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caminho da maturidade
1 Em assembléia da CNBB nessa época, dom João Batista Costa, SDB, bispo de Porto Velho (RO) agradeceu pela for-
mação cristã dos paranaenses que sua diocese recebia. E admitiu aos bispos do Paraná: “Iguais a esses podem mandar
mais” (Informação dada por dom Jaime Luiz Coelho, em Maringá, no dia 9 de setembro de 2006).
2 As informações de dom Pedro Fedalto foram colhidas em Curitiba pelo autor destas notas, na entrevista de 20 de
dezembro de 2005.
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Anexa ao processo, foi entregue ao Núncio apostólico carta a ser remetida ao prefeito da Congregação
para os Bispos, com o seguinte teor:
Eminência Reverendíssima.
Acrescentou ainda dom Jaime ao registro no 1º Livro de Atas da Província Eclesiástica de Maringá:
“O Regional Sul II, em requerimento apresentado por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba, e com a
assinatura de todos os Bispos do Paraná, fez idêntica solicitação ao Santo Padre para a criação das Províncias
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Pessoal – Reservada
Sub Secreto Pontificio
Brasília, 27 de outubro de 1979.
Excelência Reverendíssima
É com imensa satisfação que posso comunicar que, acedendo ao pedido dos Exmos.
Senhores Bispos do Paraná, o Santo Padre se dignou elevar a Diocese de Maringá a
Sede Metropolitana, e nomear ao mesmo tempo Vossa Excelência primeiro Arcebispo
da nova Província Eclesiástica.
Pela presente permito-me pedir seu assentimento, por escrito, para poder comunicá-lo
à Santa Sé.
A notícia ficará protegida pelo Segredo Pontifício até a data da publicação, que será
comunicada oportunamente.
Na certeza de ter quanto antes uma resposta positiva, aproveito o ensejo para apresen-
tar a Vossa Excelência os sentimentos de minha religiosa estima e consideração, e enviar
fraternas saudações.
a) +Carmine Rocco
Núncio Apostólico
A Sua Excelência
Dom Jaime Luiz Coelho
Bispo de Maringá
Caixa postal 152
87100 – MARINGÁ – PR (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979,
p. 4-5).
Desta vez não houve a ansiosa opressão no peito provocada em dezembro de 1956 pelo primeiro se-
gredo pontifício. Naquela oportunidade, o cura da catedral de Ribeirão Preto sentiu faltar-lhe chão sob os
pés. Agora, um bispo acostumado às duras pelejas da região que viu crescer, sentia segurança para colaborar
na condução do povo de Deus instalado na ampla região da nova província eclesiástica. A informação da
data para divulgar a criação da arquidiocese chegou ao bispo de Maringá em correspondência da Nunciatura
Apostólica protocolada sob nº 3.021, que dizia:
Pessoal – Reservada
Brasília, 28 de novembro de 1979.
Excelência Reverendíssima
Como já é de seu conhecimento, Sua Santidade o Papa, acedendo ao pedido dos Ex-
mos. Senhores Bispos da Província Eclesiástica de Londrina, dignou-se elevar a Diocese
de Maringá à condição de Arquidiocese, como sede da nova Província Eclesiástica que
terá como sufragâneas as Dioceses de Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama. Ao
mesmo tempo o Santo Padre nomeou Vossa Excelência primeiro Arcebispo da nova
Arquidiocese de Maringá.
Como poderá observar pela Circular aqui anexa, a notícia será publicada oficialmente
no próximo dia 7 de dezembro, vigília da Festa da Imaculada Conceição.
Permita-me agora que me congratule sinceramente com Vossa Excelência por esta pro-
moção da parte do sucessor de Pedro, que vem não só ao encontro das aspirações dos
Exmos. Srs. Bispos do Paraná, mas e sobretudo vem coroar os muitos anos de seu
longo episcopado, exercido e vivido com o zelo, o amor e a segurança do Bom Pastor
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A Sua Excelência
Dom Jaime Luiz Coelho
Bispo de Maringá
Caixa postal 152 - 87100 – MARINGÁ – PR (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE
MARINGÁ, 1979, p. 5-6).
A instalação canônica foi marcada para 20 de janeiro de 1980. Assim que tomou conhecimento da
decisão de Roma, o bispo de Maringá deu por terminadas as suas preocupações com o assunto, depois do
processo que já vinha sendo tocado desde 1978. Com o falecimento do papa João Paulo I, de fugaz passagem
pelo trono de Pedro, o tema permaneceu em suspenso. Voltou, porém, à cena logo no início do pontificado
de João Paulo II, tornando-se uma de suas primeiras decisões a respeito da Igreja do Brasil.
O arcebispo eleito remeteu então ao papa a seguinte carta:
Beatíssimo Padre
Sua Santidade Papa João Paulo II
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Embora seja tarefa dos Romanos Pontífices e seu principal ofício apresentar aos fiéis
a íntegra fé em Jesus Cristo, propagá-la e defendê-la das insídias dos erros, ninguém
ignora que igualmente a organização de dioceses e províncias muito contribui para o
aumento da mesma religião, alcançando benefícios e atenuando males. Pelo que, tendo
os Veneráveis Irmãos do Regional Sul II da Conferência dos Bispos do Brasil unanime-
mente pedido que, dividida a Província eclesiástica de Londrina, fosse criada uma nova,
a de Maringá, Nós, tendo ouvido tanto o Venerável Irmão Carmine Rocco, Arcebispo
titular de Justinianóplis na Galácia e Núncio Apostólico no Brasil, quanto os Nossos
Veneráveis Irmãos Cardeais da Santa Igreja Romana encarregados da Sagrada Congre-
gação para os Bispos, decretamos o que segue. Da Província eclesiástica de Londrina
desmembramos a diocese de Maringá e a incluímos entre as Igrejas metropolitanas, com
os direitos e encargos próprios de tais Igrejas. Constituem a nova Província: a mesma
sede, Maringá, e as dioceses de Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama, que serão
sufragâneas, conforme as normas do direito. Promovemos ainda o Venerável Irmão Jai-
me Luiz Coelho, Bispo de Maringá, à dignidade arquiepiscopal e de metropolita, com
direitos e honras próprios, além das correspondentes obrigações, nutrindo a esperança
de que quem diligentemente administrou a diocese ainda mais cuidadosamente venha a
governar a arquidiocese. Lembramos ao Venerável Irmão Carmine Rocco que, em razão
das faculdades de que goza, execute fielmente o que estabelecemos acima; se necessário,
pode delegar a sua execução a outro, desde que revestido da dignidade eclesiástica. No
final, sejam redigidas Atas das quais prontamente se enviem cópias autênticas à Sagrada
Congregação para os Bispos. Revogam-se todas as disposições em contrário.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 16 de outubro de 1979, no primeiro ani-
versário de Nosso Pontificado.
Conforme previsto, no início do ano seguinte a catedral agora metropolitana engalanou-se para a solene
celebração eucarística presidida pelo núncio apostólico, durante a qual se deu a instalação canônica da nova
arquidiocese e a tomada de posse de dom Jaime Luiz Coelho como seu primeiro arcebispo. Atendendo à
determinação da bula de criação, foi lavrada a ata, que documentou para a posteridade:
Para constar, lavrou-se esta Ata, em quatro vias, que vão por todos assinadas.
Catedral Metropolitana de Maringá, 20 de janeiro de 1980.
