Você está na página 1de 14

Tiago Souza.

Auditoria de TI, GRC, Segurança Cibernética, Riscos e Controles

Normas Internacionais de Auditoria e as empresas de capital aberto e fechado


Em Auditoria

Os padrões e normas de auditoria são fixados por diversas autoridades com um objetivo em comum: dar garantias ao
público de que os trabalhos são realizados de maneira profissional, que são evitadas declarações incorretas e os resultados
financeiros são comunicados com clareza. Entretanto, os auditores não auditam apenas informações financeiras. Eles
podem ser chamados para verificar diversos dados econômicos, ou mesmo informações não financeiras, tais como
a qualidade dos controles internos de uma companhia.

No estabelecimento das normas de auditoria, que compreendem as regras básicas que norteiam a atuação dos profissionais
da área de auditoria, 3 (três) organizações normativas estão envolvidas:

a) Comitê de Normas de Auditoria (ASB) do Instituto Americano de Contadores Públicos


Certificados (AICPA)
O ASB é um dos reguladores dos padrões de auditoria nos EUA, junto ao PCAOB, sendo responsável pela publicação de
normas de auditoria para companhias abertas que possuem ações na bolsa americana e que estão registradas na SEC.

b) Conselho de Supervisão da Contabilidade de Empresas de Capital Aberto (PCAOB)

O PCAOB é um dos reguladores dos padrões de auditoria nos EUA, junto ao ASB, sendo responsável pela publicação de
normas de auditoria para companhias abertas que possuem ações na bolsa americana e que estão registradas na SEC. Além
de publicar os padrões (standards) de auditoria, o PCAOB é responsável por fazer um “oversight” (uma espécie de
“monitoramento”) do trabalho das empresas de auditoria independente.

Também chamado de Conselho de Supervisão Contábil de Companhias Abertas, o PCAOB é um colegiado público criado sob
a jurisdição da SEC para fixar padrões visando às auditorias de companhias abertas, para promover exames de empresas de
contabilidade externa por seus pares e supervisionar o processo de auditoria de companhias abertas.

c) Conselho Internacional de Normas de Auditoria e Asseguração (IAASB) da Federação


Internacional de Contadores (IFAC)

O IAASB é responsável por emitir as normas ISA, que são padrões para todos os auditores que estão cumprindo normas
internacionais de auditoria. Além disso, o IAASB, que também é chamado de Conselho de Padrões Internacionais de Auditoria
e Garantia, compreende parte da IFAC, responsável pela promulgação de padrões de auditoria e garantia.
2) Aplicação das Normas

As normas emitidas pelo ASB, do AICPA, e pelo PCAOB, aplicam-se aos profissionais e seus trabalhos de auditoria
independente sobre demonstrações financeiras de empresas norte americanas, ou estrangeiras que possuem títulos
negociáveis na bolsa de valores dos Estados Unidos. As normas emitidas pelo IAASB da IFAC são de aplicação internacional,
para os países a elas aderentes.

No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o organismo oficial de regulamentação da profissão contábil (e, em
consequência, da atividade de auditoria independente), com o apoio do Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (Ibracon), emite as normas de auditoria independente. A partir de 2009, o CFC adotou integralmente as normas
internacionais de auditoria emitidas pelo IAASB da IFAC, traduzindo ipsis litteris (“com as mesmas letras”) seus conteúdos.

Em resumo, a aplicação das normas pode ser vista da seguinte forma:

a) Para empresas de capital fechado

• Normas de auditoria emitidas pela AICPA.

b) Para empresas de capital aberto

• Normas de auditoria emitidas pelo PCAOB.


• Normas de auditoria emitidas pelo ASB do AICPA que não foram suplantadas ou emendadas pelo PCAOB.

c) Normas internacionais

• Normas de auditoria emitidas pelo IFAC e IAASB.

3) Comitê de Normas de Auditoria (ASB)

O ASB, formado em 1978 como um comitê do AICPA, possui autorização para emitir normas e regulamentações de auditoria,
conforme a Regra 202 do Código de Conduta Profissional do AICPA. Essa regra exige que os membros do AICPA que prestam
serviços profissionais cumpram as normas do ASB. Se não acatá-las, os auditores violarão o Código de Conduta Profissional
e poderão perder sua licença para atuar como contadores públicos certificados.

