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EXTRAÇÃO FLORESTAL

Luís Carlos de Freitas


1. INTRODUÇÃO

A operação de extração refere-se à movimentação


da madeira desde o local de corte até a estrada,
carreador ou pátio intermediário.

Existem alguns sinônimos para a operação de


extração, muitas vezes em função do modo como
ela é realizada ou tipo de equipamento utilizado,
podendo ser citados os mais comuns como baldeio,
arraste, transporte primário.
Baldeio

A madeira no baldeio é transportada apoiada sobre


uma plataforma, como, por exemplo, um trailer ou um
trator auto-carregável (“forwarder”).
Arraste

A operação de arraste implica em que parte ou o


todo da carga esteja apoiado sobre o solo, podendo
ser feita por guinchos ou trator arrastador (“skidder”),
entre outros.
Transporte primário

A conceituação de transporte primário refere-se a


esta primeira movimentação da madeira até um
ponto onde a mesma será transferida para veículos
que farão o transporte final, chamado de “principal”,
da floresta até o centro de consumo.
2. FATORES QUE INFLUENCIAM A EXTRAÇÃO

A extração de madeira é um dos pontos críticos da


colheita florestal, exigindo um planejamento
detalhado da operação de maneira a empregar os
equipamentos próprios dentro do sistema mais
indicado de trabalho.
Os principais fatores que influenciam esta
operação são:

 Densidade do talhão

 Topografia
 Tipo de solo
 Volume por árvore

 Distância de extração
3. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO
3.1 Manual
 Manual propriamente dito
Consiste num método rústico, no qual a madeira
(toretes) é tombada para as margens das estradas de
forma manual.
Pode ser utilizado nos primeiros desbastes de Pinus
spp, devido a falta de espaço para a entrada de
máquinas e, também, no corte raso, no caso de áreas
acidentados de difícil mecanização.
Características

 Toras de pequenas dimensões (2,20 metros);

 Pequenas distâncias de transporte (máximo 70 metros);

 Grande exigência de esforço físico;

 Altos riscos de acidentes;

 Baixo impacto ambiental (menos poluente).


 Baixo rendimento (entre 10 a 12 st/homem.dia ).
Grade ± 20%

Grade 0%

Grade ± 10%
Produção
m³/dia
2 homens

Distância média
de transporte (m)
Rendimentos de transporte primário com equipe de
dois homens (Fonte: FAO, 1974 )
Operação de extração dos toretes por tombamento
manual (Fonte: Oliveira, 2003)
 Calhas

São estruturas de tamanho variável, geralmente


metálicas ou de fibra de vidro, que permitem o deslize
de toras semicanalizadas por meio da gravidade.
Características:
 Exigem topografia acidentada (mínimo 40%);
 Restrito ao sistema de toras curtas;
 Exige bastante tempo na montagem, desmontagem
e transporte do material (10 a 20% ).
 Montagem entre 100 a 200 metros engloba uma
faixa de retirada de madeira entre 12 e 14 metros
de largura.

Rendimento operacional: 25-40st/equipe.dia


(3 homens).
Extração de toretes utilizando calhas

Fonte: FAO
 Argolões
Características:
 Capacidade de extração de um estéreo por viagem;
 Diâmetro médio em torno de um metro;
 Distância máxima: 180 metros;
 Baixo custo operacional;

 Falhas com relação à segurança no trabalho;

 Método rústico de extração de madeira.


Extração com Argolões

Fonte: Oliveira (2006)


3.2. Animal
Consiste na retirada da madeira de dentro do talhão
com auxílio de animais, sendo empregados
geralmente os eqüinos, asininos e muares.

Este método pode ser realizado na forma de baldeio


(quando os toretes são colocados sobre as
cangalhas) ou na forma de arraste (quando as peças
são transportadas em contato com o solo).
Características:

 Distância de arraste: 140 metros, com limitação de


30% de declive e 15 a 17% de aclive;
 Baixo custo (pequena depreciação do capital);
 Pode ser utilizado em área acidentadas;
 Mão-de-obra pouco especializada;
 Técnica de simples de aplicação
 Alta compactação do solo;
 Baixo rendimento (± 7 m3/homem.dia)
Muar com cangalha Fonte: Machado (2002)
Capacidade de carga em peso vivo para diferentes espécies de
animais (Fonte: Machado, 2002).
3.3 Mecanizado

 Guincho arrastador (TMO)

A extração é feita por um guincho (TMO), acoplado a


um trator agrícola de pneu.

