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Viviane Comunale
IA/UNESP
vcomunale@uol.com.br
Na década de 1960, a fazenda foi doada para o Estado de São Paulo pela última
herdeira, Celestina Novaes Antunes (1893-1976), e todo o mobiliário e documentos
foram incluídos na doação. Em 1969, o Solar dos Novaes foi tombado, mas isso não
1
Documento redigido pelo Conselho Superior de Magistratura.
significou a preocupação com a sua preservação. Somente na década de 1990, ele passou
para a administração da prefeitura de Cruzeiro, e o professor Vale assumiu sua direção.
É necessário salientar que estudar a região do Vale do Paraíba por meio de seus
documentos históricos é desafiador. Cidades como Lorena e Guaratinguetá lutaram para
manter preservados os fragmentos do passado de sua história. O professor Vicente Vale,
em depoimento à pesquisadora Silva (2016), relatou que apenas um grupo de notáveis 3
das cidades de Lorena e Guaratinguetá foram os únicos a se oporem a entregar seus
documentos para a salvaguarda em Cruzeiro. Ambas as comarcas se empenharam em
deixar sua documentação em seus arquivos municipais, mas uma decisão judicial foi
favorável ao envio da documentação para o museu em Cruzeiro.
O Museu Major Novaes abriga parte desta documentação, que falta organizar e
digitalizar as listas que apresentam o conteúdo em cada caixa armazenada. No presente,
esta questão descrita acima interfere na utilização do material e no ato da pesquisa, isso
porque, como o trabalho de pesquisa é manual, ocorre que na busca por determinado
documento, a lista indica um número de caixa e documentação que não condiz com o
conteúdo da caixa.
Mas cabe ressaltar que o espaço onde se encontra o arquivo está adequado e
organizado. As caixas estão acondicionadas em uma sala com ar-condicionado, nas
prateleiras, e estão em ordem alfabética – pelo nome das cidades e depois por números
atribuídos por eles.
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Sobre o fechamento do arquivo, desconhecemos a real motivação e o período em que ele permanecerá
fechado.
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Para a pesquisadora, não fica claro sobre quem eram esses notáveis na visão do Professor Vicente Vale,
mas podemos crer que o Instituto de Estudos do Vale (IEV) participou dessa mobilização.
para consulta em seu arquivo. Fomos surpreendidos em saber que não existia nenhum
arquivo e nem mesmo a biblioteca da cidade sabia do paradeiro desses documentos.
Um fato bem estranho, porque Silva (2016,:63) aponta, em sua dissertação, que a
Prefeitura de Bananal, durante a gestão da prefeita Miriam Bruno, do Partido Verde (PV),
solicitou o retorno desses documentos em 2013, após saber que o Museu Major Novaes,
mesmo com investimentos financeiros oriundos de projetos culturais, não conseguiu
preservar os documentos da forma adequada. A documentação então foi encaminhada
para uma sala do Solar Aguiar Vallim, ficando sob a responsabilidade da Secretaria de
Cultura e do Turismo do município representado por José Luiz de Moraes, que se
comprometeu a adaptar um espaço adequado para abrigar os documentos.
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Em depoimento à autora, a funcionária Rose conta que o que sobrou na cidade foi destruído depois na
Revolução Constitucionalista de 1932.
Em Lorena, a UNISAL - Centro Universitário Salesiano abriga o IEV - Instituto
de Estudos Valeparaibanos, que desde 1973 vem se preocupando com a preservação do
patrimônio histórico do Vale do Paraíba e do Litoral Norte:
E por fim, em Guaratinguetá, temos o Museu Frei Galvão, fundado em 1972 pela
escritora Thereza Maia. Localizado no Centro, é o arquivo de memórias da cidade, onde
se procurou reunir o maior número de trabalhos acadêmicos e científicos sobre a região e
a cidade. Além das fontes escritas, o museu abriga artefatos de vários períodos, desde
urnas e cestos do período da ocupação indígena a munições, armamentos, flâmulas e itens
de vestuário dos soldados que lutaram na Revolução de 1932 na região.
