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Como o domingo tornou-se o popular


dia de culto - Parte 2
Kenneth A. Strand, Ph.D.
Professor de Teologia Histórica e Novo Testamento, na Andrews University, até o tempo de seu
falecimento em 1997

R esumo: Esta segunda parte do artigo tal posição.


demonstra a maneira gradual com que a Sendo assim, quando, onde e como
observância do dia de repouso bíblico foi ocorreu a transição que fez o domingo
transferida do sétimo para o primeiro dia tornar-se conhecido como um dia espe-
da semana. Por um lado, as evidências cial para os cristãos?
literárias dos primeiros séculos da era
cristã atestam que, num primeiro momento, A primeira evidência clara para a
ambos os dias coexistiam lado a lado como observância semanal do domingo vem
sagrados. Por outro, diversas legislações do segundo século de dois lugares: Ale-
imperiais se encarregaram, porteriormente, xandria e Roma. Por volta de 130 d.C.,
de oficializar a transição, que alcançou seu Barnabé de Alexandria, em um discurso
ponto culminante na decretação de leis altamente alegórico, refere-se ao sábado
proibindo o trabalho no domingo. do sétimo dia como representando o
sétimo milênio da história terrestre. Ele
A bstract: This second and final part prossegue dizendo que os presentes sá-
of the article, seeks to demonstrate the bados eram inaceitáveis a Deus, que faria
gradual way in which the observance of the “um início do oitavo dia [domingo], isto
biblical day of rest was changed from the é, um início de outro mundo. Portanto,
seventh day of the week (Saturday) to the guardamos também o oitavo dia com
first day (Sunday). On one side, the literary júbilo, que é também o dia em que Jesus
evidences from the first centuries of the ressurgiu dos mortos.”2
Christian era provide strong witnesses that
the change was not straight from Saturday Cerca de 150 d.C., Justino Mártir de
to Sunday, as one could think. At first both Roma se refere direta e mais claramente
days coexisted side by side. On the other à observância do domingo, realmente
hand, later, several imperial legislations descrevendo com brevidade em sua
made the transition official, reaching the Apologia o serviço de adoração realizado
point where laws were issued to prohibit no domingo: “E no dia chamado domin-
work on Sunday. go, todos os que moram nas cidades ou
no campo se reúnem num certo lugar, e
as memórias dos apóstolos ou os escritos
Introdução dos profetas são lidos enquanto o tempo
Em meu artigo anterior, mostrei que permite; então, quando o leitor termina, o
durante o terceiro até o quinto século da presidente instrui verbalmente, e exorta à
Era Cristã, o sábado e o domingo eram imitação dessas boas coisas.” Segue-se a
geralmente observados lado a lado em oração, a comunhão, e uma oferta para os
toda a Cristandade.1 Também verificamos pobres.3
que no Novo Testamento o dia para os O mesmo escritor em seu Diálogo Com
serviços de adoração semanal tinha sido o Judeu Trifo manifesta uma inclinação
o sábado, sem absolutamente nenhuma anti-sabática em várias declarações, inclu-
sugestão de que o domingo havia gozado sive a seguinte: “Você vê que os elementos
não estão ociosos, e não guardam nenhum
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sábado? Permaneça como você nasceu.”4 culto puramente pagão subitamente capta-
do a atenção de todo o mundo cristão sem
qualquer oposição séria? Além disso, se
Roma e Alexandria fosse esse o caso, como esclareceríamos
Desse modo, Barnabé de Alexandria e o fato de que o domingo cristão, quando
Justino Mártir de Roma não apenas se refe- surgiu, era regularmente considerado como
rem à prática da observância do domingo, um dia em honra à ressurreição de Cristo,
mas também manifestam uma atitude ne- não como um sábado?
gativa para com o sábado. Causa interesse Este último ponto merece atenção espe-
que precisamente essas duas cidades, Ale- cial. No Novo Testamento, a ressurreição
xandria e Roma, sejam mencionadas pelos de Cristo está simbolicamente relacionada
historiadores do quinto século Sócrates com as primícias da colheita, precisamen-
Escolástico e Sozomen, como exceções à te como Sua morte está relacionada com
regra geral de que os serviços de adoração a imolação do cordeiro pascal (veja 1Co
em todo o mundo cristão eram ainda rea- 15:20 e 5:7). A oferta do molho movido
lizados no sábado numa época tão tardia (amostra de cereais) das primícias da co-
quanto o quinto século (as declarações lheita era um evento anual entre os judeus.
desses dois historiadores foram anotadas Mas nos tempos do Novo Testamento havia
em nosso primeiro artigo). dois diferentes métodos da contagem do dia
Que circunstâncias especiais poderiam para essa celebração.
ter levado Roma e Alexandria à sua adoção De acordo com Levítico 23:11, o
precoce da observância do domingo? Além molho movido devia ser oferecido por
disso, por que a observância do domingo ocasião dos pães asmos “na manhã após
foi cedo (por volta do terceiro século) e o sábado” ou “o dia imediato ao sábado”.
tão prontamente aceita pelo restante da Os fariseus interpretavam isto como o dia
cristandade, mesmo quando o sábado ainda após o sábado da Páscoa. Eles matavam o
não havia sido abandonado? cordeiro pascal em 14 de Nisã, celebravam
o sábado da Páscoa em 15 de Nisã, e ofe-
Obviamente, a evidência até aqui apre- reciam o molho movido das primícias em
sentada lança por terra a teoria de que o 16 de Nisã, independentemente dos dias
sábado do sétimo dia foi substituído pelo da semana em que essas datas pudessem
domingo imediatamente após a ressurrei- cair. Desse modo, sua celebração era aná-
ção de Cristo. Mas igualmente incorreta é loga ao nosso método de contar o Natal,
a opinião oposta de que o domingo cristão que cai em diferentes dias da semana em
foi emprestado diretamente do paganismo anos diferentes.
no início dos tempos pós-Novo Testa-
mento. Não apenas esta teoria carece de Por outro lado, os essênios e os sa-
prova, mas a absoluta improbabilidade de duceus boetusianos interpretavam “o dia
que virtualmente toda a cristandade de sú- imediato ao sábado” como o dia após um
bito mudasse para uma prática puramente sábado semanal (sempre um domingo).
pagã deve alertar-nos para a necessidade Também seu dia de Pentecostes sempre
de uma explicação mais plausível. Es- caía em um domingo, “o dia imediato ao
pecialmente é isto verdade quando nos sétimo sábado” desde o dia da oferta das
lembramos de que numerosos cristãos primícias (veja Lv 23:15, 16).6
primitivos aceitaram o martírio em vez de Seria natural que os cristãos continu-
comprometer sua fé. O próprio Justino foi assem a celebração das primícias. Eles a
um deles, sofrendo o martírio em Roma observaram, não como um festival judaico,
por volta de 165 d.C.5 mas em honra da ressurreição de Cristo. Afi-
nal, não era Cristo as Verdadeiras Primícias
Festa das primícias (1Co 15:20), e não era Sua ressurreição da
máxima importância (1Co 15:14, 17-19)?
Num tempo como esse, teria um dia de
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Início da guarda do domingo as Primícias. Mas não havia tal hábito ou


