos de 60 VA
para cada aumento de 4 m² na área.

Quanto à previsão para pontos de tomadas de uso geral (TUG), geralmente segue-se
os seguintes critérios, embora mais recentemente tenha-se adotado o uso de uma
grande quantidade de tomadas devido ao maior acesso à tecnologia e, com isso, as
pessoas dispõem, na prática, de mais equipamentos que dependem da eletricidade
(CREDER, 2007):

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Pelo menos um ponto de tomada de uso geral próximo ao
Banheiros lavatório.

Pelo menos um ponto de tomada a cada 3,5 m ou fração do


Cozinhas, copas,
perímetro; acima de cada bancada com largura de pelo menos
áreas de serviço, 0,3 m pelo menos um ponto também.
lavanderias

Subsolos, garagens,
sótãos, halls de
Pelo menos um ponto de tomada, geralmente.
escadaria,
varandas ou casas
de máquinas

Demais cômodos Se a área for inferior a 6 m², pelo menos um ponto de tomada. Se
maior, pelo menos um ponto a cada 5 m ou fração de perímetro.

Ademais, para as tomadas de uso geral normalmente atribui-se a seguinte distribuição


de potência (CREDER, 2007):

Banheiros, copas, Pelo menos 600 VA por ponto, normalmente até 3 pontos e 100
VA para pontos excedentes.
cozinhas, áreas de
serviço, lavanderias

Demais cômodos Pelo menos 100 VA por tomada.

Por último, nesta parte, quanto às tomadas de uso específico (TUE), orienta-se que
seja atribuída, a esta potência, igual à nominal do equipamento, que será conectado
a ela e, caso esta potência nominal não seja conhecida, escolhe-se como potência
nominal de referência a maior a ser usada, de um equipamento provável de ser
utilizado no cômodo (CREDER, 2007).

Visão Geral dos Principais Parâmetros da Instalação


Elétrica de Baixa Tensão
Visto, então, vários exemplos práticos e as orientações gerais acerca da potência
dos pontos de iluminação e das tomadas, veremos agora alguns pontos importantes
específicos, que nos permitem detalhar a instalação e desenvolvê-la corretamente
como mostraram os quadros do projeto elétrico residencial de exemplo.

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Assim, sabe-se que, para conhecer a potência consumida por um determinado
equipamento, é necessário saber tanto o nível de tensão quanto a potência nominal. No
caso, ainda, dos equipamentos que funcionam em corrente alternada (CA), devemos
lembrar que o fator de potência participa da relação de eficiência do equipamento
e, então, considerando estes pontos, define-se como IB a corrente elétrica de base,
medida em ampéres, consumida pelo equipamento, tal que (CREDER, 2007; GEBRAN
& RIZZATO, 2017):

Na equação anterior, P é a potência do equipamento em Watts (W), U é a diferença


de potencial (tensão) em Volts (V) e FP é o fator de potência. Entretanto, sabe-se que
a corrente elétrica consumida por um determinado equipamento (IC) será diferente,
devendo ser corrigida por alguns fatores para o cálculo no projeto elétrico. Assim,
o que ocorre na prática é que a forma como os condutores foram distribuídos pode
ter alguma interferência, por exemplo, e, com isto, define-se dois fatores práticos de
correção: o fator de correção de temperatura (FCT) e de agrupamento (FCA) (GEBRAN
& RIZZATO, 2017). Logo, a corrente base corrigida, também medida em Ampéres, será
igual a:

A partir da corrente elétrica do equipamento, com as devidas correções em decorrência


de efeitos intrínsecos da instalação, torna-se possível calcular a este ponto a seção
transversal do condutor, outro parâmetro importante a ser considerado. Também
referido como bitola, é definida como a função da corrente elétrica corrigida, da queda
de tensão devido ao aquecimento do cabo e está, também, diretamente relacionada
ao comprimento do condutor e o tipo do material utilizado (GEBRAN & RIZZATO, 2017).
Assim, é necessário considerar a queda de tensão produzida, que ocorre em função
da distância entre a carga e o medidor, dentro da instalação, também em função da
potência desta carga, conforme mostra a equação seguinte, onde e é a queda de
tensão percentual:

Conforme a própria NBR 5410 define, a queda de tensão é admitida como:

