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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Alunos: Matheus Garbulha Inoue e Mara Rúbia Dias Godoy Viana

Psicologia ambiental na Construção Civil

Londrina
2019
Local/campo de atuação: construção civil

Público alvo: operários de construção civil

Objetivo: Promover condições apropriadas para estimular o uso


de equipamento de segurança para construção civil
Introdução:
Este trabalho visa promover uma maior segurança e a diminuição de
acidentes referentes a trabalhadores da construção civil, ao realizar uma
intervenção neste ambiente.

Há muitos casos de construtoras que não disponibilizam o EPI adequado


para seus funcionários ou nem sequer se dão o trabalho de pensar em
distribui-los. Esta é uma grave transgressão à lei, mas que muitos dos
trabalhadores desconhecem, por falta de instrução ou desconhecimento de
seus direitos legais. Como apresentado na CLT:

Art. 166 Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto Lei 5452/43


que afirma que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco
e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que
as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra
os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. (Lei nº

6.514, de 22.12.1977).

Segundo algumas empresas responsáveis pela fabricação de


materiais de proteção, a maioria desses casos acontece em
decorrência de situações comuns no canteiro de obras, como a
falta de treinamentos e a não utilização dos equipamentos de
proteção individual (EPI). Esse tipo de negligência aumenta as
chances de riscos de acidentes que em certos casos podem
ser fatais. (Hard, n/a)

Os locais onde mais acontecem acidentes por queda em construção civil


geralmente tem relação com escadas, andaimes e estruturas e veículos
motorizados. No ano de 2017, 56 trabalhadores morreram após caírem de
andaimes e plataformas e 34 de veículos como caçambas de caminhões.
(Agência Brasil, 2018)

De acordo com Takahashi (2012), pesquisas feitas questionam a


eficácia dos treinamentos para adesão às medidas de segurança e evidenciam
a necessidade de uma pedagogia transformadora nas ações de promoção da
saúde e prevenção dos acidentes de trabalho.
Problemas como a falta de preparo e conhecimento sobre segurança do
trabalho e sua importância são frequentes, essa é uma das grandes razões do
aumento no número de trabalhadores que recusam o uso de EPIs e estratégias
defensivas para diminuir os risco. Dito isso é importante também a realisação
de reuniões periodicas antes do inicio do expediente para sanar problemas
recorrentes e um bonus salarial para operarios que tiverem seguido todos os
requisitos de segurança mensalmente com eficásia.

Alguns exemplos como o caso de Phineas Gage (1848) em Vermont,


ficou muito conhecido, quando o operário estava em seu trabalho, fazendo um
buraco no chão para colocar pólvora, então a cobria com uma camada de
areia, socava tudo com um cabo de ferro, acendia o rastilho, saia de perto e
aguardava a explosão. No dia 13 de setembro, porém, Gage negligenciou o
uso da areia, o que fez com que o atrito do bastão e a pólvora causasse uma
explosão. O ferro em forma de lança entrou pelo lado esquerdo de sua face,
atravessou crânio e saiu pelo topo de sua cabeça. Interessante acrescentar
que alguns meses após o acidente, foi notado diferenças no comportamento de
Gage. Ele começou a se portar de forma agressiva com os colegas, além de
caprichoso e impaciente. O acidente também mudou sua forma de falar. O
trabalhador começou a utilizar um linguajar mais grosseiro e indelicado.

Outro caso que deve ser ressaltado foi o ocorrido com um operário em
2012 de uma obra em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que
sobreviveu após um acidente ocasionado por queda de materiais o que
culminou com um vergalhão de 2 metros de comprimento que atravessou sua
cabeça.
De acordo com a equipe médica que cuida do caso, a barra de ferro caiu do
quinto andar da construção enquanto estava sendo içado quando se
desprendeu, caiu e perfurou a parte de trás do crânio e saiu acima dos olhos
do trabalhador.

Apesar dos casos citados terem acontecido com 164 anos de diferença
e tanto a tecnologia quanto o olhar para a preservação da vida serem muito
distintos, o problema é comum a ambos os incidentes. A falta de cuidados e a
negligencia por parte dos operários e todos os envolvidos em tomar as devidas
precauções de segurança.