ambiente psicológico para a observância de
Mas quando começaram os cristãos
uma celebração semanal da ressurreição. É
a guardar tal festival da ressurreição?
provável que o domingo cristão semanal
Faziam-no cada semana? Não. De prefe-
desenvolveu-se posteriormente como uma
rência, eles faziam isto anualmente, como
extensão do anual.
havia sido seu costume na celebração ju-
daica das primícias. Vários fatores podem ter tido uma par-
te em tal desenvolvimento. Em primeiro
Mas qual destes dois tipos de contagem
lugar, não somente quase todos os cristãos
eles escolheram: a farisaica ou a essênio-
primitivos observavam a Páscoa e o Pen-
boetusiana? Provavelmente ambas. Aque-
tecostes no domingo, mas todo o período
les que tinham sido influenciados pelos
de sete semanas entre os dois feriados tinha
fariseus realizavam sua festa da Páscoa
significado especial.10
em um diferente dia da semana cada ano,
e aqueles que tinham sido influenciados Como tem sugerido J. van Goudoever,
pelos boetusianos e essênios celebravam talvez os domingos entre as duas festivi-
sua festividade anual da Páscoa sempre dades anuais também tivessem importân-
num domingo. cia especial.11 Assim sendo, elementos já
E esta é precisamente a situação que presentes poderiam ter ajudado a estender
encontramos na controvérsia da Páscoa a observância do domingo para uma base
que irrompeu por volta do final do segundo semanal, espalhando-se primeiro para os
século.7 Naquele tempo os cristãos asiáti- domingos durante o próprio período Pás-
cos (da província romana da Ásia na Ásia coa-a-Pentecostes e, então, eventualmente
Menor ocidental) celebravam os eventos da pelo ano inteiro.12
Páscoa com base em 14-15-16 de Nisã, sem Destarte, a celebração anual do domin-
levar em consideração os dias da semana. go poderia ter suprido uma fonte da qual
Mas os cristãos na maior parte do restante os primeiros cristãos de Alexandria e Roma
do mundo, incluindo Gália, Corinto, Ponto inauguraram um domingo semanal como
(no Norte da Ásia Menor), Alexandria, um substituto para o sábado. Mas não há
Mesopotâmia e Palestina (mesmo em Je- nenhuma razão por que esta espécie de
rusalém), mantinham-se fiéis a uma Páscoa festival semanal da Ressurreição tivesse de
no domingo. Fontes antigas indicam que suplantar o sábado. E de fato, em qualquer
ambas as práticas provinham da tradição outra parte da Cristandade o encontramos
apostólica.8 simplesmente surgindo como um dia espe-
Esta é uma opinião mais plausível do cial observado junto com o sábado.
que aquela de que o domingo da Páscoa
foi uma tardia inovação romana. Afinal, O domingo substitui o sábado em
em um tempo em que as influências cris-
tãs estavam se mudando do Oriente para
Roma
o Ocidente, como poderia uma inovação Mas que fator ou fatores instigaram a
romana ter desarraigado tão súbita e tão substituição do sábado por um domingo
completamente uma arraigada prática semanal em Roma e Alexandria? Sem
apostólica em praticamente todo o mundo dúvida, o mais significativo foi o crescen-
cristão, Oriente e Ocidente?9 te sentimento anti-judaico no início do
segundo século. Várias revoltas judaicas,
Uma reconstrução da história da igreja
culminando com a de Bar Cocheba de 132
que vê o mais antigo domingo cristão
a 135 d.C., despertaram o antagonismo
como uma Páscoa anual em vez de uma
romano contra os judeus a um nível tão
observância semanal faz sentido histó-
alto, que o Imperador Adriano os expulsou
rico. O hábito de observar o dia de festa
da Palestina. Seu antecessor, Trajano, tam-
judaico anual das primícias poderia ser
bém estivera irritado com as insurreições
facilmente transferido para uma celebração
dos judeus; e o próprio Adriano, antes da
anual da ressurreição em honra de Cristo,
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revolta de Bar Cocheba, havia proscrito Precisamos agora olhar rapidamente


