Você está na página 1de 3

José Amorim estava deitado em seu quarto, com fome.

As suas tripas
faziam um barulho tão alto que ele acordou colocando a mão na barriga.
Ele pensou consigo mesmo: vou beber um pouco. Ele começou a
procurar uma garrafa de bebida alcoólica dentro do quarto, revirou tudo.
E não encontrou nada.
Eu preciso beber, eu preciso beber. Ele repetia em sua cabeça. José
Amorim começou a ver que debaixo da cama havia uma garrafa de pinga.
Ele abriu um sorriso e se jogou no chão esticando os braços para
alcançar a bebida. Ele alcançou e colocou logo o gargalo na boca, mas
José percebeu que não desceu nenhum líquido, quando ele olhou
novamente para a garrafa percebeu que aquilo na verdade era um rato
morto, com a língua para fora totalmente babado e podre. José vomitou
ali mesmo no chão do quarto.
Ele decidiu ir até a cozinha procurar bebida ou se der sorte algo para
beber. Ele abriu todos os armários e não encontrou nada. No chão ele viu
algo se mexer, um caranguejo. José estava com muita fome, então
colocou uma panela com água para ferver e pegou algo para matar o
caranguejo.
Primeiro tentou com uma faca, mas o caranguejo se mexia
loucamente indo para longe da faca. José conseguiu acertar o bicho
algumas vezes em sua pata, mas não adiantou, pois o bicho ainda estava
vivo. Deixou a faca em cima da mesa com o cabo para fora.
A irmã mais velha de Fran estava voltando às pressas para casa, ela
havia ficado muito preocupada com a menina por ela ter ficado sozinha
com o pai.
José, atordoado e com fome, só conseguia ouvir as vozes em sua
cabeça falando.
ーAmarre o caranguejo, e depois der uma martelada bem forte. Amarre o
caranguejo José.
Então José pegou uma corda e amarrou o caranguejo, ele ficou
impossibilitado de se soltar mesmo com aquelas garras enormes.
A irmã de Fran estava muito perto da casa quando ouviu gritos
agudos, parecidos com de criança. O vizinho saiu do lado de fora e
perguntou:
ー O que está acontecendo na sua casa?
A garota só conseguiu responder com os olhos arregalados e
calmamente:
ー Chama a polícia.
A menina correu.
Dentro da casa, o caranguejo tentava se soltar, mas José não
permitia. Foi até sua caixa de ferramentas e pegou um martelo grande e
bem pesado. Ele voltou para a cozinha e o caranguejo ainda estava lá.
Então, José se ajoelhou, estralou o pescoço e ouviu a voz dizer:
ー Desce o martelo com força.
Então ele ergueu o martelo.
ー Ei! ー A irmã de Fran gritou na cozinha.
Ela aterrorizou quando viu a pequena e doce Fran, amarrada,
machucada nos braços e na cabeça com alguns cortes de facas. José
estava em cima da menina pronta para matá-la com uma martelada bem
forte.
ー Olha só Joséー a voz dizia ー olha o tamanho desse peixe na sua
frente.
E José viu que ali tinha uma tilápia enorme e suculenta.
ー Solta a minha irmã.
A menina disse, mas José não ouvia.
ー Primeiro eu mato esse caranguejo ー ele disse apontando para
Fran ー depois eu mato esse peixão. ー Apontou para sua outra filha.
Fran gritou assustada.
ー Seu desgraçado!
Então a menina correu na direção de José na tentativa de tirar o
martelo da mão dele.
ー Mate o peixe José.
E os dois começaram uma luta corporal, que acabou com a garota
mais velha imobilizada por José, que desferiu marteladas contra a garota
que desviava fazendo com que o piso se quebrasse.
ー Mate o peixe José.
ー Eu não consigo.
ー Vamos seu idiota é apenas a merda de um peixe!
ー Me solta seu desgraçado.
A menina tentava se livrar, mas José não deixava.
Fran gritava.
A sirene da polícia se aproximava.
E a menina estava entre a vida e a morte.
Então ela viu seu momento de salvação. Uma faca que estava ali perto
na mesa, com o cabo virado para fora. Ela precisava se livrar. Por isso
deu um chute no saco de José que parou de tentar acertá-la por um
tempo.
ー Não! ー Ele disse puxando a garota de volta e batendo a cabeça
dela com força no chão.
A menina gemeu com a batida.
ー Você não vai escapar de mim. ー Ele diz sorrindo e se preparando
para bater o martelo na cabeça do peixe.
A menina então diz com raiva e com as veias do pescoço saltando:
ー Vai pro inferno!
É então que ela pega a faca, que conseguiu pegar no momento em que
ela machucou José, e enfia no pescoço de José, em cima de uma artéria.
E assim o sangue jorra para todo o lugar. A cara da menina está suja de
sangue, o chão, tudo está manchado.
Ela livra Fran daquelas cordas e abraça a irmã, que estava se
tremendo e chorando muito. A irmã mais velha olha para o corpo de
José totalmente ensanguentado com um ferimento no pescoço, a boca
entreaberta e os olhos pretos com duas pérolas negras vidrados nas duas
irmãs que ali estavam, abraçadas e aliviadas. Pois o sofrimento havia
acabado.

FIM.

Você também pode gostar