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Brasília/DF –
Um dos segmentos que mais registram acidentes de trabalho no Brasil, a construção civil é o
primeiro do país em incapacidade permanente, o segundo em mortes (perde apenas para o
transporte terrestre) e o quinto em afastamentos com mais de 15 dias. O setor é um dos alvos
da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Canpat), lançada em abril pela
Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, que se estende até
novembro.
O mais recente Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) aponta que em 2017
ocorreram 549.405 acidentes de trabalho em todo o país. Na construção civil, foram 30.025,
equivalente a 5,46% de todos os casos. O número de afastamentos do emprego por mais de 15
dias por conta das atividades profissionais no Brasil foi de 142.782. No setor, o número chegou
a 11.894 na construção – 8,3% do total.
Se comparado a outras ocupações, o número é alto, afirma o auditor-fiscal do Trabalho
Jeferson Seidler, da Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho. Ele entende que é preciso considerar que o setor é bastante
representativo – em 2017 havia 1,8 milhão de pessoas trabalhando na área – e que a natureza
da atividade na construção civil é perigosa. Mas pondera que a maioria dos acidentes poderia
ser evitada se fossem tomadas medidas preventivas.
Prevenção de acidentes
Para reduzir os riscos de acidentes de trabalho na construção civil existem regras dispostas na
Norma Reguladora 18 (NR-18), que trata especificamente da saúde e segurança na Construção
Civil. Para conhecimento e aplicação dessa regulamentação é preciso treinamento inicial e
periódico (por fase da obra), com duração de seis horas. É importante também conhecer e
seguir as Recomendações Técnicas de Procedimento publicadas pela Fundacentro- RTP.
Todo canteiro de obra deve contar com uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa) ou um representante. É fundamental que o ambiente de trabalho esteja preparado de
acordo com as normas e que os operários adotem medidas de segurança.
“É importante lembrar que a prevenção de acidentes não se resume aos Equipamentos de
Proteção Individual. As proteções coletivas e a organização do trabalho são as principais
medidas de gerenciamento dos riscos ocupacionais. Os EPI são complementares. A Canpat
tem o objetivo justamente de contribuir para que no Brasil todos tenhamos uma cultura de
prevenção, entendendo os riscos e as melhores soluções em cada atividade”, afirma o auditor.
Caso o empregado se sinta inseguro ou vítima de negligência, a orientação da Coordenação-
Geral de Segurança e Saúde no Trabalho é conversar com a Cipa e o Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa. Se não houver
êxito, a denúncia deve ser feita ao sindicato da categoria ou na unidade mais próxima da Rede
de Atendimento do Trabalhador.
Taxas
Em 2017, mil pessoas não puderam retornar ao trabalho ou retornaram com limitações porque
ficaram com algum tipo de incapacidade permanente, o que representa 7,9% do total de 12.651
casos. E 227 pessoas morreram de um total de 2.096 (10,8%).
Enquanto a taxa de mortalidade no trabalho no Brasil é de 5,21 mortes para cada 100 mil
vínculos, na construção civil a taxa é de 11,76 casos para cada grupo de 100 mil. As principais
causas destes acidentes são impactos com objetos, quedas, choques elétricos e soterramento
ou desmoronamento.
“Tem que considerar que o risco na construção civil é muito maior do que no serviço público,
por exemplo. Mas também não dá para justificar o alto número de acidentes com isso, porque
há procedimentos e equipamentos que, se adotados, evitariam esses acidentes e mortes”,
afirmou Seidler.
Informalidade
Os dados presentes no AEAT se referem apenas ao mercado formal, não considerando a
informalidade, onde os acidentes acontecem e não são registrados. “De acordo com a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, a informalidade na construção
civil gira em torno de 40% na média do Brasil e até 60% em alguns estados. Esses
trabalhadores informais atuam certamente em situação mais precária, mas os acidentes que
eles sofrem não entram na estatística”, disse.
Os casos de adoecimento no setor também são destacados pelo auditor. Segundo ele, os mais
comuns são de lombalgia, perda auditiva induzida por ruído e doenças do sistema respiratório
por exposição a poeiras. “Embora os dois últimos não apareçam nas estatísticas, sabe-se que
são fatores importantes em todos os tipos de obra”, diz Seidler.
Prejuízos decorrentes de acidentes ocupacionais são muitas vezes imensuráveis, acrescenta o
auditor. Os trabalhadores voltam ao serviço com medo e a imagem da empresa sofre desgaste.
Em caso de negligência por parte do empregador, há a possibilidade de pagar indenização ao
INSS ou até responder a processo criminal por lesão corporal ou homicídio culposo,
dependendo da situação.
2 - Acidentes de trabalho na construção Civil lideram ranking
no oeste do Pará
O Cerest
O centro tem como finalidade o bem-estar dos trabalhadores, sejam eles
urbanos ou rurais, individuais ou coletivos, formais ou informais, ativos ou
inativos com ou sem vínculo empregatício. Sendo também articulador e
organizador das ações intersetoriais, tornando polo irradiador de experiências
de vigilância em saúde do trabalhador. Horário de funcionamento: 07h30 as
17h30 de segunda a sexta-feira.Telefone para contato: (93) 3523-2143.
O ramo da construção civil também é um dos mais vulneráveis e que apresenta um alto índice
de irregularidades sob o ponto de vista da segurança de trabalhadores e do meio ambiente de
trabalho.
150 investigações
Somente no Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB), há cerca de 150
investigações em curso envolvendo a indústria da construção, de acordo com dados do MPT
Digital.
Para alertar sobre esse cenário e tentar reduzir o número de acidentes e mortes no ramo da
construção civil, será realizada a Semana Nacional da Construção Civil, de 26 a 30 de
novembro. Unidades do Ministério Público do Trabalho (MPT) no País realizarão ações, em
parceria com as Superintendências Regionais do Ministério do Trabalho e outros órgãos
parceiros.
“Não se trata apenas de atuações repressivas, ou seja, autuações e inspeções, mas também de
esclarecer e difundir a ideia da prevenção, com o intuito de evitar o acidente ou o adoecimento.
A prevenção deve ser estimulada por todos. Ademais, precisamos expor os dados de acidentes
e afastamentos com a finalidade de demonstrar os seus prejuízos e consequências para toda a
sociedade”, ressaltou o procurador do MPT-PB Raulino Maracajá, que coordenará as ações na
Paraíba.
A campanha tem como objetivo divulgar, em uma linguagem simples e regional, como devem
ser as condições de trabalho e segurança no setor da construção civil.
Brasil
– 4,4 milhões de acidentes de trabalho no Brasil (de 2012 até 22/11/2018).
– 16.571 mortes por acidentes de trabalho no total (desde 2012), sendo 2.159 só este ano. (até
22/11/2018).
– Construção de edifícios – 4º setor econômico com mais registros de acidentes de trabalho:
97 mil acidentes (de 2012 a 2017).
– Agente causador – Britador, moinho e máquina – 5,2 mil acidentes, com 21 mortes (de 2012
até 19/10/2018)
Paraíba
Construção de Edifícios – 2º setor econômico com mais registros de acidentes de trabalho
(CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho)
Em geral – 19.287 acidentes de trabalho na Paraíba (de 2012 até 21/11/2018, às 19h), sendo
2.514 somente neste ano de 2018.
Mortes notificadas – 134 mortes na Paraíba (de 2012 até 21/11/18), sendo 20 mortes somente
neste ano de 2018.
João Pessoa
Em geral – 6.888 registros de acidentes de trabalho.
Campina Grande
Em geral – 4.076 registros de acidentes de trabalho.