+Carmine Rocco, Núncio Apostólico; +Jaime Luiz Coelho, Arcebispo de Maringá;
+Geraldo Fernandes, Arcebispo de Londrina; +Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba
+Armando Cirio, Arcebispo de Cascavel; a) Guilhermina Cunha Coelho; a) Waldivino
Coelho; a) Ney Braga e Nice Braga; a) Dr. João Paulino Vieira Filho, Prefeito Mu-
nicipal; seguem outras assinaturas de bispos, sacerdotes e leigos presentes, conforme
relação supra (PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MARINGÁ, 1979, p. 13-14).
A vida pastoral implantada, a seguir, no Noroeste do Paraná veio confirmar a previsão de dom Pedro
Fedalto, segundo a qual as novas províncias eclesiásticas garantiriam maior agilidade e participação mais
intensa das suas Igrejas-membro. No dia 24 de março de 1980, 23º aniversário da diocese3, em Maringá,
no prédio da antiga ADAR, foi realizada a primeira reunião da nova província eclesiástica. Presentes o arce-
bispo e os três bispos sufragâneos, cada qual acompanhado de vários assessores, foi escolhido padre Orivaldo
Robles, pároco de Marialva e coordenador do Setor Pastoral de Jandaia do Sul, como secretário para as
reuniões da província. Estabeleceram-se os temas sobre os quais versariam as reuniões e ainda a freqüência
das reuniões. Ficou acordado:
Para conhecimento das preocupações que marcaram o início da Província Eclesiástica de Maringá, com-
prometida com a missão evangelizadora e atenta à Palavra de Deus, ao magistério e à realidade do Noroeste
3 Como é fácil perceber, dom Jaime, sempre que possível, marcava para eventos importantes uma data significativa da história da Igreja
em Maringá. Muito lembrado é 24 de março, dia da instalação canônica da diocese, em 1957.
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Dirigindo o plenário, Pe. Almeida procurou colher seu consenso quanto às conclusões
dos círculos da manhã:
1. Quanto aos dados da realidade pastoral:
- Cresce a consciência da necessidade da presença dos leigos na evangelização.
- Há indícios, na Igreja do Paraná, de um início de incentivo aos que contribuem para
a fisionomia de uma Igreja comprometida com o homem, v.g., no caso das promissó-
rias rurais da região de Medianeira; no episódio Itaipu; no trabalho da Pastoral Rural,
sobretudo em relação ao sindicalismo. Em nível nacional foram lembrados os fatos da
greve dos metalúrgicos do ABC paulista e a solidariedade prestada a dom Paulo Eva-
risto Arns, em S. Paulo.
- Há positivos sinais de pertença à Igreja pelos leigos, manifesta na preocupação da
hierarquia com o leigo, na existência dos conselhos de Pastoral.
- Deve-se reconhecer, porém, que ainda persistem sinais negativos:
- Na quase totalidade dos leigos não conscientizados e, mesmo entre os que se
julgam conscientizados, é ainda muito pronunciada a dicotomia fé-vida.
- Os leigos são formados de maneira clerical, para trabalhos ligados ao minis-
tério ordenado: nossos leigos ainda se dedicam quase só a atividades ligadas
aos sacramentos e à oração, e estão ausentes de sua área de atuação específica;
consideram-se colaboradores do clero, sentem-se um pouco menores na Igreja,
despreparados e inseguros, necessitando da presença do sacerdote.
- Falta formação permanente dos leigos, não existe organização laical: não pode-
mos ainda falar entre nós da existência de um laicato (cristãos conscientes de sua
missão própria e articulados entre si na Pastoral).
- Não se nota claramente a consciência de que, pelo batismo e pela crisma, o
cristão é inserido na Igreja a título próprio. Isto se deve, talvez, à antiga menta-
lidade, com a Ação Católica, do mandato para garantir a ligação do laicato com
a hierarquia. (Foi notada, neste ponto, a necessidade de fazer-se distinção, mas
não separação, entre hierarquia e laicato, como partes integrantes e necessárias
do mesmo Corpo de Cristo que é a Igreja).
2. Quanto à reflexão teológica:
- Firmou-se a identidade do leigo: alguém incorporado diretamente a Cristo, em quem
foi criada uma realidade nova pelo batismo.
- Daí decorre sua ação pastoral: em nome próprio, como Igreja, da qual é partícipe
atuante pelo batismo e crisma, ele tem o direito e o dever de exercer a sua missão.
- A maneira própria de o leigo atuar a sua missão é ordenar a criação segundo o plano
de Deus.
3. Quanto às diretrizes pastorais:
- Promover, como já se faz parcialmente, a participação dos leigos em todas as etapas
do processo de planejamento pastoral, nos vários níveis de Igreja: comunidade, paró-
quia e diocese.
- Promover a constante formação dos leigos, incentivar a sua criatividade, determinar
as suas funções próprias, bem como as do padre.
- Observar a lógica pastoral em que as prioridades sejam perseguidas com maior em-
penho.
- Garantir a representatividade dos leigos, mantendo fidelidade à orientação do V Plano
Regional: “Realizar a Igreja na Base”.
Após o intervalo, o plenário, coordenado ainda pelo Pe. Almeida, procurou, com base
nas conclusões anteriores, apresentar algumas
Sugestões para a formação de um laicato organizado:
• Criar o Conselho Diocesano de Leigos, formado pelos presidentes de movi-
mentos e responsáveis pelos serviços pastorais.
• Assumir as CEBs como o lugar de participação do leigo na Igreja.
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Da ata da 3ª Reunião da Província Eclesiástica de Maringá, que se realizou no Centro de Obras Sociais
da Diocese de Paranavaí (COSDIPA), na cidade de Paranavaí, nos dias 25-26 de março de 1981:
Pela Arquidiocese de Maringá Pe. Almeida falou sobre as CEBs, analisando, a partir das
experiências relatadas na revista SEDOC, de 1975 a 1980, a caminhada das CEBs no
Brasil. Focalizou sobretudo o documento “Conclusões do III Encontro Intereclesial
das Comunidades de Base Igreja, Povo que se Liberta”, e a reflexão do Pe. Eduardo
Hoonaert “Comunidades de Base: dez anos de experiência” (SEDOC, Petrópolis, n.
118, jan./fev.1979, p. 700-710, 710-732) anotando:
- Passos certos: a) Relatividade do sistema clerical-paroquial.
b) Papel positivo da mulher na Igreja.
- Impasses: a) Treinamento ainda elitizante dos líderes.
b) Encontro da religião oficial com a cultura popular.
- Pistas para o futuro: a) Ideologia subjacente aos esforços destes 10 anos (dependência
cultural da Igreja brasileira diante da européia).
b) Igreja como libertadora desse esquema, pelo seu ser missionário e comunitário.
Os grupos, reunidos por diocese, chegaram às seguintes conclusões:
1._Quanto à relatividade do sistema clerical-paroquial:
Sinais e conseqüências do questionamento que as CEBs fazem à paróquia clerical:
- Passagem de uma pastoral apenas sacramental para uma pastoral também evangeliza-
dora e de vivência.
- Despertar do clero para a dignidade, atribuições, direitos e deveres do leigo.
- Consciência maior do leigo a respeito do seu próprio ser e agir cristão.