O Comitê de Normas de Auditoria tem como missão desenvolver e comunicar normas e orientações práticas abrangentes
de desempenho, relatórios e controle de qualidade para permitir que auditores de non-issuers forneçam serviços de
auditoria e certificação de alta qualidade a um custo razoável e no melhor interesse da profissão e dos beneficiários desses
serviços. Busca-se, assim, servir o interesse público, melhorando os serviços existentes e possibilitando novos serviços de
auditoria e certificação.

O AICPA é a maior associação membro do mundo que representa a profissão de CPA (Certified Public Accountant). Seus
membros representam muitas áreas de prática, incluindo negócios e indústria, prática pública, governo, educação e
consultoria. Ele define padrões éticos para seus membros e padrões de auditoria dos EUA para empresas privadas,
organizações sem fins lucrativos e governos federais, estaduais e locais. Além disso, também desenvolve e classifica o Exame
CPA Uniforme, oferece credenciais especializadas, constrói o pipeline de futuros talentos e impulsiona o desenvolvimento
de competências profissionais para promover a vitalidade, relevância e qualidade da profissão.

O prefácio das Normas de Auditoria descreve os princípios fundamentais que governam uma auditoria. De acordo com esses
princípios, o propósito de uma auditoria é aumentar a credibilidade que as entidades externas colocam nas demonstrações
financeiras.

O auditor consegue aumentar essa confiança ao emitir uma opinião sobre as demonstrações financeiras, no qual declara
se foram ou não preparadas em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. Em outras palavras, a
opinião afirma se a empresa seguiu ou não as normas contábeis (a estrutura de relatório financeiro aplicável) ao preparar as
demonstrações financeiras.

A própria auditoria é conduzida segundo as Normas de Auditoria Geralmente Aceitas (NAGA, ou GAAS – Generally Accepted
Auditing Standards). As GAAS foram criadas pelo ASB e pelo AICPA. O GAAS é usado para processos e procedimentos de
auditoria adotados por empresas públicas mas que não possuem ações na bolsa. A sigla para esses padrões é SAS (Statements
on Auditing Standards).
As normas de auditoria reconhecem que a administração precisa preparar as demonstrações financeiras e manter um
sistema de controle interno relevante para esse processo.

Além disso, a administração deve fornecer ao auditor todas as informações relevantes e acesso irrestrito a quem na
empresa possa fornecer mais evidências das quais esse profissional precise.

Os princípios fundamentais são listados em três categorias gerais:

a. Responsabilidade;
b. Desempenho; e
c. Relatórios.

A seguir, são apresentadas descrições desses princípios específicos:

a. Responsabilidade

Os auditores são responsáveis por ter a competência e a capacidade apropriadas para realizar a auditoria, cumprindo
as exigências éticas relevantes, inclusive as que dizem respeito à independência e ao devido zelo; e por manter o ceticismo
profissional e exercer o julgamento profissional durante todo o planejamento e a realização da auditoria.

b. Desempenho
Para expressar uma opinião, o auditor busca uma segurança razoável de que as demonstrações financeiras de modo
geral estão livres de distorções relevantes, seja em decorrência de fraudes ou erros.

Assim, para obter uma segurança razoável, que é um nível alto, mas não absoluto de garantia, o auditor:

• Planeja o trabalho e supervisiona adequadamente quaisquer assistentes;


.
• Determina o nível ou os níveis de materialidade apropriados;
.
• Identifica e avalia riscos de distorção relevante, seja em decorrência de fraudes ou erros, com base no entendimento
da entidade e de seu ambiente, inclusive dos controles internos da entidade;
.
• Obtém evidências de auditoria suficientes e apropriadas sobre a existência ou não de distorções relevantes, por meio
da elaboração e da implementação de respostas apropriadas aos riscos avaliados.

O auditor é impedido de obter uma segurança absoluta de que as demonstrações financeiras sejam livres de distorções
relevantes em virtude de limitações inerentes, que surgem da:

• Natureza dos relatórios financeiros e dos procedimentos de auditoria; e


• Necessidade de que a auditoria seja realizada num período razoável de tempo e com um custo aceitável.
c. Relatórios

O auditor expressa uma opinião de acordo com os seus achados, ou declara que uma opinião não pode ser expressa, na
forma de um relatório escrito. A opinião declara se as demonstrações financeiras são ou não preparadas, em todos os
aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro aplicável.

