A tartaruga desafia Aquiles a uma corrida imaginária através de um argumento lógico infinito. Ela o leva a aceitar uma série de proposições hipotéticas até que ele é forçado a admitir a conclusão, contra sua vontade. A tartaruga ilustra habilmente como a lógica pode ser usada para forçar alguém a aceitar uma conclusão indesejada.
A tartaruga desafia Aquiles a uma corrida imaginária através de um argumento lógico infinito. Ela o leva a aceitar uma série de proposições hipotéticas até que ele é forçado a admitir a conclusão, contra sua vontade. A tartaruga ilustra habilmente como a lógica pode ser usada para forçar alguém a aceitar uma conclusão indesejada.
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A tartaruga desafia Aquiles a uma corrida imaginária através de um argumento lógico infinito. Ela o leva a aceitar uma série de proposições hipotéticas até que ele é forçado a admitir a conclusão, contra sua vontade. A tartaruga ilustra habilmente como a lógica pode ser usada para forçar alguém a aceitar uma conclusão indesejada.
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confortavelmente no dorso do animal. -Ento voc chegou ao fim da nossa corrida? -disse a Tartaruga. ela consista nu .ma srie infinita de distnciasj)Jo houve af um sabicho qualquer que provou que isso seria imposs(vel de ser feito? -Pode, sim- disse Aquiles.- E j foi feitol Solvitur am- bulando. Veja bem, as distncias foram diminuindo cons tantemente, e assim . - Mas, e se elas tivessem aumentado constantemente - in- terrompeu a Tartaruga. -Que aconteceria, ento? -Ento eu no estaria aqui- respondeu Aquiles, modesta mente - e voc, enquanto isso, j teria dado vrias voltas em tomo do mundo. -Voc me faz ficar tonta, isto , torta- disse a Tartaruga -pois pesa um bocado, no h dvida I Bem, vamos ver, vo- c gostaria de que eu falasse sobre uma corrida que a maior lciii?ar. .ni,CI9is. pas sos quando. de fat ela consiste em um nmero infinito de distnCia;, C';i=ia maiS longa do.que-n'teriori---- ....:-co-rirtoO prair!-=aissc)gurrer gre9o-;-equanto tirava do seu capacete (eram raros os guerreiros gregos que tinham bolsos naquela poca) uma enorme agenda e um l pis. -Continue! E v devagar, por favor! Ainda no inven- taram a estenografia I - Ah, aquela linda Primeira Proposio de Euclides - disse a Tartaruga, sonhadoramente. - Voc f de Euclides? -Sou louco poreJe! At o ponto, claro, em que se pode admirar um tratado que s ser publicado daqui a vrios s- culos. O que a tartaruga disse a Aquiles - Bem, vejamos uma pequena parte do argumento naquela Primeira Proposio. S as duas primeiras etapas e a conclu- so que se tira delas. Tenha a bondade de anotar no seu ca- derninho. E, para facilitar as coisas, vamos cham-las de A, 8 e Z: (A) Duas coisas que so iguais a uma terceira so iguais en tre si. (8) Os dois lados deste tringulo so iguais a um terceiro. (Z) Os dois lados deste tringulo so iguais entre si. Os leitores de Euclides admitiro, suponho, que Z se deduz logicamente de A e 8, e portanto que qualquer um que te- nha aceito A e B como verdadeiro deve aceitar Z como ver dadeiro, certo? -Sem a menor dvida! Qualquer menino de curso secund rio, assim que se inventarem os colgios, o que no ocorre- r antes de dois mil anos, admitir isso. -E se algum leitor no tivesse aceito ainda A e B como ver dadeiros, ele poderia aceitar, penso eu, a seqncia lgica como vlida, ou no? -No h dvida de que tal leitor poderia existir. Ele pode- ria dizer: "Aceito como verdadeira a Proposio Hipottica de que se A e B so verdadeiros, Z deve ser verdadeiro; mas no aceito A e B como verdadeiros". Tal leitor faria muito bem se deixasse Euclides de lado e fosse cuidar de fu te boi. - E no poderia haver tambm algum leitor que dissesse: "Aceito A e B como verdadeiros, mas no aceito a Proposi o Hipottica"? -Certamente poderia. Ele tambm faria melhor em ir cu i dar de futebol. - E nenhum desses leitqres- continuou a Tartaruga - forado at aqui, por quafquer necessidade lgica, a aceitar Z como verdadeiro, no assim? -Inteiramente certo- concordou Aquiles. - Bem, vamos dizer que voc me considere como um leitor da segunda espcie, e que me obrigue, logicamente, a acei tar Z como verdadeiro. - Uma tartaruga jogando futebol seria ... - comeou Aqui les. - ... uma