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INTRODUÇÃO

O significado da história da construção civil está na compreensão das


práticas, técnicas e desenvolvimento desse campo ao longo do tempo. Essa
compreensão não só nos permite apreciar o legado deixado por nossos
ancestrais, mas também ajuda a melhorar as práticas contemporâneas (FIESS
et al., 2018).
A indústria da construção é uma das mais antigas atividades humanas,
que remonta aos tempos pré-históricos. Ao longo de sua história, houve um
esforço contínuo para aprimorar as práticas de segurança e prevenir acidentes
e doenças relacionadas ao trabalho. Ao longo dos séculos, a construção evoluiu
significativamente em termos de técnicas de construção, bem como de saúde e
segurança ocupacional. No período medieval, a construção de grandes catedrais
e castelos exigia mão de obra intensiva, mas as condições de trabalho eram
precárias e os acidentes eram comuns. No entanto, com os avanços do
Renascimento e das ideias humanistas, as preocupações com a segurança e o
bem-estar dos trabalhadores começaram a ganhar mais atenção, levando a
melhorias nas condições de trabalho (Cambraia et al., 2013).
Houve uma mudança de pensamento no sentido de valorizar a vida e a
dignidade humanas. As pessoas começaram a reconhecer que os trabalhadores
não eram apenas recursos dispensáveis, mas contribuintes essenciais para o
meio. À medida que a sociedade mudou para uma abordagem mais centrada no
ser humano, o bem-estar e a segurança dos trabalhadores passaram a ser
reconhecidos como primordiais. Em consequência, esforços foram empenhados
para melhorar as condições de trabalho e proporcionar certas proteções aos
trabalhadores (Ávila-Gutiérrez et al., 2022).
Nas últimas décadas, a atenção às questões de segurança e saúde
ocupacional na indústria da construção aumentou em alguns países. No Brasil,
isso é, em parte, resultado de desenvolvimentos legislativos e da imposição de
responsabilidades trabalhistas, criminais, previdenciárias, civis, administrativas
e tributárias aos responsáveis pelos danos causados pelos trabalhadores
(CARDOSO, 2023).
O setor de construção civil no Brasil é conhecido pela utilização
significativa de mão de obra, bem como por sua forte influência econômica. Isto
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pode ser atribuído aos elevados níveis de emprego e oportunidades que oferece.
Além disso, a indústria da construção desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento local e regional. A construção civil é uma parte vital da
economia nacional, desempenhando um papel importante na formação do
Produto Interno Bruto (PIB). A indústria da construção tem uma importância
imensa no panorama económico do país, uma vez que proporciona
oportunidades de emprego para uma parte substancial da população ativa. O
âmbito da construção civil é marcado pela presença de trabalhadores não
qualificados e pela falta de continuidade nos procedimentos industriais, à medida
que as equipes são montadas e desmanteladas a cada novo projeto realizado.
Esta situação infelizmente abre caminho para os acidentes de trabalho,
constituindo-se como um dos principais obstáculos (SAMPAIO; VICTOR, 2018).
Segundo Machado (2015) a indústria da construção apresenta uma gama
de características e fatores que influenciam a ocorrência desses acidentes, os
mais destacados são: Os colaboradores geralmente não estão envolvidos na
fase de concepção do projeto, assim não identificam previamente bases
seguras; Identificação de soluções que melhorem a segurança de execução;
Inexperiência em desenvolver programas de segurança e medidas preventivas
para lidar com os riscos aos funcionários; Canteiros de obras temporários e
lugares desconhecidos e inóspitos; A indústria civil possui um grande número de
pequenas empresas; Elevada rotatividade de mão de obra; Mão de obra
terceirizada; A natureza dos serviços muda de acordo com a fase de trabalho;
Efeitos climáticos; Compensação parcial de horas extras.
O Ministério do Trabalho e da Previdência Social brasileiro afirma que o
aumento na realização de obras de infraestrutura e construção civil tem resultado
em um maior número de acidentes de trabalho que causam mutilações e
fatalidades no Brasil. Apenas em 2021 no Brasil, aproximadamente 536 mil
acidentes foram registrados, um aumento de 15,11% em relação ao ano anterior.
O aumento nos registros do CAT (Notificação de Acidente de Trabalho) foi
de 11,37%. Foram 464.967 registros, entre acidentes típicos, de trajeto e
doenças, ante 417.492 em 2020. Os acidentes sem comunicação tiveram
aumento de 47,49%. Em 2021, foram 71.207 deles, ante 48.280 no ano anterior.
O número geral de acidentes típicos aumentou 8,2%, passando de 322.903 em
2020 para 349.393 em 2021. Nos acidentes de trajeto, o aumento percentual foi
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de 57,71%, pois em 2020 foram 61.014 casos em comparação com 96.226 em