práticas judaicas tais como circuncisão e para uma outra linha de evidência: certas
observância do sábado.13 referências ao “dia do Senhor”. Poderia o
termo “dia do Senhor” em seu uso mais
Especialmente em Alexandria, onde antigo se referir, como tem sugerido C.
havia um forte contingente de judeus, W. Dugmore, a um domingo de Páscoa
e na própria capital romana os cristãos anual?16
eram inclinados a se sentir em perigo de
identificação com os judeus. É provávlel, A primeira referência pós-bíblica ao
portanto, que especialmente nesses dois domingo semanal como “dia do Senhor”
lugares que eles procuraram um substituto deriva de Clemente de Alexandria perto
para o sábado semanal a fim de evitar que do final do segundo século. Ele menciona
fossem associados com os judeus observa- “o dia do Senhor que Platão fala profeti-
dores do sábado. camente no décimo livro de A República,
nestas palavras: ‘E quando sete dias se
Além disso, em relação a Roma (e passaram para cada um deles no campo,
algumas outras partes do Ocidente), a no oitavo eles devem partir e chegar em
prática de jejuar no sábado cada semana quatro dias.’“17
também tendia a realçar o desenvolvimen-
to da observância do domingo por tornar Pouco antes disto, porém, Irineu, da
o sábado um dia triste.14 Isto obviamente Gália, fez uma curiosa declaração falando
tinha efeitos negativos sobre o sábado e do Pentecostes como “de igual significado
poderia ter servido como incentivo em que o dia do Senhor.”18 Como têm obser-
Roma e em algumas regiões vizinhas para vado os editores do Ante-Nicene Fathers
substituir um sábado tão triste e faminto (Pais Ante-Nicenos), esta referência deve
por uma jubilosa festividade semanal da ser à Páscoa.19 Parece claro que são com-
Ressurreição no domingo. preendidos dois eventos anuais.
Indubitavelmente, outras influências Ainda mais cedo, contudo, há duas outras
também estavam operando em Roma e referências patrísticas que freqüentemente
Alexandria nas primeiras medidas toma- são consideradas como declarações do “dia
das para substituir o sábado pelo domingo do Senhor”, embora nenhuma delas conte-
naqueles lugares. Talvez deva ser feita con- nha no texto a palavra dia:
cessão a alguma influência do paganismo (1) Didaquê 14:1: “No próprio [dia]
nesta conexão, embora a observância do do Senhor, se reúnem”, ou, possivelmen-
domingo não entrasse na Igreja diretamente te, “Segundo o próprio (mandamento) do
dessa fonte no segundo século. De fato, o Senhor, se reúnem.”
efeito do domingo pagão sobre o Cristianis-
mo foi principalmente um desenvolvimento Se “[dia] do Senhor” é a tradução cor-
pós-Constantino.15 reta, pode significar Páscoa, visto que o
Didaquê é uma espécie de manual batismal,
Quando o domingo semanal surgiu e o batismo parece ter estado ligado com a
lado a lado com o sábado na cristandade Páscoa na Igreja primitiva.20
fora de Roma e Alexandria, talvez fosse
inevitável que eventualmente os dois dias (2) Inácio, Aos Magnésios, cap. 9:
se chocassem em muitos lugares, como ha- “Não mais... [sabatizando], mas vivendo
via acontecido no segundo século naquelas na observância do Dia do Senhor” ou,
cidades. Isto de fato ocorreu, e o artigo final possivelmente, “vivendo de acordo com a
desta série examinará o processo pelo qual [vida] do Senhor”, na qual também nossa
o domingo finalmente substituiu o sábado vida brotou novamente.21
como o principal dia cristão de adoração Mesmo que “dia” seja a tradução
em toda a cristandade. correta, Inácio ainda não poderia estar se
referindo a uma observância semanal do
Qual é o “dia do Senhor”? domingo, porque o povo que ele descreve
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como “não mais sabatizando, mas vivendo que o jejum sabático – que fez do sábado
de acordo com o [dia] do Senhor” era, como um dia triste e faminto ajudou a ocasionar
mostra o contexto, nenhum outro senão o surgimento da observância do domingo
os profetas do Antigo Testamento. Como em Roma e em outros lugares do Ocidente.
Inácio bem sabia, os profetas do Antigo De fato, já no primeiro quartel do terceiro
Testamento guardavam o sábado do sétimo século, Tertuliano de Cartago, no Norte
dia, não o domingo. da África, discutia contra a prática.26 Por
volta do mesmo tempo, Hipólito em Roma
Conseqüentemente, a frase “não mais
discordava daqueles que observavam o
sabatizando” não pode significar “não
jejum no sábado.27
mais guardando o dia de sábado”, mas
antes sugere evitar o legalismo judaico Contudo, no quarto e quinto séculos se
(como deixa claro todo o contexto). Nem intensificou a evidência da controvérsia
pode a frase “vivendo de acordo com o sobre este assunto. Agostinho (falecido
[dia] do Senhor” significar a guarda do em 430 d.C.) tratou do assunto em várias
domingo. Todo o intento é com vistas a de suas cartas, inclusive uma em que ele
viver uma vida de acordo com a “vida refutou um zeloso defensor romano do
do Senhor” (que é, sem dúvida, a melhor jejum sabático, que mordazmente denun-
tradução).22 ciava aqueles que recusavam jejuar no
sábado.28
Até mesmo o interpolador de Inácio, do
terceiro ou quarto século, reconhecia que o Como outra evidência da controvérsia,
conflito não era entre dois dias diferentes, o Cânon 64 das Constituições Apostólicas
porque ele aprovava a observância de am- especifica que “se qualquer um do clero for
bos os dias: o sábado de uma “maneira es- encontrado jejuando no dia do Senhor, ou
piritual”, depois do qual o “dia do Senhor” no dia de sábado, excetuando-se somente
também devia ser observado.23 um, seja ele destituído; mas se for um dos
leigos, seja ele suspenso.”29
Um dia de jejum O interpolador de Inácio, que provavel-
mente escreveu por volta do mesmo tempo,
É um fato curioso que as referências que até mesmo declarou que “se alguém jejua
tratam do sábado e do domingo aumenta- no Dia do Senhor ou no sábado, exceto
ram acentuadamente no quarto século d.C. somente no sábado pascal, ele é um as-
e que muitas dessas tinham implicações de sassino de Cristo.”30 No sábado pascal, o
controvérsia. Em alguns exemplos, houve aniversário do sábado durante o qual Cristo
uma ênfase para guardar ambos os dias esteve na tumba, os cristãos consideravam
(como, por exemplo, nas Constituições apropriado jejuar.
Apostólicas), e Gregório de Nissa e Astério
de Amaséia puderam se referir ao sábado As duas últimas fontes conhecidas
e domingo como “irmãs” e como uma podem indicar que a controvérsia tinha
“parelha”, respectivamente. Estas estavam se estendido além da Cristandade Oci-
entre as referências discutidas em nosso dental; mas tanto quanto dizia respeito ao
primeiro artigo.24 real costume ou prática oficial, somente
Do outro lado, porém, estavam os líde- Roma e certas outras igrejas ocidentais
res da Igreja que eram anti-sabáticos. Por a adotavam. João Cassiano (morreu por
exemplo, João Crisóstomo, contemporâneo volta de 430 d.C.) fala de “algumas
de Gregório e Astério, foi tão longe a ponto pessoas em alguns países do Ocidente,
de declarar: “Agora há muitos entre nós e especialmente na cidade (Roma)” que
que jejuam no mesmo dia que os judeus, e jejuavam no sábado. 31 E Agostinho se
guardam os sábados da mesma maneira; e refere “à Igreja Romana e algumas outras
nós suportamos isto nobremente ou antes igrejas... perto ou longe dela” onde o jejum
ignóbil e desprezivelmente!”25 sabático era observado.