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Por essa amostra é lícito precisar o rumo evangelizador tomado pelas Igrejas da nova província eclesiás-
tica. Foram, em verdade, assumidos de forma conjunta compromissos pastorais que, há tempo, se enfatizavam
nas dioceses por força das orientações do Regional Sul II, responsável primeiro, como Fedalto lembrara em
1978, pela unidade da Igreja no Estado. Dividido o Regional em quatro blocos menores, tornou-se mais
exeqüível a consecução de metas propostas; mais ágil a implementação de agendas assumidas. A medida sig-
nificou um avanço para as quatro dioceses do Noroeste. Dois dias inteiros de reunião, vividos num ambiente
de amor fraterno e zelo do Evangelho, de estudo e de oração comum − revelaram-se providência acertada na
escolha de caminhos para toda a província. Não só por gratidão, mas também por justiça, é importante reve-
renciar homens e mulheres daquele tempo que, ao lado do metropolita, assumiram a responsabilidade pelas
Igrejas de Maringá, Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.
Quase trinta anos passados, não há como fechar os olhos às transformações por que passou a região,
a começar pelo esvaziamento que, no início dos anos 80, dom Benjamin e dom Jaime deploravam. Outras
mudanças houve e continuará seguramente a haver, o que reforça a necessidade de um caminhar conjunto
das dioceses. Na unidade e na ajuda mútua se encontra a fórmula de superação dos obstáculos interpostos por
situações novas. Como o demonstra o recente arranjo adotado na formação dos futuros presbíteros. Inteli-
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4 No dia 21 de agosto de 1975, em visita ao cardeal Sérgio Pignedolli, foi convidado a se transferir ao Vaticano para trabalhar com
ele na Secretaria para as Comunicações Sociais. O bispo de Maringá argumentou que, aos 59 anos, não estava em idade para isso.
Concordou o cardeal, observando que ele aparentava idade bem menor (informação dada por dom Jaime Luiz Coelho, em 5 de
outubro de 2006).
5 Tradução; “à soleira das portas dos apóstolos”, i. é, aos pés de Pedro e Paulo, sepultados em Roma. Visita feita a cada 5 anos pelos
bispos em sinal de unidade das Igrejas locais com a sé apostólica. Os bispos do Brasil fazem-na de forma conjunta, segundo os Re-
gionais da CNBB. Usa-se a forma abreviada “ad limina”.
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ao venerável irmão Murilo Sebastião Ramos Krieger, membro da Congregação dos Pa-
dres do Sagrado Coração de Jesus, até agora Bispo de Ponta Grossa, transferido para a
Sede Metropolitana vacante de Maringá, saudação e Bênção Apostólica. Com a renúncia
ao ofício do governo dessa Igreja, apresentada pelo seu dirigente anterior, o venerável
irmão Jaime Luiz Coelho, que, por dezessete anos ininterruptos, esteve à frente dessa
mesma Igreja, o caríssimo rebanho maringaense anseia ardentemente por um pastor e
mestre da vida católica. Pelo que mais seguramente se recomenda a essa necessidade
pastoral, dirigimo-nos hoje a ti, venerável irmão, que quisemos elevar ao episcopado
na Igreja e a quem observamos exercendo honrosamente, até agora, o ofício episcopal
junto à comunidade eclesial de Ponta Grossa, assim como também, antes disso, desen-
volvendo fecundo ministério em tua Arquidiocese de Florianópolis. Ouvido, pois, o
prudente parecer da Congregação para os Bispos, e confiando muito na tua força inte-
rior, considerados o teu trabalho e as qualidades de tua visão pastoral, fazendo uso da
plenitude de Nossa autoridade apostólica, Nós te dispensamos de todos os vínculos com
a tua anterior Igreja de Ponta Grossa e te constituímos legítimo Arcebispo Metropoli-
tano da comunidade de Maringá, com todos os direitos e privilégios, bem como com
cada um dos deveres e encargos inerentes a tal administração, conforme os sagrados câ-
nones. Enquanto zelosamente instruíres o teu clero e o povo fiel sobre teu ofício de seu
dirigente espiritual, estarás contribuindo para redobrado fervor apostólico, bem como
para fertilíssimo desempenho da ação episcopal, na renovação e no consolo do rebanho
de Maringá, e não duvides de que abundantes luzes e forças do sacratíssimo Coração do
misericordioso Redentor se derramarão sempre sobre o teu trabalho.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia sete de maio do ano do Senhor de mil
novecentos e noventa e sete, décimo nono do Nosso Pontificado.
Depois de quarenta anos, a retirada de cena de dom Jaime para alguns poderia significar uma ameaça à
sobrevivência, nesta terra, da Igreja que jamais conhecera outro dirigente. Mas a sensação de orfandade que,
eventualmente, um ou outro tenha experimentado, cedeu lugar à certeza de que, para a Igreja de Maringá, se
a vida não começa aos quarenta, nessa idade ela recomeçou, a partir da vinda do novo pastor, não exatamente
um desconhecido vindo de longe. Presidente do Regional Sul II, ele já vinha estendendo sua atuação por todo
o Estado. Dois meses depois da nomeação, Krieger foi empossado no ofício de arcebispo metropolitano de
Maringá. O documento que registrou o fato pode ser consultado nos arquivos curiais:
Ata da posse canônica de dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ, arcebispo metro-
politano de Maringá
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Dom Murilo sucedeu a dom Jaime, tomando posse no dia 11 de julho de 1997: o abraço, a entrega do báculo
(cajado do pastor para reger o rebanho sagrado), a entronização na cátedra (símbolo do serviço de ensinar) e a assinatura da ata.
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6 Como sucessor dos apóstolos, todos os bispos são responsáveis pelo governo da Igreja no mundo inteiro. Quando nomeia um bispo
auxiliar, a Igreja lhe confere o governo simbólico de uma Igreja antiga cuja sede talvez nem mais exista, mas o título é conservado.
Lisínia foi sede episcopal da antiga Ásia Menor, no território da Turquia de hoje.
7 Informação constante das notas biográficas, enviadas via fax, de Florianópolis, no dia 7 de agosto de 2006.
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Essa reunião assinalou o passo primeiro para a origem do benemérito MECUM – Movimento Ecumê-
nico de Maringá, de presença marcante na sociedade de Maringá e região, agrupando representantes de várias
confissões cristãs e de outros credos. Seu compromisso de união dos povos pela paz ficou patente em várias
oportunidades, como na 3ª Noite pela Paz, realizada em 14 de agosto de 2006, na mesquita muçulmana de
8 Homilia da missa de corpo presente de Osmar Zaninello, em Maringá, no dia 24 de agosto de 2004.
9 Aquæ Flaviæ (Chaves, cidade de Portugal) foi diocese do Império Romano criada em 427 e extinta em 462. Situava-se no território
da atual arquidiocese de Braga, em Portugal.
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Dom Jaime impõe as mãos ao novo bispo.
Hoje é fácil reconhecê-lo como um dos nossos. Não fosse o leve sotaque, ninguém diria
que nasceu em lugar distante. Até o sobrenome é igual ao de muita gente que teve aqui seu
berço. O espírito brincalhão, a gargalhada fácil e a paixão pelo futebol tornam você mais brasi-
leiro que muitos de nós. Não fomos nós, foi você que nos escolheu para irmãos.
Só Deus sabe quanto lhe custou. Acompanhei, ainda estudante, a chegada dos primeiros
malteses. Pude sentir como foi lhes dura a vida no nosso meio. Sei que fardo carregaram para
identificar-se com uma cultura tão estranha à sua.
Você, em especial, pagou caro pela inculturação tomada a sério, como sempre foi tudo
o que fez. Quando deixou sua pátria, não fazia a mais remota idéia do que viria encontrar.
Devem tê-lo assustado os conflitos do novo ambiente. Eram os conturbados anos pós-68.
