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Duas vozes e dois violões, muitas vezes só um violão e uma voz só, encheram […] o Parque dos
5 Poetas, em Oeiras, onde Caetano Veloso e Gilberto Gil se celebraram em «Dois Amigos, Um Século
de Música».
Num concerto em que o vento passou pelas trovas de um e outro, Caetano e Gil seguiram
imperturbáveis – ao vento, ao murmúrio constante de um público que, por vezes, parecia mais
preocupado em contar as férias ou as fotos do Facebook. Eles vieram da Bahia e por uma noite
10 voltaram lá, para cantar como poucos o jeito que a Bahia tem.
Já ia o concerto na sua hora, quando Gilberto Gil fez do violão percussão e a voz foi o instrumento
que soou mais alto – «Não tenho medo da morte mas sim medo de morrer». E de um público quase
fácil de convencer, que reagia quase instintivamente ao repertório, finalmente veio o arrebatamento.
Aplausos de pé, e soltos Caetano e Gilberto em palco, ouvindo-se, respirando palavras e acordes de
15 um e outro, numa cumplicidade de vozes e gestos. Dois amigos que não ficam pela metade.
Ao recolhimento que pedia a canção Não Tenho Medo da Morte, Gil espanta uma plateia que, por
fim, se concentra na música. E dança e acompanha o alinhamento que se segue até ao final, mesmo
nas canções menos óbvias. Logo depois Gilberto pede «canta Lisboa» em Se Eu Quiser Falar Com
Deus, Lisboa canta, como em palco um e outro pegam nas músicas de um e outro e fazem-nas suas.
20 À vez, a quatro mãos. Se a fé não costuma falhar, palavra de canção, a dança essa é certeira: o
palco despojado, Caetano e Gil, um de preto, o outro de branco, ocupam os tempos com os corpos em
movimento. É Caetano quem começa por se levantar a puxar passos de um jeito seu, é Gilberto quem
deixará, já no tema final do encore, A Luz de Tieta, o palco a dançar. A Bahia tem um jeito, ouviu-se
em Terra. Estes dois têm jeito – de fazer a lua azul dançar.
Miguel Marujo, Diário de Notícias, 01/08/2015
(disponível em www.dn.pt, consultado em janeiro de 2016).
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16.1.2016: «Isto é Orelha Negra 2016»
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Extinção de animais pode agravar efeitos das alterações climáticas
4. Explica, por palavras tuas, de que modo a extinção dos animais que se alimentam de frutos terá
impacto sobre as condições de vida na Terra.
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Anunciado nono planeta para lá de Plutão
Equipa que identificou o planeta com modelos teóricos espera agora que ele seja observado
com telescópios.
Chamaram-lhe informalmente Nono Planeta e
anunciaram esta quarta-feira a sua possível
5 existência no nosso sistema solar, muito para lá de
Plutão (que em 2006 foi despromovido do estatuto
de planeta e passou a planeta-anão). O Nono
Planeta, segundo a equipa de astrónomos do
Instituto de Tecnologia da Califórnia (nos EUA)
10 que fez o anúncio, tem dez vezes a massa da Terra e
está tão longe do Sol que demora 10.000 a 20.000
anos a completar uma órbita à nossa estrela.
Por agora, a descoberta deste planeta é teórica, obtida graças a modelos matemáticos e muitas
simulações de computador, explica um comunicado de imprensa do Instituto de Tecnologia da
15 Califórnia. Falta agora comprovar a sua existência em observações diretas com telescópios, o que
dependerá muito se o planeta estiver mais perto ou mais longe do Sol na sua longa órbita à volta dele.
O astrónomo Mike Brown estuda objetos gelados que se encontram para lá de Neptuno, numa
região chamada Cintura de Kuiper. O primeiro desses mundos gelados só foi descoberto em 1992 e
levou à despromoção de Plutão, que agora é considerado o primeiro desses objetos. No caso da
20 investigação que culminou com o anúncio do possível Nono Planeta, Mike Brown começou a
trabalhar nela há um ano e meio com Konstantin Batygin, depois de outra equipa ter anunciado que em
treze dos objetos de Kuiper mais distantes de nós se observavam certas semelhanças invulgares nas
suas órbitas e atribuíram-nas à presença (e influência gravitacional) de um pequeno planeta nessa
zona. […]
25 «Este deverá ser um nono planeta real. É um pedaço substancial do nosso sistema solar que está
por aí à espera de ser descoberto, o que é muito entusiasmante», considera Mike Brown. «Pela
primeira vez em 150 anos, há provas sólidas de que o censo planetário do sistema solar está
incompleto», acrescenta Konstantin Batygin.