No artigo anterior desta série, notamos Mas Milão, importante igreja do Norte
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da Itália, estava entre as igrejas ocidentais Em 386 d.C., Teodósio I e Graciano Valen-
que não observavam o jejum sabático, tiniano estenderam de tal modo as restrições
como também Agostinho deixa claro.32 do domingo que os litígios deveriam cessar
Nem as igrejas orientais o adotaram. A inteiramente nesse dia e que não haveria
questão permaneceu como um ponto de nenhum pagamento de dívida pública ou pri-
divergência entre o Oriente e o Ocidente vada.35 Também seguiram-se leis proibindo
até o século onze.33 o circo, o teatro, e as corridas de cavalo
e foram reiteradas sempre que se julgou
Leis dominicais necessário.36

O aumento em referências sobre o Reação às primeiras leis dominicais


sábado (a favor e contra) indicam que al-
guma espécie de luta estava começando a Como reagiu a Igreja Cristã ao edito do-
manifestar-se de maneira muito difundida. minical de Constantino de março de 321, e à
Não mais o centro da controvérsia era so- subseqüente legislação civil que fizeram do
mente Roma e Alexandria. O que poderia domingo um dia de repouso? Tão desejável
ter engatilhado esta luta em tão ampla quanto possa ter parecido tal legislação para
escala no quarto e quinto séculos? os cristãos, também os colocou num dilema.
Antes dela o domingo tinha sido um dia de
Sem dúvida, um dos fatores mais impor-
trabalho, exceto para os serviços especiais de
tantes deve ser encontrado nas atividades do
adoração. O que aconteceria, por exemplo,
Imperador Constantino o Grande, no início
às freiras tais como aquelas descritas por
do quarto século, seguido por “imperadores
Jerônimo em Belém, que, depois de seguir
cristãos” posteriores. Constantino não so-
sua madre superiora para a igreja e, depois,
mente concedeu ao cristianismo uma nova
voltando de sua comunhão, no restante do
condição social dentro do Império Romano
seu tempo de domingo “dedicavam-se às suas
(de perseguido a honrado), mas também deu
designadas tarefas, e faziam vestes ou para si
ao domingo uma “nova expressão”. Por sua
mesmas ou senão para outros”?37
legislação civil, ele fez do domingo um dia
de descanso. Diz sua famosa lei dominical Não há nenhuma evidência de que as
de 7 de março de 321: leis dominicais de Constantino se tornaram
a base para os regulamentos cristãos desse
Que os magistrados e o povo que reside nas
dia, mas é óbvio que os líderes cristãos
cidades descansem no venerável Dia do Sol, e
que todas as oficinas sejam fechadas. No campo,
devem ter feito alguma coisa para evitar
porém, que as pessoas ocupadas na agricultura que o dia se tornasse de ociosidade e vão
possam livre e legalmente continuar suas ativi- divertimento. Ênfase adicional sobre adora-
dades; porque amiúde sucede que nenhum outro ção e referência ao mandamento do sábado
dia é mais adequado para a semeadura do cereal no Antigo Testamento parecem ter sido as
ou para o cultivo de vinhas; para que não seja duas rotas agora seguidas. É interessante
perdido pela negligência o momento oportuno para notar que nem mesmo Constantino pre-
tais operações que é concedido pela munificência tendia refletir o mandamento sabático do
do Céu.34 Decálogo em sua lei dominical, visto que
ele isentou o trabalho agrícola, um tipo de
Esta foi a primeira de uma série de medidas
trabalho estritamente proibido no manda-
tomadas por Constantino e pelos “imperado-
mento do sábado.
res cristãos” posteriores para regulamentar a
observância do domingo. É óbvio que essa Talvez uma primeira insinuação da
primeira lei dominical não era de orientação nova tendência venha do tempo do próprio
especificamente cristã (note a designação Constantino por meio de Eusébio, historia-
pagã “venerável Dia do Sol”); mas é muito dor eclesiástico, que também foi biógrafo
provável que Constantino, por razões políticas e admirador entusiástico do imperador.
e sociais, tentou fundir elementos pagãos e Em seu comentário sobre o Salmo 92, “o
cristãos dentre seus súditos tendo como ponto salmo do sábado”, Eusébio escreve que
