Você está na página 1de 3

O DIA DO SOL

ESTUDOS PARA DUPLAS MISSIONÁRIAS


Pr. Agnaldo R. Nicoletti

Introdução
O DOMINGO, por fundamentação bíblica e etimológica, é considerado o primeiro dia da
semana1 seguindo o sábado e precedendo a segunda-feira, é um dia de descanso para a
maioria das pessoas no mundo ocidental.
Por ordenação de trabalho e lazer e pela normalização ISO 8601 o domingo é considerado o
último dia da semana.
A palavra é originária do latim dies Dominicus, que significa "dia do Senhor". Existe, nessa
mesma acepção, em castelhano (Domingo), italiano (Domenica), francês (Dimanche) e em
todas as línguas de origem latina.
Povos pagãos antigos reverenciavam seus deuses dedicando este dia ao astro Sol o que
originou outras denominações para este dia, em inglês diz-se Sunday, e no alemão Sonntag,
com o significado de "Dia do Sol".

Paganismo
Por ser Roma uma cidade cosmopolita e sede de um vasto império, afluíram a ela povos de
diversas culturas, que incluíam na bagagem cultural inúmeras crenças, as quais eram
recebidas e reconhecidas pelos romanos. Entre elas, teria-se associado às crenças dos
latinos, sabinos e etruscos a reverência ao primeiro dia da semana.
Em outras línguas e países, ainda permanecem expressões oriundas de cultos pagãos e
deuses mitológicos antigos, como aqueles oriundos dos babilônicos, com base no fato do 1º
dia a semana ser dedicado ao deus Shamash, o Sol (o senhor do culto solar) segundo as
crenças daquele povo, bem como dos assírios e egípcias, que reverenciavam como deus
maior o sol, o deus Rá, conforme foi também comentado por Gerald Messadié, em História
Geral do Antisemitismo. Sem contar os tantos outros povos adoradores do Sol, como as
civilizações anteriores a Cristóvão Colombo das Américas.

Cristianismo
Em 7 de março de 321, constantino primeiro o grande decreta que o domingo seria observado
como dia repouso civil obrigatório:
"Que no venerável dia do sol os magistrados e as pessoas residentes nas cidades
descansem, e que todas as oficinas, estejam fechadas, No campo ainda assim que as
pessoas ocupadas na agricultura possam livremente continuar seus afazeres pois pode
acontecer que qualquer outro dia não seja apto para a plantação de vinhas ou de sementes... 2
O Imperador Constantino provocou uma divergência de opinião sobre a questão se deve ser o
sábado ou o domingo o dia observado como dia de descanso. 3
A divergência não se aplica aos judeus, para quem o dia de descanso(Shabat )é
incontestavelmente no sábado, nem para os muçulmanos cujo dia sagrado (jumu'ah) é em
uma sexta-feira. A divergência entre a tradicional observância religiosa judaica do Shabat e ao
respeito ao primeiro dia da semana aparece com o concilio de Niceia (ano 325) pelo
Imperador Constantino que impõe o domingo sobre o sábado, de modo a introduzir o povo
pagão dentro dessa nova religião - o catolicismo e assim unificar todo o povo do seu império,
baseando-se numa passagem biblíca que está na Bíblia em Atos 20:7 onde os discípulos se
reuniram no "primeiro dia da semana e partiram o pão" juntos. 4
Constantino era mitraísta, seguidor do "deus Sol" e, segundo os relatos históricos, ele foi o
primeiro imperador a se converter ao cristianismo, mas por motivos políticos e religiosos não
abandou de forma definitiva suas antigas crenças, pois era grande a influência que ele, como
imperador, exercia sobre os seus súditos pagãos. Esse decreto-lei foi incluído no Direito Civil
e direcionava-se a todos do império de Roma. Na esfera civil, Constantino proporcionou o
primeiro meio legislativo para que o domingo fosse seguido pelo cristianismo apostatado e,
disseminado ao redor do mundo como sendo o substituto do sábado presente na lei de Deus.
Paralelamente às mudanças que ocorriam no paganismo dentro do império romano, o
cristianismo iniciava sua deplorável jornada rumo a apostasia se desviando do genuíno
evangelho de Cristo; e os apóstolos Paulo e Pedro advertiram quanto a isso (II
Tessalonicenses 2:7-8; II Pedro 2:1-3).