Provas mais definitivas poderão surgir se o Nono Planeta for localizado pelos telescópios, e foi
30 para isso que a equipa decidiu publicar já a sua descoberta teórica na revista Astronomical Journal.
«Adorava encontrá-lo», diz Mike Brown. «Mas ficaria muito feliz se outra pessoa o encontrar. É por
isso que estamos a publicar o artigo, para que outros fiquem inspirados e comecem a procurá-lo.»
Teresa Firmino, Público, 20/01/2016
(disponível em www.publico.pt, consultado em janeiro de 2016).
4. Explica qual(is) a(s) evidência(s) que fizeram os investigadores pensar na possibilidade de haver
um planeta desconhecido na Cintura de Kuiper.
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O fim da admiração
Porque é que quando admiramos alguma coisa ou alguém, quase toda a gente perde a
paciência connosco? Donde vem a incapacidade de admirar?
«Não te espantes com nada», aconselhou um poeta romano. E outro seu contemporâneo mais
velho, quando informado da morte do filho, observou secamente que estava ao corrente de que tinha
5 gerado um mortal. A atitude, que ambos consideravam condição necessária para a felicidade, era ainda
muito minoritária. Muitos gregos tinham sugerido antes que o conhecimento e a felicidade dependem
precisamente da capacidade de se ficar espantado, e durante muito tempo a ideia parecera boa à
maioria. As coisas mudaram; hoje só uma minoria se dá ao trabalho de ficar espantada.
As pessoas podem ficar espantadas com duas coisas: com coisas que acontecem e com coisas que
10 se fazem. No primeiro caso, o espanto dirige-se sobretudo à natureza. Traduz-se numa admiração
reiterada por cabriolas de zebras, ou fenómenos meteorológicos raros. No segundo caso, o espanto é
movido por aqueles que realizam certas ações; e a este espanto chama-se também admiração: por
aquilo que se fez, e por quem o fez.
No entanto, há uma diferença importante entre espanto e admiração. «Espantar-se» é equivalente a
15 «admirar-se»; mas «admirar» é diferente de «admirar-se». Posso espantar-me ou admirar-me de que
certas pessoas façam certas coisas; mas não é por isso que as admiro. Quando me admiro ou me
espanto posso ser acusado de ignorância; pelo contrário, quando admiro o que alguém fez, ou alguém
que fez alguma coisa, sou sobretudo acusado de simplicidade de espírito ou de exagero. A diferença é
a seguinte: quando alguém se admira com alguma coisa, os outros recomendam ciência; mas quando
20 alguém admira alguma coisa ou alguém, os outros perdem a paciência.
O fim da admiração consiste no desaparecimento da admiração da galeria das nossas emoções
frequentes; afeta a maneira como nos interessamos pelas outras pessoas e como falamos daquilo que
fazem. Quando admiramos alguém por aquilo que faz, de facto, não queremos saber de nada; não nos
preocupam as causas das suas ações, ou até os seus motivos. Uma investigação das causas parece
25 sempre diminuir aquilo que admiramos. Aqueles que são imunes à admiração gostam por isso de
misturar causas nas suas descrições. É a desculpa perfeita: dizem que admiram a generosidade de uma
pessoa, mas logo a seguir explicam que a causa dessa generosidade foi ele estar em posição de ser
generoso; e também celebram o génio de Einstein não obstante censurarem o facto de fumar
cachimbo.
30 É raro encontrarmos hoje quem fale dos outros sem restrições. E há uma relação entre isso e, como
os romanos, gostar de lembrar constantemente a terceiros que são mortais comuns. Deixamos de sentir
admiração quando concluímos que, porque somos todos mortais, nada do que fizermos é merecedor do
menor espanto, e aliás da menor condenação. Todos mortais, todos iguais.
Miguel Tamen, Observador, 22/01/2016
(disponível em www.observador.pt, consultado em janeiro de 2016).
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Ninguém tem pena das pessoas felizes
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Ousem a vossa vida, dancem a vossa vida
4. Explica de que modo o orador procura comprovar o seu ponto de vista, relativamente à
importância da política na vida de cada um.
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Que a liberdade ressoe!
1. A partir dos dois primeiros parágrafos do texto, identifica a tese inicial que esteve na origem da
Marcha para Washington, em 1963.
2. Identifica o local onde foi feito este discurso e explicita a simbologia inerente a essa escolha.
3. Explicita as exigências que o orador apontou e comenta a expressividade da linguagem com que o
fez.
5. Explicita como o apelo feito pelo orador, na parte final deste excerto, deixa subjacente uma
mensagem de esperança, ao mesmo tempo que confirma a tese inicial.
6. Procura identificar a origem da citação com que termina este excerto e relaciona-a com o
objetivo da Proclamação da Emancipação, referida na abertura do discurso.