de convergência uma prática comum. os cristãos cumpriam no dia do Senhor
Como o domingo tornou-se o popular dia de culto - Parte 2 / 69

tudo o que neste salmo foi prescrito para tãos, se possível, não farão nenhum trabalho
o sábado, inclusive a adoração a Deus nesse dia. Se, porém, forem encontrados
cedo de manhã. Ele, então, acrescenta que judaizando, serão separados de Cristo.”40
por meio da nova aliança a celebração do
O regulamento quanto ao trabalho no
sábado foi transferida para “o primeiro dia
domingo era um tanto moderado: os cristãos
da luz [domingo].”38
não deveriam trabalhar nesse dia se possível!
Posteriormente, no quarto século, Entretanto, mais importante era o fato de
Efraim Siro sugeriu que a honra era devida que esse concílio reverteu o mandamen-
“ao dia do Senhor, o primogênito de todos to original de Deus e a prática dos mais
os dias”, que havia “arrebatado do sábado antigos cristãos no tocante ao sábado do
o direito do primogênito”. Então ele pros- sétimo dia.
segue salientando que a lei prescreve que
Deus dissera: “Lembra-te do dia de
o descanso deve ser dado aos servos e ani-
sábado, para o santificar. Seis dias tra-
mais.39 É óbvia a reflexão do mandamento
balharás, e farás toda a tua obra; mas
do sábado do Antigo Testamento.
o sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus; nele não farás nenhuma obra” (Êx
O sábado perde importância 20:8-10, RSV). Esse concílio disse, ao
contrário: “Os cristãos não judaizarão
Com este tipo de ênfase do sábado nem ficarão ociosos no sábado, mas tra-
agora posta sobre o domingo, era ine- balharão nesse dia.”
vitável que o próprio dia de sábado se
tornasse cada vez menos importante. E a
controvérsia que é evidente na literatura Proibido o trabalho no domingo
do quarto e quinto séculos entre aqueles
que rebaixavam o sábado e aqueles que o O Terceiro Sínodo de Orleans em 538
honravam reflete a luta. d.C., embora deplorando o sabatarianismo
judaico, proibiu os “trabalhos no campo”
Além disso, esta foi uma luta que não para que “o povo pudesse ir à igreja e
terminou rapidamente; porque como te- adorar.”41 Meio século depois, o Segundo
mos visto, os historiadores eclesiásticos Sínodo de Macon, em 585 d.C.,e o Concí-
do quinto século Sócrates Escolástico e lio de Narbona, em 587 d.C., estipularam
Sozomen provêem um quadro dos servi- estrita observância do domingo.42 As or-
ços de adoração no sábado ao lado dos denanças do primeiro “foram publicadas
serviços de adoração no domingo como pelo rei Guntram em um decreto de 10 de
sendo o padrão através da Cristandade em novembro de 585, no qual ele impunha
seus dias, exceto em Roma e Alexandria. cuidadosa observância do domingo.”43
Parece que o “sábado cristão” como uma
substituição ao antigo sábado bíblico foi Finalmente, durante a Era Carolíngia
principalmente um desenvolvimento do foi posta uma grande ênfase sobre a obser-
sexto século e mais tarde. vância do dia do Senhor de acordo com o
mandamento do sábado. Walter W. Ryde,
O mais antigo concílio eclesiástico a em seu Paganism to Christianity in the Ro-
tratar do assunto foi um concílio regional man Empire, sintetizou muito bem vários
oriental reunido em Laodicéia, cerca de séculos da história do sábado e domingo
364 d.C. Embora esse concílio ainda ma- até Carlos Magno:
nifestasse respeito pelo sábado, bem como Os imperadores depois de Constantino tor-
pelo domingo, nas lições especiais (leituras naram a observância do domingo mais rigorosa,
das Escrituras) designadas para aqueles dois mas de modo algum era sua legislação baseada
dias, ele não obstante estipulava o seguinte no Antigo Testamento... No Terceiro Sínodo de
em seu Cânon 29: “Os cristãos não judai- Aureliani (Orleans), em 538 d.C., o trabalho
zarão nem ficarão ociosos no sábado, mas rural foi proibido, enquanto a restrição contra o
trabalharão nesse dia; porém o dia do Senhor preparo de refeições e obra similar no domingo
eles honrarão especialmente, e, sendo cris- foi considerada como uma superstição.
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Depois da morte de Justiniano em 565 d.C., tarde, indagarão se o dia de repouso de