2021. Houve uma queda na incidência de doenças ocupacionais em 42,37%,
passando de 33.575 declarações em 2020 para 19.348 em 2021 (BRASIL,
2021).
Os custos de acidentes de trabalho e os previdenciários não são
contabilizados com exatidão, mesmo com um alto investimento na prevenção de
acidentes e riscos, estima-se que haja uma perda entre 3,5% e 4% do PIB de
um país, justamente para paralisação dos trabalhadores acometidos por
doenças ocupacionais ou acidentes. Esse valor pode chegar ao agravante dado
de 10% se o país for emergente, como o Brasil (SANTANA et al., 2007).
Para um acréscimo de estatísticas favoráveis, foi criado então em 1978
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social brasileiro as famosas NR’s
(Normas regulamentadoras brasileiras), normas essas que são permeadas e
assistidas pela medicina e segurança do trabalho. Destas NR’s, será destacada
neste trabalho a NR 18, que está ligada diretamente ao tema, já que é a única e
específica para a construção civil, que cita a organização, administração,
planejamento, medidas de controle, prevenção e segurança, na indústria da
construção (BRIDI, 2012).
Com a importância do tema que é ligado diretamente à saúde, bem estar
e economia, há a preocupação iminente dos ministérios governamentais,
empresas envolvidas e população para que as normativas façam total
abrangência aos colaboradores e pessoas direta e indiretamente envolvidas,
para que as estatísticas anuais sejam positivas e melhores possíveis. Nota-se
então que nos últimos anos há um aumento significativo de acidentes
registrados, o que prejudica a roda da economia brasileira, fato esse que motivou
este estudo que justifica o objetivo do mesmo: analisar de forma subjetiva a
literatura científica sobre medidas de segurança para prevenção de acidentes na
indústria da construção civil.
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METODOLOGIA

Para a abordagem deste trabalho, foi utilizada uma análise subjetiva de


literatura científica e dados amostrais de órgãos e pesquisadores publicados,
analisando trabalhos significativos para o campo, sem restrição quanto ao
formato ou estrutura, embasando este artigo estabelecendo uma correlação
entre as informações mais recentes sobre medidas de segurança e prevenção
na indústria da construção.
A análise subjetiva é menos complicada, mais flexível e não requer um
procedimento rigoroso para sua elaboração. A procura das fontes não é
predefinida e específica, e a escolha dos artigos é aleatória, feita pelo
pesquisador, fornecendo informações com forte influência da percepção própria.
Para a busca de artigos e dados foram utilizadas ferramentas de pesquisa
elencadas como as melhores bases de dados do país, incluindo artigos de
grande relevância temática, nacionais e internacionais, que de certa forma
complementavam-se para a produção deste trabalho. Foram realizadas
consultas nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, Sites e artigos
relacionados ao Ministério do Trabalho e previdência social (Órgão
regulamentador e precursor da segurança e saúde do trabalho no país).
Como pré-requisito foram incluídas neste trabalho bases de dados e
artigos que citassem manuais e publicações oficiais sobre o tema abordado,
incluindo as palavras-chave: Segurança e saúde do trabalho, construção civil,
riscos e perigos, prevenção, além da NR 18 e normas de segurança atreladas a
indústria civil.
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DESENVOLVIMENTO

