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Brazilian Journal of Development 70444

ISSN: 2525-8761

A importância dos equipamentos de proteção individual (EPI) como


forma preventiva do acidente de trabalho: estudo de caso

The importance of personal protective equipment (PPE) as a


preventive form of work accident: case study

DOI:10.34117/bjdv8n11-001

Recebimento dos originais: 04/10/2022


Aceitação para publicação: 01/11/2022

Deysiane de Oliveira Gomes


Graduanda em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Nilton Lins
Endereço: Prof. Nilton Lins, 3259, Flores, Manaus – AM, CEP: 69058-030
E-mail: 19002811@uniniltonlins.edu.br

Walzenira Parente Miranda


Pós-graduada em Didática no Ensino Superior
Instituição: Instituto de Ensino Superior Fucapi, Universidade Nilton Lins
Endereço: Av. Gov. Danilo de Matos Areosa, 381, Distrito Industrial, Manaus - AM,
CEP: 69075-351
E-mail: wm.eng.civil@gmail.com

Erika Cristina Nogueira Marques Pinheiro


Licenciatura em Matemática
Instituição: Universidade Nilton Lins
Endereço: Prof. Nilton Lins, 3259, Flores, Manaus – AM, CEP: 69058-030
E-mail: erikamarquespinheiro@gmail.com

RESUMO
A construção civil ganha a cada dia mais um relevante espaço na economia brasileira, no
entanto apesar deste avanço e reconhecimento, esta área carrega também uma grande
responsabilidade a partir de suas obras, seja em âmbito ambiental ou como será visto no
presente estudo, quanto a prevenção de acidentes da equipe que na obra labora tendo em
vista que a construção civil durante os últimos anos estava em destaque como setor
responsável pelos altos números de acidente de trabalho. O presente estudo tem por
objetivo analisar a importância do uso dos equipamentos de proteção individual – EPI’s
como forma preventiva de acidente de trabalho, tendo como base diversas
fundamentações teóricas sobre o tema e o estudo de caso realizado em uma obra de
reforma e ampliação de uma escola na cidade de Manaus/AM. A partir da realização do
estudo de caso observou-se que cerca de 90% dos colaboradores demonstram resistência
quanto ao uso de EPI’s sob a justificativa de que os equipamentos causam incômodo e
desconforto.

Palavras-chave: construção civil, prevenção de acidentes, EPI’s.

ABSTRACT
Civil construction gains every day another relevant space in the Brazilian economy,
however despite this advance and recognition, this area also carries a great responsibility

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from its works, either in the environmental sphere or as will be seen in the present study,
regarding the prevention of accidents of the team that in the work work considering that
civil construction during recent years was highlighted as the sector responsible for the
high numbers accident at work. The present study aims to analyze the importance of the
use of personal protective equipment - PPE's as a preventive form of work accident, based
on several theoretical foundations on the subject and the case study carried out in a work
of reform and expansion of a school in the city of Manaus / AM. From the case study, it
was observed that about 90% of the collaborators show resistance to the use of PPE under
the justification that the equipment causes discomfort and discomfort.

Keywords: civil construction, accident prevention, Epi's.

1 INTRODUÇÃO
Ao considerar o cenário econômico do Brasil e do mundo evidencia-se que a
construção civil hoje está inserida dentre os principais setores da economia, isso porque
através desse setor é possível gerar empregos e renda para diversas classes sociais direta
ou indiretamente (tendo em vista que para o bom funcionamento de uma obra é necessário
que a equipe esteja composta por diversos profissionais, sendo estes do mais simples e de
baixa instrução técnica até os mais elevados cargos). Contudo, é imprescindível que este
setor tenha uma preocupação a mais com a equipe que realiza os trabalhos, sendo uma
dessas preocupações principais o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s.
Em 2015, o setor da construção foi responsável por 10,28% dos acidentes
ocorridos naquele ano, enquanto em 2016, esse índice foi de 9,53% e, em 2017, 8,70%.
Do total de acidentes ocorridos em 2017 no setor da construção, o serviço que apresentou
maior número de acidentes foi a construção de edifícios com 19,18% desse montante,
seguido de obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações
com 7,92% e incorporação de empreendimentos imobiliários com 6,40%. Importa
destacar que fora considerado o levantamento acima, devido ao fato de que em razão da
pandemia as obras, assim como todos os demais setores profissionais (com exceção dos
serviços essenciais) precisaram parar e com isso os dados mais recentes são os
apresentados. No entanto, é importante destacar que nos dois anos anteriores a referida
análise, a construção civil também estava em destaque como setor responsável pelos altos
números de acidente de trabalho.
Um fator de risco observado no setor da construção civil é a resistência em relação
ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por meios dos colaboradores que
integram as obras. Sabe-se que na maioria das vezes os EPI´s são fornecidos sem qualquer

