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RESUMO
O fenômeno das descargas elétricas tem proporções globais, porém muito mais freqüente em
regiões de clima tropical, com preponderância naquelas onde ocorre a presença de grandes corpos
d’água (mares, rios, lagos, lagoas, etc). Portanto, cidades como Rio de Janeiro estão sujeitas a grandes
incidências de descargas elétricas, principalmente no período de verão.
Nossa proposta consiste em apresentar a interdisciplinaridade entre a Física e o estudo do Meio
Ambiente de maneira didática e objetiva, conforme diretrizes dos PCN e PCN +, enfatizando o Meio
Ambiente como tema transversal no Ensino Fundamental e como disciplina curricular do Ensino
Médio. O assunto em questão, ou seja, as descargas elétricas em forma de relâmpagos, não somente
envolve uma questão de cunho ambiental, como também está envolvida com uma das leis físicas mais
ensinadas e aplicadas no ensino médio, que é a lei de Coulomb, além do assunto sobre capacitores de
placas paralelas que também faz parte do programa do ensino de fisica. Assim sendo, pretendemos
abordar de forma bastante elucidativa, um modelo que ajude aos alunos visualizar as leis e os conceitos
em questão.
INTRODUÇÃO
A extensão da atmosfera abrange a superfície terrestre até por volta de 160 quilômetros de
altura em relação à superfície, e tal altitude corresponde ao próprio limite do espaço sideral. A
atmosfera permanece junto a Terra através da ação do campo gravitacional, que a puxa para o planeta.
Devido ao peso do ar no topo da atmosfera, que exerce pressão nas camadas de ar que se situam
abaixo, a camada da atmosfera é responsável pela constante pressão à qual o planeta está submetido: a
chamada pressão atmosférica. Tal pressão varia de acordo com a altitude em que determinada
localidade se encontra (toma-se como orientação a pressão atmosférica ao nível do mar para a
relativização da pressão nas diversas localidades do planeta).
IONOSFERA
Considerando apenas uma pequena extensão que vai desde a ionosfera até a superfície da Terra
poderemos comparar este sistema a um sistema de capacitores de placas paralelas.
Este modelo representa o campo elétrico natural sob o qual estamos submetidos. Sendo a
ionosfera constituída por uma nuvem de elétrons livres, temos que a superfície da Terra fica carregada
positivamente devido ao processo de indução eletrostática. Constitui-se dessa forma um campo elétrico
entre a ionosfera e a superfície da Terra que atua no sentido de baixo para cima, ou seja, das cargas
positivas para as cargas negativas. No processo de formação das nuvens de tempestades, poderíamos
supor com boa aproximação a configuração descrita na figura abaixo.
Alguns fatores podem contribuir para a configuração elétrica da nuvem tal como a conhecemos.
Quando uma gotícula ou um cristal de gelo cai dentro de uma nuvem e fora dela, tem atrito com o ar e
termina “roubando” um ou dois elétrons (fenômeno semelhante aquele de carregar eletricamente a sola
dos sapatos por atrito contra um tapete, em ambiente seco, ou uma régua de plástico atritando-a com
um pano de flanela). Esta ação tão simples permite prever que uma nuvem bastante desenvolvida
termina perdendo cargas negativas (que estariam mais concentradas perto de sua base, por causa das
gotas ou cristais que caem), e seu topo fica carregado positivamente.
Outro fator é a densidade do átomo de oxigênio, que compõe juntamente com mais dois átomos
de hidrogênio a molécula do vapor d’água. Esta densidade é maior do que a densidade do átomo de
hidrogênio. Portanto, vemos que o átomo de oxigênio é mais pesado, por isso sua tendência é se
direcionar para a parte inferior da nuvem.
Considerando ainda o corpo da nuvem, outro fator que pode ser considerado é a carga do átomo
de oxigênio. Como sabemos, o oxigênio é um elemento mais eletronegativo do que o hidrogênio,
conseqüentemente, na estrutura elétrica da molécula de água, os elétrons dos dois hidrogênios tenderão
a ficar mais próximos do oxigênio, fazendo com que este possua uma carga negativa e aquele uma
carga positiva. Então, como a superfície da Terra está carregada positivamente e a ionosfera carregada
negativamente, teremos que, por atração coulombiana, os átomos de oxigênio se deslocarão para a base
da nuvem e os átomos de hidrogênio se deslocarão para o topo da nuvem. Assim, o campo elétrico
intranuvem contribuirá para o processo de polarização e posterior ionização da molécula de água.
Figura
IONOSFERA - - - - - -
+++++++++++++++++++
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SUPERFÍCIE DA TERRA + + + + +
Com isso vemos que a estrutura elétrica da nuvem se deve também a estrutura elétrica da
própria atmosfera que devido à atração coulombiana, contribui para este tipo de configuração elétrica.
REFERÊNCIA
LUTGENS, F. K. & E. J. Tarbuck, The Atmosphere. Third Edition. Prentice Hall, Inc., 1986.
LYNCH, D. K., Color and Light in Nature. Cambridge University Press. 1995.
DENDY, R., Plasma Phisics: An Introdury Course. Fisrt Ed. Cambridge University Press. 1993.
REITZ, J. R.; Milford, F. J. & Christy, R. W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Quarta Edição.
Editora Campus. 1982.