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Teste Antecipado de Turbomáquinas em Paradas Programadas de Unidades de


Processo

Conference Paper · June 2012

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5 authors, including:

Celso Galvani Guilherme Leibsohn Martins


Petróleo Brasileiro S.A. Petróleo Brasileiro S.A.
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13º SEMINÁRIO BRASILEIRO DE CONFIABILIDADE NA MANUTENÇÃO
São Paulo – 20 e 21 de junho de 2012

Teste Antecipado de Turbomáquinas em Paradas Programadas de Unidades


de Processo

Celso Daniel Galvani Junior (Petrobras/REPLAN) celso.galvani@petrobras.com.br


David Tadeu Silveira Morais (Petrobras/REPLAN) dtsmorais@petrobras.com.br
Guilherme Leibsohn Martins (Petrobras/AB-RE) guileibsohn@petrobras.com.br
Sebastião Pedroso Ramos Júnior (Petrobras/REPLAN) pedroso@petrobras.com.br
Waldemir Netto (Petrobras/REPLAN) wnetto@petrobras.com.br

Resumo
Este estudo apresenta a experiência adquirida com a realização de testes antecipados de
turbomáquinas em paradas de manutenção programadas em unidades de processo na Refinaria de
Paulínia. São apresentados os ganhos em confiabilidade desses equipamentos e em prazo, segurança e
qualidade do procedimento de partida da unidade. Também são apresentados os pontos de atenção e
considerações técnicas durante o planejamento, preparativos, execução e acompanhamento desse tipo
de teste.

1. Introdução
Paradas programadas são momentos críticos em unidades de processo, onde se tem um grande volume
de serviços concentrados com prazos mínimos. Cada dia adicional de atraso no retorno em operação da
unidade representa custos elevados devido ao lucro cessante decorrente.
Turbomáquinas, como compressores de processo de grande porte, são equipamentos de grande
importância em unidades de processo, pois normalmente não possuem equipamento reserva e a
continuidade operacional das unidades onde estão inseridas depende desses equipamentos. Durante as
paradas de manutenção programadas essas máquinas passam muitas vezes por intervenções de grande
porte. Essas intervenções envolvem desde uma abertura para inspeção de mancais até troca do conjunto
rotativo. Além disso, os sistemas auxiliares e a instrumentação da máquina também passam por
intervenções e/ou modernizações.
Durante o procedimento de partida de uma unidade após uma parada de manutenção programada as
turbomáquinas geralmente estão entre os primeiros equipamentos a serem colocados em operação. Seu
rápido retorno à operação sem falhas influi diretamente no prazo de partida da unidade de processo.
Uma falha de manutenção em um equipamento desse tipo leva a atrasos no retorno da unidade à
operação.
Levando em consideração os fatos listados acima, a área de Refino da Petrobras decidiu pela adoção de
testes antecipados em turbomáquinas durante paradas de manutenção programadas em suas unidades de
processo. O teste consiste em colocar o equipamento em operação alguns dias antes do término das
atividades de manutenção da unidade de processo. O objetivo é testar o funcionamento do sistema
(turbomáquina, sistemas auxiliares de lubrificação/controle/selagem, instrumentação, intertravamento e
monitoramento) para detectar possíveis falhas de manutenção e corrigi-las antes do início da partida da
unidade, de forma a não impactar o processo de partida e, consequentemente, o prazo total de parada.
Vale ressaltar que as intervenções nas turbomáquinas muitas vezes não estão no caminho crítico da
parada de manutenção, portanto existe prazo para a realização desse tipo de teste.

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São Paulo – 20 e 21 de junho de 2012

