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Universidade do Estado do Amazonas – UEA

Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – CESIT

“Açaí do Amazonas: do plantio à tigela”

Itacoatiara – AM
2022
Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – CESIT

Humberliene Barbosa Ribeiro


Jaylene Marques da Silva
Sebastiana Monteiro Braga Neta

“Açaí do Amazonas: do plantio à tigela”

Trabalho para obtenção de


nota na disciplina de
Comercialização de Produtos
Florestais, ministrada pela
professora Andressa Vitória.

Itacoatiara – AM
2022
Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – CESIT

1. Apresentação
A região amazônica apresenta uma grande diversidade de espécies
frutíferas nativas com potencial para exploração econômica. Dentre essas
espécies, o açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) vem ganhando maior importância
econômica na fruticultura regional (MELO., 2021). Esse fato se deve ao
crescente consumo da polpa de açaí nos últimos anos, tanto no mercado
nacional, como no cenário internacional.

O potencial econômico da cultura do açaí tornou-se mais conhecido no


Brasil a partir dos anos 2000, devido ao maior conhecimento de suas
propriedades nutritivas, o que levou ao aumento da demanda no mercado (IBGE,
2015).
Segundo estatísticas do instituto de desenvolvimento agropecuário florestal
sustentável do Amazonas (Idam). O Amazonas produziu 69 mil toneladas de
frutos de açaí em 2018. Este alto consumo impulsiona empresários a investir no
setor para atender a demanda local e também abastecer supermercados e
restaurantes de outros estados.
A produção de frutos, além de ter uma grande importância na indústria
alimentícia, contribui também na indústria de cosméticos, de fármacos. Outras
partes do açaizeiro também possuem fins econômicos, como o estipe para a
extração de palmito e celulose, e ainda tem a possibilidade de comercializar
sementes, como subproduto, principalmente para o mercado de artesanato
(NETO et al., 2010).

Com isso, Açaí do Amazonas: do plantio á tigela, tem como objetivo


preparar e oferecer a região de Itacoatiara no estado do Amazonas, experiências
degustativas repletas de qualidade e pontualidade, onde contará com o plantio
e a indústria de processamento e embalagem.

O pré-projeto prevê a comercialização com excelência de polpas de açaí,


de forma sustentável e lucrativa, aliada à preservação do meio ambiente em
contribuição com a sociedade local e o desenvolvimento regional,
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proporcionando renda e o bem-estar das comunidades e atendendo às


necessidades dos seus clientes e fornecedores, bem como assegurando
resultados que possibilitem a expansão e o aprimoramento das suas atividades.

2. Justificativa
A produção de Açaí no estado do Amazonas, possui uma grande
importância econômica, social e ambiental, visto que está inserido na
alimentação da população, sendo consumido durante as refeições como
complemento ou prato principal, fato que justifica a necessidade de elevar a
produção na região. Além disso, a extração do fruto demanda grande
contingente de mão de obra e habilidades para o manejo e colheita (HOMMA,
2014).

O crescimento da comercialização da polpa processada de seus frutos


tem contribuído para o aumentado de plantios dessa palmeira em áreas de terra
firme, especialmente nas degradadas, colaborando com o desenvolvimento
sustentável dessa espécie.

Além disso, sua polpa é utilizada para produzir sucos, sorvetes, mix de
frutas e consumida in natura. As propriedades antioxidantes do açaí o incluem
no grupo de alimentos funcionais para a prevenção de doenças relacionadas ao
estresse oxidativo. Por isso é uma necessidade tão grande de se integrar na vida
diária das pessoas.

3. Metodologia
3.1. Localização

A cidade de Itacoatiara situa-se no Médio Amazonas e faz parte da Região


Metropolitana de Manaus, sob a Lei Complementar nº. 52 de 30 de maio de 2007.
Limita-se ao norte Itapiranga e Silves ao Oeste Maués e Urucurituba ao Sul
Autazes, Careiro da Várzea e Nova Olinda do Norte e ao Leste Manaus e Rio
Preto da Eva. O acesso ao município de Itacoatiara é pela rodovia AM-010, com
extensão de 269 Km é o principal eixo de ligação de Itacoatiara com os
municípios de Rio Preto da Eva e a capital do estado, Manaus. Tem como
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coordenadas geográficas em sua sede, 03°08'34" de latitude sul e 58º26'00" de


longitude a oeste e localiza-se à margem esquerda do Rio Amazonas, e fica mais
precisamente a 270,7 km de distância da capital Manaus.

