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Aviação na PMPR

Cap PM João Busse


 Oficial do 1º Batalhão de Infantaria. O Ás da Aviação Paranaense

        O Cap João Busse foi, indiscutivelmente, o Ás Paranaense nos primórdios da nossa aviação.

 Já pela sua fina educação, já pelo seu caráter íntegro de militar brioso, o Cap Brusse era estimadíssimo não
só por seus camaradas e subordinados, como também por seus superiores hierárquicos, os quais
apontavam-no como um exemplo digno de ser imitado. Moço de corpo e de espírito, misto de militar e
poeta, guiava por um rumo futurista e trajetória de sua vida.

 Como poeta ele foi um sonhador. Como militar foi um herói. A aviação – sonho de Júlio Verne
concretizado por Santos Dumont – estava naquela época (1920 – 1921) ensaiando os primeiros passos e
bolindo com o cérebro de muitos jovens entusiastas e corajosos.

 Voar fora o sonho de Ìcaro. Voar era agora o sonho de quase todo mundo.

 João Busse não poderia ficar indiferente. .Coragem ele a possuía de sobra. Arrojo, já o havia demonstrado
em várias campanhas. Força de vontade...há! quem não teria vontade de voar? ... Voar como pássaro ...
dominar o céu e a terra ... elevar-se sobre as demais criaturas num aparelho construído pelo homem e, lá do
apreciar a terra, desafiando os poderes físicos da lei da gravidade? ...

 Ele também seria um aviador. E se assim pensou melhor o fez. Com o patrocínio do Estado e da sua
Corporação, seguiu para SÃO PAULO onde em janeiro de 1920, foi matriculado na Escola de Aviação
da Força Pública.

 O tempo passado em estudos e experiências no vizinho Estado, foi aproveitado em seus mínimos instantes.
Fruto devido unicamente ao seu esforço, foi o êxito alcançado em seus exames finais. Contudo não se
contentou o Cap Busse com o BREVET de aviador. Quis mostrar ao povo de sua terra que não fora em
vão o seu esforço.

 Desejava voltar a Curitiba, pilotando um avião e sobrevoar a cidade, para que todos pudessem admirar o
pássaro gigantesco controlado pelo homem.

 Queria demonstrar de forma concreta o aproveitamento obtido no curso a que se submetera. Vaidade? –
Não!

 O Cap Busse, primeiro paranaense a conquistar um BREVET de aviador, queria regressar pilotando ele
próprio um avião, desbravando os ares de São Paulo até Curitiba, a fim de evitar que essa honra, viesse
futuramente a cair em outro que não um filho da terra dos pinheirais.

 Constituiria essa excursão aérea uma homenagem aos dois Estados vizinhos. No entanto, em virtude de ser
o raio de ação de seu aparelho relativamente pequena, a travessia deveria ser executada em três etapas:
Itapetininga – Itararé – Curitiba.

 Moço pobre, sem recursos que lhe facilitassem a aquisição de um aeroplano capaz de resistir a longa
jornada e não podendo refrear o seu brio de soldado e seu entusiasmo moço, resolveu empreender a viagem
de volta, fazendo o raid em um avião alugado, o “Caldron”,
De 120 HP, em várias etapas, dadas as fracas possibilidades da aviação naquela época, quanto ao elevar-se
sobre o solo, já era por si só, façanha digna de admiração. Deslocou-se ás nove horas e trinta e cinco
minutos do dia 28 de maio de 1921.

 Às nove horas e cinqüenta minutos, portanto, apenas decorridos do início da jornada quinze minutos, á
altura de Idaiatuba, a dois mil e duzentos metros de altitude, o motor começou a falhar, obrigando-o a uma
aterrisagem forçada perto da cidade, depois de planar cerca de cinco minutos em demanda a um campo
antecipadamente escolhido, na emergência. Reparado o motor, alçou vôo, no dia seguinte, até
Itapetininga, etapa prevista. Reiniciada a viagem, alcançou Bury, tendo já vencido 100 quilômetros.
Descontrolou-se novamente o motor, devido um defeito na distribuição de óleo. Executou o pouso,
glissando, tendo o aparelho, ao aterrar, ido de encontro a um cupim.

 Capotando espetacularmente, após ter uma hélice arrancada, o “Caldron” cuspiu de seu bojo o desditoso
aviador. Gravemente ferido e em estado de coma, o Cap. Busse recebeu os primeiros cuidados médicos do
Dr. Francisco Marcondes, o qual foi para o local tão logo ocorreu  o acidente.

 O Presidente do Estado do Paraná, tomou várias providências no sentido de ser prestado assistência ao
aviador que deveria ser transportado para Curitiba.

 Inútil, porém, foram os esforços despendidos para salvá-lo.

 Às 9 horas e meia do dia 31 de maio de 1921, expirava o valoroso aeronauta, dando-se por terminado o
raid Campinas-Curitiba, iniciado com tanto sucesso.

 O país inteiro cobriu-se de luto. A imprensa de todo território pátrio, condoía pelo triste desfecho da raid,
publicava seguidos telegramas e noticiários do infausto acontecimento.

 Em Curitiba, foi geral a consternação. Particularmente a Polícia Militar – gloriosa caserna que já contava
com algumas dezenas de mártires do cumprimento do dever – inscrevia agora mais um nome em seu carnet
de heróis: o nome do malogrado Cap Busse.