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critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas


vezes incômodo nos trabalhadores e complementa que dessa forma, relacionar o setor da
construção civil à saúde e segurança do trabalho é de grande importância para a melhoria
do conforto e saúde dos colaboradores. Ao analisar estas informações e comparar com os
dados prestados pelo Anuário Estatístico da Previdência Social de 2017 apresentado
anteriormente, observa-se a necessidade de abordar sobre a importância do uso dos
equipamentos de proteção individual – EPI’s como forma preventiva de acidente de
trabalho, motivo pelo qual o presente tema foi escolhido.
O presente estudo traçou os seguintes objetivos como linhas de orientação para
materialização do artigo: Objetivo geral: analisar a importância do uso dos equipamentos
de proteção individual – EPI’s como forma preventiva de acidente de trabalho, em uma
obra de reforma e ampliação de uma escola na cidade de Manaus/AM. Objetivos
Específicos: Abordar sobre os conceitos e normas legislativas relacionadas aos EPI’S;
Analisar o cotidiano dos profissionais da área de construção civil da escola objeto do
estudo de caso para assim demonstrar o motivo pelo qual não utilizam os EPI’S conforme
orientado; e, avaliar e definir a importância do uso dos EPI’S como forma preventiva de
acidentes de trabalho.
O presente artigo consiste em um estudo de caso de caráter exploratório aplicado
aos conhecimentos adquiridos na revisão da literatura sobre o tema abordado, buscando
assim realizar uma abordagem qualitativa sobre o uso dos Equipamentos de Proteção
Individual.
Considerando o previamente exposto evidencia-se que o tema abordado é
recorrentemente debatido em diversos âmbitos sociais e profissionais. Os elevados
índices demonstram a alta necessidade de rediscutir o assunto não apenas de forma
educativa mas sobretudo como alerta a partir dos resultados obtidos com a análise dos
dados que demonstram a construção civil como a área que lidera o ranking de acidente de
trabalho ocasionado ou agravado pela ausência de utilização de EPI’s, assim acredita-se
que haverá um incentivo para a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual em
obra com intuito que vai além do cumprimento de legislação mais sobretudo como forma
preventiva contra eventuais acidentes de trabalho.

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2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL


