Lição extra

Galardão da graça 14
.

Texto Básico: Objetivo da lição

E eis que venho sem demora, e As boas obras dos justos não
comigo está o galardão que tenho passarão despercebidas no dia
para retribuir a cada um segundo do juízo. Elas serão reconhecidas
as suas obras. Ap. 22:12 e recompensadas

INTRODUÇÃO PASSAGENS-CHAVE
Dentro da estrutura das 1Coríntios 3.14-15 – essa
convicções comuns sobre o passagem parece ensinar
julgamento final, diversas claramente que aqueles cujo
perguntas têm isso levantadas: trabalho está no ministério da
Deus recompensará o justo pelo Palavra de Cristo serão
que fez? Essa recompensa varia recompensados de várias
em nível dependendo da maneiras, dependendo da
natureza e extensão das boas qualidade de suas obras.
obras do justo? Além do mais, 2Coríntios 9.6 – essa “lei da
como a ideia de Deus seara” se aplica também à vida
recompensar o justo é cristã. Aqueles que trabalham
compatível com o ensinamento com espírito de generosidade e
de que nossa salvação tem por beneficência colherão uma
base somente a graça? A ideia de recompensa de igual grandeza.
recompensa não requer a
Mateus 25.14-30 e Lucas 19.11-
reintrodução de alguma noção de
26 – a parábola dos talentos e das
“mérito” na vida cristã? A
dez minas sugerem conceder
disparidade em níveis da
Deus recompensas diferentes aos
recompensa não depreciaria a
seus servos nesta vida e também
perfeição da bem-aventurança
na vida por vir.
que o povo de Deus
supostamente desfrutaria no Mateus 8.11; 19.28 e Apocalipse
estado final? 21.14 – no juízo e estado final,
determinados privilégios
responsabilidades serão
concedidos a alguns dos justos,
porém, a outros, não.
1Coríntios 9.25, 1Tessalonicen-
ses 2.19 e 2Timóteo 4.8 –
passagens que falam de inúmeras
“coroas” a serem concedidas aos
servos de Cristo no dia do juízo.
UMA RECOMPENSA DA
GRAÇA, NÃO MÉRITO
Reconhecemos prontamente que
o crente recebe todas as coisas
provenientes da graça de Deus
em Cristo. Nada recebido pelo
crente da parte de Deus é
merecido. Quando o Senhor
recompensa os justos por suas
boas obras, apenas acrescenta
graça à graça, recompensando os
crentes pelos feitos que ele
mesmo realizou nos crentes pelo
Espírito (Jo 15.1-17). Veja ainda
Lucas 17.7-10.
A maravilha da graça de Deus na
vida do crente inclui a graciosa
recompensa da parte do Pai por
aquelas (ainda imperfeitas e
imerecidas) boas obras feitas
pelo crente no poder operante do
Espírito. Como o pai que ama
seus filhos e aceita não apenas
e eles, mas também suas obras,
também o Pai celestial do crente
se agrada com os feitos de seus
filhos. Tais feitos são aceitáveis e
agradáveis a ele não porque são
estritamente merecedores de
seu louvor, mas por causa de seu
prazer em seus filhos e naquilo
que fazem, embora sejam muito
menos do que sua lei demanda.
UM ENCORAJAMENTO, NÃO
UM MOTIVO
Mesmo se insistirmos serem as
recompensas pela graça, e não
por mérito, a perspectiva de tais
recompensas devem
inevitavelmente influenciar os
motivos que desempenham um
papel a obediência cristã.
Porém, nenhum ensinamento a
respeito das recompensas pelas
boas obras na vida cristã deve
levar a uma ênfase inapropriada
sobre as recompensas como
motivo para a obediência cristã.
Veja essas perguntas e respostas
do Catecismo de Heidelberg
(Domingo 24):
62. Mas por que nossas boas
obras não nos podem justificar
perante Deus, pelo menos em
parte? R. Porque a justiça que
 pode subsistir perante o juízo
de Deus deve ser
absolutamente perfeita e
completamente conforme a lei
de Deusi. Entretanto, nesta
vida, todas as nossas obras, até
as melhores, são imperfeitas e
manchadas por pecadoii.
63. Nossas boas obras, então,
não têm mérito? Deus não
promete recompensá-las, nesta
vida e na futura? R. Essa
recompensa não nos é dada por
mérito, mas por graçaiii.
64. Mas essa doutrina não faz
com que os homens se tornem
descuidosos e ímpios? R. Não,
pois é impossível que aqueles
que estão implantados em
Cristo, por verdadeira fé,
deixem de produzir frutos de
gratidãoiv.
Ao admitir que as boas obras são
recompensadas, a confissão
reconhece a gratidão como o
único motivo apropriado para a
nossa obediência.
Devemos fazer uma distinção
entre motivo e encorajamento. A
perspectiva das recompensas
encoraja o crente a compreender
que nenhum trabalho é vão no
Senhor!
COMPATÍVEL COM A PERFEITA
BEM-AVENTURANÇA?
O estado final do reino de Deus
será caracterizado por uma
diversidade de talentos, ofícios e
capacidades para o serviço e
contentamento que refletem a
diversidade conhecida entre o
povo de Deus nesta vida.
Embora ninguém vá ficar atrás de
outro na experiência da bem-
aventurança e contentamento, a
capacidade e qualidade delas
podem ser bem diferentes entre
o povo de Deus. Pense numa
analogia simples: um navio pode
ser maior do que outro e, dessa
forma, ter maior capacidade.
Entretanto, se cada navio, o
maior e o menor, for preenchido
em sua totalidade, então é
possível dizer que desfrutam da
plenitude ou perfeição
proporciona à sua capacidade.
Outra questão é que a
diversidade dos talentos, ofícios e
capacidades para o serviço no
estado final do reino de Deus,
longe de ser motivo para pesar
entre o povo de Deus, será
motivo para um maior
contentamento.
Com base no princípio de que a Além do mais, a perspectiva
perfeita santidade exclui toda dessas recompensas – em vez de
possibilidade de inveja ou sugerir uma desigualdade que
contenda entre o povo de Deus, diminuiria a perfeita bem-
tal sugestão defende que as aventurança da vida por vir para
maiores recompensas todos os justos – sugere outro
desfrutadas por alguns dentre o motivo de regozijo na bondade
povo de Deus somente de Deus. Se todas as coisas em
produzirão mais gratidão entre Cristo pertencem a todos os
todos. crentes, independente do ganho
que alguém possa experimentar
CONCLUSÃO na vida por vir será tão somente
ganho para todos os demais.
As boas obras dos justos não
passarão despercebidas no dia do
juízo. Elas serão reconhecidas e * Texto adaptado de Cornelis P.
recompensadas. Venema. A Promessa do Futuro.
Tal reconhecimento e Editora Cultura Cristã
recompensa, entretanto, são
expressão da forma graciosa de
Deus ao lidar com seus filhos. São
recompensas não por mérito,
senão por graça.
A expectativa de tais
recompensas, apesar de certo
encorajamento dos filhos fiéis de
Deus, não é a base ou motivo
para a vida cristã; o grande
motivo para toda obediência
cristã é a gratidão pela graça de
Deus em Cristo.
i Dt 27:26; Gl 3:10 iv Mt 7:18; Jo 15:5
ii Is 64:6
iii Lc 17:10