anomalia, claro - interrompeu vivamente a Tartaruga. - No se desvie da questo. Primeiro Z, depois o futebol. - Ento eu tenho de obrig-la a 'aceitar Z, no ? - disse Aquiles pensativamente. - E sua posio atual a de que aceita A e B, mas no aceita a Proposio Hipottica .. -Vamos cham-la de C- disse a Tartaruga. mas no aceita: (C) Se A e 8 so verdadeiros, Z deve ser verdadeiro. - Essa a minha posio atual. - Nesse caso tenho de lhe pedir que aceite C. - Eu o farei -disse a Tartaruga -desde que voc tenha anotado isso nesse caderninho. Oue mais voc tem escrito a? -S umas poucas anotaes- disse Aquiles folheando as pginas nervosamente- umas poucas anotaes das ... das batalhas em que me distingui. - Est cheio de folhas em branco, estou vendo - ob!lervou a Tartaruga, com animao.- Vamos precisar de ~ ~ ~ ( A quiles estremeceu.) E agora, escreva o que vou ditai':=-' (A) As coisas que so iguais a uma terceira so iguais entre si. (8) Os dois lados deste tringulo so coisas que so iguais a uma terce i r a. (C) Se A e 8 so verdadeiros, Z deve ser verdadeiro. (Z) Os dois lados deste tringulo so iguais entre si. -Voc devia chamar este ltimo de D, e no Z- disse A quiles.- Ele vem logo depois dos outros trs. Se voc acei ta A e 8 e C, deve aceitar Z. - Por que devo? - Porque se deduz logicamente deles. Se A e 8 e C so ver- dadeiros, Z deve ser verdadeiro. Voc no vai contestar isso, no mesmo? -Se A e 8 e C so verdadeiros, Z deve ser verdadeiro - re- petiu pensativamente a Tartaruga. - Esta outra Proposi o Hipottica, no ? E se eu no conseguisse ver a verda de desta proposio, poderia aceitar A e 8 e C e, ainda as- sim, no aceitar Z, poderia? - Poderia -admitiu honestamente o heri - embora tal obtusidade fosse, com certeza, fenomenal. Em todo_o caso, a coisa ,possfv!!l. Portanto lhe peo para admitir -mais - ~ a Prposio Hipottica. - Muito bem. Estou pronta para faz-lo, assim que voc a tenha anotado. Vamos cham-la de (D) Se A e 8 e C so verdadeiros, Z deve ser verdadeiro. J anotou no seu caderninho? -J! - exclamou Aquiles. jovialmente, enquanto colocava a caneta dentro do estojo. - E aqui chegamos ao fim da nossa corrida imaginria! Pois se voc aceita A e 8 e C e D, claro que aceita Z. - Aceito? - disse a Tartaruga com ar. inocente. - Vamos deixar as coisas claras. Aceito A e 8 e C e D. Mas, e se eu ainda recusar a aceitar Z? - Ento a Lgica lhe pegaria pelo gasnete e lhe foraria a aceitar - replicou Aquiles com ar de triunfo. - A Lgica 'lhe diria:" Agora -no tem mais jeito. Pois se voc aceitou A e 8 e C e O, voc tem de aceitar Z I" Portanto, voc no tem sada, entendeu? :_Qualquer coisa que a Lgica me_ diga di9!!_a de se.._!Inota- da- disse a Tartaruga. -Portanto, escreva a no caderno - -- ---=--- :.L por favor. (EfSeB e C e O So verdac;!eiros, Z deve ser verdadeiro. At que eu tnha esta propo;i-o, .no-- admitir Z. Portanto; um etapa nec,essria,_en,- tende? - Entendo - disse Aquiles, e havia um acento de tristeza em sua voz. Nesse ponto o narrador, tendo negcios urgentes a resolver no banco, foi forado a deixar o feliz par e s pde voltar ao mesmo ponto alguns meses depois. Ao faz-lo, Aquiles estava ainda sentado no dorso da paciente Tartaruga, ano- tando no seu caderno de apontamentos, j todo rabiscado. A Tartaruga estava dizendo: "J anotou esta ltima etapa? A menos que eu tenha perdido a conta, a milsima primei ra. Ainda tem vrios milhes pela frente. Ser que voc se importaria de eu pedir um favor pessoal? Levando em con ta a utilidade considervel que ter este nosso dilogo para os lgicos do sculo dezenove, voc se importaria de que eu fizesse um trocadilho com voc, tal como, nessa poca futu- ra, a minha prima, a Falsa Tartaruga, poderia fazer, e no levaria a mal se eu o chamasse de Oesaquilibrado? - Fique vontade! -replicou o exausto guerreiro, ocul- tando o rosto nas mos, no auge do desespero. - Contanto que voc, de sua parte, no se incomodasse de adotar para voc mesma um trocadilho que a Falsa Tartaruga realmente far, permitindo qlie os outros possam apelid-l de Tortu- ruga. Nota: O original "What the tortoise said to Achilles". Tortoise, em Ingls, quer dizer cgado. Na presente traduo preferiu-se tar- taruga a fim de manter-se o jogo verbal com a palavra torturuga. Para tanto, no final uma ligeira adaptao do original, O mesmo