Os padrões são agrupados nas seguintes categorias de tópicos:

• Normas Gerais de Auditoria: normas sobre princípios, conceitos, atividades e comunicações gerais de auditoria;
.
• Procedimentos de Auditoria: normas para planejar e executar procedimentos de auditoria e para obter evidências de
auditoria;
.
• Relatórios do Auditor: padrões para relatórios dos auditores;
.
• Questões relacionadas a arquivamentos de acordo com as Leis Federais de Valores Mobiliários: normas sobre certas
responsabilidades de auditor relacionadas a arquivamentos da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos
(SEC) para ofertas de valores mobiliários e revisões de informações financeiras intermediárias; e
.
• Outros Assuntos Associados a Auditorias: normas para outros trabalhos realizados em conjunto com uma auditoria de
um emissor ou de um corretor ou distribuidor.

A seguir, na tabela, são apresentadas uma lista de normas de auditoria PCAOB para auditorias de demonstrações
financeiras:

Normas Gerais de Auditoria

1000 – Princípios e Responsabilidades Gerais – AS 1001: Responsabilidades e Funções do Auditor Independente


– AS 1005: Independência
– AS 1010: Treinamento e Proficiência do Auditor Independente
– AS 1015: Cuidados Profissionais na Execução do Trabalho

1100 – Conceitos Gerais – AS 1101: Risco de Auditoria


– AS 1105: Evidências de Auditoria
– AS 1110: Relacionamento das Normas de Auditoria com as Normas de
Controle de Qualidade

1200 – Atividades Gerais – AS 1201: Supervisão do Trabalho de Auditoria


– AS 1205: Parte da Auditoria Realizada por Outros Auditores
Independentes
– AS 1210: Usando o Trabalho de um Especialista Contratado por um
Auditor
– AS 1215: Documentação da Auditoria
– AS 1220: Revisão de Qualidade do Engagement
1300 – Comunicações do Auditor – AS 1301: Comunicações com Comitês de Auditoria
– AS 1305: Comunicações sobre Deficiências de Controle em uma
Auditoria de Demonstrações Financeiras

Procedimentos de Auditoria

2100 – Planejamento da Auditoria e Avaliação de Riscos – AS 2101: Planejamento da Auditoria


– AS 2105: Considerações de Materialidade no Planejamento e Execução de
uma Auditoria
– AS 2110: Identificando e Avaliando os Riscos de Distorção Relevante

2200 – Auditoria do Controle Interno sobre Relatórios Financeiros – AS 2201: Uma Auditoria de Controle Interno sobre Relatórios Financeiros
que está integrada com uma Auditoria de Demonstrações Financeiras

2300 – Procedimentos de Auditoria em Resposta aos Riscos – – AS 2301: Respostas do Auditor aos Riscos de Distorções Relevantes
Natureza, Tempo e Extensão – AS 2305: Procedimentos Analíticos Substantivos
– AS 2310: Processo de Confirmação
– AS 2315: Amostragem de Auditoria

2400 – Procedimentos de Auditoria para Aspectos Específicos da – AS 2401: Consideração de Fraude em uma Auditoria de Demonstrações
Auditoria Financeiras
– AS 2405: Atos Ilegais de Clientes
– AS 2410: Partes Relacionadas
– AS 2415: Consideração da Capacidade de uma Entidade de continuar
como uma preocupação permanente (“going concern”)

2500 – Procedimentos de Auditoria para Determinadas Contas ou – AS 2501: Auditoria de Estimativas Contábeis, Incluindo – Medições de
Divulgações Valor Justo
– AS 2505: Inquiries do Advogado do Cliente sobre Litígios, Reclamações
e Avaliações
– AS 2510: Auditoria de Estoques

2600 – Tópicos Especiais – AS 2601: Consideração do Uso de uma Organização de Serviços por uma
Entidade
– AS 2605: Consideração da Função de Auditoria Interna
– AS 2610: Auditorias Iniciais – Comunicações entre Auditores Anteriores
e Posteriores