3.2. Área de produção

Solo

São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos como


resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Sua
característica definidora é a presença de B latossólico imediatamente abaixo de
qualquer horizonte A dentro de 200 cm ou 300 cm, caso o horizonte A possua
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mais de 150 cm. Os solos são virtualmente destituídos de minerais primários ou


secundários menos resistentes ao intemperismo e tem capacidade de troca de
cátions da fração argila baixa, inferior a 17 cmolckg-1 de argila sem correção
para carbono, comportando variações desde solos predominantemente
cauliníticos até solos oxídicos. São normalmente muito profundos, sendo a
espessura do solum raramente inferior a 1 m. Têm sequência de horizontes A-
B-C com pouca diferenciação de sub-horizontes e transições usualmente difusas
ou graduais.

No município, são descritos por Silva (2003) como dominantes os


seguintes solos: Plintossolo Háplico, Gleissolo Háplico e Neossolo Flávico,
principalmente.

Relevo

Segundo IBGE (1990), o relevo desta área é relativamente homogêneo,


sem desníveis topográficos acentuados, incluindo a Planície Amazônica restrita,
geralmente apresentam padrão dendrítico, plano a suave ondulado.

O relevo é um planalto dissecado, com platôs levemente inclinados e


áreas íngremes limitando estas florestas. As encostas têm em média de 5 a 20
m de profundidade, com declividade em torno de 100 a 400. O ponto topográfico
mais alto está a 128 m e o mais baixo a 40 m (RIMA, 2004).

Clima

Predomina o clima do tipo Subtropical Úmido, tipo Cfb (Köppen)


mesotérmico, apresentando verões suaves e invernos com geadas severas e
freqüentes. As chuvas ocorrem geralmente em todos os meses, não
apresentando estação seca. Densidade Pluviométrica A precipitação média
mensal é de 115mm e a média anual é de 1.700mm.

Vegetação

O município de Itacoatiara – Amazonas, possui um ecossistema


considerado típico da Região Amazônica, caracterizado pela presença de três
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formações florestais bem definidas, segundo Embrapa (2003), tais como:


Floresta equatorial subperenifólia, Floresta equatorial higrófila de várzea e
Floresta equatorial hidrófila de várzea.

Floresta equatorial subperenifólia: esta formação ocorre nos interflúvios


planálticos das terras baixas, com altitudes variando de 5 a 100 metros. Na
região, encontra-se várias formas de relevo, desde o plano até o forte ondulado.
Dominam os ambientes desta floresta, os Latossolos e Argissolos, com
características distróficas, originados de sedimentos do Terciário Barreiras.

Essa vegetação é caracterizada pela exuberância de sua cobertura


vegetal, com predomínio de árvores de grande porte, emergentes. Sua
composição florística é variada em espécies arbóreas, cujos indivíduos
apresentam grandes copas e troncos altos e retilíneos, suportando quase
sempre enormes lianas.

Na propriedade em geral a predominância da vegetação é classificada


como floresta secundária tardia onde no ambiente ocorre um elevado aumento
de luz, temperatura do ar e do solo, havendo um maior crescimento da vegetação
com predominância de samambaias, lacres, embaúbas, pouca predominância
de cipós secos e em competição com os indivíduos arbóreos, presença de
espécies de ambientes estabilizados em estado de clímax, com fustes tortuosos
e copas irregulares.

Fauna

É uma área que possui uma fauna rica e diversificada. As principais


espécies encontradas são: Aves: Pintacilgo, Azulão, Papagaio do Peito Roxo,
Canário da Terra, Gralha Azul, Pica-Pau e Harpia (em extinção) Mamíferos:
Paca, Capivara, Veado Pardo, Irara (espécie de roedor), Raposa, Tatu, Gambá
e Jaguatirica. Peixes: Traíra, Lambari, Carpa (diversas espécies), Tilápia,
Corimba, Pintado e Bagre Africano. Além de uma infinidade de insetos e animais
peçonhentos; principalmente cobras (Jararaca), aranhas e escorpiões.
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3.3. Matéria-prima
O Açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) segundo Oliveira (2002) é uma
palmeira cespitosa, com até 25 estipes por touceira em diferentes estágios de
desenvolvimento. Os estipes da planta adulta apresentam altura variando entre
3m a 20m e diâmetro variando de 7 cm a 18 cm, sustentando, em sua porção
terminal, um conjunto de 8 a 14 folhas. As folhas apresentam comprimento de
até 3 metros. São compostas de pinadas de arranjo espiralado, com 40 a 80
pares de folíolos, opostos ou sub-opostos e inseridos em intervalos regulares.

A produção do açaí, gera uma diversidade de matéria-prima. Seus frutos


são utilizados na obtenção da bebida denominada de “açaí”, um refresco de
consistência pastosa, obtido por extração mecânica (em máquinas
despolpadoras) ou manual. Além da forma tradicional de consumo, a polpa de
açaí também é usada na produção industrial ou artesanal de sorvetes, picolés e
na fabricação de geleias.

Nos últimos anos, diversas outras formas de apresentação do produto têm


surgido no mercado, tais como: o açaí pasteurizado, o açaí com xarope de
guaraná, o açaí em pó, o doce de leite com açaí, a geléia e o licor de açaí (NETO,
2010).

