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Controladoria-Geral da União
Secretaria Federal de Controle Interno
Relatório de Demandas
Externas
Número: 00206.000168/2015-01
Introdução
1. Introdução
Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida para verificar a execução
do Programa/Ação 11331207105850001 - Trabalho, Emprego e Renda / Pagamento do
Seguro-Desemprego ao Pescador Artesanal e a forma de acompanhamento e monitoramento
dessa Ação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
2.1 Parte 1
Fato
O Sine foi instituído pelo Decreto nº 76.403, de 8 de outubro de 1975, e tem como
Coordenador e Supervisor o Ministério do Trabalho e Emprego, por intermédio da
Secretaria de Políticas de Emprego e Salário. Sua criação fundamenta-se na Convenção n.º
88 da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que trata da organização do Serviço
Público de Emprego, ratificada pelo Brasil.
A Lei nº 8.019, de 11 de abril de 1990, que altera a Lei nº 7.998/90, estabelece no art.13 que
as ações do Programa do Seguro-Desemprego serão executadas, prioritariamente, em
articulação com os estados e municípios, por intermédio do Sistema Nacional de Emprego,
isto é, o mencionado principio da descentralização. Estas ações podem ser classificadas da
seguinte forma:
Seguro-Desemprego;
Intermediação de Mão-de-Obra;
Apoio ao Programa de Geração de Emprego e Renda.
Parte dos recursos para o custeio do Sine, especialmente os relativos ao pagamento de seus
funcionários, são provenientes de contrapartida das Unidades da Federação.
O IDT é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, qualificada pelo Governo do
Estado do Ceará, como Organização Social, através do Decreto nº 25.019, de 3 de julho de
1998, que o habilitou a executar políticas públicas nas áreas do trabalho e
empreendedorismo.
Fato
A lei garante ao pescador receber tantas parcelas quantos forem os meses de duração do
defeso, conforme portaria fixada pelo Ibama. O valor de cada parcela é de um salário
mínimo.
Fato
O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE – até 2015 era a instância responsável pela
habilitação propriamente dita, pela homologação do processo e por dar prosseguimento ao
pagamento dos requerimentos de seguro-desemprego, após checagem e validação dos dados,
por intermédio de cruzamentos de dados com outros sistemas de informações cadastrais do
Governo Federal. Essa atribuição passou para o INSS. O Ministério, porém, continuará com
a atribuição de receber e tratar dos recursos administrativos apresentados e das questões
jurídicas de possíveis ações judiciais.
No Ceará, entretanto, este modelo foi regulado de forma intensa pela participação do
Ministério Público do Trabalho no período de 2010 a 2015.Tal regulação instituiu que, antes
da homologação dos requerimentos, provocada pelo Ministério Público do Trabalho, as
comunidades de pescadores eram convocadas para audiência pública, na qual os promotores
de justiça, defensores públicos ou procuradores do trabalho, assessorados pelos técnicos do
SINE-IDT, IBAMA, Secretaria Estadual da Pesca e pela Polícia Federal, trabalhando em
conjunto, esclareciam as comunidades sobre os direitos e deveres dos pescadores em relação
ao seguro e alertavam sobre a punição à fraude.
Diante disso, o Sine/IDT questionou ao Ministério Público do Trabalho - MPT sobre quais
ações poderiam ser tomadas no sentido de suplantar as fragilidades do processo de
habilitação, que estariam sendo acentuadas após a decisão do Supremo Tribunal Federal –
STF, que julgou procedente a Adin nº 3464, e garantir o cumprimento dos dispositivos
legais que estavam sendo exigidos e dos que viriam a ser implantados com a nova lei da
pesca.
Vale registrar que foi promulgada a nova legislação da pesca, Lei nº 11.959, em 29 de julho
de 2009.
Ainda em 2009, o MPT encaminhou ao IDT uma Notificação Recomendatória para que as
normas existentes fossem cumpridas rigorosamente, contemplando proposta de
procedimentos a serem adotados no Estado do Ceará, relativos ao Seguro Desemprego.
Diante desses fatos, o processo anterior foi reformulado, consistindo agora na participação
de Procuradores em ações conjugadas com Promotores de Justiça e Defensores Públicos, no
sentido de contribuir com: participação nas reuniões para divulgação da sistemática
operacional da concessão do Seguro Desemprego e sobre as implicações legais pela
prestação de declarações falsas; recebimento e análise de documentos de identificação dos
declarantes; análise dos documentos das embarcações, com foco na categoria de armadores
de pesca, número de tripulantes e data de validade; fornecimento de orientações sobre
divergências de informações documentais; coleta de assinaturas de pescadores e
proprietários de embarcações nas declarações específicas; assinatura ratificando as
declarações dos pescadores; tomada de depoimentos para instrução dos processos
administrativos e judiciais; solicitações de instauração de inquéritos policiais; requerimento
de expedição de laudos técnicos, relatórios de esforço de pesca e vistoria/navegabilidade das
embarcações das embarcações pelos órgãos Ibama, Secretaria Estadual de Pesca e Marinha
do Brasil, respectivamente.