E OS ELEVADOS INDÍCES DE ACIDENTE DE TRABALHO
É do conhecimento de todos que os Equipamentos de Proteção Individual os quais
também são conhecidos pela sigla EPI’s, são de uso obrigatório nas mais diversas áreas
profissionais. Contudo, considerando que o presente estudo aborda sobre a utilização do
mesmo com ênfase na construção civil, o tema será direcionado especificamente sobre
esta linha.
No que concerne a esta área e a utilização dos EPI’s sabe-se que conforme discorre
a autora Renata Rodrigues (2021) em seu artigo, a construção civil é uma das áreas que
mais oferece emprego no Brasil, e devido à grande quantidade de funcionários, aumenta
os elementos de riscos e também ocorre a falta de cumprimentos das normas
regulamentadoras por parte do empregado e do empregador, principalmente a não
utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), acarretando acidentes e
mortes.
A construção civil comanda o ranking de acidentes de trabalho. Para confirmar
essa afirmação, em 2013, as informações do Anuário Estatístico da Previdência Social,
foram relatados 40.694 acidentes, sendo 39.520 em 2014 e 31.945 em 2015, todos esses
como “motivo típico”, isto é, não perfazem esse número os acidentes de trajeto ou as
doenças do trabalho, como exemplo, as quedas em altura – que é a causa mais frequente
de lesões e morte, e também os acidentes com escavação e movimentação de cargas
(SAHIB PHTP; SAHIB TN, 2020).
Na construção civil, possui um peso real para os operários porque vários
testemunham acidentes que decorreram em invalidez ou acidentes fatais. Os riscos se
potencializam a qualquer instante e um passo em falso já podem ser suficientes para o
acontecimento de um acidente. Especialmente na construção civil devem ser levados em
consideração os acidentes ocasionados por um golpe nas mãos, choque contra objetos,
entalamentos, quedas ao mesmo nível ou em serviço em altura e impactos na cabeça
(SANTOS JÚNIOR; SANTOS; TAVARES, 2019).
No entanto, algo que contribui para a ocorrência desses acidentes é o local de
trabalho na construção referente a gestão da obra. Distintos estabelecimentos agem
concomitantemente, empreiteiras contratam mão de obra direta à margem da lei
trabalhista e então, a construtora principal se torna somente uma administradora do
empreendimento, desse modo, ao final de cada fase é executada uma despensa coletiva
de empregados (TAKAHASHI et al., 2012).

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Em uma análise literária é possível evidenciar que a área da construção civil


apresenta diversos fatores que expõem os funcionários aos riscos de acidentes, entre elas
estão, as instalações temporárias inapropriadas, jornadas de trabalho duradoura, serviço
noturno, ausência da utilização ou de forma inadequada do Equipamento de Proteção
Individual (EPI). Ademais, não se pode deixar de destacar que infelizmente existe não
somente um descumprimento das legislações vigentes mais sobretudo a ausência de
comprometimento pelos profissionais dessa área quanto ao uso dos Equipamentos de
Proteção Individual – EPI’s. Porém, não se pode também apenas lançar a culpa sobre
estes, afinal é possível identificar em diversas organizações que há também a falta de
fiscalização por parte das autoridades competentes (sejam estas autoridades as internas
ou externas), favorecendo assim que estes funcionários não utilizem os equipamentos
como de fato deveria ocorrer.
Segundo a norma regulamentadora nº 6 do artigo 6.1 - Equipamento de Proteção
Individual é conceituado como todo dispositivo ou produto, de utilização individual usado
pelo empregado, determinado à proteção de riscos vulneráveis de ameaçar a saúde no
trabalho e a segurança. O não cumprimento da norma poderá acarretar aos infratores
ações de responsabilidade civil e penal, além de multas (PRATES et al., 2016; SANTOS,
2017).

2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO


Ao iniciar a abordagem sobre este tema é importante que se apresente o conceito
e definição de segurança do trabalho, nesse liame subentende-se segurança do trabalho
como o setor que responde pela higiene, pela segurança industrial e a medicina do
trabalho em relação aos funcionários do estabelecimento, atuando na área de prevenção e
na correção, em pesquisas e ações contínuas que englobam acidente no trabalho e a saúde
do empregado (SAHIB PHTP; SAHIB TN, 2020).
No que concerne a sua classificação, esta é classificada como o estado de estar
livre de perigos inaceitáveis de danos nos locais de trabalho, de forma que assegura-se o
bem-estar mental, social e físico dos empregados. As causas que podem ocasionar
acidente são: - o ato inseguro, que é a maneira como os indivíduos se expõem,
inconsciente ou consciente aos riscos de acidentes e a situação insegura, que influencia a
segurança do servidor, isto é, defeitos, falhas, carência de dispositivos de segurança,
irregularidades técnicas, as quais colocam em perigo a integridade e ainda a própria
segurança dos equipamentos e das instalações.

