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São Paulo
2023
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SUMÁRIO
SUMÁRIO.................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. DOMINGO, O SÁBADO CRISTÃO. ........................................................................ 4
2.1. A BÍBLIA E O DOMINGO ............................................................................... 4
2.1.1 Antigo Testamento (Sábado). ....................................................................... 4
2.1.2. Novo Testamento (Primeiro dia da semana). ............................................. 5
2.2. A TRADIÇÃO E O DOMINGO ........................................................................... 7
2.2.1 A igreja primitiva ........................................................................................... 7
2.3. OS REFORMADORES E O DOMINGO ............................................................ 9
2.3.1. Teologia dos Reformadores ........................................................................ 9
2.4. A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER E O DOMINGO ......................... 11
2.4.1. A Confissão e o culto a Deus no domingo. .............................................. 11
2.5. OS PURITANOS E O DOMINGO .................................................................... 12
2.5.1. Uma marca dos puritanos. ........................................................................ 12
3. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 14
4. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 16
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1. INTRODUÇÃO
Mas qual é a base bíblica para o domingo como o dia do Senhor? Quando e
onde começou? É possível defender o domingo como sendo o Dia do Senhor? Os
pais apostólicos guardavam o domingo como sendo o dia do Senhor? Os
reformadores foram defensores do domingo como sendo o sábado cristão? O correto
seria guardar o sábado e não o domingo como afirma alguns? Ou será que a Bíblia
não dá base para a guarda do domingo como afirma outros? Portanto, este breve
artigo tem o objetivo de responder a tais perguntas.
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1
“O primeiro dia da semana tem uma vinculação direta com a ideia de início, nascimento, vida. Por isso foi
dedicado ao Sol que, com a sua luz, remete ao início de um novo tempo que se inicia no domingo. O dia que
precede a segunda-feira já se chamou "primeira feira" (prima feria, em latim). Mas o imperador romano Flávio
Constantino (280-337 d.C), após se converter ao cristianismo, mudou o nome para Dominica Dies, que evoluiu
para Dominus Dei (=dia do senhor), que é a origem do domingo (em português e espanhol), Dimanche (francês)
e Domenica (italiano)”. Origem da palavra domingo. Dicionário etimológico. Disponível em:
<https://www.dicionarioetimologico.com.br/domingo/>. Acesso em: 07 de out. de 2023.
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O sábado era uma total abnegação do indivíduo para uma completa dedicação
a Deus. Era um dia de descanso e atividade espiritual. O propósito de guardar o
sábado era de união e comunhão entre o povo de Deus. O povo da Aliança é chamado
a santificar o sábado em honra ao seu Deus, tendo em vista que o próprio Deus
abençoou este dia. Não só isso, tem como princípio servir de lembrete sobre o
descanso perpétuo na presença de Deus.
O Novo Testamento, portanto, afirma que o sábado como o Dia do Senhor, está
associada a nova criação e está diretamente relacionada com a ressurreição de
Cristo. Não significa que a igreja do Novo Testamento deixou de observar o sábado e
não se trata de um novo sábado – não existe um “sábado cristão - mas um sábado
associado à antiga aliança (Êx 28.8-11; 31.12-17; Hb 4.4).
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UNGER, Merril F. Dicionário Bíblico Unger. Barueri, SP: Sociedade bíblica do Brasil, 2017, p. 328.
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Fica evidente, portanto, que o Dia do Senhor, não é uma mera substituição do
sábado judeu, mas um lembrete e comemoração da obra completa de Cristo na cruz.
