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O DOMINGO É UM DIA PAGÃO?

É extremamente engraçado e até patético ouvir os sabatistas


dizerem que o domingo é um dia pagão e espúrio. E lançam mão de
fartas provas históricas para compensar os dois lados que essa
questão apresenta. Será que Deus, na criação, fez um dia espúrio e
outro não? O primeiro dia da semana, o domingo, não merece ser
taxado de pagão simplesmente porque pecadores impenitentes o
mancharam com suas superstições vis a ponto de dedicá-lo a uma
divindade imaginária, própria das loucuras da depravação total da
qual a humanidade alienada de Deus está sujeita. Isso, de maneira
nenhuma, mancha ou tira o valor do dia cristão.

O povo de Deus não tem culpa se o batismo fora manchado


pelas superstições babilônicas. De igual modo, a doutrina da
Santíssima Trindade não deixa de ser uma verdade bíblica por ter
sido corrompida pelos povos que inseriram nela suas aberrações
idolátricas e passaram a adorar uma tríade de deuses. A ressurrei-
ção não deixa de ser um fato escriturístico simplesmente porque
fanáticos pagãos a traziam em seu bojo de tradição. Poderíamos
ainda discorrer sobre a Santa Ceia e muitas outras doutrinas
autenticamente cristãs que são ordenanças e mandamentos do
Novo Testamento, inclusive praticadas pelos adventistas, que
tiveram suas réplicas no paganismo, mas nem por isso dizemos que
são espúrias. A respeito da Santa Ceia, Justino, o mártir, explica em
sua “I Apologia” que os demônios (seguidores de Mitra) também
usavam em suas iniciações os elementos da Ceia, acompanhados
por palavras, tal qual os cristãos faziam.

Querer tirar a marca e o caráter autenticamente cristão do


domingo como sendo apenas o “dia do sol” é raciocínio pueril.
Somente pessoas de mente obtusa lançariam mão de teorias
frágeis como esta para defender ideias preconceituosas que, de
antemão, já estão fadadas ao fracasso. Isto sim é de debilidade
evidente. Valendo-me das palavras de Justino, arremato que os
cristãos evangélicos não adoram a Deus no domingo por este ter
sido usado pelos pagãos para comemorarem seus rituais, mas, sim,
porque a Igreja de Cristo obedece à autoridade apostólica.
DO "VENERABILI DIES SOLIS"

Quando o assunto é explicar a origem da “imposição”


dominical a confusão é geral no meio adventista.Uns dizem que foi
Constantino, outros já afirmam que foi o Papa, outros ainda que foi
a Igreja Católica, através de um Concilio. É uma verdadeira
confusão!

Os êmulos do “Dia do Senhor” - o domingo, empacotam seus


argumentos de tal modo que acabam por distorcer fatos históricos
relevantes que, se levados em conta, tem o poder de desmontar por
completo o arcabouço erigido em cima destas heresias. Um deles
tem a ver com o edito de Constantino.

Tenho em mãos a “História Eclesiástica” de Eusébio que, a


partir do livro X, descreve as ações de Constantino em prol da
Igreja. Seus decretos imperiais mostram um imperador ecumênico
(aquele que gosta de agradar a gregos e troianos) semiconvertido
preocupado mais com política do que com coisas espirituais. E isso
é mostrado às claras. Vejamos: “Que qualquer divindade e poder
celestial que possa existir seja propício a nós... é assim que
podemos conceder aos cristãos e a todos igualmente a livre escolha
de seguir o tipo de adoração que quiserem”.

Notem que Constantino engloba em seus decretos todas as


religiões, sendo a maioria pagã e a minoria, cristã. Ao favorecer os
cristãos com as afirmações que veremos em seguida, ele está
abrindo as portas para que os mesmos adorem a Deus da maneira
que quiserem e no dia que mais lhes seja conveniente:
“...concedemos aos cristãos liberdade e liberdade plena para
observarem seu modo peculiar de adoração”. Quando usa a
expressão pagã “Venerável dia do sol” ele não está, de modo ne-
nhum, honrando este dia ou lhe impondo divindade, mas apenas
usando uma expressão peculiar àquele povo. Todos a entendiam.
Não seria nada conveniente escrever em um decreto, a ser lido em
público, uma expressão menos conhecida pelo povo como “Dia do
Senhor”. Trata-se de uma frase cristã e a maioria pagã não a
entendia. Isto é tanto verdade que o próprio Justino, o mártir, usa
em sua epístola enviada ao imperador pagão Antonino a expressão
“No dia que se chama do sol...” para que esse homem pudesse
entender. É mais ou menos como dizer a um americano que vou à
igreja não no domingo (Dia do Senhor), mas nosunday (dia do sol).
E isso não compromete em nada o dia cristão. Foi justamente com
este objetivo que Constantino usou a expressão “Venerável dia do
sol”, para que todos compreendessem. Assim, não adianta nada
insistir na “imposição” dominical. Os fatos, quando analisados
honestamente, não comportam tal ideia de o domingo ser um dia
espúrio, pagão.

PAULO CRISTIANO, REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 7 – N° 43

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