A Notificação Recomendatória emitida pelo MPT, por outro lado, possibilitou ao Sine/IDT
desempenhar um papel que expandiu sua atuação, respaldada pelo Contrato de Gestão, ao
efetuar controle rígido dos dados e dos dispositivos legais aplicados não somente à
concessão do Seguro, mas também ao cumprimento da legislação específica da Marinha, do
Ibama e do Ministério da Pesca, realizar cruzamento de dados com dados da Secretaria da
Pesca e Agricultura, para verificação da situação atualizada dos Registros de Pesca e da
Concessão de benefícios não cumulativos, como é o caso do Seguro Safra, tendo como
amparo legal o parecer da CONJUR/TEM nº003/2011, Processo Administrativo nº
46205.012699/2010-35.
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2.1.4. Processos operacionais do SDPA no Ceará
Fato
O processo operacional de habilitação ainda pode ser dividido em três subprocessos, a saber:
pré-triagem, triagem e pós-triagem.
Os processos mapeados correspondem, em grande parte, ao que foi descrito pelo Tribunal de
Contas da União, por intermédio do Relatório de Auditoria que deu suporte ao Acórdão nº
731/2015, que apresentou a seguinte descrição do processo:
“[...]
26. Todo o processo pode ser dividido em três etapas. Diferentemente da modalidade
Trabalhador Formal, no caso do Pescador Artesanal, existe uma etapa inicial que antecede a
pré-triagem, denominada de programação da recepção ao benefício. Nesta etapa, ocorre a
reunião entre os agentes participantes (MTE e Sine), a definição de calendário de
atendimento e a solicitação dos formulários pré-impressos e em branco.
27. Na verdade, a programação consiste no planejamento da etapa de habilitação, que na
maioria das vezes acontece em localidade próxima à vila ou colônia de pescadores. O MTE
desloca uma equipe para que proceda a recepção dos requerimentos. Todavia o pescador tem
opção de dar entrada nos postos autorizados.
28. A habilitação do pescador é dividida em pré-triagem e triagem. Na pré-triagem, procede-
se à conferência visual da documentação e os dados registrados no Requerimento. Nesse
momento, o indivíduo assina a declaração de que não exerce atividade diversa da pesca. Tal
processo se encerra com a inclusão do requerimento no sistema.
29. Na fase seguinte, denominada triagem, as informações são confrontadas com outras
bases de dados, a fim de serem validadas.
30. A partir daí, há dois desfechos possíveis: os dados estão corretos e preenchem os
requisitos legais para o recebimento do benefício; ou os dados estão incorretos, gerando uma
notificação ao requerente, para que regularize a situação, se for o caso.
31. Quanto à notificação, ela é a constatação do não cumprimento de critérios legais, tais
como: a inobservância do prazo para a entrada do requerimento (de 30 dias antes do início
do defeso até seu final ou 180 dias), estar em gozo de benefício previdenciário ou possuir
outra renda, por exemplo. Assim, a notificação gerada no âmbito do sistema Seguro-
Desemprego ocorre quando o pescador não preenche os requisitos exigidos, inviabilizando,
no primeiro momento, a liberação do benefício solicitado.
32. Todavia, o preceito legal permite que o pescador recorra de tal procedimento,
solicitando, assim, a abertura de recurso administrativo nas Superintendências.
33. A última fase consiste no envio do lote de parcelas a serem pagas à Caixa Econômica,
que confronta os dados com a base PIS/Pasep, e, em seguida, efetiva o respectivo
pagamento.”
Habilitação do SDPA
Pré-triagem
• O processo de habilitação se inicia com a recepção da documentação e contempla um
subprocesso denominado de pré-triagem, que consiste na checagem dos critérios
iniciais para habilitação;
• Ocorre na matriz ou nos postos do Sine/IDT
• Culmina com o preenchimento do Relatório de Requerimentos - RSDPA
A pré-triagem, propriamente dita, é um subprocesso da etapa inicial, inserido no processo
acima, logo após o Gateway de decisão, que contempla:
Triagem
• A triagem se inicia com a recepção do relatório de requerimentos que é encaminhado
pelos postos para a matriz ou preenchido por ela mesma;
• Ocorre uma nova conferência dos documentos e de sua completude;
• Os requerimentos são cadastrados no sistema SDPA com código de bloqueio;
• A matriz do Sine/IDT informa sobre as alterações no sistema;
• A matriz informa à SRTE sobre o resumo dos requerimentos;
• Resolve pendências
Pós-triagem
Fato
Ressalte-se que a IN/MPA nº 15/2014, por meio do artigo 2º, instituiu que o procedimento
para manutenção da licença iniciará com os aniversariantes do mês de setembro de 2014,
enquanto os aniversariantes dos meses de janeiro a julho de 2014 o farão a partir da data do
seu aniversário em 2015.