2700 – Responsabilidades do Auditor em Relação às Informações – AS 2701: Informações Suplementares de Auditoria que Acompanham as
Suplementares e Outras Demonstrações Financeiras Auditadas
– AS 2705: Informações Suplementares Requeridas
– AS 2710: Outras Informações em Documentos que Contêm
Demonstrações Financeiras Auditadas

2800 – Procedimentos para Conclusão da Auditoria – AS 2801: Eventos Subsequentes


– AS 2805: Representações da Administração
– AS 2810: Avaliação dos Resultados da Auditoria
– AS 2815: O significado de “apresentar-se razoavelmente em
conformidade com os princípios contábeis geralmente aceitos”
– AS 2820: Avaliação da Consistência das Demonstrações Financeiras

2900 – Assuntos Pós-Auditoria – AS 2901: Consideração de Procedimentos Omitidos Após a Data do


Relatório
– AS 2905: Descoberta Subsequente de Fatos Existentes na Data do
Relatório do Auditor
Relatórios de Auditorias

3100 – Relatórios de Auditorias de Demonstrações Financeiras – AS 3101: O Relatório do Auditor sobre uma Auditoria das Demonstrações
Financeiras quando o Auditor Expressa uma Opinião sem Ressalvas
– AS 3105: Desvios de Opiniões Não Qualificadas e Outras Circunstâncias
de Relato
– AS 3110: Data do Relatório do Auditor Independente

3300 – Outros Tópicos do Relatório – AS 3305: Relatórios Especiais


– AS 3310: Relatórios Especiais sobre Empresas Reguladas
– AS 3315: Relatórios sobre Demonstrações Financeiras Condensadas e
Dados Financeiros Selecionados
– AS 3320: Associação com Demonstrações Financeiras

Questões Relacionadas a Arquivamentos de Acordo – AS 4101: Responsabilidades com Relação a Arquivamentos de Acordos
com as Leis Federais de Valores Mobiliários com os Estatutos Federais de Valores Mobiliários
– AS 4105: Revisões de Informações Financeiras Intermediárias

Outros Assuntos Associados à Auditoria – AS 6101: Cartas para Subscritores e Certas Outras Partes Solicitantes
– AS 6105: Relatórios de Aplicação dos Princípios Contábeis
– AS 6110: Considerações de Auditoria de Conformidade em Auditorias de
Beneficiários de Assistência Financeira Governamental
– AS 6115: Relatório sobre se uma Fraqueza Material Relatada
Anteriormente Continua Existindo

.
Conforme tabela acima, em cada seção há muitas outras subseções. Por exemplo, a subseção AS 2401 descreve as
responsabilidades do auditor durante o trabalho de campo, como a de considerar um caso de fraude em uma auditoria de
demonstrações financeiras.

Um auditor profissional (pro)ativo utiliza o conhecimento e o material contido nas normas de auditoria emitidas
pelo ASB para determinar os procedimentos realizados, as evidências obtidas e o relatório de auditoria emitido para a
auditoria de uma empresa de capital fechado (não emissora de ações).

4) Siglas utilizadas nesta publicação

• AICPA – American Institute of Certified Public Accountants


• AS – Auditing Standards
• ASB – Auditing Standards Board
• CFC – Conselho Federal de Contabilidade
• CPA – Certified Public Accountant
• GAAS – Generally Accepted Auditing Standards
• IAASB – International Auditing and Assurance Standards Board
• Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
• IFAC – International Federation of Accountants
• ISA – International Standards on Auditing
• PCAOB – Public Company Accounting Oversight Board
• SAS – Statements on Auditing Standards
• SEC – Securities and Exchange Commission

5) Considerações finais

As normas e padrões de auditoria estão em constante atualização e aprimoramento, esta publicação não pretende esgotar o
assunto, mas sim, agregar e compartilhar conhecimento.

Por isso, é importante que os profissionais consigam entender o contexto de um trabalho específico de auditoria para que
possam recorrer aos modelos apropriados. Mas, felizmente, há um elevado grau de coerência e sinergia entre todos os
padrões de auditoria, o que ajuda bastante.

Espero que tenham gostado. Qualquer dúvida, sugestão de novos tópicos ou críticas, sinta-se à vontade para comentar esta
publicação ou entrar em contato diretamente comigo.

Você também pode gostar