várias epistolae decretales (cartas decretais) fo- Cristo e os apóstolos (o sábado, o sétimo
ram postas em circulação pelos papas acerca do dia da semana) não deveria ainda hoje ser
domingo. Uma de Gregório I (590-604) proibia os observado. Cremos que sim.
homens de “jungir os bois ou fazer qualquer outro
trabalho, exceto por motivos aprovados”, ao passo
que outra de Gregório II (715-731) dizia: “Decre- Citações significativas sobre o
tamos que todos os domingos sejam observados sábado de Deus
de vésperas a vésperas e que se abstenha de toda
obra ilícita... O sábado... é mais do que um armistício, mais
do que um interlúdio; é uma profunda, consciente
Carlos Magno em Aquisgrana (Aachen), em harmonia do homem e do mundo, uma simpatia
788, decretou que todo trabalho comum fosse por todas as coisas e uma participação no espírito
proibido no Dia do Senhor, sendo que isto era que une o que está embaixo e o que está em cima.
contra o Quarto Mandamento, principalmente o Tudo o que é divino no mundo é posto em união
trabalho no campo ou nas vinhas que Constantino com Deus. Isto é o sábado, e a verdadeira felici-
tinha isentado.44 dade do Universo. – Abraham Heschel.­

O sábado é uma lembrança de dois mundos:


O sábado nunca foi esquecido este mundo e o mundo do porvir; é um exemplo
de ambos os mundos. Pois o sábado é alegria,
E assim o domingo veio a ser o dia de santidade, e repouso; alegria é parte deste mundo;
repouso substituto do sábado. Mas é claro santidade e repouso são algo do mundo vindouro.
que o sábado do sétimo dia jamais foi intei- – Al Nakawa.
ramente esquecido. Isto foi verdade na pró-
Como devemos ponderar a diferença entre o
pria Europa, mas particularmente na Etiópia,
sábado e os outros dias da semana? Quando chega
onde, por exemplo, grupos guardavam o sá- um dia de quarta-feira, as horas são monótonas, e a
bado e o domingo como “dias de descanso”, menos que lhes emprestemos significado, elas per-
não somente nos primeiros séculos cristãos manecem sem qualidade. As horas do sétimo dia
mas até os tempos modernos.45 são significativas em si mesmas; seu significado e
beleza não dependem de nenhuma obra, lucro ou
Contudo, para uma grande parte da Cris-
progresso que possamos atingir. Elas têm a beleza
tandade, a história do sábado e domingo da magnificência. – A. J. Heschel.
tinha, por volta do sexto ao oitavo século,
tomado um círculo completo. Para a maio- Escreveu aquele grande pregador G.
ria dos cristãos, o dia de descanso de Deus Campbell Morgan, na página 50 do seu
do Antigo e do Novo Testamento tinha, por livro, The Ten Commandments:
meio de um processo gradual, se tornado
um dia de trabalho, sendo suplantado por Muito tem sido questionada a atitude de
um dia de descanso substituto. O manda- Cristo em palavras e ações com respeito ao sába-
do. Alguns têm imaginado que por palavras Ele
mento de Deus de que no sétimo dia “não
exprimiu e por ações praticadas Ele afrouxou
farás nenhuma obra” havia sido substituído a consistente natureza do velho mandamento.
pelo mandamento do homem: “Trabalhe no Esta opinião, contudo, visa a compreender
sétimo dia; descanse no primeiro”. mal e interpretar equivocadamente os feitos e
Entretanto, todos os cristãos que con- ensinos de Jesus.
sideram o Novo Testamento como o guia
normativo para suas vidas, em vez das de-
cisões de homens centenas de anos mais
Como o domingo tornou-se o popular dia de culto - Parte 2 / 71