Ausência dos Primeiros Discípulos

Com a morte dos primeiros discípulos, que pregavam integralmente e unicamente o que
Cristo lhes ensinara, as gerações posteriores de cristãos foram gradativamente abandonando
a "sã doutrina" e inevitavelmente sucumbiram aos falsos ensinos (II Tim. 4:3-4; II João 1:8-9).
Uma das consequências em renunciar as Escrituras, foi a mudança na lei de Deus, que teve o
segundo e quarto mandamentos anulados(Daniel 7:25 cf. I Timóteo 1:3-11); alguns cristãos
em pleno declínio espiritual iniciaram a estranha comemoração do "festival da ressurreição"
nas manhãs de domingo, retornando em seguida ao seus afazeres. Outros, motivados pelo
ódio, começaram a transgredir o quarto mandamento alegando o desvencilhar de qualquer
relação com os judeus, e se baseavam no extremismo que os fariseus tinham em relação ao
sábado.
O bispo Eusébio sobre isso revela:
"Por sorte não temos nada em comum com a multidão de detestáveis judeus, por que
recebemos de nosso Salvador, uma dia de guarda diferente." 5
"Todas as coisas que era dever fazer no sábado, estas nós as transferimos para o dia do
Senhor, como o mais apropriado para isso, este [domingo] é o principal na semana, é mais
honroso que o sábado judaico."6
Tertuliano, patrístico do século III, discorrendo sobre a "festividade da ressurreição" relata
como os cristãos que adotaram esta prática eram confundidos com os pagãos:
"Outros, com maior consideração aos bons costumes, isto deve ser admitido, supõem que o
sol é o deus dos cristãos, porque é um fato bem conhecido que rezamos em direção ao leste,
ou porque fazemos do dia do Sol um dia de festividade." 7

"Mas, muitos de vocês, igualmente, às vezes sob o pretexto de adorar os corpos celestes,
movem seus lábios na direção ao nascer do sol. Da mesma forma, se nós dedicarmos o dia
do Sol com alegria, a partir de uma razão muito diferente do culto ao Sol, teremos alguma
semelhança com aqueles que cultuam no dia de Saturno (...)" 8
Outra alegação apresentada para alterar o dia de descanso bíblico era que, a observância
dominical imposta por Constantino seria uma boa oportunidade para atrair os pagãos ao
cristianismo.
Entretanto, a História demonstra que ocorreu o inverso, a desobediência a Deus proporcionou
a infiltração do paganismo no cristianismo. O abandono gradativo das Escrituras por esses
cristãos conduziram as gerações posteriores da igreja a adotar o domingo como dia de
guarda. Assim, cristianismo degenerado e paganismo convergiram para um mesmo dia de
descanso e adoração.
Após a sua conversão, Constantino passou a lidar com as dificuldades em conciliar estes
seguimentos religiosos e, cada decisão era instruída cuidadosamente pelos seus ministros
para evitar conflitos. Em seus decretos ele utilizava de forma equilibrada um linguajar
adaptado que conciliava os princípios cristãos e pagãos, como por exemplo: chamar de "dia
do Sol" o primeiro dia da semana (domingo) que os pagãos chamavam de "dia de Mitra" e "dia
do deus Sol Invicto". Ele empregou deste modo uma expressão que não ofendia as duas
classes.9
Em 325 d.C. as orientações decididas no Primeiro Concílio de Niceia, estabelecem
universalmente o primeiro dia da semana como dia sagrado, o nome do primeiro dia da
semana foi modificado de Prima Feria para Dies Domenica. Decisão mantida pela maioria das
denominações cristãs até a atualidade.
A designação teve repercussões geográficas quase dez séculos mais tarde: Cristóvão
Colombo, ao chegar pela primeira vez ao Caribe, a 3 de novembro de 1493, mais
precisamente à ilha hoje compartilhada pelo Haiti e pela República Dominicana, chamou-a
Dominica, por ser um dia de domingo, segundo o calendário juliano então em vigor.

Referências
1.Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e Dicionário e Enciclopédia Koogan/Houaiss. Rio
de Janeiro: Edições Delta, 1995.
2.Canon 29 of the Council of Laodicea. Ccel.org (1 de junho de 2005). Consultado em 29 de
fevereiro de 201, 2. (Em Inglês)
3.Alexander Roberts, D.D. & James Donaldson, LL.D.:Chapter LXVII.—Weekly worship of the
Christians.. The Apostolic Fathers with Justin Martyr and Irenaeus. Página visitada em
13-1-2007.
4.http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingo
5. Eusebius, Life of Constantine, book III, chap. XVIII.
6. Eusebius's Commentary on the Psalms (Psalm 92: A Psalm or Song for the Sabbath-
day). Too in: Migne's Patrologia Graeca, vol. XXIII, col. 1171-1172.
7. Tertullian, Apologetic: Ad Nationes, book I, chap. XIII.
8. Tertullian, Apologetic: Apology, chap. XVI.
9.GIBBON, E. (1776). The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, vol. III, chap.
XX, §§ 6-9.

Você também pode gostar