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Os padrões e normas de auditoria são fixados por diversas autoridades com um objetivo em comum: dar garantias ao
público de que os trabalhos são realizados de maneira profissional, que são evitadas declarações incorretas e os resultados
financeiros são comunicados com clareza. Entretanto, os auditores não auditam apenas informações financeiras. Eles
podem ser chamados para verificar diversos dados econômicos, ou mesmo informações não financeiras, tais como
a qualidade dos controles internos de uma companhia.
No estabelecimento das normas de auditoria, que compreendem as regras básicas que norteiam a atuação dos profissionais
da área de auditoria, 3 (três) organizações normativas estão envolvidas:
O PCAOB é um dos reguladores dos padrões de auditoria nos EUA, junto ao ASB, sendo responsável pela publicação de
normas de auditoria para companhias abertas que possuem ações na bolsa americana e que estão registradas na SEC. Além
de publicar os padrões (standards) de auditoria, o PCAOB é responsável por fazer um “oversight” (uma espécie de
“monitoramento”) do trabalho das empresas de auditoria independente.
Também chamado de Conselho de Supervisão Contábil de Companhias Abertas, o PCAOB é um colegiado público criado sob
a jurisdição da SEC para fixar padrões visando às auditorias de companhias abertas, para promover exames de empresas de
contabilidade externa por seus pares e supervisionar o processo de auditoria de companhias abertas.
O IAASB é responsável por emitir as normas ISA, que são padrões para todos os auditores que estão cumprindo normas
internacionais de auditoria. Além disso, o IAASB, que também é chamado de Conselho de Padrões Internacionais de Auditoria
e Garantia, compreende parte da IFAC, responsável pela promulgação de padrões de auditoria e garantia.
2) Aplicação das Normas
As normas emitidas pelo ASB, do AICPA, e pelo PCAOB, aplicam-se aos profissionais e seus trabalhos de auditoria
independente sobre demonstrações financeiras de empresas norte americanas, ou estrangeiras que possuem títulos
negociáveis na bolsa de valores dos Estados Unidos. As normas emitidas pelo IAASB da IFAC são de aplicação internacional,
para os países a elas aderentes.
No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o organismo oficial de regulamentação da profissão contábil (e, em
consequência, da atividade de auditoria independente), com o apoio do Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (Ibracon), emite as normas de auditoria independente. A partir de 2009, o CFC adotou integralmente as normas
internacionais de auditoria emitidas pelo IAASB da IFAC, traduzindo ipsis litteris (“com as mesmas letras”) seus conteúdos.
c) Normas internacionais
O ASB, formado em 1978 como um comitê do AICPA, possui autorização para emitir normas e regulamentações de auditoria,
conforme a Regra 202 do Código de Conduta Profissional do AICPA. Essa regra exige que os membros do AICPA que prestam
serviços profissionais cumpram as normas do ASB. Se não acatá-las, os auditores violarão o Código de Conduta Profissional
e poderão perder sua licença para atuar como contadores públicos certificados.
O Comitê de Normas de Auditoria tem como missão desenvolver e comunicar normas e orientações práticas abrangentes
de desempenho, relatórios e controle de qualidade para permitir que auditores de non-issuers forneçam serviços de
auditoria e certificação de alta qualidade a um custo razoável e no melhor interesse da profissão e dos beneficiários desses
serviços. Busca-se, assim, servir o interesse público, melhorando os serviços existentes e possibilitando novos serviços de
auditoria e certificação.
O AICPA é a maior associação membro do mundo que representa a profissão de CPA (Certified Public Accountant). Seus
membros representam muitas áreas de prática, incluindo negócios e indústria, prática pública, governo, educação e
consultoria. Ele define padrões éticos para seus membros e padrões de auditoria dos EUA para empresas privadas,
organizações sem fins lucrativos e governos federais, estaduais e locais. Além disso, também desenvolve e classifica o Exame
CPA Uniforme, oferece credenciais especializadas, constrói o pipeline de futuros talentos e impulsiona o desenvolvimento
de competências profissionais para promover a vitalidade, relevância e qualidade da profissão.