FICHA DE INVENTÁRIO
CEMITÉRIO
cemitério
Localidade
□ Centro
Identificação
Cemitério
■ Bairro
do
Estado de
Condição atual Tipo Delimitação
Conservação
Apresentação
delimitação
Informações adicionais
O Cemitério da Santa Casa de Misericórdia não apresenta uma ala dedicada ao enterro
dos inocentes, não identificamos o cruzeiro, mas em vários túmulos foram encontrados
espaços para a acender as velas aos entes queridos.
FICHA DE INVENTÁRIO
TÚMULO
Vista geral do túmulo Detalhe da alegoria na Tampo em mármore com
pilastra epitáfio
Registro Fotográfico do Túmulo
Data de
Nº de sepultados Nome Data de nascimento
dos sepultados
falecimento
Identificação
01
□ não identificado
Beatriz de Souza Vallim 22 de julho de 1877 14 de agosto de 1902
Conservação
■ Alvenaria □ Outros:
interno
□ Monumento □ Ferro
□ Ossário
horizontal _______
externo cívico
□ Ábaco □ Cruz de Malta □ Cruz c/ Cristo □ Fotografia □ Medalhão
□ Antic □ Cruz dentada □ Dentículo □ Frontão □ M.de Talão
□ Bandeirola □ Colarete ■ Epitáfio □ Fuste □ Obelisco
□ Botões □ Coroa □ Estrela de Davi □ Guirlanda □ Oratório
□ Arquitrave □ Cornija □ Faixa grega □ Garra □ Palmeta
Ornamentos
□ Âncora partida
□ Anjo orante □ Guardiã □ Galo □ Maçônico
flores
□ Louro □ Bigorna
Alegorias
□ Urna funerária
Informações adicionais
O túmulo de D. Beatriz de Aguiar Vallim, é um exemplar mais simples e não está
próximo aos outros túmulos de sua família. Filha do Coronel Luciano de Aguiar Vallim
e de D. Maria Laura de Vallim, era neta do Comendador José de Aguiar Vallim Filho,
que também repousa neste cemitério.
O estado de conservação do túmulo está regular, o único cuidado seria com o
tampo que encerra a cova, que está em deformidade, podendo se partir se for removido e
com isso se perderiam informações em seu epitáfio.
Túmulo
Registro Fotográfico do Túmulo
Algumas considerações
Referência bibliográfica
CARVALHO, Paulo Antonio de. Uma história sem imagem e marcada pelo desrespeito.
O impacto Cruzeiro, 19 março 2019. Disponível em:
http://www.oimpactocruzeiro.com.br/portal/index.php/impacto-da-historia/1306-dona-
fortunata-a-grande-mulher-da-fazenda-boa-vista . Acesso em: 15 de jan. de 2020.
CASTRO, Elisiana Trilha. Hier ruht in Gott: inventário de cemitérios de imigrantes
alemães da região da grande Florianópolis. Blumenau: Nova Letra, 2008. 302p.
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado.
4. ed. São Paulo: Espaço Liberdade - UNESP, 2006. 288p.
FARIA, Sheila Castro Faria. Fortuna e Família em Bananal no século XIX In:
CASTRO, Hebe Maria Mattos de & SCHNOOR, Eduardo (Org.) et.al. Resgate: uma
janela para o oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. 252p.
FUZZI, L. P. A morte patrimonial: O Cemitério dos escravos de São José do Barreiro.
Taubaté: Clube dos Autores, 2008. 181p.
SILVA, Cibele Monteiro da. Documentação cafeeira das cidades do fundo do Vale
do Paraíba paulista: a concentração e desconcentração da documentação cartorária e
judicial custodiada ao Museu Major Novaes - Cruzeiro/SP. Escola de Artes, Ciências e
Humanidades. São Paulo, 2016.