Referências dos cinqüenta dias era um dia adequado para a oferta


das primícias? Para uma excelente discussão de todo
1
Artigo traduzido do original em inglês por o assunto da Páscoa em relação ao domingo semanal,
Amim A. Rodor, Th.D., diretor do Salt, no UNASP, veja Lawrence T. Geraty, “The Pascha and the Origin
Campus Engenheiro Coelho, SP of Sunday Observance,” Andrews University Semi-
2
Espistle of Barnabas, cap. 15 (Ante-Nicene nary Studies (daqui em diante citada como AUSS)
Fathers [ANF], 1:146, 147). III (1965), 85-96.
3
Apologia, cap. 67 (ANF, 1:186).
13
Veja Dio Cássio, História Romana, lxviii.32 e
4
Diálogo, cap. 33 (ANF, 1: 206). Várias outras lxix.12-14; e Eusébio, História Eclesiástica, iv.2.6.
declarações no Diálogo revelam um sentimento
14
Para detalhes acerca do jejum no sábado, veja
semelhante. meu artigo “Some Notes on the Sabbath Fast in Early
5
A interrogação de Justino e seus companhei- Christianity,” AUSS III (1965), 167-174.
ros é vividamente descrita em um documento que
15
Arthur Weigall, The Paganism in Our Christia-
aparece em ANF, 1:305, 306. Compare os comen- nity (Nova York, 1928), 145, talvez seja demasiado
tários sobre Justino por C. Mervyn Maxwell, “They severo em dizer que “a Igreja fez do domingo um dia
Loved Jesus”, The Ministry, janeiro de 1977: 9. sagrado, parcialmente porque este era o dia da res-
6
J. van Goudoever, Biblical Calendars, 2ª ed. surreição, mas em grande parte porque era o festival
rev. (Leiden, 1961), 19, 20, 23, 25, 26, 29. Os boetu- semanal do sol.” Contudo, depois da adoção nominal
sianos e essênios realmente escolhiam os domingos do cristianismo no quarto século como a religião
uma semana à parte por causa de uma diferença do Império Romano, houve indiscutivelmente um
em sua compreensão sobre se o sábado de Levítico aumento de influência pagã sobre o cristianismo.
23:11 era o sábado durante ou o sábado depois da
16
“Lord’s Day and Easter” in Oscar Cullmann
Festa dos Pães Asmos. Além disso, eles usavam Festschrift volume Neotestamentica et Patristica,
um calendário solar em contraste com o calendário Supplements to Novum Testamentum, (Leiden,
lunar dos fariseus. 1962), 6:272-281.
7
Eusébio, História Eclesiástica, v. 23-25, provê
17
Miscellanies, v. 14 (ANF, Vol. 2, p. 2, 469).
os detalhes. 18
Fragments from the Lost Writings of Irenaeus,
8
Ibid., v. 23.1 e v. 24.2, 3; também Sozomen, 7 (ANF, 1:569, 570). Geraty, na página 89, falou disto
História Eclesiástica, vii. 19. como “uma das mais fortes indicações de que o ‘Dia
9
O fato de que Vítor de Roma não pôde com do Senhor’ pode ter originalmente se referido a um
sucesso excomungar os cristãos asiáticos (veja dia de ressurreição anual.”
Eusébio, v. 24.9-17) provê outra comprovação 19
ANF, 1:569, nota 9.
deste ponto de vista. Se Roma pôde mais cedo ter 20
Tertuliano, Sobre o Batismo, cap. 19 (ANF, 3:
influenciado quase todo o mundo cristão, Oriente 678), diz: “A Páscoa propicia um dia mais do que
e Ocidente, a renunciar a uma prática apostólica usualmente solene para o batismo . . . Depois disto, o
em favor de uma inovação romana, por que ela era Pentecostes é um espaço mais jubiloso para conferir
agora incapaz de eliminar os últimos vestígios que batismos; no qual também a ressurreição do Senhor
restavam dessa prática? A única explicação razoável foi repetidamente provada entre os discípulos.” Que
de todos os fatos parece ser que o domingo pascal o Didaquê é uma espécie de manual batismal tem
não foi uma tardia inovação romana, mas que ele e sido geralmente reconhecido.
o quartodecimanismo (observância de 14 de Nisã) 21
Compare ANF, 1: 62, e veja nota de rodapé
eram provenientes dos tempos apostólicos. Para 21 para fontes que dão informação sobre melhores
outros detalhes, veja minha “John as Quartodecima- traduções.
nism: A Reappraisal,” Journal of Biblical Literature, 22
Veja Robert A. Kraft, “Some Notes on Sabbath
84 (1965), 251-258. Observance in Early Christianity,” AUSS III (1965),
10
Além da citação na nota de rodapé 19, 28; Fritz Guy “The Lord’s Day in the Letter of Ig-
abaixo, veja Tertuliano, A Capela, cap. 3, e So- natius to the Magnesianas,” AUSS II (1964), 13, 14;
bre o Jejum, cap. 14, (ANF, 3:94 e 4:112); e veja Richard B. Lewis, “Ignatius and the ‘Lord’s Day’”,
também a referência de Irineu mencionada na nota AUSS VI (1968), 46-59.
de rodapé 17. 23
O texto da versão ampliada de Inácio é encon-
11
Van Goudoever, p. 167. trado em ANF, 1: 62, 63. Talvez seja de interesse
12
Philip Carrington, The Primitive Christian notar que Plínio, governador da Bitínia, cerca de
Calendar (Cambridge, Inglaterra, 1952), 38, tem 112 d.C. escreveu a Trajano, Imperador romano,
feito esta sugestão: sendo que as colheitas dificil- concernente aos cristãos da província de Plínio. Ao
mente poderiam ter amadurecido em toda parte interrogar alguns dos ex-cristãos que sob pressão ha-
nos dois domingos especialmente separados (dia viam renunciado ao cristianismo, ele soube deles que
das primícias da cevada e dia de Pentecostes), não a extensão de sua “culpa” tinha sido ter um serviço
se poderia ter inferido que qualquer domingo dentro religioso cedo de manhã antes do nascer do sol em
72 / Parousia - 1º semestre de 2005