O prefácio das Normas de Auditoria descreve os princípios fundamentais que governam uma auditoria. De acordo com esses
princípios, o propósito de uma auditoria é aumentar a credibilidade que as entidades externas colocam nas demonstrações
financeiras.
O auditor consegue aumentar essa confiança ao emitir uma opinião sobre as demonstrações financeiras, no qual declara
se foram ou não preparadas em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. Em outras palavras, a
opinião afirma se a empresa seguiu ou não as normas contábeis (a estrutura de relatório financeiro aplicável) ao preparar as
demonstrações financeiras.
A própria auditoria é conduzida segundo as Normas de Auditoria Geralmente Aceitas (NAGA, ou GAAS – Generally Accepted
Auditing Standards). As GAAS foram criadas pelo ASB e pelo AICPA. O GAAS é usado para processos e procedimentos de
auditoria adotados por empresas públicas mas que não possuem ações na bolsa. A sigla para esses padrões é SAS (Statements
on Auditing Standards).
As normas de auditoria reconhecem que a administração precisa preparar as demonstrações financeiras e manter um
sistema de controle interno relevante para esse processo.
Além disso, a administração deve fornecer ao auditor todas as informações relevantes e acesso irrestrito a quem na
empresa possa fornecer mais evidências das quais esse profissional precise.
a. Responsabilidade;
b. Desempenho; e
c. Relatórios.
a. Responsabilidade
Os auditores são responsáveis por ter a competência e a capacidade apropriadas para realizar a auditoria, cumprindo
as exigências éticas relevantes, inclusive as que dizem respeito à independência e ao devido zelo; e por manter o ceticismo
profissional e exercer o julgamento profissional durante todo o planejamento e a realização da auditoria.
b. Desempenho
Para expressar uma opinião, o auditor busca uma segurança razoável de que as demonstrações financeiras de modo
geral estão livres de distorções relevantes, seja em decorrência de fraudes ou erros.
Assim, para obter uma segurança razoável, que é um nível alto, mas não absoluto de garantia, o auditor:
O auditor é impedido de obter uma segurança absoluta de que as demonstrações financeiras sejam livres de distorções
relevantes em virtude de limitações inerentes, que surgem da:
O auditor expressa uma opinião de acordo com os seus achados, ou declara que uma opinião não pode ser expressa, na
forma de um relatório escrito. A opinião declara se as demonstrações financeiras são ou não preparadas, em todos os
aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável.
• Normas Gerais de Auditoria: normas sobre princípios, conceitos, atividades e comunicações gerais de auditoria;
.
• Procedimentos de Auditoria: normas para planejar e executar procedimentos de auditoria e para obter evidências de
auditoria;
.
• Relatórios do Auditor: padrões para relatórios dos auditores;
.
• Questões relacionadas a arquivamentos de acordo com as Leis Federais de Valores Mobiliários: normas sobre certas
responsabilidades de auditor relacionadas a arquivamentos da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos
(SEC) para ofertas de valores mobiliários e revisões de informações financeiras intermediárias; e
.
• Outros Assuntos Associados a Auditorias: normas para outros trabalhos realizados em conjunto com uma auditoria de
um emissor ou de um corretor ou distribuidor.