O primeiro dia da semana é o dia do povo da aliança comemorar e se regozijar no
Senhor. Pois assim como a Páscoa foi substituída pela Ceia e a circuncisão pelo
Batismo, o sétimo dia pelo primeiro dia da semana. Sobre isso comenta Bruce Waltke
citado por Danilo Romagna:
O dia de descanso faz sentido para os cristãos, pois é uma necessidade prática
para a igreja escolher um determinado dia para a adoração comum. Entretanto,
assim como a Páscoa foi substituída pela ceia do Senhor e a circuncisão pelo
batismo, as funções do sétimo dia se cumprem no primeiro dia da semana,
quando comemoramos a ressurreição de Cristo dentre os mortos. No NT, a
celebração da ceia do Senhor no primeiro dia da semana traz à lembrança dos
cristãos seu relacionamento especial com Deus. Assim como a ceia do Senhor
substituiu a Páscoa e o batismo substituiu a circuncisão, os crentes no Senhor
Jesus Cristo ressurreto reuniam-se no primeiro dia da semana, o Dia do Senhor
(Ap. 1.10). Eles o faziam para partir o pão e ler, ensinar e estudar as Escrituras
(Jo 20.1,19-23; At 20.7; 1Co 16.1) e comemorar a ressurreição de seu Senhor
naquele dia.4
3
CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 3ª edição. São Paulo:
Vida Nova, 2008, p. 70,71.
4
WALTKE, Bruce K. Teologia do antigo testamento. São Paulo: editora vida nova. 1º ed. 2016. p. 479, Apud
Romagna, Danilo. O Dia da Feira da Alma: Um estudo sobre o Sábado Cristão. Sua História, Teologia e Prática.
(Locais do Kindle 324-325). UNKNOWN. Edição do Kindle.
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Logicamente não podemos nos esquecer que a igreja do primeiro século estava deixando as velhas práticas do
Antigo Testamento bem como a filosofia grega. A mudança não ocorreu de forma abrupta, mas de forma
progressiva. Cairns destaca que: “Os convertidos à fé cristã vieram ou do legalismo judaico ou d ambiente
intelectual da filosofia grega. Muitos desses convertidos, antes que a Igreja os instruísse corretamente, tinham a
tendência de levar suas velhas idéias para seu novo ambiente”. CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos
séculos: uma história da igreja cristã. 3ª edição. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 82.
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Aqueles que afirmam que o Domingo do Senhor não é o Sábado Cristão, para
ser mais coerente, portanto, deveria observar a circuncisão de acordo com Gênesis
17.23-25 e não o batismo neotestamentário de acordo com Mateus 3.11-15; 28.19 e
Marcos 16.16 e de acordo com Atos 2.38 foi praticado pelos apóstolos. Ainda mais,
deveria observar a Páscoa conforme Êxodo 12.1-13 e não conforme Mateus 26.17.
Se assim fosse, não seriamos a Igreja do Novo Testamento e sim uma continuação
do judaísmo.
Inácio (ca 35 – ca 107) bispo de Antioquia da Síria que foi martirizado em Roma
durante o reinado de Trajano (98-117) em sua carta aos magnésios, chegou a instruir
tais crentes sobre o engano do judaísmo. E uma de suas instruções era não mais
observar o sábado, mas o dia do Senhor:
Ele finalmente lhes disse: “Não suporto vossas neomênias e vossos sábados”.
Vede como ele diz: não são os sábados atuais que me agradam, mas aquele
que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o
6
APOSTÓLICOS, padres. São Paulo: Paulus, 1995, p. 94.
8
início o oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que celebramos
como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois
de se manifestar, subiu aos céus.7
Barnabé, portanto, diz que as festas são celebradas no oitavo dia em que Jesus
ressuscitou dos mortos.
Por fim, e não menos importante, Justo González no seu livro Uma breve
história das doutrinas cristãs comenta que:
7
APOSTÓLICOS, p. 310.
8
GONZÁLEZ, Justo L. Uma breve história das doutrinas cristãs. São Paulo: Hagnos, 2015, p. 149.
9
Professor de História.
9
daí o não perder o tempo oportuno dos benefícios concedidos pelo céu”. Desde
então, no mundo ocidental, forte tributário da cultura greco-romana, o domingo
passou a ser um dia reservado ao descanso e ao culto religioso [...] Quando o
cristianismo suplantou o paganismo, em número e em importância política no
Império Romano, pouco a pouco, o culto dedicado, inicialmente, ao deus pagão
Solis Invictus, foi direcionado pela Igreja, para o dogma cristão, fazendo do
domingo o dia das práticas e ritos devotados a Jesus Cristo.10
10
ABREU, Richard. O édito de Constantino que consagrou o domingo como um dia de descanso. História e
atualidades, 2023. Disponível em: <O édito de Constantino que consagrou o domingo como um dia de descanso.