um dia “determinado” ou “fixo” (stato die). Embora 300, 301).


muitos eruditos tenham simplesmente admitido que 33
Veja R. L. Odom, “The Sabbath in the Great
esse era um domingo semanal, os detalhes dados por Schism of AD 1054,” AUSS, (1963), 1:77, 78.
Plínio apontam mais na direção de um domingo de 34
Codex Justinianus, iii., Tit. 12.3, trad. in Philip
Páscoa, como Geraty, 88-89, tem salientado. Schaff, History of the Christian Church, 5a ed. (New
24
Veja These Times, novembro de 1978. York, 1902), 3:380, nota 1.
25
Comment on Galatians 1:7 in Commentary 35
Código Teodosiano, 11.7.13, trad. por Clyde
on Galatians (The Nicene and Post-Nicene Fathers Pharr (Princeton, N. J., 1952), 300.
[NPNF], 1a série, 13:8). 36
As leis adicionais incluem uma lei de Teodósio
26
In On Fasting, cap. 14 (The Ante-Nicene Fa- II de 425, in Código Teodosiano, 15.5.5, 433.
thers [ANF], 4:112). Tertuliano indica que o sábado 37
Veja Jerônimo, Epístola cviii., 20 (NPNF, 2a
é “um dia que nunca deve ser guardado como um série, 6:206).
jejum exceto na época da páscoa, de acordo com 38
Migne, Patrologia Graeca, Vol. 23, col. 1169.
um motivo dado alhures”. Ele também indica sua 39
S. Ephraem Syri hymni et sermones, ed. por
oposição ao jejum sabático em Contra Márcion, iv. T. J. Lamy (1882), 1:542-544.
12 (ANF, 3:363). 40
Charles H. Hefele, A History of the Councils
27
Hipólito menciona alguns que “davam ou- of the Church, trad. Henry N. Oxenham (Edinburgh,
vidos a espíritos de demônios” e “freqüentemente 1896), 2:306. Cânon 16 (ibid., 310) se refere às li-
indicavam um jejum no sábado e no dia do Senhor, ções; e o fato de que o sábado bem como o domingo
que Cristo, porém, nunca havia indicado” (de seu tinham especial consideração durante a Quaresma,
Comentário sobre Daniel, iv. 20; o texto grego e a conforme indicado nos Cânones 49 e 51 (ibid., 320),
tradução francesa são dadas por Maurice Lefèvre também revela que a consideração pelo sábado não
[Paris, 1947], 300-303). estava inteiramente faltando.
28
Veja Epístolas de Agostinho 36 (a Casulano), 41
Ibid., 4:208, 209.
54 (a Januário), e 82 (a Jerônimo) (NPNF, 1a série, 42
Ibid., 407, 422.
1:265-270, 300, 301, 353, 354). Elas são datas entre 43
Ibid., 409.
396 e 405 d.C. É a Epístola 36 que refuta o defensor 44
W. W. Hyde, Paganism to Christianity in the
romano do jejum sabático. Roman Empire (Filadélfia, 1946, 261).
29
Trad. inglesa in ANF, 7:504. Esse cânon é o de 45
Para uma breve discussão do primeiro período,
número 66 na edição Hefele (veja nota 17, acima). veja meu artigo “A Further Note on the Sabbath in
30
Pseudo-Inácio, Aos Filipenses, cap. 13 (ANF, Coptic Sources,” AUSS (1968), 6:150-157. Para a
Vol. 1, p. 119). referência mencionando o sábado e o domingo como
31
Institutes, iii. 10 (NPNF, 2a série, Vol. 11, p. sendo “chamados sábados”, veja página 151. A fonte
218). é Statute 66 in G. Horner, The Statutes of the Apos-
32
A primeira declaração aparece na Epístola 36, tles (Londres, 1904 e 1915), 211, 212. Várias fontes
par. 27 (NPNF, 1a série, 1:268), e uma observação tratam do sábado na história etíope posterior.
semelhante é feita na Epístola 82, par. 14 (ibid., 353).
Referências a Milão são encontradas na Epístola
36, par. 32, e na Epístola 54, par. 3 (ibid., pp. 270,

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