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A JUTIÇA DIVINA

A Preparação do Povo de Deus para os Últimos Dias no Livro de Ezequiel


Domingo, 27 novembro de 2022

GOGUE E MAGOGUE: UM DIA DE JUÍZO

(Aluno da Ferramenta EBD, leia o apêndice que preparamos para você no final do subsídio)

Acredito que essa seja uma das lições mais difíceis de se explicar do presente trimestre. No
entanto, agindo com prudência, não indo além do que está escrito e não tomando especulações
como verdades, o professor terá êxito em sua exposição. Vamos juntos aprender a palavra de Deus.

INTRODUÇÃO

Sobre o título da lição, faço o breve comentário: Deus julga todos aqueles que tentam destruir
o povo de Israel e a Igreja. A Bíblia e a história provam essa afirmação. Agora, vale ressaltar que
Deus não é juiz de desavenças privadas, ainda que ele possa intervir em situações particulares.
Todavia, alguns crenteloides querem fazer de Deus uma arma para vinganças pessoais. Devemos
tomar cuidado para não seguir o caminho daqueles que pronunciam sentenças e ameaças em nome
de Deus aos seus desafetos. Eu me lembro de um crente que orava para Jesus matar outro crente,
pedindo que acontecesse um acidente ou doença incurável. Quanta ignorância e perversidade. O
julgamento de Deus é justo, pois ele não é baseado na ira pecaminosa dos homens.

I. PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS PARA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PROFÉTICOS

1. O gênero profético e suas características. A profecia é um gênero bíblico mais amplo do que a
maioria das pessoas pensa. Muitos ligam a palavra profecia à ideia de futurologia. Mas em sua
grande parte, ela envolveu a proclamação dos preceitos, da vontade e da pessoa Deus aos povos e
a cultura que precisava ser transformada de modo a deixar de resistir à Palavra de Deus. Nesse
sentido, os profetas eram mais que videntes, eram também proclamadores. Robert B. Girdlestone
enumerou as características principais da profecia bíblica:

a. A profecia bíblica prevê de maneira clara as coisas que estão por vir, sem envolvê-las em
ambiguidades como faziam os oráculos das nações pagãs.

b. A profecia bíblica é destinada e pretendida para ser uma previsão e não uma declaração
retrospectiva, uma profecia não intencional, ou uma adivinhação que acabou acontecendo.

c. Ela é escrita, publicada ou proclamada antes da ocorrência da eventualidade e é um


acontecimento que não poderia ter sido previsto pela simples sagacidade humana.

d. Ela não causa seu próprio cumprimento, mas mantém-se como testemunha até que o
acontecimento tenha ocorrido.

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e. Uma profecia bíblica não uma previsão isolada, mas pode estar relacionada a outras
profecias e, como tal, torna-se parte de uma longa série de previsões, como é o caso da
relação entre Ezequiel, Daniel e Apocalipse.

2. Os subgêneros da literatura profética. Andreas J. Kostenberger e o Richard D, Patterson,


apontam os dois principais subgêneros da profecia, anúncios de juízo e oráculos de salvação.

a. Anúncios de juízo. Os anúncios de juízos são divididos em: Oráculos de ais; Lamento;
Processo de aliança.

b. Oráculos de salvação. Os oráculos de salvação são divididos em: Promessas de livramento;


Oráculos do reino; Apocalíptica; Relatos instrutivos; Debate; Discursos de
Exortação/advertência; Sátira; Máximas de sabedoria; Narrativas proféticas.

c. Subgêneros variados. Podemos enumerar as seguintes classificações: Relatos de visões e


sonhos; Cânticos e hinos proféticos; Orações proféticas; Cartas proféticas.

3. Chaves de interpretação.

1. Profecias incondicionais devem ser distinguidas de profecias condicionais.

a. Exemplo de profecia incondicional. As profecias incondicionais não dependem de forma


alguma da obediência ou do comprometimento humano para que venham a se cumprir. Por
exemplo, a promessa de Deus de uma dinastia, reino e domínio para Davi e seus
descendentes; a promessa de uma nova aliança profetizada por Jeremias (Jr 31.31-34); a
promessa de novos céus e nova terra (Is 65.17-19).

b. Exemplo de profecia condicional. A maior parte das profecias do Antigo Testamento é


condicional. A característica mais marcante dessas profecias é de que cada uma tem um “se”
ou um “a menos que”, quer apareça de forma explícita ou, como mais frequente,
implicitamente. Por exemplo: Se em algum momento eu decretar que uma nação ou um reino
seja arrancado, despedaçado e arruinado, e se essa nação que eu adverti converter-se da
sua perversidade, então eu me arrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que eu tinha
planejado. E, se noutra ocasião eu decretar que uma nação ou um reino seja edificado e
plantado, e se ele fizer o que eu reprovo e não me obedecer, então me arrependerei do bem
que eu pretendia fazer em favor dele. (Jr 18.7-10 NVI).