– História & Atualidades (historiaeatualidades.com.br)>. Acesso em: 07 de out. de 2023.
10
A ceia foi instituída por nosso Senhor para que seja usada com maior
frequência e, também, que ela foi assim observada na Igreja antiga, até que o
diabo em tudo a subvertesse, organizando a missa em seu lugar. A sua rara
celebração é uma falha que deve ser corrigida. Para o presente tempo, no
entanto, aconselhamos e ordenamos que ela seja administrada quatro vezes
por ano, somando o próximo domingo de Natal, Páscoa, Pentecostes e o
primeiro domingo de setembro, no outono.12
11
BARRETT, Matthew. Teologia da Reforma. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017, p. 514.
12
Documentos da Tradição das Igrejas Reformadas: segundo a forma de governo e a doutrina dos ofícios da Igreja
de Genebra, do Sínodo de Dordt e da Assembleia de Westminster / tradução, introduções e notas por Ewerton
B. Tokashiki. Eusébio: Editora Peregrino, 2020, p. 55.
13
Documentos da Tradição das Igrejas Reformadas: segundo a forma de governo e a doutrina dos ofícios da Igreja
de Genebra, do Sínodo de Dordt e da Assembleia de Westminster, p. 108.
11
domingo como o Dia do Senhor era algo comum e natural para as igrejas dos países
baixos unidos em Dordtrecht.
Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção seja destinada
ao culto a Deus, assim também, em sua Palavra, por um preceito positivo,
moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens, em todas as épocas,
Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso)
santificado por ele; desde o princípio do mundo até à ressurreição de Cristo
esses dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado
para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado dia do Senhor
(domingo), e que há de continuar até o fim do mundo como o sábado cristão. 14
O primeiro tipo de sábado na Escritura era especial, quase sempre dando início
a um tempo festivo e quase sempre no primeiro dia da semana do primeiro dia
de uma festa [...] Levítico 23 é uma dessas passagens na Escritura que
menciona os sábados do primeiro dia e as festas que eles inauguravam [...]
esses sábados no primeiro dia eram especiais, mas o ponto alto de todos esses
sábados do Antigo Testamento era um ano, e não um dia [...] esse sábado
acima de todos os sábados retratava descanso e redenção [...] o segundo tipo
14
CFW. Capítulo XXI, parágrafo VII.
12
15
DIXHOORN, Chad Von. Guia de estudos da confissão de fé de westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 2017, pp.
299,300.
16
DIXHOORN, Chad Von. Guia de estudos da confissão de fé de westminster. pp. 300,301.
17
IBIDEM, p. 301.
13
18
RYKEN, Leland. Santos no mundo: os puritanos como realmente eram. São José dos Campos, SP: Editora Fiel,
2013, p. 221.
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3. CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo chegou a aconselhar a igreja de Colossos que não eram mais
necessárias a observância das festas judaicas. Tal repreensão a igreja de Colossos
não se deu por qualquer pressão de algum Imperador da época, mas devido a correta
aplicação da obra do Filho de Deus na vida da igreja.
19
Romagna, Danilo. O Dia da Feira da Alma: Um estudo sobre o Sábado Cristão. Sua História, Teologia e Prática.
(Locais do Kindle 894-896). UNKNOWN. Edição do Kindle.
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Entretanto, o Dia do Senhor, o primeiro dia da semana deve ser guardado como
um dia especial. Como um dia de comemoração da ressurreição de Cristo. Como um
dia de comunhão e louvor a Deus. É o dia em que deixamos nossos interesses
pessoais para buscar o interesse d’Aquele que um dia nos salvou. É a demonstração
de que as belezas e encantos deste mundo não são maiores que a busca pelo Reino
dos céus. Domingo é o dia da feira da alma. O Dia do Senhor, o Sábado cristão, é um
dia para lembramos que existe um dia separado para o povo da Aliança, um dia em
que estaremos eternamente na presença do Senhor que nos salvou.
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4. BIBLIOGRAFIA