A seguir, na tabela, são apresentadas uma lista de normas de auditoria PCAOB para auditorias de demonstrações
financeiras:
Procedimentos de Auditoria
2200 – Auditoria do Controle Interno sobre Relatórios Financeiros – AS 2201: Uma Auditoria de Controle Interno sobre Relatórios Financeiros
que está integrada com uma Auditoria de Demonstrações Financeiras
2300 – Procedimentos de Auditoria em Resposta aos Riscos – – AS 2301: Respostas do Auditor aos Riscos de Distorções Relevantes
Natureza, Tempo e Extensão – AS 2305: Procedimentos Analíticos Substantivos
– AS 2310: Processo de Confirmação
– AS 2315: Amostragem de Auditoria
2400 – Procedimentos de Auditoria para Aspectos Específicos da – AS 2401: Consideração de Fraude em uma Auditoria de Demonstrações
Auditoria Financeiras
– AS 2405: Atos Ilegais de Clientes
– AS 2410: Partes Relacionadas
– AS 2415: Consideração da Capacidade de uma Entidade de continuar
como uma preocupação permanente (“going concern”)
2500 – Procedimentos de Auditoria para Determinadas Contas ou – AS 2501: Auditoria de Estimativas Contábeis, Incluindo – Medições de
Divulgações Valor Justo
– AS 2505: Inquiries do Advogado do Cliente sobre Litígios, Reclamações
e Avaliações
– AS 2510: Auditoria de Estoques
2600 – Tópicos Especiais – AS 2601: Consideração do Uso de uma Organização de Serviços por uma
Entidade
– AS 2605: Consideração da Função de Auditoria Interna
– AS 2610: Auditorias Iniciais – Comunicações entre Auditores Anteriores
e Posteriores
2700 – Responsabilidades do Auditor em Relação às Informações – AS 2701: Informações Suplementares de Auditoria que Acompanham as
Suplementares e Outras Demonstrações Financeiras Auditadas
– AS 2705: Informações Suplementares Requeridas
– AS 2710: Outras Informações em Documentos que Contêm
Demonstrações Financeiras Auditadas
3100 – Relatórios de Auditorias de Demonstrações Financeiras – AS 3101: O Relatório do Auditor sobre uma Auditoria das Demonstrações
Financeiras quando o Auditor Expressa uma Opinião sem Ressalvas
– AS 3105: Desvios de Opiniões Não Qualificadas e Outras Circunstâncias
de Relato
– AS 3110: Data do Relatório do Auditor Independente
Questões Relacionadas a Arquivamentos de Acordo – AS 4101: Responsabilidades com Relação a Arquivamentos de Acordos
com as Leis Federais de Valores Mobiliários com os Estatutos Federais de Valores Mobiliários
– AS 4105: Revisões de Informações Financeiras Intermediárias
Outros Assuntos Associados à Auditoria – AS 6101: Cartas para Subscritores e Certas Outras Partes Solicitantes
– AS 6105: Relatórios de Aplicação dos Princípios Contábeis
– AS 6110: Considerações de Auditoria de Conformidade em Auditorias de
Beneficiários de Assistência Financeira Governamental
– AS 6115: Relatório sobre se uma Fraqueza Material Relatada
Anteriormente Continua Existindo
.
Conforme tabela acima, em cada seção há muitas outras subseções. Por exemplo, a subseção AS 2401 descreve as
responsabilidades do auditor durante o trabalho de campo, como a de considerar um caso de fraude em uma auditoria de
demonstrações financeiras.
Um auditor profissional (pro)ativo utiliza o conhecimento e o material contido nas normas de auditoria emitidas
pelo ASB para determinar os procedimentos realizados, as evidências obtidas e o relatório de auditoria emitido para a
auditoria de uma empresa de capital fechado (não emissora de ações).
5) Considerações finais
As normas e padrões de auditoria estão em constante atualização e aprimoramento, esta publicação não pretende esgotar o
assunto, mas sim, agregar e compartilhar conhecimento.
Por isso, é importante que os profissionais consigam entender o contexto de um trabalho específico de auditoria para que
possam recorrer aos modelos apropriados. Mas, felizmente, há um elevado grau de coerência e sinergia entre todos os
padrões de auditoria, o que ajuda bastante.
Espero que tenham gostado. Qualquer dúvida, sugestão de novos tópicos ou críticas, sinta-se à vontade para comentar esta
publicação ou entrar em contato diretamente comigo.