Podemos citar o caso referente ao incidente da ponte Tacoma Narrows


em 1940, que entrou em ressonância com o vento o que levou ao seu
desmoronamento. A ponte apesentava diversas falhas de construção como a
altura em que foi construída, propiciando a ação de ventos muito fortes. A sua
base transversal não foi construída com a firmeza necessária e nem foram
construídas proteções para impedir que o vento entrasse em contato direto
com o corpo principal da ponte. A psicologia ambiental juntamente com a
construção civil poderia ter sido importante para evitar que os problemas
citados viessem a acontecer. Como na escolha do local, nos materiais
utilizados, e maior fortalecimento das estruturas.

Este caso nos serve de exemplo para nos mostrar a importância de se


estar sempre evoluindo e buscando maneiras de aperfeiçoar e executar com
segurança o trabalho em construções. O ser humano não apenas altera o
ambiente, mas o ambiente também nos altera e nos força a estar em constante
adaptação com o meio em que se estamos situados. É por causa desta
reciprocidade que hoje temos saídas de incêndio, prédios a prova de
terremotos, abrigos subterrâneos, casas que flutuam em enchentes. Tudo isso
está ligado em como a psicologia ambiental vem atuando e se desenvolvendo
com o passar do tempo e descobrindo novas formas de atuar no dia a dia da
sociedade.
Justificativa:

Principais causas de acidentes no ambiente da construção civil:

1. Quedas de nível: É um dos motivos de acidente mais comuns pelo fato de se


trabalhar em locais altos e muitas vezes de difícil acesso, o que aumenta a
probabilidade de lesões graves e mortes quando não utilizados os
equipamentos de segurança de maneira adequada.

2.Choque elétrico: Os trabalhadores ficam expostos a choques por causa da


fiação elétrica, máquinas movidas a eletricidade e o contato com a água,
principalmente se o ambiente de trabalho estiver em condições precárias.

3.Uso de máquinas e ferramentas sem proteção apropriadas: O equipamento


apropriado para manuseio de maquinas (principalmente as mais perigosas) é
essencial assim como o treinamento adequado para utilizá-las, reduzindo
assim, a incidência de acidentes de trabalho. A manutenção adequada dos
Epis utilizados também é de suma importância. Ferramentas velhas ou mal
cuidadas, máquinas antigas e Epis antiquados precisam ser substituídas por
novos e devidamente cuidados.

4.Queda de materiais: Em um canteiro de obras é comum ter gruas, elevadores


de carga, guindastes e andaimes. Muitos deles, constantemente, estão
carregados de materiais, ferramentas e acessórios, o que pode causar queda
de materiais.

5. Problemas respiratórios, alergias e dermatoses: Argamassas, tintas,


solventes, ácidos e outros materiais utilizados em obras, podem provocar
alergias, dermatites e até queimaduras se tiver contato direto com a pele. Para
evitar isso, é importante usar a máscara e os óculos de proteção, calças
apropriadas, camisas e luvas específicas.
Materiais como o pó fino do cimento, que podem ser facilmente inalados,
tendem a provocar graves problemas respiratórios.

6. Perda auditiva: o ruído excessivo de máquinas pode causar perda auditiva


ao ficar exposto por muitas horas consecutivas.

7. Contato ou exposição a corpos estranhos: aranhas, escorpiões, abelhas,


vespas, formigas, cobras, entre outros animais podem ser encontrados nos
diversos tipos de ambientes e podem colocar os trabalhadores em risco. É
preciso analisar o ambiente, verificando se há presença de algum desses
animais, por isso é importante fornecer e cobrar a utilização dos EPIs que
ajudarão na proteção contra contato e picadas.
(Hard Comércio de Fixadores e Resinas, 2019)
Método:

