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Bom dia, caros folks. Todos dentre vós já leram os mitos da vasta mitologia nórdica.

Devido o
cristianismo ser a religião dominante em nosso país e esfera mundial, temos contato com
essas histórias e levados a acreditar nisso apenas como mitos, invenções.

Histórias de mais de um milênio que nos couberam como um legado dos nórdicos e
germânicos, e que nos aproximam dos deuses da nossa fé. Mas e se começarmos a enxergar as
coisas de um lado diferente do que nos foi difundido e forçado a engolir à seco pela
hegemonia cristã?

Muitos dizem que o Ragnarok é uma invenção cristã, ou uma adequação cristã do mito do fim
do mundo, pela visão nórdica, ou uma versão diferenciada do Apocalipse Cristão. Entretanto,
pensemos... eras atrás. Existiam godhis, gythias e skalds, homens e mulheres versados na
sabedoria dos deuses, de uma forma mais intensa que a nossa, e mais próxima do “núcleo”,
inclusive pelo fato de que muito de sua sabedoria e ciência foi perdido e retirado de nós por
pessoas que precisavam assegurar a sua fé, oposta da nossa.

Pensemos então, se um desses homens e mulheres sábios começou a caminhar numa


dimensão espiritual, diferente da nossa, e foi agraciado pelas divindades, e por sua força
também, com a visão de um mundo dele, mas em uma época longínqua como a nossa, e viu
nosso mundo ser dizimado por uma gigantesca bomba atômica, e tudo queimando. Em seu
transe, e como as coisas se distorcem entre as dimensões, e na sua sabedoria de época, ele
jamais saberia o que é uma bomba. Mas ao ver o fogo, e algo grandioso que causou o mesmo,
pode atribuir isso à Surtr, e ao Ragnarok. (Imaginemos e suponhamos dessa forma, apenas.)

Para comprovar outra situação semelhante. Tomemos o mito do roubo do Mjolnir como
exemplo. O grandioso Thor, guerreiro másculo, vigoroso, forte, viril, um arquétipo de guerreiro
em batalha e um homem másculo fora delas (o sentido sexual não cabe à ele, e sim à Freyr),
de repente, em toda sua grandiosidade, tem seu martelo roubado. Um deus “bruto, rústico e
sistemático” (uma dose de humor moderno para balancear), tem seu símbolo de poder
roubado.

Ele teve de recorrer à Freyja, senhora do Seidr, da magia feminina e da dissimulação (e não,
Seidr não é só isso), para ser bem sucedido em seu disfarce, e teve de “ser mulher” para ter
oportunidade de recuperar seu símbolo de poder. O deus másculo, forte, vigoroso, teve de
balancear sua masculinidade. O que podemos entender disso? Não tem como ser absoluto em
tudo. Necessitamos ser como o universo que nos compõe e que residimos nele... em que
sentido? Não sendo absoluto, mas sim balanceado e ponderado, contendo um pouco do que
nos antagoniza, para sermos plenos.

O quê quero dizer com isso? Pensemos. Thor precisou balancear sua “plenitude” para estar em
ordem com o Universo, para cumprir seu papel. Para eu não parecer um neopagão
defendendo uma “hipótese feminista” ou qualquer suposição errônea semelhante, vou
explicar com outros exemplos. Caos e Ordem. Nossos princípios de regulação. O Ragnarok é o
princípio do Caos destruindo tudo. Mas não é o Caos pleno. Ele destrói, mas não oblitera. É
como o incêndio que prepara o terreno para o replantio. Ele “limpa”, para tudo renascer de
novo, de forma organizada.
É o Caos agindo de forma organizada, assim como uma ação “ordenada” pode sair 99% reto,
mas o 1% que fica fora de prumo pode vir à descarrilar no futuro. O conceito pode ser
facilmente entendido quando usamos a alusão do Yin e Yang no contexto. O lado branco tem
uma porção do lado negro, que lhe é antagônico, e o lado negro tem uma porção em si, do
lado branco. Nada é realmente absoluto. E isso foi o que eu quis dizer com o mito do roubo do
Mjolnir.

Thor foi regulado pelo Universo, para obter em si o que lhe faltava, que lhe era antagônico.
Irônico, não? O deus que representa a força, vigor, masculinidade, ter de se vestir como uma
mulher para compreender o que lhe é antagônico e então retomar seu lugar no Universo. Isso
foi uma forma figurada que os antigos nos deixaram para ensinar para nós algumas coisas. Os
mitos podem ser vistos como mitos pelos ignorantes e pelos novatos, mas você pode pensar
assim. Quer me acompanhar nessa análise?

J. “Tyrsson” Bercher, ásatruar e filho de Tyr.

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