Reduto universitário por índole e ofício, a Curitiba da época não se mostrava exatamente uma
ilha de serenidade. Especialmente nos seminários, onde desaguavam as inquietudes todas de
um tempo de mudanças. Para quem vinha de um mundo de seculares firmezas, quem sabe lhe
tenha acenado a tentação de fazer o caminho de volta. Mas, como os antigos exploradores do
Novo Mundo, você queimara suas caravelas ao chegar à nossa praia. Tinha vindo numa viagem
sem volta.
Você resistiu. Sua carta de navegação indicava apenas um rumo: em frente.
Lembro os primeiros anos, quando seu estômago – que não fora consultado – teimava
em não aceitar o esquisito cardápio do país que lhe oferecemos. Nós, que o amávamos, chega-
mos a temer pela sua saúde. Até pela sua vida. Companheiros seus morreram com poucos anos
de Brasil. E você desfilava a magrez de um palito.
Sem falar nos desencantos do ministério, que esses, ao longo da vida, você os guardou
sempre consigo. Por trás do sorriso constante, ninguém adivinhava decepções que só você
conhecia. Acostumados à sua fortaleza, ao apoio jamais negado, não o imaginávamos carecer
de um ombro amigo. Suas lágrimas a poucos de nós você admitiu mostrar. Até nesses momen-
tos, ao franquear-nos o terreno íntimo de sua dor, talvez estivesse mais ajudando que sendo
ajudado.
Hoje, nada mais disso importa. Você nos trouxe, em dose redobrada, a alegria de servir
o povo, esse povo que é nosso e você transformou em seu. Mostrou-nos, com naturalidade, o
padre que o Pai e os irmãos esperam. Revelou-nos a largueza de coração e o vigor de espírito
que em nós procuram os homens deste final de século. Ajudou-nos a descobrir no presbitério
a nossa família mais verdadeira. Fez-nos ver como, mais forte que o sangue, a ordenação pres-
biteral cria laços que a vida é incapaz de romper.
Ao se tornar bispo, você continua padre. Nunca deixe de ser o padre Vicente que nos
elegeu seus irmãos (ROBLES, 1998, p. 16).
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À época também de seu governo tiveram início, nas Regiões Pastorais, escolas de formação para leigos,
com duração de três anos, frutos de antiga aspiração e precursoras do curso de Teologia para Leigos, criado
pela PUC-PR câmpus de Maringá.
Fato marcante para a vida desta Igreja verificou-se com a nomeação, em 1º de março de 2001, de padre
Bruno Elizeu Versari para o cargo de ecônomo arquidiocesano. No prosseguimento da administração do pri-
meiro arcebispo, sem descurar compromissos pastorais, Versari tornou-se responsável, ao lado de Zaninello
e de Roseli Aparecida Ernega, secretária da Cúria Metropolitana desde 1º de março de 1999, por colocar a
arquidiocese de Maringá entre as mais bem organizadas, sob o ponto de vista administrativo, contábil e fiscal,
de todo o país. Além da preocupação com a eficiência no desempenho dos compromissos do cargo, Krieger
foi agraciado com feliz escolha de auxiliares competentes.
Depois de quatro anos como bispo auxiliar de Londrina, dom Vicente Costa foi transferido para a
diocese de Umuarama, que assumiu em 13 de dezembro de 2002, na catedral do Divino Espírito Santo, à
qual acorreram 20 bispos, 90 padres, 70 religiosos e religiosas, 60 seminaristas e incontáveis fiéis não só da
sua nova diocese, mas de Londrina e de Maringá, trazidos por ônibus especialmente fretados. A Província
Eclesiástica de Maringá recebeu de braços abertos o filho querido.
Para surpresa de toda a arquidiocese, no dia 20 de fevereiro de 2002, veio a público a notícia da trans-
ferência de dom Murilo Krieger para a sé metropolitana de Florianópolis. Depois de 40 anos do governo de
dom Jaime, ninguém imaginaria que seu sucessor permanecesse em Maringá por apenas 5 anos incompletos.
Um dos seus derradeiros atos na arquidiocese foi a dedicação da capela do Seminário Arquidiocesano
Nossa Senhora da Glória, por ele oficiada no dia 22 de abril. A obra representou a última etapa de construção
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do seminário. Quando foi aberto para abrigar a Filosofia, no início de 1983, dom Jaime deu por encerrada sua
longa trajetória de construtor. Desde o longínquo ano de 1958, sempre se encontrou em andamento alguma
edificação que lhe exigia tempo e cuidado. Sobre a capela do seminário costumava dizer que a deixaria como
tarefa para seu sucessor. Contudo, ao entrar o ano de 1990, sentiu despertar o arquiteto que dormia dentro
de si e decidiu completar o projeto do seminário que acalentava desde a posse. Atacou então as obras da ca-
pela, inaugurando-a no dia 1º de dezembro do mesmo ano, quando era reitor padre Júlio Antônio da Silva.
Nos anos seguintes, com o reduzido número de seminaristas, no entanto, ela entrou em desuso. Decorridos
dez anos, padre Sidney Fabril, reitor do seminário e assessor de liturgia da arquidiocese, juntamente com o
arquiteto Hélio Moreira Júnior, o artista Zanzal Matar e outros profissionais, assumiu a tarefa de dar à capela
as características atuais. E, às vésperas de deixar Maringá, no dia 22 de abril de 2002, dom Murilo celebrou
a sua solene dedicação. Coroava-se, dessa forma, a longa saga da construção do seminário que todo bispo,
graviter onerata conscientia, recebe como pesado encargo.
Na noite seguinte, 23 de abril, apesar de sexta-feira, a catedral basílica encheu-se com o povo que acor-
reu para se despedir do arcebispo na sua última missa em Maringá, que ganhou os contornos de “celebração
grandiosa, bela, mas triste”.
À posse do novo arcebispo de Florianópolis, no dia 27 de abril de 2002, compareceu muita gente de
Maringá. A celebração eucarística aconteceu no ginásio de esportes do Colégio Catarinense, onde se abriga-
ram cerca de 2000 pessoas, entre as quais 21 arcebispos e bispos, 220 padres, o governador do Estado e a
prefeita da capital, respectivamente Espiridião e Ângela Amin, marido e mulher.
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O enviado
“Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Não era ele a luz, mas
veio para dar testemunho da luz” (JOÃO 1, 6.8). Assim se refere o evangelista João ao seu
homônimo, o Batista, que preparou os caminhos do Salvador.
O envio é um tema recorrente na Bíblia. Designa a ação de Deus, que, visando o bem
dos homens, manda alguém para lhes prestar serviço. Por mais que configure uma honra, o
envio jamais deixa de ser um serviço. Disso o enviado tem consciência bem clara.
Entre nós, nos últimos anos, houve um homem, também enviado por Deus, que se
chamava Murilo. Não era ele o Senhor, o dono (do latim dominus) do rebanho, mas, em seu
nome, prestou o serviço de representá-lo (= torná-lo presente), guiando o rebanho para que
lhe fosse fiel.
Ao longo de quatro anos e pouco, toda semana, os leitores se acostumaram a encontrar
neste espaço a sua palavra. Ao se despedir, foi seu pedido que não deixássemos vazios os canais
de comunicação por ele ocupados. Na distribuição das tarefas de substituí-lo, coube-me man-
ter a coluna até que venha a ser ocupada pelo novo arcebispo.
Tenho certeza de que para os leitores não foi boa troca. Que fazer? Na vida nem sempre
se ganha.