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Salienta-se que apesar de algumas empresas ainda não contarem com este setor e
profissionais do ramo, as instituições com mais de vinte empregados devem possuir a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que apresenta como objetivo a precaução
de acidentes e patologias resultantes do trabalho, de maneira a tornar compatível o
trabalho com a conservação da vida e a promoção da saúde do empregado. As Normas
Reguladoras referentes à saúde e a segurança do trabalho, são impostas pelos
estabelecimentos privados e públicos e também pelos órgãos públicos da administração
indireta e direta, assim como pelos órgãos dos Poderes Judiciários e Legislativos, que
apresentam funcionários conduzidos por meio da Consolidação das Leis do Trabalho.
Na segurança do trabalho, o treinamento e a conscientização são fatores
fundamentais na gestão da segurança, porque preparam os empregados para o
desempenho de suas atribuições em relação aos riscos referentes a cada fase da construção
civil, evitando acidentes de trabalho (SOUSA et al., 2018). Nesse contexto e considerando
que durante as prévias pesquisas sobre as causas dos acidentes de trabalho e ausência do
uso dos EPI’s foi identificado a correlação com ausência de comprometimento dos
empregados, evidencia-se a extrema necessidade da inserção destes profissionais nas
obras e a importância de abordar sobre o tema.
Deste modo, tendo em vista que o tema central do presente estudo está
correlacionado com a Engenharia Civil e o uso desses equipamentos pelos profissionais
desta área, os altos índices de acidente de trabalho nessa área serão analisados adiante
para que se possa compreender a atual situação e os motivos que levam a essas
ocorrências.

2.2 ENGENHARIA CIVIL, RISCOS E OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A


OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO
É evidente que qualquer área de trabalho apresenta seus riscos mas na engenharia
civil esses riscos são altamente elevados devido aos buracos, águas, eletricidade,
maquinários, altura em que os profissionais devem se submeter para executar
determinados tipos de serviços e etc. Nesse contexto, o uso dos equipamentos de proteção
individual são extremamente necessários para que possam evitar ou ao menos reduzir a
possibilidade de acidentes de trabalho.
Para compreender melhor esses riscos e os altos índices que tornam a engenharia
civil como pioneira no tema, é importante destacar alguns fatores que acarretam estes
acidentes, quais sejam: ausência de conhecimento técnico e legislativo por parte do

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funcionário, ansiedade para a realização de entrega do objeto final no prazo estipulado


pelo cliente – especialmente em um momento pós pandêmico como o que a sociedade
tem vivido, onde a busca pela recuperação do tempo e prejuízo financeiro perdido durante
a pandemia fala mais alto, ausência de planejamento apropriado e improvisos, limitada
ou nenhuma qualificação de mão de obra, originando elevada rotatividade de pessoal;
mais contato pessoal com as ferramentas da obra, provocando exposição aos riscos; e
efetivação das atividades sobre circunstâncias climáticas desfavoráveis. (SILVA;
FERREIRA FILHO, 2018).
Cabe ainda complementar esses fatores com o fato de que os altos índices de
ocorrência de acidente de trabalho em virtude da ausência do uso dos EPI’s se dá pelo
fato de que ao receberem tais equipamentos os colabores não recebem as orientações
devidas quanto ao uso dos mesmos e sobre a importância que cada um tem como forma
preventiva de acidente de trabalho. Além disso, os colabores ao se aproveitarem da falta
de fiscalização quanto a este uso passam a deixa-lo em seus armários e justificam que a
não utilização se dá pelo fato de que estes são desconfortáveis e as vezes “atrapalham”.
Apesar dos fatores acima elencados é indispensável que os trabalhadores tomem
conhecimento sobre a existência da legislação que versa sobre o tema e sobre a
importância do uso de Equipamentos de Proteção individual como forma preventiva de
acidente de trabalho na construção civil.