• 5% para instalações alimentadas diretamente, através de um ramal de baixa


tensão, pela rede de distribuição pública de baixa tensão da concessionária;

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• 7% para instalações alimentadas diretamente por uma subestação de trans-
formação, neste caso então a partir de uma instalação de alta tensão; ou,
ainda, caso possua fonte própria de energia;

Desta maneira, a seção do condutor (S) pode ser calculada como

Onde P é a potência consumida (W), ρ corresponde à resistividade no trecho


(geralmente 1/58 Ωmm²/m, pois a maior parte dos condutores são de cobre), L é o
comprimento do trecho (m) e V a tensão, normalmente 127 ou 220 V, considerando
que são instalações residenciais. Sabe-se, ainda, que o cálculo da área da seção
transversal dos condutores da instalação leva em consideração aspectos práticos
importantes do funcionamento, como o fato da não simultaneidade do funcionamento
das cargas, já que em um cômodo, por exemplo, nem todas as lâmpadas estarão
acesas ao mesmo tempo.

Saiba mais
Para facilitar o trabalho do projetista, a norma NBR 5410 apresenta
tabelas com este valor de seção sugerido já calculado, dada em
função do produto entre a potência e a distância e a queda de
tensão.

Além disso, sabe-se que a determinação do fator de demanda irá exigir do projetista
o conhecimento detalhado da instalação, assim como sua experiência com relação
às condições de funcionamento e de uso dos equipamentos, embora existam
diversas orientações práticas, até mesmo por parte das próprias concessionárias ou
na NBR 5410. Desta forma, considerando orientações dadas pela própria CEMIG, por
exemplo, a Companhia Energética do Estado de Minas Gerais, em seu documento
de normatização técnica ND 5.1 (Norma de Distribuição), prevê que o cálculo da
demanda pode ser feito como na equação, normalmente dada então em kVA:

Onde a se refere à demanda da iluminação e das tomadas da residência, b é a


demanda relativa aos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento normalmente
utilizados, por exemplo, c é a demanda dos aparelhos de condicionamento de ar e d
é a demanda de motores elétricos.

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Além disso, a própria potência de demanda (SE) também pode ser calculada e prevista,
em função da potência aparente, lembrando que esta última corresponde à soma
vetorial das potências ativa e reativa da instalação. Assim, tem-se que esta vale na
unidade mais comum de VA (GEBRAN & RIZZATO, 2017):

Ademais, vamos ver então, no próximo conteúdo, como um projeto elétrico de baixa
tensão deve ser desenvolvido, de fato.

Desenvolvimento do Projeto Elétrico


De maneira geral, um projeto elétrico deve ser desenvolvido com base em alguns
pontos gerais importantes já analisados (CREDER, 2007; GEBRAN & RIZZATO, 2017):

• previsão de cargas;
• demanda provável;
• divisão dos circuitos;
• dimensionamento dos condutores;
• dimensionamento dos eletrodutos;
• dimensionamento dos dispositivos de proteção.

Além disso, geralmente, também se desenvolve, juntamente, o memorial de cálculo do


projeto e um descritivo, como já visto no exemplo apresentado do projeto residencial.
A seguir, você verá mais detalhes sobre a divisão dos circuitos na instalação.

Divisão da Instalação em Circuitos de Iluminação e


Força
Você verá agora como funciona, na prática, a distribuição da instalação que deve ser
feita, entre os circuitos de iluminação e de força. Assim, de modo geral tem-se que
toda a instalação deverá ser dividida em circuitos de forma que (CREDER, 2007):

• as consequências de uma falta sejam limitadas ao máximo, provocando por


exemplo apenas o seccionamento do circuito que apresentou o defeito;
• facilitando as verificações, possíveis testes e ensaios, além do manuseio da
instalação;

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• evitando perigos que resultem em falhas de um único circuito, como para a
iluminação, por exemplo.

O circuito corresponde ao conjunto de pontos de consumo, que possuem alimentação


por um mesmo condutor e protegidos pelo mesmo dispositivo de proteção, geralmente
um disjuntor ou uma chave. Além disso, sabe-se que em sistemas polifásicos, por
exemplo, os circuitos deverão estar distribuídos de forma a considerar a manutenção
do equilíbrio entre fases e seguindo-se um padrão desejável de segurança, inclusive
previsto pela própria NBR 5410, geralmente implementa-se na prática então os
circuitos normais e de segurança (CREDER, 2007).