Estivemos em Florianópolis para acompanhar nosso ex-arcebispo que, a contragosto, lá
deixamos. Para todos que lá fomos o abraço que lhe demos na despedida foi cheio de afeto,
mas também de dor. “Foi muito bom ter trabalhado com você”, me disse. Não consegui res-
ponder-lhe uma palavra. Estava mudo.
Assim é o dom Murilo que aprendemos a amar. Para cada um, uma palavra bem pessoal
e amiga. Despojada de qualquer pieguice ou frescura. Carregada, ao mesmo tempo, com todos
os tons da apreciação do outro. Do reconhecimento do seu valor.
Acredito ser essa, se não a maior, com certeza, uma de suas maiores virtudes. Ninguém
dele se aproxima e volta sentindo-se o mesmo. Ele trata o interlocutor de um jeito que o faz
sentir-se importante. Porque, de uma forma ou de outra, somos todos importantes. Cada um
tem algo pessoal, só seu, que a ninguém mais foi concedido. Algo que permite descobrir-se
músico de um instrumento único na orquestra da vida. Dom Murilo nos faz ver isso.
Quando alguém toca essa finíssima corda do coração da gente, já nos ganhou para o res-
to da vida. Talvez assim se explique por que dom Murilo conquista todos que dele se achegam.
Se chamados a falar de suas qualidades, podemos enumerar um montão. Nem sempre perce-
bemos essa, tão evidente, aliás, e tão marcante. Há algum tempo, ouvi de um amigo: “Dom
Murilo tem a capacidade de ver sempre o lado positivo das pessoas”. Verdade. Mas há mais que
isso. Ele tem a rara sabedoria, verdadeiro dom de Deus, de mostrar à pessoa sua singularidade
no concerto da obra divina.
Talvez isso nos ajude a entender sua afirmativa, repetida à exaustão, de que “Deus é
amor”. Possivelmente, ele a tenha entendido melhor que nós. E deseja que também cheguemos
a essa verdade, para ele tão clara, como quer que se torne para nós (ROBLES, 2002a, p. 2).
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280
O terceiro arcebispo
A regência provisória do administrador não se estendeu por longo interregno, porquanto, dois meses
e meio passados, no dia 17 de julho de 2002, foi dada a conhecer a eleição de dom João Braz de Aviz, bispo
de Ponta Grossa, para a sede metropolitana de Maringá (JOÃO PAULO II, 2002b, p. 11). Aviz era velho
conhecido de alguns padres de Maringá, colegas seus de estudos de Filosofia e de Teologia, feitos em Curi-
tiba; sua ligação com a Igreja de Maringá, antiga e profunda. Na assembléia do Regional Sul II, realizada no
Mossunguê, em Curitiba, nos dias 14-19 de setembro de 1980, a coordenação eleita para a CRC – Comissão
Regional do Clero foi composta pelos padres Antônio de Pádua Almeida, coordenador; João Braz de Aviz,
vice-coordenador, e Orivaldo Robles, secretário. De outros padres de Maringá mais jovens Aviz foi reitor
e/ou professor no curso de Teologia, em Londrina.
281
O novo arcebispo maringaense nasceu em Mafra (SC), no dia 24 de abril de 1947. É o segundo de
um grupo de oito filhos do casal João Avelino e Juliana Hacke de Aviz, ambos falecidos. Conta entre seus
irmãos com mais um padre e uma religiosa. Ainda criança, a família se transferiu para Borrazópolis, pequeno
município norte-paranaense. Em 21 de abril de 1958, ingressou no Seminário Menor São Pio X, dos padres
do PIME – Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras,10 em Assis (SP), onde estudavam na época os semi-
naristas menores da diocese de Londrina. Com a criação, em março de 1964, da diocese de Apucarana, para
ela se transferiu, de vez que a paróquia de Borrazópolis passou à jurisdição da nova diocese. Cursou Filosofia
no Seminário Provincial Rainha dos Apóstolos, em Curitiba, onde foi colega de alguns padres de Maringá.
Depois, em Roma, estudou de 1967 a 1972 na Pontifícia Universidade Gregoriana, obtendo a licenciatura
em Teologia. Foi ordenado padre por dom Romeu Alberti, no dia 26 de novembro de 1972, na catedral de
Apucarana. Entre os encargos pastorais exercidos figuram: pároco de várias paróquias de sua diocese (1973-
1984); reitor do seminário maior – Instituto de Filosofia de Apucarana (1984-1985); diretor espiritual no
seminário do Ipiranga, em São Paulo, além de reitor do seminário maior de Londrina (1986-1988). De 1989
a 1992 freqüentou a Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma, onde obteve o doutorado em Teologia
Dogmática. Cura da catedral de Apucarana e professor de Teologia Dogmática no Instituto Paulo VI, de
Londrina (1991-1994), além de coordenador de pastoral de sua diocese, foi eleito, em 6 de abril de 1994,
bispo titular de Flenucleta11 e auxiliar de Vitória (ES), tendo-se ordenado bispo em Apucarana, no dia 31
de maio de 1994. Para lema do seu episcopado escolheu o dístico “Todos sejam um” (JOÃO 17, 21), em
português, diferente da maioria, que opta por um dito bíblico expresso em latim. Empossado no dia 9 de
junho do mesmo ano, permaneceu na capital do Espírito Santo pelo espaço de 4 anos, recebendo, a 12 de
agosto de 1998, a nomeação para bispo diocesano de Ponta Grossa, diocese que assumiu em 15 de outubro
do mesmo ano. Depois de 4 anos incompletos, foi-lhe comunicado que o Santo Padre o queria na condução
da arquidiocese de Maringá.
No dia seguinte à tomada de conhecimento de sua eleição, o colégio de consultores da arquidiocese
encaminhou-se a Ponta Grossa para apresentar-lhe os cumprimentos de sua nova Igreja. Ao mesmo tempo,
com ele os consultores discutiram providências concretas e imediatas, como os pormenores da posse, que
ficou definida para o dia 4 de outubro próximo, uma sexta-feira, às 19h30, na catedral basílica de Maringá.
Nesse data, em clima de alegria e fé, Aviz foi apresentado à Igreja de Deus presente em Maringá, que
se fez representar por grande concurso de povo reunido na catedral basílica Nossa Senhora da Glória. A posse
do terceiro arcebispo de Maringá deu-se, segundo o costume, com a leitura pública da bula oficial de sua
11 Flenucleta era sede episcopal da antiga Mauritânia Cesariense, dos romanos, no Norte da África, atual Argélia.
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ao venerável irmão João Braz de Aviz, até agora bispo de Ponta Grossa, transferido à
Igreja Metropolitana de Maringá, saudações e bênção apostólica.
Como é nosso dever administrar a cura espiritual e pastoral de todo o Povo de Deus,
o nosso pensamento voltou-se, de modo especial, para a Igreja Metropolitana de Ma-
ringá, cuja sede se encontra atualmente vacante, devido à transferência do seu último
arcebispo, nosso venerável irmão Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ.
Examinando o assunto com grande atenção, confiantes, Nós nos dirigimos a ti, Venerá-
vel Irmão, que, ornado de excelentes qualidades da alma e do intelecto, como também
largamente recomendado pelas tuas atividades pastorais, julgamos idôneo para gover-
nar essa mesma Igreja. Portanto, acatando a resolução da Congregação dos Bispos e
liberado do vínculo anterior, pela nossa autoridade apostólica, te constituímos Arcebis-
po de Maringá, com todos os direitos e igualmente todas as obrigações que, segundo
as normas, competem a tal ofício.