2.3 ENGENHARIA CIVIL E OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL –


EPI’S
Ao discorrer sobre os Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s é importante
esclarecer que a utilização destes é fundamental para que de forma preventiva seja evitado
todo e qualquer tipo de acidente de trabalho, sendo sua utilização uma responsabilidade
não somente dos cargos autoritários da empresa mais também de cada colaborador
individualmente.
Os Equipamentos de Proteção Individual podem ser conceituados como todo e
qualquer dispositivo ou produto de uso individual que objetivam neutralizar os efeitos de
alguns acidentes que possam vir a ocasionar lesões aos colaboradores e deste modo
protegê-los contra prováveis danos à saúde acarretados pelas condições de trabalho.

O uso do EPI está previsto na Legislação nº 6.514/1977, no artigo nº 166, a


construtora é obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, pertinente
ao risco e em excelente estado de funcionamento e conservação, sempre que

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as normas de ordem geral não ofertem completa proteção sobre os danos à


saúde e os riscos de acidentes. A norma ainda ressalta que o fabricante do
equipamento deve cadastrar juntamente ao órgão nacional habilitado em
Serviços Especializados em Engenharia (SESMT) a emissão do Certificado de
Aprovação (CA), isto é, cabe ao servidor averiguar se os EPIs disponibilizados
aos operários estão registrados e normalizados pelo órgão autorizado
(RODRIGUES, 2017).

No âmbito da construção civil se faz extremamente necessária na realização de


serviços como: fabricação de argamassa, aplicação de chalpisco, assentamento de blocos
de concreto, preparação de massa, trabalhos em alturas acima de 2 metros (como por
exemplo pinturas e acabamentos) e etc. Salienta-se que para cada serviço acima
mencionado, tem-se os equipamentos de uso essencial.

O emprego dos EPIs é uma estratégia de ação preventiva especial, sendo


indispensável para a segurança dos funcionários, podendo ser equipamentos
fundamentais no que se relaciona a salvar vidas dos trabalhadores. A utilização
dos EPIs está mencionada nas Leis de Consolidação do Trabalho e também
regimentado pela Norma Regulamentadora nº 6, sendo obrigatório o
fornecimento destes equipamentos e deve ser efetuado pelo empregador que
tem também a obrigação de fiscalizar o emprego por parte de seus funcionários
(CISZ, 2015; SAHIB PHTP; SAHIB TN, 2020).

Somente abordar sobre a legislação que versa sobre o tema não é suficiente,
motivo pelo qual se faz necessário que haja conscientização por parte dos cargos
autoritários sobre a utilização de cada equipamento, bem como a devida explicação e
instrução sobre o uso dos mesmos. Complementa-se que somado a todo esse trabalho
teórico, é importante que haja fiscalização quanto ao uso dos equipamentos e sobre o fato
de que mais importa a vida, a segurança e a integridade de cada colaborador do que a
pressa em entregar a obra e com a inobservância quanto ao uso dos equipamentos, seja
colocada a vida destes em risco.
A seguir, serão apresentados os principais tipos de Equipamentos de Proteção
Individual. Vejamos:

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Tabela 1
EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

Utilizado para proteger a


cabeça de impactos
contundentes, queda de
objetos, produtos químicos,
calor e etc. O capacete
CAPACETE - PROTEÇÃO deverá ser utilizado por
PARA ÁREA DA CABEÇA todos os colaboradores da
área de produção e os
cuidados com o
equipamento são de
responsabilidade do
usuário.

EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

Utilizado para proteger a


face dos colaboradores.
Deve ser utilizado
PROTETOR FACIAL -
principalmente em setores
PROTEÇÃO DA FACE
que apresentem perigo de
projeção de partículas no
rosto.

EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

ÓCULOS DE AMPLA
VISÃO - PROTEÇÃO Utilizado para proteger os
VISUAL olhos dos colaboradores de
partículas de vidro,
químicas e etc. bem como
de poeira, luminosidade e
radiação.
EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

PROTETOR AURICULAR -
Deve ser utilizado
PROTEÇÃO AUDITIVA
especialmente em locais de
trabalho que possuam alto
ruído, acima dos limites
tolerados legalmente.