O tronco do açaí também pode ser utilizado como vigas de estrutura de


casas do interior de áreas rurais, pode produzir palmito através do meristema
apical do açaí, além de ter a possibilidade de comercializar sementes, como
subproduto, principalmente para o mercado de artesanato (biojóias).

3.4. Produção
O sucesso da Açaí do Amazonas: do plantio á tigela, se dará através de
muito esforço, dedicação e um rigoroso controle de qualidade, passando por
todas as etapas de produção:

3.4.1. Plantio/Colheita
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O manejo e plantio do açaí proporciona controle da cultura, permite o


planejamento da colheita e a seleção dos frutos com a manutenção adequada
para o processo.

Para começar, a semente do açaí será plantada em uma área destinada


para o processo de germinação - o que ocorre no período de 30 ou 45 dias.
Depois disso, a semente germinada ainda é guardada por pelo menos mais um
mês até o plantio de fato. Passado esse tempo, a semente finalmente será
cultivada no campo, onde levará até 7 anos para crescer bem e gerar os
primeiros cachos de açaí. O período de safra dessa fruta, ocorre entre janeiro e
início de agosto.

3.4.2. Colheita/Transporte

Após o surgimento dos cachos nas palmeiras, é realizada a colheita e,


então, os frutos são transportados em grandes caixas - encaminhados para um
setor específico da indústria. Nesse local, eles passarão por um processo mais
detalhado de lavagem e separação.

3.4.3. Processo de Lavagem

Chegando nessa nova área industrial de produção, os frutos serão


lavados em tanques com água clorada (um processo que leva por volta de 30
minutos) e, depois, são peneirados. Em seguida, ocorre uma nova lavagem, que
serve especificamente para a retirada do cloro. Por fim, o açaí é armazenado em
um outro tanque de água, onde aguardará até o processo de despolpamento e
congelamento.

3.4.4. Despolpamento e congelamento do açaí

Após a lavagem, os frutos são encaminhados para uma máquina


"despolpadeira" que serve para separar a polpa das sementes com mais rapidez.
Em seguida, a polpa é encaminhada para os setores de embalagem e
congelamento. Depois de todo esse processo, o açaí já está pronto para ser
distribuído e vendido em diferentes locais do Brasil. Embora o açaí seja mais
produzido e vendido em forma de polpa, existem setores da indústria que
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também extraem o pó da fruta para diferentes fins (produção de cosméticos ou


diferentes alimentos).

4. População beneficiada
Em Itacoatiara - AM, os produtos serão fornecidos para clientes que
tenham interesse em comercializar nossos produtos. Podendo ser eles:
supermercados, máquinas de venda, lojas de conveniência, restaurantes, casas
de açaí, entre outros. Com o intuito de gerar economia dentro da cidade,
contribuindo para geração de renda da população local.

5. Meios de comercialização
Os insumos necessários ao cultivo do açaí e ao processamento dos frutos
em geral são encontrados nos mercados locais. O crescente interesse pela
cultura provavelmente favorecerá ainda mais essa disponibilidade em termos de
quantidade e qualidade.

A polpa do açaí é comercializada à temperatura ambiente, sendo então


consumida imediatamente. Quando se destina aos comércios distantes, a polpa
é congelada, porém essa técnica de conservação provoca danos ao alimento,
como perdas nutritivas, que modificam as propriedades originais. O maior
volume de açaí é comercializado após o seu processamento, sem resfriamento
e ou congelamento.

As polpas podem ser comercializadas em embalagens de diferentes


tamanhos, variando de acordo com o tipo de consumidor a que são destinadas.
O preço médio de atacado para o quilo da polpa é de R$ 5,00, enquanto que
para o consumidor final pode chegar a R$ 15,00. A embalagem também pode
ser de 100 gramas ou de acordo com a necessidade do cliente. As variações do
preço do açaí, em sua grande parte, são determinadas por períodos de safra,
contudo existem eventos específicos que podem gerar significativa variação de
preço entre cidade próximas do mesmo estado e mesmo em distintos locais de
compra.
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6. Referências
HOMMA, A. K. O. Extrativismo vegetal na Amazônia: história, ecologia, economia
e domesticação. Brasília, DF: Embrapa, Amazônia Oriental, Belém. 2014. 468p.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pará: produtos da extração
vegetal e silvicultura, 2015. Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas>. Acesso em: 05/06/2021.

MELO, G. O cenário da produção do açaí (Euterpe spp) no estado do Amazonas.


Brazilian Journal of Development, Curitiba v.7, n.7, p.71536-71549 jul.2021.
NETO, J. Cultivo, processamento, padronização, e comercialização, do açaí no
Amazonas. Semana da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria – FRUTAL
AMAZÔNIA/X Flor Pará, Belém, 2010.

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