 O seu enterramento no cemitério municipal de nossa cidade (Curitiba), foi uma verdadeira consagração.
Para mais de quatro mil pessoas..

Avião “Sargento”
 Em 1918, uma comissão de sargentos do Regimento de Segurança do Paraná, devidamente autorizada pelo
Comandante Geral e com a anuência do Governador do estado, organizou uma subscrição popular a fim de
angariar fundos para a compra de um avião – o primeiro a ser adquirido no Paraná.

 A idéia teve a melhor receptividade entre o povo e na imprensa e cresceu com excepcional acolhida e
entusiasmo dos Sargentos da Corporação.

O projeto encontrou ampla e entusiástica aprovação do Coronel Fabriciano do Rego Barros – Cmt Geral,
que estimulou o início da campanha e providenciou expediente necessários para obter junto ao Ministério
da Marinha a matrícula de dois Sargentos na Escola da Aviação Naval.

 A Marinha de Guerra, por sua vez, atendendo a solicitação, colocou as vagas a sua disposição, criando a
escolha nos Sargentos Higino Perotti e Miguel Balbino Baisi,
os quais seguiram para o Rio de Janeiro a fim de brevetarem.

 A comissão, em pouco tempo, conseguiu angariar a vultuosa quantia de 18.000 contos de réis e incumbiu
o Sargento PEROTTI para adquirir o aeroplano. Feita a compra, Cmt Geral seguiu a Capital Federal
onde efetuou o pagamento e despachou o aparelho para CURITIBA.

 O avião tinha as seguintes características: marca de fabricação “BOREL”, tipo mono-plano-hiplave,


equipado com motor “GNOME” de 7 cilindros, com 80 HP.

 Não estando ainda os Sargentos habilitados para pilotá-lo, foi contratado o piloto civil LUIZ BERMANN.

 Assim, a aeronave “pioneira” no Paraná, voou pela primeira vez, no dia 17 de fevereiro de 1918, no
prado do GUABIROTUBA que, neste dia, estava superlotado pelos curitibanos, sem faltar as autoridades
civis e militares.

 Foi ali que ele foi também batizado com o nome de “SARGENTO”, pela primeira dama do Paraná –
esposa do Presidente do Estado, como uma justa homenagem aos inferiores “que levaram adiante a idéia
avançada de aquisição da possante arma de guerra”, como comentavam os jornais da época.

 O jornal “Diário da Tarde”, de 18 de fevereiro daquela ano comentando a solenidade diz: “Em seguida a
colocação da faixa com o nome do monoplano, àquela distinta senhora, enchendo uma taça de champanhe
e após tomar um gole, virou o liquido sobre o aparelho aí também quebrando a taça.

 A Banda de Música da Força Militar, imediatamente executou entusiásticos dobrados, enquanto a


multidão delirantemente vivava o galhardo aviador Bermann que daí a pouco deveria galgar o espaço,
empolgando-a”.

 Com a compra do primeiro avião organizou-se em CURITIBA, a Escola Paranaense de Aviação,


oficialmente inaugurada no dia 24 de março de 1918, que tinha como seu primeiro Conselho
Administrativo, o Ten Cel Benjamim Augusto Lage, Dr Ildefonso de Assumpção, Major do Exército Félix
Merlo, Cap do Exército Braúlio Virmond de Lima e Cap PM João Busse.

 A Comissão Organizadora da subscrição popular, ao fazer a entrega do referido aparelho à Força Militar
do Estado, mereceu a seguinte referência do Comando Geral:

“É com a mais grata satisfação que dirijo aos inferiores os meus mais entusiásticos
aplausos e os meus melhores agradecimentos pelo grandioso empreendimento que vem a realizar,
concorrendo com o seu esforço e com a sua dedicação, própria do patriotismo brasileiro, para o
engrandecimento do Estado, para o desenvolvimento da aviação no Brasil e portanto para a defesa
Nacional pela nova arma de guerra”.

No entanto, com a criação da Escola Paranaense de Aviação, cujo fim principal era o de ministrar o ensino
da aviação militar e na qual foram matriculados, de preferência, Oficias e Sargentos da Polícia Militar, o
Cmt Geral resolveu ceder à Escola o aeroplano ‘SARGENTO”, a fim de que pudesse iniciar suas
atividades.

 Ao fazer esse cessão, disse o Cmt Geral: “Esta cessão não é senão um complemento dos patrióticos
intuitos dos dignos inferiores do meu comando, que angariando o aeroplano para a Força Militar,
visaram a aprendizagem de seus camaradas que irão em breve tempo prestar eficaz concurso ao glorioso
Exército Nacional, de quem somos auxiliares imediatos.
 

Em 11 de janeiro de 1919, os Sargentos Higino Perotti e Miguel Balbino Blasi, concluíram o curso e
receberam das mãos do Almirante GARNIER, o BREVÊ de piloto aviador.

A Marinha de Guerra, como uma homenagem à Polícia Militar, doou-lhe um avião “BOREL”,
monoplano-biplace, dotado de comando duplo e acionado por motor marca “LUK”, de 9 cilindros e 120
HP, o qual também foi entregue à Escola de Aviação do Estado.

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