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EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

MÁSCARA
RESPIRATÓRIA - Utilizada preventivamente
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA pelos colaboradores para
evitar que estes inalem
poeira, cal, calcário e
qualquer outro componente
químico
EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

Utilizado preventivamente
AVENTAL DE RASPA DE
contra poeira ou respingo de
COURO - PROTEÇÃO PARA
materiais em fusão, agentes
O TRONCO
cortantes e escoriantes.

EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

Também denominado de
dispositivo trava-quedas, o
CINTO DE SEGURANÇA -
cinto deve ser semelhante ao
PROTEÇÃO CONTRA
do paraquedista e dotado de
QUEDAS
dispositivo para usar conexo
a sistema de ancoragem.

EQUIPAMENTO UTILIZAÇÃO FIGURA

BOTAS - PROTEÇÃO DE
MEMBROS INFERIORES As botas de borracha são
utilizadas para proteger não
somente os pés dos
colaboradores mais também
as pernas durante a
execução de atividades em
locais úmidos ou em contato
com produtos ácidos.

Tendo conhecimento sobre os principais tipos de Equipamento de Proteção


individual, bem como sobre a serventia que cada um tem e a importância dos mesmos
como forma preventiva de acidente de trabalho na construção civil, analisaremos a seguir

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o uso ou ausência dos referidos equipamentos no local escolhido como locus para a
aplicação do estudo de caso.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O estudo de caso apresentado neste artigo foi realizado em uma obra realizada na
Escola Municipal Antônia Alexandrina Monteverdes Bentes, localizada na Rua Rogério
Magalhães, nº 23, Quadra 2, Núcleo 13, Bairro: Cidade Nova, CEP: 69.094-600 –
Manaus/AM.

3.2 OBJETIVO
Ao realizar atividade laboral na obra acima mencionada, detectou-se que os
colaboradores que nela trabalham vinham desenvolvendo suas atividades sem fazer uso
de qualquer equipamento de proteção individual, os denominados EPI’s.
Diante dessa realidade fática na obra e frente aos conhecimentos adquiridos sobre
os dados de ocorrência de acidente de trabalho especialmente na área de construção civil
e sobre a importância da utilização destes equipamentos como forma preventiva de
acidentes de trabalho, objetivou-se realizar o estudo de caso com essa equipe para que os
mesmos pudessem ser conscientizados sobre os tipos de EPI’s e a importância da sua
utilização.

3.3 COLETA DE DADOS


Conforme poderá ser contemplado a seguir, as atividades laborais dos
colaboradores da obra realizada na Escola Municipal Antônia Alexandrina Monteverdes
Bentes, vinham sendo exercidas sem a utilização dos equipamentos de proteção
individual de modo que esses trabalhadores exerciam suas tarefas de forma totalmente
desprotegidos e com isso além de desobedecerem as legislações pertinentes ao tema,
corriam risco de se tornarem mais uma vítima de acidente de trabalho e assim elevarem
as estatísticas.
Durante a realização do estudo de caso utilizou-se como método a realização de
reuniões para conscientização dos colaboradores quanto as finalidades de cada EPI, bem
como sobre o alerta quanto aos elevados índices de acidente de trabalho na área de
construção civil devido à ausência do uso dos referidos equipamentos.

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Cabe destacar que durante a ocorrência das duas reuniões para com os
colaboradores, buscou-se colher informações destes acerca do motivo pelo qual estes não
utilizavam os equipamentos durante a realização de suas atividades e a partir de então
deu-se início as medidas cabíveis.

