FOI PELA GRAÇA E ATRAVÉS DA GRAÇA, MAS NÃO FOI DE GRAÇA
TEXTOS: At. 4:33; At.14:26; 2Ts. 2:16,17
INTRODUÇÃO:
Quando fazemos a leitura do livro de Atos, principalmente nos primeiros
capítulos, que contam como era o relacionamento do Senhor com seus filhos recém chegados a Ele, vislumbramos a ousadia e o comprometimento desses filhos com a missão do Pai, a saber, resgatar os perdidos da casa de Israel. Um processo que foi formando uma paixão pelas almas e uma enorme gratidão pelo que Cristo havia feito por eles, que foi capaz em muitas vezes de levá-los a renúncia através desta revelação “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvo” (Atos 4:12), “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4:20). Era surpreendente vê- los com tanta ousadia e conhecimento sobre as coisas que transcendiam as naturais, tendo algumas pessoas atribuído ao fato deles terem estado com Jesus “Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (Atos 4:13). O fato é que a pesar de muitos acreditarem que a comunhão e a unidade entre os irmãos foi o grande segredo para que a igreja tivesse a ousadia e o conhecimento, não me sinto completamente convicto disso. Não estou negando mais também não afirmo. Sabemos que este laço de unidade e comunhão, características preexistentes à igreja primitiva, nada poderia produzir sem a graça de Deus sobre eles. Por muito tempo enxerguei a graça pelo prisma do conceito comum, “o favor imerecido de Deus”, sendo ainda mais claro, muito embora fôssemos pecadores, merecedores do julgamento divino, Deus olhou para nós com amor e nos perdoou. Isso, no entanto, é somente a metade do seu significado. A graça também significa “o poder capacitador de Deus”. Uma capacitação que vai além do adestramento ou tornar alguém hábil, uma capacitação que nos inspira muitas das vezes e nos faz enxergar a esperança e nos sentirmos consolados e confortáveis, “E o próprio nosso Senhor Cristo, e nosso Deus e Pai, que nos amou e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console o vosso coração e vos conforte em toda boa palavra e obra.” (2 Ts.2:16,17). A graça a qual me refiro, não somente nos torna aceitável como filho, mas principalmente, nos capacita através do Seu poder para que vivamos uma vida cristã vitoriosa. Podemos ver isso em duas passagens bíblicas que indicam os dois aspectos da graça de Deus na vida do crente. O primeiro texto encontra-se me Efésios, capítulo 2, versículos 8 e 9 “Porque pela graça [o favor que não merecemos] sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem de obras, para que ninguém se glorie.” É exatamente aqui neste texto que nos debruçamos na análise fria da graça, aonde construímos o conceito padrão sobre a ela. Falo isso não discordando do que foi construído ao longo do tempo, mas quem sabe para levá-los a uma busca ainda mais intensa do que realmente pode vir ser a graça. O segundo texto está em Efésios, capítulo 14, versículo 6 “Como também... nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça [poder e capacitação], pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.” É por isso que não podemos atribuir à salvação apenas o aspecto da graça, o favor imerecido de Deus, pelo fato de termos recebido o perdão quando na verdade deveríamos ser condenados, devemos olhar para o poder de capacitação de Deus, pois é somente pelo Seu poder que podemos ser transformados. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Co.5:17) Este aspecto da graça, a capacitação através do poder de Deus, continua durante todo o nosso caminhar com Deus. É a graça de Deus que faz com que cresçamos e sejamos fortes, tudo isso sem nenhum tipo de mérito da nossa parte “...crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo...” (2 Pe.3:18) Podemos entender melhor este aspecto da graça quando observamos a força da graça através da vida de homens e mulheres em toda a Bíblia. Todos os “heróis da fé” começaram o seu caminhar com Deus cientes das suas fraquezas e incapacidades, mas nunca duvidando de que conseguiriam a medida que permitissem que a graça de Deus – o Seu poder de capacitação – operasse em sua vida, os tornando o tipo de pessoa que Deus queria que eles fossem.