Ademais, pedimos que tua nomeação seja reconhecida pelo clero e pelo povo da tua
arquidiocese para que saibam dessa incumbência a ti concedida. Exortamos ainda os
nossos queridos filhos e filhas para que, com grande alegria te aceitem como pastor e a
ti, Venerável Irmão, se unam pelos vínculos do amor, da unidade e da obediência.
Pedimos também que, enquanto cumprires o teu ministério, brilhem em ti as virtudes
cristãs e humanas. Esperamos que, ao assistires com plena dedicação cristã aos fiéis de
tua comunidade, possam eles refletirem contigo as palavras da Bíblia: “Todo sumo
sacerdote, escolhido entre os homens, é constituído para o bem dos homens nas coisas
que se referem a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados” (Heb 5, 1).
Dado em Roma, junto de São Pedro, aos dezessete dias do mês de julho do ano do
Senhor de dois mil e dois, vigésimo quarto de nosso pontificado.
A competente ata foi lavrada e lida ao final, para que todas as formalidades fossem cumpridas e o acon-
tecimento oficial ganhasse registro para a posteridade:
A gestão de Aviz à frente da Igreja de Maringá foi marcada, antes de tudo, pela simplicidade de um
homem que se fez aceito, com muita naturalidade, pelas pessoas humildes do povo. De todos os pastores que,
até os dias atuais, conduziram o rebanho católico da arquidiocese, dom João foi − também pelo seu curto
governo − aquele que menos se fez conhecer na cidade de Maringá.
Assumindo a nova Igreja, ele nomeou vigário geral monsenhor Júlio Antônio da Silva, colega desde os
tempos de seminário, com quem sempre manteve cordial amizade. Fixou então como meta inicial conhecer,
na inteireza possível, a situação da parcela do povo de Deus que lhe tocou dirigir. Para isso, restaurou uma
prática à qual o primeiro bispo atribuiu grande importância, não só nos primórdios, mas durante as quatro
décadas de seu governo diocesano: as visitas pastorais. Aviz planejou caminhar da periferia para o centro,
visitando primeiro as paróquias mais distantes. Começou pela paróquia de Inajá, no extremo oeste, junto ao
rio Paranapanema. Era sua intenção, após vencida a etapa de visitas na Região Pastoral Oeste, fazer o mesmo
percurso na Região Pastoral Leste, a partir de São Pedro do Ivaí. Só então visitaria as numerosas paróquias
das regiões mais centrais. Não lhe foi dado tempo para cumprir o projeto.
Pouco depois de sua posse, retornou de Roma padre Edmar Peron, que concluíra curso de mestrado
em Teologia Dogmática com ênfase em Sacramentos, dessa maneira enriquecendo o corpo docente do curso
teológico de Londrina onde estudam seminaristas do Norte do Paraná. Ao mesmo tempo, como assessor de
liturgia em nível arquidiocesano, Peron veio dar novo impulso a uma área que jamais deixou de receber da
Igreja de Maringá cuidadosa atenção, desde o tempo de padre Raimundo Le Goff, fielmente acompanhado
por maestro Aniceto Matti. Confiado ao zelo, entre outros, de padres Francisco Jobard, Vicente Costa, Bruno
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Dom João na cátedra de mestre da fé.
Já no final de seu tempo em Maringá aconteceu, no ginásio de esportes do Colégio Marista, o 4º Inte-
reclesial das CEBs do Regional Sul II, que reuniu, de 21 a 24 de fevereiro de 2004, um total de 950 delega-
dos, além de assessores, bispos e coordenadores de plenário. O tema foi “CEBs, espiritualidade libertadora”, e
o lema, “Seguir Jesus no compromisso com os excluídos”. Todas as dioceses do Estado se fizeram representar
no evento, que celebrou uma caminhada histórica da Igreja do Paraná desde os anos 60.
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Da disposição de iniciar conhecendo todas as comunidades da Igreja arquidiocesana dom João Braz de
Aviz não realizou a quinta parte. Faltava-lhe visitar uma paróquia da Região Pastoral Oeste e as outras quatro
regiões inteiras quando, no dia 28 de janeiro de 2004, convocou para o café da manhã o colégio de consulto-
res que, atônito, ouviu dele a notícia de que o Santo Padre, no dia 7 de janeiro, portanto, havia três semanas,
o tinha removido para a sé metropolitana de Brasília. Ficou agendada sua missa de despedida da arquidiocese
para 19 de março próximo, na catedral basílica. No dia 23 de março, embarcou com destino a Brasília, onde
foi empossado quatro dias mais tarde.
Para quem chegou com sorriso de irmão e sonho de cumprir aqui o resto de seus dias, a meteórica
passagem por esta Igreja representou uma provação de fé. Mais de uma vez, Aviz confessara que vir para Ma-
ringá significara sua volta para casa. Afinal, toda a sua vida conheceu como único referencial a terra vermelha
e o povo caloroso do Norte do Paraná. No comunicado oficial de sua despedida, não escondeu a surpresa de
verificar que estava, como reconheceu, “apenas iniciando minha missão episcopal em Maringá”. Sua perma-
nência no cargo foi de 16 meses.
Quem dele se aproximou − digam-no os irmãos das comunidades visitadas − deixou-se encantar pelo
carinho, pelo sorriso aberto e, mais que tudo, pela intensidade de amor alegre ao Deus uno e trino, modelo
de toda espiritualidade cristã. Ele representou um sinal luminoso de que no meio das provações da vida há
sempre espaço para a alegria e a esperança – desde que se cultive a fé vivida em comum.
Sua posse na capital federal aconteceu na manhã do dia 27 de março de 2004, na catedral, diante de
33 cardeais, arcebispos e bispos, de mais de 250 presbíteros, e de cerca de 1500 fiéis, meia centena dos quais
de Maringá.
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288
Estando vacante a sé metropolitana de Maringá pela posse de dom João Braz de Aviz
como arcebispo de Brasília, em atendimento ao que dispõe o Código de Direito Ca-
nônico, cân. 424ss, no dia 30 de março de 2004, às 9h00, na Paróquia Santa Maria
Goretti, na cidade de Maringá, reuniu-se o Colégio de Consultores para a eleição do
administrador arquidiocesano. Compareceram todos os seis membros do Conselho:
monsenhores Orivaldo Robles, decano, Antônio de Pádua Almeida, Júlio Antônio da
Silva e padres Israel Zago, Bruno Elizeu Versari e Edmar Peron. Inicialmente, na capela
do Santíssimo Sacramento, dentro da igreja matriz, os Consultores rezaram suplicando
fidelidade aos desígnios de Deus e luz para atender ao verdadeiro bem da santa Igreja.
Depois, em sala própria, realizou-se o escrutínio secreto que apontou como resultado: 4
(quatro) votos para monsenhor Antônio de Pádua Almeida, coordenador da ação evan-
gelizadora da Arquidiocese e pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, 1 (hum) voto
para monsenhor Orivaldo Robles, e 1 (hum) voto para padre Israel Zago. O decano do
Colégio de Consultores declarou eleito o mais votado, proclamando-o administrador
da arquidiocese de Maringá até a posse do novo arcebispo. Na aceitação do resultado
da eleição, o novo administrador arquidiocesano agradeceu a confiança dos seus pa-
res, ressaltando a necessidade da efetiva colaboração de todas as lideranças da Igreja
local, particularmente do Colégio de Consultores, condição indispensável para o bom
andamento da vida da Igreja Particular de Maringá, especialmente neste período de
espera do novo arcebispo. À continuação, diante dos Consultores, o administrador fez
a profissão de fé, conforme dispõe o cân. 833 n. 4, do CDC. Terminada a profissão, o
administrador recebeu os cumprimentos dos demais membros do Colégio de Consulto-
res, convidando-os para a oração que deu por encerrada esta reunião de eleição da qual
lavrei a presente Ata, que vai assinada por mim, padre Edmar Peron, secretário ad hoc,
pelo administrador arquidiocesano e pelos demais membros do Colégio de Consultores.