A Refinaria de Paulínia – REPLAN tem grande experiência com a realização de testes antecipados de
turbomáquinas desde 2004. Ao todo já foram planejados 10 testes, sendo que destes 8 foram
efetivamente realizados.
Potência Gás de
Data Unidade Máquina Tipo Acionador Serviço Resultado
(MW) teste
Motor
fev/04 U-980 - Coqueamento Retardado C-9801 Centrífugo 5,0 Gás de coque Planejado e realizado Vácuo
elétrico
Turbina a
mar/05 U-220 - Craqueamento Catalítico C-2201 Centrífugo 7,8 Gás úmido FCC Planejado, não realizado N2
vapor
Turbina a
fev/07 U-220A - Craqueamento Catalítico C-22501 Centrífugo 6,0 Gás úmido FCC Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
fev/07 U-220A - Craqueamento Catalítico SP-22501 Axial 14,6 Soprador de ar Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
fev/09 U-220 - Craqueamento Catalítico C-2201 Centrífugo 7,8 Gás úmido FCC Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
fev/09 U-220 - Craqueamento Catalítico SP-2201 Centrífugo 10,7 Soprador de ar Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
mar/09 U-283 - HDT de diesel C-2801 Centrífugo 2,0 Reciclo de H2 Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
jun/10 U-283A - HDT de diesel C-28501 Centrífugo 2,0 Reciclo de H2 Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
jun/11 U-220A - Craqueamento Catalítico C-22501 Centrífugo 6,0 Gás úmido FCC Planejado e realizado Ar
vapor
Turbina a
jun/11 U-220A - Craqueamento Catalítico SP-22501 Axial 14,6 Soprador de ar Planejado, não realizado Ar
vapor

Tabela 1 – Lista de testes antecipados planejados desde 2004 na Refinaria de Paulínia

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São Paulo – 20 e 21 de junho de 2012

2. Planejamento do teste
A fase de análise e planejamento de testes antecipados de turbomáquinas requer grande envolvimento
dos profissionais envolvidos com a parada de manutenção. Para o sucesso desse tipo de teste existem
alguns pontos que necessitam de detalhada análise técnica e planejamento.
O primeiro ponto a se determinar é o fluido e arranjo de teste. Para compressores de gás de processo o
fluido normal de trabalho da máquina provavelmente não estará disponível, sendo necessária uma
avaliação técnica entre algumas alternativas de fluido a ser utilizado no teste (ar / gás inerte) ou teste
em vácuo.
A utilização de ar atmosférico em circuito aberto tem grande vantagem, principalmente pelo custo
reduzido e simplicidade para o teste. Além disso, há de se considerar que o uso de um gás inerte em
circuito fechado apresenta maiores riscos, devido à possibilidade de vazamento durante o teste. Um dos
testes planejado para ser realizado na Refinaria de Paulínia, com uso de N2 em circuito fechado, foi
cancelado pelo risco de vazamento de N2 em uma área onde havia ainda uma grande quantidade de
pessoas envolvidas nas diversas frentes de serviço da parada.

Figura 1 – Fluxograma de teste com ar atmosférico em sistema aberto.


Ao se utilizar sistema aberto devem ser definidos pontos para sucção e descarga do gás, tomando
cuidado para evitar a sucção de líquido e/ou sólidos para dentro do compressor e também para
isolamento da área onde será feita a descarga do ar, que estará em alta temperatura.

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Figura 2 – Ponto de sucção com filtro. Sistema aberto. Figura 3 – Ponto de descarga com isolamento de área.

Porém para que seja utilizado o ar atmosférico em compressores projetados para operação com fluido
de características diferentes deste, devem ser verificados alguns pontos. Um deles é o comportamento
da máquina com um fluido diferente do de projeto e operando em um sistema diferente. Deve-se
durante o planejamento para o teste simular quais os pontos de operação esperados para a condição de
teste. Devido à diferença de fluido e sistema, devem ser verificados itens como a temperatura na
descarga do compressor, que não deve exceder o limite de projeto, e possível ocorrência do fenômeno
de stone-wall (caracterizado pela ocorrência de velocidade sônica no interior da máquina).

Figura 4 – Simulação de condição de operação de compressor centrífugo durante teste com ar em sistema aberto.
Se houver grande diferença das características do gás de processo para o fluido de teste as curvas da
máquina disponíveis podem não representar fielmente o comportamento da mesma. Em máquinas de
rotação variável é aconselhável o aumento gradual de rotação e acompanhamento das variáveis
operacionais. Já em compressores com acionamento com rotação constante isso não é possível e as
incertezas associadas podem fazer com que seja mais apropriado o teste do compressor em vácuo. Esse
teste requer outros pontos de atenção, além de equipamento apropriado para geração de vácuo na
máquina.