Os circuitos normais são aqueles ligados a apenas uma fonte, na maior parte dos
casos à própria concessionária e, em caso de falha na rede, há uma interrupção
no abastecimento deste e, com isto, este tipo de arranjo tem menor prioridade e é
chamado também de circuito não essencial. Por outro lado, os circuitos de segurança
são aqueles que garantem o abastecimento da residência, mesmo quando houver
alguma espécie de falha por parte da concessionária. Por exemplo: considere uma
instalação elétrica de um prédio. Assim, circuitos destinados à alarme e proteção
contra incêndios, por exemplo, devem ter prioridade e, com isto, contam, também,
além da concessionária, com fontes, como geradores ou baterias de emergência.
Estes são considerados, também, por conta de sua importância na instalação, como
os circuitos essenciais (CREDER, 2007).

Desta forma, define-se, na prática, que os circuitos de iluminação devem estar


separados dos circuitos das tomadas nas residências, embora seja permitido a junção
destes em alguns tipos de cômodos, como os quartos, algo que não deve ser feito
para cozinhas, copas e áreas de serviço, dadas as necessidades e requisições destes
tipos de dependências, geralmente. Para entender, então, a relação de dependência
dos circuitos, define-se, de forma geral, para habitações como unidades residenciais
e hotéis, em que (CREDER, 2007):

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Deverão estar previstos na instalação para equipamentos de
potência igual ou superior a 1500 VA, como é o caso de alguns
equipamentos como aquecedores de água, máquinas de lavar,
Circuitos forno elétrico, entre outros, mas também é permitido pela norma
independentes... que se alimente mais de um equipamento deste tipo em um
mesmo circuito. Um exemplo disso é o fato de que o chuveiro
na residência corresponde a um circuito separado, normalmente
protegido com um disjuntor capaz de suportar um valor superior
de corrente devido a sua potência também superior.

A proteções dos Ou daqueles destinados ao condicionamento do ar poderão ser


circuitos de agrupadas no quadro de distribuição da instalação ou em um
aquecimento... quadro separado.

No caso de um mesmo alimentador abastecendo vários aparelhos individuais de ar


condicionado, por exemplo, sugere-se o uso de uma proteção para o alimentador
geral e um dispositivo de proteção para cada aparelho deste tipo, algo que pode ser
dispensado, caso o aparelho já conte com um dispositivo de proteção internamente.
Além disso, define-se quanto ao aterramento e isolamento da instalação que cada
circuito deverá ter seu próprio condutor neutro, sendo que, em locais como lojas,
residências e escritórios, os circuitos de distribuição deverão ainda obedecer às
seguintes orientações gerais (CREDER, 2007):

Residências

1 circuito para cada 60 m² ou fração;

Lojas e escritórios

1 circuito para cada 50 m² ou fração.

Adicionalmente, é necessário relembrar a este ponto que, dados os avanços


tecnológicos atuais, estas orientações poderão ser revistas, visto que hoje há, tanto
nas casas quanto em outras instalações de baixa tensão, um número crescente
de eletrodomésticos e demais equipamentos que demandam um uso de energia.
Assim, pode ser que, em alguns casos, principalmente conhecendo-se a realidade
do dia a dia da instalação, seja necessário considerar uma divisão maior dos
circuitos elétricos. Para isto, esteja sempre atento à norma NBR 5410, pois ela
é a base principal do desenvolvimento do projeto de baixa tensão e, também, às
notícias sobre novas orientações.

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Conclusão
Neste conteúdo, você teve a oportunidade de:

• estudar os principais equipamentos materiais e elementos utilizados em ins-


talações elétricas de baixa tensão;
• aprender mais detalhes sobre o desenvolvimento de um projeto elétrico de
baixa tensão, sobre a perspectiva dos padrões e esquemáticos elétricos
mais utilizados;
• analisar as principais orientações acerca da previsão de carga e parâmetros
a serem considerados;
• ver quais os principais requisitos de um projeto elétrico de baixa tensão;
• entender o processo de divisão dos circuitos na instalação de baixa tensão.

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Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410. Rio de Janeiro. 2008.
Disponível em: https://www.saladaeletrica.com.br/nbr-5410-download/ Acesso em:
21 mai. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5444. Rio de
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