Maringá, 30 de março de 2004.
Eleito administrador arquidiocesano, Almeida viu-se forçado a dividir com os demais membros do
colégio as celebrações do sacramento da crisma agendadas por Aviz até o final do ano. Continuando pároco,
sem previsão de vinda do novo pastor, ser-lhe-ia impossível, em todos os finais de semana, deslocar-se a várias
paróquias da arquidiocese.
De 21 a 30 de abril, Almeida participou, em Itaici, município de Indaiatuba (SP), da 42ª Assembléia
Geral da CNBB. No meio dos bispos do Paraná reviveu o clima de co-responsabilidade pastoral que tinha
longamente dividido no Regional Sul II, durante os anos 70 e 80. A volta a Itaici trouxe-lhe à memória os
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Dom João benze as novas instalações. Padre Almeida e doutor Irivaldo desatam a fita.
anos de coordenador de pastoral, quando, mais de uma vez, acompanhou dom Jaime àquelas memoráveis
assembléias que há décadas se verificam no casarão dos jesuítas. A qualidade de administrador da arquidiocese
assegurou-lhe na assembléia direito a voto igual ao de um bispo. A respeito, seu antigo diretor espiritual no
seminário e arcebispo de Londrina, dom Albano Cavallin, passou-lhe um bilhete com os jocosos dizeres: “Al-
meida, aqui você é mais importante que dom Paulo (Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo). Você vota,
ele não”. O estatuto da CNBB veda aos bispos eméritos o voto nas assembléias do colegiado.12
Em sua gestão administrativa abriu-se a nova etapa da TV 3º Milênio, depois de reformulada inteira-
mente por obra de Irivaldo Joaquim de Souza. Dom João Aviz veio de Brasília para, no dia 16 de julho de
2004, inaugurar as novas instalações, em cerimônia que contou com a presença de dezenas de padres, educa-
dores, autoridades e representantes da imprensa. Coube ao administrador arquidiocesano e a Souza, diretor-
presidente, desatarem a fita simbólica dando por inauguradas as novas instalações da TV 3º Milênio.
Após oito meses de vacância da sé episcopal, no dia 29 de setembro de 2004, foi dada a notícia oficial
da eleição do quarto arcebispo metropolitano de Maringá, dom Anuar Battisti, até então bispo de Toledo, no
sudoeste do Estado (JOÃO PAULO II, 2004b, p. 11).
Antes de passar às mãos do novo arcebispo o comando da arquidiocese, Almeida recebeu dos padres
jesuítas a paróquia de São José Operário que, desde a fundação, em 14 de agosto de 1954, permanecera sob
seus cuidados. Em vista da diminuição de padres e da opção por trabalho em áreas de missão, mais de uma vez
tinha o provincial da Companhia de Jesus manifestado desejo de entregar à Igreja arquidiocesana a paróquia
que, por mais de 50 anos, os jesuítas atendiam em Maringá. Nunca houve, anteriormente, a possibilidade de
satisfazê-lo. Sob a administração de Almeida, finalmente, a diocese de Umuarama solicitou uma paróquia,
onde pudessem residir seus seminaristas estudantes de Filosofia na PUC-PR, câmpus de Maringá. Em contra-
partida, enviaria dois padres para atendimento paroquial e aos seminaristas. No dia 4 de janeiro de 2005, em
solene Eucaristia com grande concurso de povo e numerosos padres, a Companhia de Jesus devolveu à Igreja
de Maringá a comunidade paroquial de São José Operário. No papel de administrador arquidiocesano, Almei-
da recebeu a paróquia que conservava em Maringá a lembrança viva da gloriosa saga iniciada em 1610 pelos
filhos de Inácio de Loyola nestas terras de Guairá. No seguinte dia 15, tomaram posse padres Wilson Galiani
e Antônio Luiz Catelan Ferreira, da diocese de Umuarama. Idêntica medida foi tomada em parceria com a
diocese de Campo Mourão, que se responsabilizou, no início de 2006, após entendimento com o quarto
arcebispo metropolitano, pela paróquia de Mandaguaçu para onde enviou, juntamente com seus seminaristas,
também padres Paulo Roberto de Lima e Edinaldo Velozo da Silva.
Um bom administrador
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Padres João Braz de Aviz e Anuar Battisti durante o V Curso de Formadores (1986),
em frente à embaixada brasileira, na Cidade do México.
13 Para os mesmos 27 municípios, estimativa do IBGE apontava, em 1º de julho de 2006, um total de 664.420 habitantes, dos quais
cinco totalizavam 517.275: Maringá (324.397), Sarandi (88.747), Paiçandu (37.096), Mandaguari (33.841) e Marialva (33.194).
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Olhando para trás, dou-me conta de que, há mais de 40 anos, liguei minha vida à sua.
Naquele tempo, a gente ingressava numa Igreja Particular através da tonsura. Era o rito de
admissão do seminarista como clérigo. Quando a recebi, aos 22 anos, integrei-me no clero
de Maringá. Você era então uma criança de 10 anos. O sacramento da Ordem veio depois
qualificar-me como extensão do bispo, sem o qual não faz sentido nosso oficio de presbíteros,
servidores do povo de Deus. O padre só é padre através do bispo e em comunhão com ele.
Prometi obedecer-lhe e respeitá-lo quando você era um garoto de 13 anos e nem sem
sonho atinaria com o que estava acontecendo. Ao final de minha ordenação presbiteral, em
dezembro de 1966, dom Jaime tomou entre as suas as minhas mãos e perguntou: “Prometes a
mim e aos meus sucessores obediência e respeito?” “Prometo”, respondi. Eu não tinha como
saber, mas naquela hora aceitava seu comando de pastor e mestre. Com 38 anos de antecedên-
cia, eu já o reconhecia meu ponto de referência na missão evangelizadora que só posso exercer
em comunhão com você e sob seu governo.
Em dom Jaime aprendi a ver a figura do pai. Quando o conheci, eu era um adolescente
de 16 anos. Nos 40 seguintes, acostumei-me com a sua atuação de supervisor da ação evange-
lizadora, a quem coube orientar o povo de Deus presente nesta Igreja que está em Maringá.
Igreja que ele gerou e continuou acalentando desde o berço, entre as privações e as rudezas
de uma região carente de tudo. Para quem observa com atenção, não há nela hoje um único
espaço de vida católica, ainda o mais escondido, que não revele a sua presença. Para a Igreja de
Maringá ele foi pai, mãe, operário, catequista, padre e bispo.
Com você será diferente. Perdoe-me se não me animo a reconhecê-lo como pai. Gosto
mais de vê-lo como um irmão, que vem para uma casa que é sua, mas em cuja construção eu
estou também, há tempo, colocando minha frágil pedrinha, pequena e cheia de falhas. Na con-
dição de segundo mais antigo entre os padres de Maringá, asseguro-lhe que você pode chegar
e sentir-se em casa. Diferentemente de Jesus ao entrar no mundo (cf. Jo 1, 11), saiba que você
vem para o que é seu e os seus o recebem com carinho.