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Figura 5 – Caminhão vácuo para teste. Figura 6 – Controle do vácuo durante o teste.
Um dos itens que requer maior atenção durante o planejamento do teste é a questão da selagem do
compressor, seja pelos valores de temperatura e pressão diferentes dos de projeto, como pela presença
de um fluido também diverso, ou pela presença de vácuo. Em compressores com selos a óleo deve-se
considerar que, ao se utilizar ar como fluido de teste, existe a possibilidade de contato de oxigênio em
alta temperatura com óleo na região dos selos da máquina. Uma solução é a injeção na caixa de
selagem de N2 ou outro gás inerte que possa ser lançado na atmosfera, caso isso seja possível. Deve-se
tomar a precaução de somente alinhar esse gás para dentro da máquina instantes antes de se iniciar o
teste, para evitar que se forme um “bolsão” de gás dentro da máquina e tubulações que possa vir a ser
lançado na atmosfera.

Injeção de gás
alternativo para
teste antecipado

Figura 7 – Fluxograma de sistema de selagem para selo a óleo

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Já para compressores que utilizam selo do tipo seco deve-se garantir que as condições operacionais
sejam adequadas para a operação do selo, sendo recomendável consultar o fabricante do mesmo. A
solução a ser adotada vai depender do arranjo de selagem utilizada, porém deve-se ter o máximo
cuidado para que não haja risco de entrada de contaminantes no selo seco, visto que a confiabilidade
operacional deste está diretamente ligada às condições de limpeza do gás. Geralmente em compressores
que utilizam selo seco existe alguma injeção de um gás devidamente tratado no selo ou na caixa de
selagem para evitar a presença de contaminantes. Se essa fonte não estiver disponível durante o teste
deve ser utilizado outro gás que satisfaça as mesmas condições de limpeza. Ao se utilizar uma fonte
alternativa deve ser considerado que durante a parada da unidade pode haver contaminação de linhas
ou acúmulo de líquido nas mesmas. É aconselhável fazer com que o gás utilizado durante o teste passe
pelo sistema de condicionamento para remoção de contaminantes.
Quando se utiliza como fluido de teste ar em circuito aberto os valores de pressão de operação do
compressor, e consequentemente do sistema de selagem, podem ser muito diferentes dos habituais de
projeto. Deve se verificar se a instrumentação do sistema de condicionamento de gás de selagem, em
especial as válvulas de controle, está adequada para operação com valores tão distintos dos de projeto.
Pode ser que tenham que ser modificados set-points de sistemas de controle e modificada a lógica de
intertravamento de alguns sistemas.

Injeção de gás
alternativo para
teste antecipado

Figura 8 – Fluxograma de sistema de fornecimento de gás para selo seco em configuração Tandem.
Durante toda fase de planejamento deve-se ter em mente que qualquer erro na análise de viabilidade
técnica para execução do teste pode colocar em risco a integridade da máquina e sistemas auxiliares se
os riscos não forem bem avaliados.
É de extrema importância a formação de um grupo multidisciplinar, envolvendo engenharia,
manutenção, operação, meio ambiente e segurança industrial para elaboração de procedimentos
específicos para o teste, considerando todas as condições de contorno. Necessário pessoal especializado

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para a realização do planejamento e avaliação dos riscos envolvidos, incluindo lista de equipamentos e
instrumentos necessários para o teste, análises de risco, revisão das Permissões de Trabalho e listas de
LIBRA (Liberação, Isolamento, Bloqueio, Raqueteamento e Aviso). Isso se faz necessário, pois
durante o teste antecipado haverá presença de fontes de energia (elétrica, térmica, química) dentro da
unidade de processo enquanto ainda estão ocorrendo várias atividades de manutenção em equipamentos
liberados.
Durante a preparação e execução do teste, técnicos de segurança devem estar envolvidos monitorando
condições que possam trazer risco à saúde e segurança. É aconselhável monitoração de ruído, pois essa
é uma variável de difícil predição durante o planejamento do teste. Todas as frentes de trabalho devem
ser avisadas com antecedência e os equipamentos e linhas envolvidos no teste devem estar devidamente
sinalizados.
Também deve ser feito durante a execução do teste acompanhamento constante do comportamento da
máquina, com monitoramento de variáveis como vibração, pressões e temperaturas, incluindo todos os
sistemas auxiliares.