Figura 1 – Lócus da Pesquisa

Fonte: Google

Figura 2 – Colaborador manipulando massa sem fazer uso de EPI

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Figura 3 – Colaborador realizando atividade elétrica sem fazer uso de EPI

Figura 4 – Colaborador realizando atividade em altura sem fazer uso de EPI

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Figura 5 – Colaboradores executando serviços sem fazer uso de EPI

3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Conforme contemplado nas imagens acima, os funcionários que encontravam-se
trabalhando na obra da Escola Municipal Antônia Alexandrina Monteverdes Bentes, não
faziam uso de qualquer equipamento de proteção individual, independente da atividade a
ser exercida.
Considerando os elevados índices acerca da ocorrência de acidentes de trabalho
na construção civil em razão da ausência do uso de equipamento de proteção individual
por parte dos colaboradores, buscou-se analisar o motivo pelo qual os colaboradores desta
obra não estavam utilizando os referidos equipamentos e através disso promover duas
reuniões com estes para ensinar sobre cada equipamento, abordar sobre a legislação que
versa sobre o uso dos EPI’s, demonstrar os dados sobre acidente de trabalho ocasionado
ou agravado pela ausência de EPI e por fim solicitar a distribuição dos equipamentos para
os colaboradores.
Ao analisar os motivos que ensejavam a ausência de uso dos equipamentos
identificou-se que apesar de a distribuição dos EPI’s ser realizada, os colaboradores não
gostavam de fazer uso da mesmo devido ao fato de que segundo eles os equipamentos
causam “incômodo”.
Durante a realização das reuniões com os colaboradores fora dada a devida
instrução quanto a importância do uso dos EPI’s, o modo de utilização e demonstração
sobre cada equipamento e a abordagem sobre a legislação relacionada ao tema. E por fim,

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fora demonstrado os elevados índices de acidentes de trabalho que ocorrem na engenharia


civil e o efeito da ausência de uso dos equipamentos de proteção individual.
Após as reuniões, mesmo os colaboradores estando conscientes dos riscos e da
importância quanto ao uso dos EPI’s, se fez necessário por diversas vezes realizar
fiscalização diária quanto aos usos dos equipamentos tendo em vista que os funcionários
insistiam em não utilizar os mesmos, só fazendo uso no ato da fiscalização ou quando
havia por perto alguma autoridade hierárquica da empresa.

4 CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS


A ocorrência de acidentes de trabalho nos mais diversos âmbitos profissionais é
uma realidade bem presente na sociedade empresarial. No entanto, conforme pôde ser
contemplado no presente estudo, na área da engenharia civil esses números crescem cada
vez mais e muitas vezes essa causa está correlacionada a ausência de uso dos
equipamentos de proteção individual.
O presente estudo objetivou analisar a importância da utilização dos equipamentos
de proteção individual – EPI’s como forma preventiva de acidente de trabalho, para tanto
realizou-se uma breve revisão bibliográfica sobre o tema e por fim foi elaborado um
estudo de caso.
Evidenciou-se durante a revisão da bibliografia sobre o tema, que a área da
construção civil é uma das que lideram o ranking de ocorrência de acidentes de trabalho
e que os motivos o qual ocasionam ou agravam esses acontecimentos geralmente é devido
a falta de uso dos EPI’s. Partindo desta premissa, ao realizar o estudo de caso em uma
obra em uma escola municipal na cidade de Manaus detectou-se que 90% dos
colaboradores de fato não faziam uso dos equipamentos e quando questionados os
motivos estes alegavam que apesar de terem recebido os equipamentos, estes causavam
incomodo e por isso optavam por não usar.
Diante do exposto, verifica-se que há resistência quanto ao uso dos equipamentos
de proteção individual e que a mera instrução quanto ao uso e fiscalização por parte das
autoridades hierárquicas da obra não são suficientes, devendo ser elaboradas punições
coercitivas para que os funcionários de fato façam o uso desses equipamentos conforme
a legislação determina e assim seja evitada a ocorrência de mais acidentes de trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a Deus por me proporcionar saúde e força para chegar até aqui.
Aos meus pais Aroldo e Iza e minha irmã Francisca pois sempre estiveram comigo me
apoiando e me incentivando. A minha orientadora, professora Walzenira Parentes
Miranda, por suas correções e ensinamentos que me permitiram apresentar o meu melhor
desempenho e a professora Érica Cristina Nogueira Marques Pinheiros por me guiar da
melhor forma possível.

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REFERÊNCIAS

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