Para a realização do arraste, os operadores descem


primeiramente com os cabos de aço até as pilhas de
madeira onde é feito o engate. A partir daí, dá-se
início à operação.
Características:

 Distância de arraste inferior a 50 m

 Largura de estrada superior a 4 m

 Equipe de trabalho (1 operador e quatro ajudantes)

 Declividade do terreno superior a 60%.


 O rendimento operacional máximo estimado está na
faixa de 33,93 st/h e custo mínimo de US$ 0,74/st.
Trator agrícola + guincho arrastador

Fonte: Oliveira (2003)


 Forwarder

O Forwarder é uma máquina projetada para uso no


sistema de toras curtas executando a extração de
madeira da área de corte para a margem da estrada
ou pátio intermediário.
Características
 Chassi articulado com tração do tipo 4x4, 6x6 ou 8x8;
 Capacidade de carga de 10 a 19 toneladas;
 Realiza o carregamento e o descarregamento;
 Transporte de madeira sem contato com o solo.
Extração com Forwarder

Fonte: Timberjack
 Timber-Hauler
O Timber Hauler apresenta uma peculiaridade no
processo de extração, uma vez que pode transportar
toras do local de corte diretamente para a indústria.
É composto por:
• Uma máquina articulada com compartimento de
carga;

• Reboque;
• Uma grua para o carregamento e o descarregamento.
Extração com Timber-Hauler

Fonte: Volvo
Vantagens:
 Evita o transbordo.

 Facilita o processo logístico no fornecimento de


madeira (talhão-fábrica).

Desvantagens:
 Limitação para tráfego em determinadas rodovias;

 Redução de mão-de-obra.
 Skidder

Máquina típica de arraste de madeira, sendo


empregada nos sistemas de toras longas ou árvores
inteiras. É composto por uma máquina base de
pneus ou esteira, equipada com garra ou guincho.

Utilizada tanto em florestas plantadas quanto em


florestas nativas. Neste último caso, destaca-se,
sobretudo, por apresentar grande capacidade e
maleabilidade no trabalho com toras de alto peso.
Tipos de Skidder
a) Skidder com cabo (chocker skidder):

Fonte: Caterpillar
b) Skidder com garra (grapple skidder):

Fonte: Caterpillar
c) Skidder com pinças invertidas (Clambunk):

Fonte: Timberjack
d) Timbco Skidder

Fonte: Oliveira (2003)


e) Track Skidder

Fonte: Oliveira (2003)


 Cabos Aéreos

Vantagens:
 Sem limitação de de declividade.
 Reduz a construção de estradas;
 Proporciona menores danos ao solo;

 Opção para colheita em terrenos alagados;


Desvantagens:
 Elevado capital de investimento
 Altos custos operacionais.
Extração por cabos aéreos

Fonte: Wenger (1984)


 Extração por Helicópteros

Características:
 Possibilita a colheita em área de difícil acesso;

 Habilidade de cargas no sentido vertical;

 Ciclos rápidos.
Vantagens:
 Alta produtividade - 79 m³/h
 Adaptável a diversos locais;
 Colheita de baixo impacto.
Desvantagens:
 altos custos de investimento;
 altos custos operacionais (US$ 26,42/m³ ± 470 metros);

 Limitações climáticas.
Extração com Helicóptero

Fonte: Weyhaueser, Canada


Limites de distância de transporte e declividade de
terreno para diferentes sistemas de colheita
Fonte: Modificado de Studier e Binkley (1981).
LITERATURA CONSULTADA
MACHADO, C. C. Planejamento e controle de custos na
exploração florestal. Viçosa, MG. UFV, Imprensa
Universitária,1994. 138p.
SEIXAS, F. Extração. In: MACHADO, C. C. (Ed.) Colheita
florestal. Viçosa, MG: UFV, 2002. p.397-422.

BIRRO, M. H. B, MACHADO, C. C.; SOUZA, A. P.; MINETTI,


L. J. Avaliação técnica e econômica da extração de madeira de
eucalipto com "Track-Skidder" em região montanhosa. Revista
Árvore, v.26, n.5, p.525-532, 2002.

LIMA, J. S. S & LEITE, A.M.P. Mecanização. In: Colheita


Florestal. Viçosa, U.F.V, 2002. p.33-54.

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