Figura 9 – Monitoramento de variáveis. Figura 10 – Monitoramento de vibração da máquina.


Todas as frentes de serviço da parada programada devem ser envolvidas durante o planejamento do
teste antecipado, visando à conclusão dos sistemas necessários para a execução do teste no prazo
necessário. Uma falha de planejamento em qualquer um dos sistemas necessários para o teste pode
fazer com que todo o planejamento e mobilização de vários recursos (humanos e financeiros) sejam
perdidos.
É boa prática a elaboração de um check-list de todas as atividades a serem concluídas para viabilizar a
execução do teste e também das atividades que devem ser executadas após o teste para permitir a
partida da unidade, incluindo remoção de LIBRA e dispositivos específicos para o teste,
restabelecimento de set-points e calibração de instrumentos e válvulas de controle que tenham sido
alterados para o teste.
Durante a parada de manutenção deve haver acompanhamento constante das frentes envolvidas no teste
antecipado, sendo recomendável o acompanhamento dos preparativos para o teste como sendo uma
frente de parada específica. As providências de abertura de flanges, raqueteamento e LIBRA
necessárias para o teste devem ser detalhadas no cronograma, para que a sua execução durante a parada
possa ser acompanhada.

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Figura 11 – Exemplo de cronograma de acompanhamento das atividades para o teste antecipado.

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3. Resultados
Entre os resultados positivos da realização de testes antecipados de turbomáquinas podemos listar:
• Avaliação da condição dinâmica da máquina, vibração e temperaturas de mancais.
• Possibilidade de avaliação da performance da máquina, dependendo do fluído de teste e da
instrumentação disponível. Essa possibilidade se torna ainda mais interessante no caso de
modificações na máquina com intuito de melhoria de performance.
• Avaliação de parte dos sistemas elétricos e dos sistemas de fornecimento de utilidades (vapor,
ar de instrumento, água de refrigeração).
• Testes de funcionamento dos sistemas de lubrificação, selagem (compressores) e controle
(turbinas a vapor), incluindo toda instrumentação. Testes de operação e intertravamento desses
sistemas. São comissionados e testados todos os equipamentos desses sistemas: bombas, filtros,
permutadores, válvulas de controle e demais instrumentos.
• Verificação da instrumentação da máquina, incluindo sistemas de intertravamento e proteção.
Entre os problemas encontrados durante a realização dos testes antecipados os de
instrumentação e automação são os mais comuns. Vale ressaltar que geralmente também são os
de solução mais simples e rápida.
• Teste de trip por sobrevelocidade de turbinas a vapor. Como boa prática de segurança deve ser
testada com certa freqüência o desarme de turbinas a vapor por sobrevelocidade. Com a
realização de teste antecipado da máquina existe disponibilidade de vapor para realização do
teste de sobrevelocidade com a turbina desacoplada.
• Possibilita a correção de eventuais falhas de manutenção sem impactar o prazo de partida da
unidade. Provavelmente não se é possível realizar uma abertura de carcaça de máquina sem
impactar o prazo, porém muito provavelmente é possível se fazer uma intervenção para troca de
mancais e/ou selos ou correção de alinhamento.
• Orienta os trabalhos de manutenção para a conclusão antecipada e condicionamento dos
serviços de utilidades (vapor, ar de instrumento e água de resfriamento), que são essenciais no
retorno da unidade ao processo de produção.

4. Conclusões
A realização de testes antecipados em turbomáquinas que não possuem reserva operacional em paradas
de manutenção programadas traz uma série de ganhos para a confiabilidade de plantas de processo,
reduzindo os riscos operacionais durante a partida da unidade e também riscos de atraso no retorno da
planta a operação.
A utilização de ar atmosférico como fluido de teste é interessante do ponto de vista de custos e
facilidade de execução, se tornando a solução mais vantajosa para esses testes, desde que não haja
limitações técnicas para tal.
Contudo, para que esses testes sejam bem sucedidos é necessário um planejamento detalhado, cobrindo
todos os aspectos técnicos, de segurança e de interface entre as diversas frentes de trabalho.

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