Através dos anos e análise de dados há um consenso de que a


comunicação, o diálogo, engajamento entre colaboradores e a seriedade das
medidas são fundamentais dentro do canteiro de obras, a abordagem destes
temas por profissionais ligados a segurança e saúde do trabalho aplicados à
construção civil, são primordiais para prevenção de acidentes. De acordo com
diversos estudos e autores, as normas regulamentadoras são um conjunto
abrangente de um mecanismo, e cada artigo relacionado, cada NR citada, cada
procedimento adotado, é uma engrenagem importante para o bom
funcionamento de um complexo inteiro (VIEIRA; JUNIOR; SILVA, 2014).
A maior parte dos estudos faz uma abrangência totalitária do assunto,
elencando índices, fluxos de trabalho e volume. E grande parte dos autores
relacionados ao tema são enfáticos em afirmar: Aprimorar a saúde dos
trabalhadores e reduzir os acidentes relacionados a eles requer a
implementação de medidas de segurança, educação contínua e treinamento
adequado dos colaboradores, tais elementos desempenham papel fundamental
nesse processo (ALVES, 2015).
Diversos setores ligados aos acidentes de trabalho - incluindo
trabalhadores, empresários, funcionários públicos e especialistas em segurança
- são enfáticos em dizer que tais incidentes são resultado de condutas negativas
por parte dos próprios trabalhadores, como distração, descuido, brincadeiras,
falta de preparo e limitações. Além disso, apontam que os colaboradores são
influenciados pelo ambiente perigoso e hostil em que operam, marcado por
equipamentos antigos e perigosos, falta de manutenção, demandas de trabalho
pesadas e insalubres. Há também a percepção de que os acidentes são
consequência da interação entre seres humanos e máquinas, sendo
considerados inevitáveis, e relacionados à falta de priorização da prevenção,
cuidado e segurança, características intrínsecas à cultura brasileira (OLIVEIRA,
2012).
Vale ressaltar que o processo de prevenção e segurança deve garantir e
prevenir acidentes de trabalho realizando ajustes no local, promovendo
alterações comportamentais dos colaboradores, aprimorar os sistemas e a
qualidade do trabalho e do ambiente, eliminar situações agressivas e aumentar
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a conscientização da sociedade brasileira sobre os acidentes, assegurando que


a segurança seja vista como um direito fundamental de todos os trabalhadores
(TAKAHASHI, M. A. B. C., 2012).
É possível caracterizar os procedimentos de segurança como um conjunto
de diretrizes ou conselhos essenciais para garantir que as tarefas ou operações
sejam realizadas de forma eficiente e segura, cumprindo todos os requisitos
necessários. Essas diretrizes vão além de simples orientações e devem ser
sempre documentadas e acessíveis (BARBOSA FILHO, 2011).
Acrescenta-se a importância de as informações serem bem esclarecidas,
explícitas e visíveis, fornecendo um guia passo a passo para a realização da
tarefa, destacando os procedimentos corretos e incorretos, bem como as
ferramentas, dispositivos e medidas preliminares de segurança a serem
utilizadas e/ou tomadas (SOUZA, 2023).
É destacado o impacto negativo dos acidentes nos trabalhadores,
empregadores, governos e sistemas de saúde pode, portanto, ser avaliado em
termos humanos, sociais e econômicos. Apresentam então, vários argumentos
importantes para incentivar as empresas a investir na segurança no local de
trabalho para prevenir problemas futuros e consequências prejudiciais. Nenhum
esforço terá sucesso até que as empresas e os trabalhadores reconheçam
o grave problema das lesões no local de trabalho. É importante relembrar que os
planos de segurança são desenvolvidos para tomarem medidas preventivas que
ajudem a evitar acidentes e assim reduzir custos diretos e indiretos (MACHADO,
2015).
O Ministério do Trabalho e da Previdência Social brasileiro (BRASIL 2021)
expõe dados alarmantes sobre a situação trabalhista brasileiro. Lógico que o
número de acidentes de trabalho é diretamente proporcional ao aumento de
serviços e mão de obra empregado durante os anos, mas cabe então ao
profissional de Engenharia e Segurança do trabalho mobilizar todo o seu canteiro
de obra e aplicar as diretrizes da NR 18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE
TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. É dever do encarregado
alertar, instruir e acompanhar cada passo no canteiro de obra. Segundo o
Ministério do trabalho, a média de acidentes do trabalho vem decaindo através
das décadas, os anos 2000 ficaram registrados como a maior variação de
acidentes em relação a década anterior, conforme tabela abaixo:
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DÉCADA NÚMERO DE EVOLUÇÃO TOTAL EVOLUÇÃO


TRABALHADORES ANO ACIDENTES ANO
REGISTRADOS
MÉDIA ANOS 70 12.428.828 10,70% 1.575.566 2,24%

MÉDIA ANOS 80 21.077.804 3,36% 1.118.071 -4,30%

MÉDIA ANOS 90 23.648.341 0,24% 470.210 -7,40%

MÉDIA ANOS 00 32.970.507 5,13% 512.275 7,13%

MÉDIA ANOS 10 47.010.784 1,31% 652.056 -2,09%

MÉDIA ANOS 20 47.482.524 2,18% 500.973 -2,76%

MÉDIA GERAL 30.769.798 3,82% 804.858,5 -1,02%

Adaptado de Cardoso (2023) - Previdência Social divulga as últimas estatísticas de