Continuando a análise e com base na identificação e na mensuração


dos acidentes, precisam ser consideradas a aplicação de ações educativas
preventivas com os trabalhadores, e, por mais que o custo da manutenção de
equipamentos seja alto, é indispensável. E seguir o protocolo para manter a
segurança, é uma regra obrigatória para prevenir acidentes que podem
provocar lesões e até a morte dos trabalhadores. A intervenção deverá
acontecer da seguinte forma:
Local de intervenção: Empresa A.Yoshii Engenharia ou um local
especifico para uma reunião com a empresa.
Participantes: Psicólogos, segurança do trabalho, bombeiros e
especialistas em geral no tema abordado.
Instrumentos ou materiais: A proposta deverá acontecer por meio de
palestras com a utilização de slides, data show e com a apresentação dos
materiais de Epi, a partir de pesquisas qualitativas e quantitativas que
expressam o ponto de vista do projeto a respeito da necessidade desta
intervenção e também entrevistas no local escolhido com o objetivo de saber
se as pessoas se sentem seguras em seu ambiente de trabalho.

Procedimento
Etapa 1: Entrevista semiestruturada para identificar o grau de segurança e
conforto no ambiente de trabalho.
Perguntas:
- “Você se sente seguro no seu ambiente de trabalho?”
- “De 1 a 10 quanto seria a segurança em seu ambiente de trabalho?
- “A empresa fornece Epis adequados para o seu trabalho?”
- “Quantos acidentes ocorreram esse ano? Se aconteceram qual foi a
gravidade deles?”
- “A empresa fornece cursos de especialização em sua área de trabalho?
- “Qual é a sua formação e da sua equipe?”

Etapa 2: Avaliação dos dados coletados na entrevista de forma qualitativa e


quantitativa

Etapa 3: Treinamento prático sobre segurança no trabalho


Uma equipe de psicólogos, bombeiros e seguranças do trabalho irá
promover cursos, palestras para os funcionários da empresa, ensinar a evitar
acidentes de trabalho, manusear maquinas de alto risco e adequar a empresa
de forma que o trabalhador possa fazer o seu trabalho em segurança além de
oferecer cursos personalizados de acordo com a necessidade da empresa e
informar da importância de estar sempre se especializando em sua atuação.
Referência

ANAMT, Associação Nacional de Medicina no Trabalho. Construção civil está


entre os setores com maior risco de acidentes de trabalho. Disponível em
<https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/construcao-civil-esta-entre-os-
setores-com-maior-risco-de-acidentes-de-trabalho / >. Acesso em: 09 nov 2019.

HARD, Comércio de Fixadores e Resinas. Os 7 principais riscos na


construção civil e como evitá-los. Disponível em
<https://blog.hard.com.br/veja-os-7-principais-riscos-na-construcao-civil-e-
saiba-como-evita-los/>. Acesso em: 09 nov 2019.

O GLOBO. Operário sobrevive após ter cérebro atravessado por um


vergalhão de 2m de comprimento. Disponível em
<https://oglobo.globo.com/rio/operario-sobrevive-apos-ter-cerebro-atravessado-
por-um-vergalhao-de-2m-de-comprimento-5807969 >. Acesso em 09 nov 2019.

SUPERINTERESSANTE. Phineas Gage. Disponivel em


<https://super.abril.com.br/historia/phineas-gage/>. Acesso em: 09 nov
2019.

GIRELLI, Scheila. DAL MAGRO, Marcia Luiza Pit. Saúde do trabalhador e


economia solidária: estudo de uma cooperativa de construção civil.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
02922017000100009&lang=pt>. Acesso em: 09 nov 2019.

BRASIL. Art. 166 Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto Lei 5452/43.
Disponível em <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10747144/artigo-166-do-
decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 >. Acesso em: 09 nov 2019.

TAKAHASHI, Mara Alice Batista Conti. DA SILVA, Reginalice Cera.


LACORTE, Luiz Eduardo Cobra; CEVERNY, Gislaine Cecília de Oliveira.
VILELA, Rodolfo Andrade Gouveia. Precarização do trabalho e risco de
acidentes na construção civil: um estudo com base na Análise Coletiva do
Trabalho (ACT). Disponível em
<https://www.scielosp.org/article/sausoc/2012.v21n4/976-988/pt/ >. Acesso em:
09 nov 2019.
BRASIL, Agencia. DINIZ, Maiana. Acidentes com quedas levaram 161
trabalhadores à morte em 2017. Disponível em
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-04/acidentes-com-quedas-
levaram-161-trabalhadores-morte-em-2017>. Acesso em: 09 nov 2019.

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