2. A segunda chave de interpretação relaciona-se com à função e à mensagem profetas. Os


profetas atuavam como advogados de acusação de Deus, culpando e alertando o povo que a
violação do concerto por eles teria serias consequências. A mensagem geral pode ser resumida em
três pontos:

a. Arrependimento. Você quebrou o concerto; é hora de voltar para Deus. O chamado ao


arrependimento, envolvia os pecados de idolatria, injustiça social e formalismo religioso.

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b. Julgamento. Romper a aliança tem consequências. Quando não havia arrependimento por
parte dos pecadores, Deus sentenciava o seu povo.

c. Esperança. Deus é fiel e irá trazer, por fim, uma nova e gloriosa restauração.

3. A lei da dupla referência. A Lei da Dupla Referência é simplesmente o reconhecimento de que o


cumprimento de determinada passagem das Escrituras pode não ter esgotado seu significado, mas
que pode haver um cumprimento maior e posterior da passagem. Muitas vezes ocorre que
determinada passagem das Escrituras pode ter uma referência dupla, uma imediata e local, e a
outra profética e bem distante. Exemplo:

Veja que caso interessante: QUANDO Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu
filho”. (Oséias 11:1)

a. Refere-se a Israel: Depois diga ao faraó que assim diz o Senhor: Israel é o meu primeiro filho.
(Êx 4:22 NVI), mas tem uma dupla referência com Jesus.

b. Isso pode ser comprovado lendo o evangelho de Mateus: E esteve lá, até à morte de
Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do
Egito chamei o meu Filho. (Mateus 2:15).

PARA REFLETIR

As profecias devem ser interpretadas com cautela e cuidado. Esse gênero bíblico provoca muita
especulação, e consequente, muitos equívocos teológicos e até heresias.

II. A PROFECIA DE EZEQUIEL CAPÍTULO 38-39.

1. O que o texto diz? Esta seção consiste em sete oráculos, cada um dos quais é introduzido pela
formula: Assim diz o SENHOR Deus (38:3-9, 10-13, 14-16, 17-23; 39:1-16, 17-24, 25-29).

Esses capítulos descrevem como Gogue, o príncipe-chefe de Meseque e Tubal, invadirá a terra de
Judá, vindo do Norte, para despojá-la e destruir o povo que, mais uma vez, está pacificamente
restabelecido na sua terra. O Senhor, porém, vindicará a Sua santidade massacrando os invasores,
de modo que seus cadáveres ficarão espalhados nos montes de Israel como presas para as feras, e
seus restos mortais levarão sete meses para serem enterrados no Vale das Forças de Gogue.

Ora, a ideia de uma enorme batalha escatológica entre as forças do mal, ou o Norte, e o povo fiel de
Deus, não era nova. Ezequiel tinha consciência de que falava de um cumprimento de eventos que
porta-vozes anteriores profetizaram. (38.17; 39.8), e suas palavras ecoavam a linguagem de outros,
especialmente Jeremias (Jr 4.5-6:26; cf. Jl 2.20).

Uma palavra de cautela deve ser dita acerca da interpretação destes dois capítulos. A linguagem é a
linguagem apocalíptica: em grande medida, é simbólica, e às vezes deliberadamente obscura e até
mesmo enigmática. As tentativas de atribuir significados demasiados aos detalhes incidentais da
profecia, revelam a engenhosidade do especulador mais do que a sobriedade do exegeta.

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2. Quem é Gogue? O texto bíblico nos diz: Filho do homem, dirige o rosto contra Gogue, terra de
Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal, e profetiza contra ele. (Ez 38.2 ARC). O próprio
texto bíblico explica que se trata do governante de Meseque e Tubal, da terra de Magogue. Muito se
tem discutido sobre a identidade histórica desse personagem, as principais especulações são:
Enciclopédia Judaica identifica Gogue com o rei Gyges (Giges), também conhecido como Gogo, da
Lídia, região da Anatólia, na atual Turquia asiática. Outros arriscam que seja Alexandre, o Grande;
Antíquico Epifânio. Alguns estudiosos afirmam a descrição profética parece indicar um título, como
“Faraó”, no Egito; “Xá”, na antiga Pérsia; “César”, em Roma, e não o nome pessoal de alguém.

No contexto escatológico, há varias especulações: Alguns estudiosos dizem que Gogue é um título
que pode ser atribuído ao anticristo, outros, no entanto, dizem que Gogue é um líder influente que
vai organizar um ataque a Israel.

Essa incerteza não deve ser um problema para nós igreja, já que não estamos focados na
identidade da pessoa e sim no que ela vai fazer e no que Deus fará com ela e seu aliados.

3. Quem é Magogue? Duas informações diferentes são dadas a respeito de Magogue. Em Gênesis
é um nome de uma pessoa e em Ezequiel, é o nome de um lugar. O Pr Antônio Gilberto nos diz em
seu livro, o Calendário da Profecia: “Magogue, Meseque, Tubal são regiões primitivamente
ocupadas pelos citas e tártaros, correspondendo hoje à moderna Rússia. Josefo declara que
Magogue ocupa a região dos citas e tártaros (Josefo, Vol. I. 6.1)”.

