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Vodu Haitiano

Março 21, 2011 por Hùngbónò Charles

O termo Vodun aplica-se aos ramos de uma tradição religiosa teísta-animista baseada nos ancestrais, que tem as suas
raízes primárias entre os povos Fon-Ewe da África Ocidental, no país hoje chamado Benin, anteriormente Reino do Daomé
ou Dahomey, onde o vodu é hoje em dia a religião nacional de mais de 7 milhões de pessoas.
Além da tradição fon, ou do Daomé, que permaneceu em África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no
Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico de escravos africanos.
Para além do Benin, o vodu afric póano e as práticas que dele descendem podem ser encontrados na República Dominicana,
Porto Rico, Cuba, Brasil, Gana, Haiti e Togo. A palavra vodun é a palavra Fon-Ewe para ldivindade.
A tradição Fon mais ou menos “pura” de Cuba é conhecida como La Regla Arara.
No Brasil, a tradição Fon dos antigos escravos deu origem à tradição conhecida como Candomblé Jeje.
Chamado Sèvis Gine ou “serviço africano” no Haiti, o Vodu Haitiano tem também fortes elementos dos povos Ibo, Congo
da África Central, e o Yoruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou “nações” da África têm representação na
liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios Taíno, os povos originais das ilhas agora conhecidas como Hispaniola.
Formas crioulas de Vodu existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados
Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da
diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, Candomblé no Brasil,
todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

Loas ou Lwas

Loas ou Lwas são os espíritos do Vodu. Os Loas do Vodu haitiano são divididos em Famílias que são:

Família Rada

A Família Rada é composta de Loas antigos e ligados à criação. São daomeanos. A cor cerimonial é o Branco. Dentre eles
encontramos:

Papa Legba: loa da ligação entre os homens e os loás, é o primeiro a ser saudado nas cerimônias de Vodu. No Brasil é
conhecido como Vodum Legba e tem praticamente as mesmas atribuições.
Ayizan Velekete: loa ligada a iniciação vodu e considerada a mulher de Papa Loko. No Brasil encontramos Vodum Ayizan que
está ligada a Terra e aos ancestrais e cujo nome significa “esteira da terra”.
Papa Loko: é o loa da iniciação, assim como Ayizan, e habita a árvore sagrada do Vodu. No Brasil é conhecido como Vodum
Loko.
Dambalah: é o loa serpente ligado a criação, casado com Aido Wedo e Ezili Freda.
Aido Wedo: serpente do arco-íris, casada com Dambalah.
Met Agwe (Maitre Agwe): loa do mar, casado com La Siren e Ezili Freda e namorado de Aido Wedo. Dizem que quando o
arco-íris toca o mar Agwe está nos braços da amada. Também é conhecido um Vodum com o nome de Agboe.
La Siren (Erzuliê La Sirene): loa cujo nome significa “A Sereia”, é considerada a Maitresse Dlo (Senhora das Águas) é a
esposa de Agwe e pode ser associada tanto à Naeté quanto a Yemanjá.
Ezili Freda Dahomey (Erzuliê Freda): é a loa da beleza, da vaidade e do amor. Leva três alianças, uma para cada marido
(Dambalah, Agwe e Ogoun). É muito elegante e pode ser comparada com Oxun.
Azaka: loa da agricultura e da humildade. Na representação muito se parace com os pretos velhos da umbanda.
Bossu: é touro de três chifres, muito agressivo.
Silibo: loa muito parecido com Nanã Buruku.

Família Ogoun

Formada por loas nagôs ou yorubas. Todos levam o primeiro nome Ogoun:

Ogoun Feraille: é o loa ferreiro e guerreiro.


Ogoun Shango: é o loa justiceiro (Xangô)
Ogoun Ossange: ligado as ervas e a medicina (Ossaim)
Ogoun Djansan: loa semelhante a Iansã
Ogoun Oshala: Oxalá.

Família Ghede

Formada pelos loas mortos (almas), incluindo o Baron e a Maman Brigitte. São extremamente rudes e obsenos. A cor
cerimonial é o purpura e o preto. O Baron é o pai ancestral da Família tendo quatro qualidades principais:

Baron Samedi: é o chefe de todos. Marido de Maman Brigitte. Habita a cruz cerimonial dos cemitérios.
Baron Cemitiére: é representado como um coveiro.
Baron La Croix: é o mais refinado e educado, ligado ao mistério da morte.
Baron Kriminel: é o mais agressivo.
Maman Brigitte é a mãe dos loas ghede.

Família Petro

Depois do Rada e do Ghede resta uma parte da cerimônia dedicada para os loa do grupo Petro.
Estes loa são predominantemente do Congo e de origem ocidental.
Sua cor cerimonial é vermelha.
Eles são considerados ferozes, protetores, mágicos e agressivo para com os adversários. Alguns deles:

Ezili Dantor (Erzuliê Dantor): é uma loa velha e dedicada aos filhos, é porém muito agressiva. Tem o rosto coberto de
cicatrizes, marca da rivalidade com a prima e vizinha Ezili Freda, lembrando a luta entre Oxun e Obá.
Marinete Bwa Chec: loa ligada tanto a prisão como a liberdade. Dizem que em vida ela foi uma Mambo (sacerdotiza) que
matou um porco para Erzuliê Dantor no final da Guerra do Haiti, libertanto seu povo.
Karrefour ou Kalfour: é o lado obscuro de Legba. Dizem que quando Karrefour entra na cerimonia, todo o mal entra com
ele.
Simbi: é um loa ligado a ancestralidade e a antiguidade. Muito misterioso é um loa que vem do Congo.

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