Não obstante não ser da competência do Sine/CE-IDT, considera-se salutar que, ao serem
verificadas divergências deste tipo, que o órgão competente seja notificado dos fatos, para
tomada de providências pertinentes.
O comprovante de venda de pescado tem sido efetuado em sua totalidade por meio da
apresentação do comprovante de recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, sistema que se considera bastante frágil, uma vez que, para efetivar o referido
recolhimento, é suficiente apenas estar inscrito como segurado especial no Cadastro
Específico do INSS – CEI, condição essa que é obtida ao ser emitida a Licença de Pescador
Profissional Artesanal, ou seja, não há uma efetiva comprovação de atividade econômica
gerada pela venda do pescado.
Ressalte-se, ainda, que tal recolhimento é efetuado apenas uma vez por ano, em valores
ínfimos, quando o requerente solicita o benefício.
c) Da autenticação dos documentos
Uma das razões apresentadas pelo gestor para o ocorrido para 2015 foi a desabilitação dos
agentes à ação de inclusão no Sistema Mais Emprego do Ministério do Trabalho, de
requerimentos externos, conforme Circular nº 15, de 06 de março de 2015, da
Coordenadoria Geral do Seguro-Desemprego, Abono Salarial e Identificação Profissional.
Apresentaram ainda outras razões, como o acúmulo de tarefas e requerimentos.
Tais situações, ainda que não tenha sido identificada má fé, expõe a recepção dos
documentos a uma fragilidade na detecção de documentos fraudados e na identificação de
responsabilidades.
c) Do comprovante de domicílio
Tal declaração não supre a exigência legal, uma vez que o Presidente da Colônia está
assumindo a responsabilidade relativa a todo e qualquer comprovante de endereço que tenha
sido indicado pelos requerentes do município de Banabuiú, sem sequer verificar qual o
endereço informado e o tipo de ligação entre o requerente e o proprietário do imóvel.
Muito embora tal comprovação possa, aparentemente, ter um caráter meramente formal,
divergências ou dúvidas em relação ao efetivo domicílio do requerente podem ser indícios
de que o mesmo não reside no município onde informa exercer a atividade de pescador
artesanal e podem ser usados para averiguar a veracidade das informações prestadas pelos
requerentes.
2.2 Parte 2
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal descentralizado.
3. Consolidação de Resultados
Sendo assim, a MP impôs, entre outras coisas, novas exigências para que o pescador
artesanal possa requerer o Seguro-Desemprego na modalidade “Pescador Artesanal”, que,
segundo seu Art. 2º e o inciso IV do caput do art. 4º entraram em vigor a partir do primeiro
dia do quarto mês subsequente à data de sua publicação. Desta forma, as novas regras
passaram a valer dia 01 de abril de 2015.
Foi ainda ressaltado que o benefício é pessoal e intransferível, e que o pescador não fará jus
a mais de um benefício de seguro-desemprego no mesmo ano decorrente de espécies
distintas.
Na prática, as exigências são as mesmas, com ênfase dada à vedação de percepção de outros
benefícios decorrentes de programas de transferência de renda, benefícios previdenciários ou
assistenciais de natureza continuada. O princípio da exclusividade, entretanto, que é o
motivador de toda vedação imposta continuará sendo de difícil aferição. Inclusive porque a
previsão de substituição das notas fiscais por recolhimento da contribuição previdenciária
continua sendo uma peça proforma, que não atende ao que se pretende, qual seja, a
demonstração do desempenho exclusivo da atividade.
Não o faz, principalmente por se tratar de atividade de baixa geração de receita, o que leva à
cumulação dos valores até a obtenção do valor mínimo exigido por lei para efetuação do
recolhimento, o que descaracteriza o período real do exercício da atividade, bem como
levanta o questionamento de se a atividade desempenhado é realmente comercial ou
simplesmente de subsistência.
Apesar dos prazos estabelecidos pela MP, na prática, o processo de trabalho não foi
repassado integralmente para o INSS na data estabelecida, uma vez que houve dificuldades
operacionais de se repassar o arranjo institucional criado no Estado e adaptá-lo à
participação do Instituto. Fato é que, até o término dos trabalhos de auditoria e relatoria, os
procedimentos de habilitação dos pescadores continuavam a ser desempenhado pelo
SINE/IDT.
Isso se comprova pelo fato de, após a data de 1º de abril de 2015, várias agências do INSS
terem denunciado a falta de condições de trabalho e capacitação para assumirem as
atribuições de controle o processo de concessão do Seguro Desemprego ao Pescador
Artesanal – SDPA, inclusive, como no caso de Sergipe, protocolando denúncias formais
junto ao Ministério Público Federal, requerendo do mesmo um Termo de Ajustamento de
Conduta, para forçar a Administração Pública Federal a dotar os postos do INSS de
condições de trabalho adequadas.
Por fim, com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais
está adequada, no entanto demanda providências no sentido de aprimoramento por parte dos
gestores federais.