No contexto escatológico, há muita especulação: Dizem os especuladores que Magogue


corresponde a Rússia, Pérsia ao Iran, Gomer a Alemanha, Togarma a Turquia e Pute ou Etiópia aos
estados Árabes.

Todavia, o professor responsável da Escola Dominical não ir além das Escrituras. Não podemos
tomar especulações como certeza. O que podemos afirmar com convicção é que uma confederação
de nações se reunirá para atacar Israel.

3. Quando será essa invasão (guerra escatológica)? O texto bíblico, mais uma vez, nos revela a
resposta: Depois de muitos dias, serás visitado; no fim dos anos, virás à terra que se retirou da
espada e que veio dentre muitos povos aos montes de Israel, que sempre serviram de assolação;
mas aquela terra foi tirada dentre os povos, e todos eles habitarão seguramente. Então, subirás,
virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas
tropas, e muitos povos contigo. (Ez 38.8,9 ARC).

No âmbito da escatologia, não há consenso quanto ao momento exato em que essa invasão irá
acontecer. As principais teorias são:

a. No milênio. Essa posição é defendida por um estudioso muito renomado chamado Roger
Liebe.

b. Antes ou no início da grande tribulação. Antônio Gilberto, J. Dwight Pentecost, Tim LaHaye
e outros comentaristas defendem essa linha de pensamento.
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4. Ezequiel 38-39 e Apocalipse 20.8 falam do mesmo evento?

a. Uma escola teológica tende a simplificar as coisas ao dizer que Apocalipse 20.8 é o
cumprimento de Ezequiel 38-39.

b. A escola dispensacionalista é mais complexa, pois distingue os dois eventos, mas acaba
tomando múltiplas direções. Por exemplo, uma ala dispensacionalista diferencia os seguintes
eventos: (1) Ezequiel 38-39 como uma invasão que Israel sofrerá no inicio da grande
tribulação; (2) O Armagedom no final da Grande Tribulação; (3) e no final do milênio, haverá o
Gogue e Magogue, o último levante de Satanás.

Um segundo seguimento, dentro do dispensacionalismo entende que Ezequiel 38-39 são


distintos da guerra de Armagedon, mas não distinguem o Armagedon de Gogue e Magogue
mencionado em Apocalipse 20.8.

PARA REFLETIR

O meu conselho é que o estudante não deve se apegar cegamente a especulações e nem dar a
máxima importância a essas conjecturas que significância secundária para igreja.

As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para
nossos filhos (Dt 29.29 ARC).

III. A REVELAÇÃO DE QUEM DEUS É NO TEXTO PROFÉTICO DE EZEQUIEL.

Quais as verdades que essa profecia revela sobre Deus que podem ser aplicadas no tempo
presente para edificação da igreja?

1. Deus é comunicável e revela seus planos e desígnios ao seu povo. Veio mais a mim a
palavra do Senhor, dizendo: (Ez 38.1 ARC).

2. Deus é inimigo de quem é inimigo do seu povo. Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e
chefe de Meseque e de Tubal. (Ez 38.3 ARC).

3. Deus governa soberanamente sobre todos os reinos da terra. Em Ezequiel 38.4-13, Deus se
revela como aquele que conhece antecipadamente as intenções e as estratégias dos inimigos de
seu povo. O que os inimigos pensam que será uma grande vitória, Deus enxerga como uma
oportunidade de revelar a sua grandeza.

4. Muitas vezes, os ataques e levantes de inimigos são um meio de Deus se revelar e se


fazer conhecido de seu povo. Nos dias vindouros, ó Gogue, trarei você contra a minha terra,
para que as nações me conheçam quando eu me mostrar santo por meio de você diante dos olhos
deles. (Ez 38.16 NVI).

5. Deus é onipotente. Ezequiel demonstra isso por meio das ações de Deus na batalha (Ez 38.17-
23). Ele todo poderoso e tem total controle sobre os elementos da natureza. Dizer que Deus é

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onipotente é o mesmo que afirmar que sua vontade é realizada, que não há limites sobre o que ele
decide fazer.

6. Deus é vitorioso nas batalhas. Ezequiel nos mostra que Deus torna inoperante as armas do
inimigo (Ez 39.3). O poder bélico das nações não impressiona a Deus.

7. Deus trabalha em prol da restauração de seu povo. Ezequiel 39.25-29 é uma mensagem de
esperança. Por mais que o cenário mundial e atual tenha uma aparência catastrófica, podemos
confiar que Deus está no controle de todas as coisas trabalhando para o bem de seu povo.

CONCLUSÃO

Expresso nossa gratidão a todos os alunos que nos acompanham por meio da Ferramenta
EBD e do YouTube. Nesta lição, aprendemos muito sobre o cuidado que se deve ter ao interpretar
uma profecia. O professor que se preparou, foi capaz de mostrar aos alunos que Deus está no
controle da história e que ele anuncia o fim desde o começo.

Alunos da Ferramenta EBD, leiam o pequeno trecho abaixo que separamos exclusivamente
para vocês. Forte abraço.

ABRA A JAULA

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