Se me escapa o pronome “você”, é por conta da intimidade que mantêm irmãos no trato
diário. Em nada diminui o respeito, acatamento e obediência que lhe devo na fé e na comu-
nhão eclesial. A Teologia me ensinou e a fé me assegura que, em comunhão com o bispo de
Roma, o sucessor dos apóstolos em Maringá agora se chama Anuar.
Por sua boca, irmão e bispo, o Senhor fala à sua Igreja que está em Maringá. É assim que
o recebo. Assim o recebemos todos; pode estar certo (ROBLES, 2004a, p. 2).
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Aos vinte e quatro de novembro de dois mil e quatro, durante solene concelebração
eucarística na Catedral Metropolitana Basílica Menor Nossa Senhora da Glória, em
Maringá, no Estado do Paraná, às 20h00, na presença do eminentíssimo cardeal dom
Geraldo Majella Agnelo, primaz do Brasil e arcebispo de São Salvador da Bahia, pre-
sidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; dos excelentíssimos senhores
dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil; dom Lúcio Ignácio Baumga-
ertner, arcebispo de Cascavel, presidente do Regional Sul-2 da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil; dom Jaime Luiz Coelho, 1º arcebispo de Maringá; dom Murilo
Sebastião Ramos Krieger, arcebispo de Florianópolis; dom João Braz de Aviz, arcebis-
po de Brasília; dom Pedro Antônio Marchetti Fedalto, arcebispo emérito de Curitiba;
dos senhores bispos da Província Eclesiástica de Maringá, além de duas dezenas de
senhores arcebispos e bispos; de monsenhor Antônio de Pádua Almeida, administrador
arquidiocesano e dos membros do Colégio de Consultores da arquidiocese de Marin-
gá; de uma centena de presbíteros e de numerosos fiéis, inclusive de outras confissões
religiosas, tomou posse como arcebispo da arquidiocese de Maringá o excelentíssimo
senhor dom Anuar Battisti.
Para constar, como decano do Colégio de Consultores, lavrei a presente Ata, que as-
sino, e será assinada pelo cardeal primaz, núncio apostólico, arcebispos citados e pelo
administrador arquidiocesano, participantes da celebração.
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O núncio apostólico dom Lorenzo Histórica foto reunindo os quatro arcebispos que a Igreja de Maringá recebeu
Baldisseri entrega o báculo. nestes 50 anos de história.
Dom Anuar com dom Jaime, primeiro arcebispo. O segundo arcebispo, dom Murilo, com dom Anuar.
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O terceiro arcebispo, dom João, com dom Anuar.
ao venerável irmão Anuar Battisti, até agora bispo de Toledo, no Brasil, escolhido arce-
bispo metropolitano de Maringá, saudações e bênção apostólica.
Levando avante a caminhada espiritual de todos os fiéis, cumprimos o diligente dever
de concedermos a cada comunidade eclesial dispersa por toda a terra pastores idôneos
e mestres nas coisas divinas. Queremos agora, de modo especial, suprir as necessidades
pastorais da Igreja metropolitana de Maringá, visto que seu último bispo, o venerável
irmão João Braz de Aviz, foi por nós nomeado arcebispo metropolitano de Brasília.
Apressamo-nos, portanto, a nomear um novo pastor para a arquidiocese de Maringá,
e tu, venerável irmão, que nos últimos seis anos executaste o utilíssimo trabalho do
progresso espiritual da comunidade dos fiéis de Toledo, no Brasil, foste por Nós consi-
derado inteiramente digno dessa promoção.
Portanto, aconselhados pela Congregação dos Bispos e pela autoridade apostólica, te
constituímos arcebispo metropolitano de Maringá com todas as obrigações e com to-
dos os direitos e encargos. Cuidarás diligentemente para que tua nomeação seja conhe-
cida pelo clero e pelos fiéis. Exortamo-los a que, com generoso entusiasmo, te aceitem
como pastor, e contigo cultuem a Deus onipotente no seu dia-a-dia com maior zelo,
observando seus mandamentos com grande ardor. Confiamos que tu, calcado na fé no
divino Mestre e no amor de sua Mãe santíssima, serás zeloso no ministério, principal-
mente na prosperidade espiritual de tua arquidiocese.
Dado em Roma, junto de São Pedro, aos vinte e nove dias do mês de setembro do ano
do Senhor de dois mil e quatro, vigésimo sexto do nosso pontificado.
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No dia 5 de dezembro de 2005, novamente a catedral basílica se vestiu de festa para a celebração do
jubileu de prata de ordenação presbiteral de Battisti, que trouxe a Maringá dez arcebispos e bispos, quase
uma centena de padres, familiares do arcebispo e grande número de fiéis. Foi uma Eucaristia simples, mas
comovente, com a participação dos corais infanto-juvenis Santa Maria Goretti e do Colégio Santa Cruz, num
total de 120 figurantes, que prestaram a dom Anuar inesquecível homenagem.
Após conquista do doutorado em Teologia Moral, obtido na Pontifícia Universidade Lateranense, de
Roma, padre Luiz Antônio Bento reassumiu seus encargos pastorais, no início de 2006, compondo simul-
taneamente o corpo docente de Teologia na Faculdade Missioneira de Cascavel e no Instituto Paulo VI, em
Londrina. A arquidiocese comprova, assim, cuidado com a capacitação do seu presbitério, ao mesmo tempo
em que providencia professores para os cursos de Teologia (Londrina) e Filosofia (Maringá) de todo o Norte
do Paraná. Com o mestrado de padres Edmar Peron (Teologia Dogmática, na área de Sacramentos) e Onildo
Gorla Jr. (Pastoral Familiar), Bento reforça o grupo de professores das disciplinas teológicas. Para a Filosofia
o presbitério de Maringá conta com os dois primeiros mestres, padres Leomar Antônio Montagna (PUC-PR,
câmpus de Curitiba) e Sidney Fabril (UEM, Maringá).
Coroando vitoriosa caminhada de formação presbiteral da Igreja de Maringá cujo primeiro passo re-
monta a 15 de agosto de 1958, com o lançamento das pedras fundamentais da catedral e do Seminário Nossa
Senhora da Glória, dom Anuar inaugurou, no dia 13 de junho de 2006, as novas instalações do Seminário de
Teologia Santíssima Trindade, localizado na Rua Capitão Pedro Rufino, 495, no Jardim Europa, em Londri-
na. Nele residem, pelo espaço de 4 anos, os seminaristas de Maringá, enquanto cursam Teologia na PUC-PR,
câmpus de Londrina.
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Quis a Providência Divina reservar a Battisti a oportunidade de conduzir a Igreja que está em Maringá
por ocasião do jubileu de ouro de sua criação e instalação canônica. As solenidades tiveram início no dia 4 de
fevereiro de 2006, com a Eucaristia de abertura do ano jubilar, estendendo-se até o encerramento, no dia 25
de março de 2007.
A mesma sagrada Eucaristia sinaliza o encerramento das comemorações do cinqüentenário. Ao oferecer
o sacrifício do Filho de Deus encarnado, a arquidiocese adora, louva e dá graças Àquele que não cessa de
operar entre nós a sua ação salvadora. Ao mesmo tempo, se penitencia pelas fraquezas no cumprimento da
missão e implora forças para maior fidelidade na nova etapa da história aberta à sua frente.
Não poderia haver melhor maneira de dar glória a Deus pelas cinco décadas em que nestas plagas, com
trabalho sem descanso, foi levada adiante a pregação do Evangelho, na obediência ao mandato do Senhor
expresso no tema do jubileu de ouro: “Ide e fazei discípulos...” (MATEUS 28, 19).
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