acidentes de trabalho

Reafirmando que a tabela acima está listada com acidentes de trabalho


até o ano de 2021, com este ritmo, iremos alcançar um número exorbitante de
acidentes, o que nos faz refletir onde está havendo este gargalo de comunicação
entre os responsáveis pela segurança e saúde do trabalhador com os
colaboradores, visto que a comunicação, o direcionamento e a instrução dentro
do canteiro de obras são primordiais para um ambiente seguro (CARDOSO,
2023).
As instruções para uma melhor segurança de trabalhadores da
construção civil foram formalmente introduzidas na NR 18 e suas maneiras de
aplicação vão sendo aprimoradas ao longo dos anos para atender às
necessidades do setor. A indústria da construção é responsável por muitos
acidentes de trabalho, por isso as medidas de segurança previstas nas normas
oficiais, especialmente a NR 18, devem ser seguidas. Esta conformidade deve
ser avaliada e medida independentemente do número de funcionários em uma
determinada instalação ou locais de trabalho, porque os acidentes não são
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apenas inerentes ao ambiente ou ao todo, mas também à atividade laboral de


um indivíduo (ROCHA, 1999).
Entre as medidas tomadas para melhorar a segurança na indústria da
construção, destacam-se o necessário diálogo sobre a utilização de
equipamentos de uso individual, equipamentos de uso coletivo, informação
sobre condições de trabalho e ambiente, riscos relacionados com a sua função,
formação de integração de segurança para novos colaboradores, palestras de
segurança, reuniões, cursos de proteção contra incêndio, primeiros socorros,
etc. (NASCIMENTO, et al 2009).
Para aplicação plena e total de medidas de segurança na indústria da
construção civil, deverá acontecer a uma integração de setores dos principais
atores da área de segurança do trabalho: saúde ocupacional, gestores de obras,
sindicato da construção, etc., que têm os mesmos interesses e problemas
comuns. A participação destes setores também tem impacto direto na realidade
laboral, visto que, quanto melhor for o compromisso entre todos os setores,
melhores serão os resultados na redução dos acidentes de trabalho e melhor
será o cumprimento das novas medidas a serem implementadas. Se a gestão
tem um bom relacionamento com os colaboradores, o diálogo entre ambas as
partes costuma ser melhor, mais fácil, mais decisivo, ao contrário de quando a
gestão atua sozinha, sem se preocupar se suas ações são importantes e
melhora a qualidade de trabalho desses funcionários (RAZENTE, THOMAS,
DUARTE, 2005).
Fica clara a importância de desenvolver um plano de prevenção na
construção civil que contenha os elementos básicos, mas que seja capaz de
atingir seus objetivos de redução de lesões ocupacionais e melhoria da
qualidade de saúde dos trabalhadores. As recomendações para a adoção e
implementação de programas de prevenção devem ser implementadas em lotes
e apresentadas aos trabalhadores por engenheiros civis, técnicos de construção,
engenheiros de segurança do trabalho, encarregados de obra de demais
colaboradores para evitar potenciais conflitos e resistência prematura a novas
ferramentas. Ao implementar um plano preventivo, todos os projetos de
construção podem ser cobertos, a segurança e a gestão de riscos podem ser
melhoradas e podem ser evitados custos não esperados associados a eventos
que possam ocasionar sinistros no ambiente de trabalho (CHAVES, et al 2014).
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CONCLUSÃO

Este estudo teve como finalidade apresentar objeções e medidas a serem


tomadas relacionadas à segurança e saúde do trabalho aplicados à construção
civil, como forma de identificar modelos embasados em artigos científicos para
prevenção de acidentes.
É notório que a construção civil é uma atividade perigosa, e que expõe
todos os colaboradores envolvidos a variados riscos e perigos. Então é de suma
importância que existam uma série de planos e regulações para que se tenha o
mínimo de problemas possíveis e que não se paralise atividades, haja vista que
obra parada acarreta vários tipos de prejuízos, dentre eles econômicos, saúde e
bem-estar.
Desta forma fica evidenciado que a solução para a grande quantidade de
acidentes registrados nessas últimas décadas na indústria da construção civil é
a prevenção. O planejamento no canteiro de obras por profissionais dedicados
a área de segurança é de fundamental importância para a boa gestão de do
ambiente do trabalhador.
O plano de prevenção bem executado deve englobar todos os setores do
ambiente laboral, assim, quanto mais colaboradores envolvidos, mais rápido o
êxito. Medidas essas que podem ser adotadas nas reuniões, através do diálogo
diário, palestras, instruções sobre a NR-18, rápido acolhimento de novos
colaboradores, esclarecimento sobre os riscos de sua função e equipamentos.
Essas medidas evitarão custos inesperados e a melhora da qualidade do
ambiente de trabalho.

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