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29 janeiro, 2012
Um Chamado À Angústia
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Não é fácil para mim dar uma mensagem como esta. Tenho reclamado ao
Senhor, dizendo: “Será que não poderias me dar uma mensagem mais
agradável?”. No entanto ele me deu um chamado à angústia. Pode não ser para
todos os leitores, mas Deus tem falado comigo, e preciso compartilhar com
quem puder ouvir.
Não sei quanto a você, mas eu estou cansado de ouvir sobre avivamentos,
despertamentos, derramamentos do Espírito para os últimos dias. Já ouvi essa
retórica por 50 anos. É apenas retórica, na maioria das vezes, sem qualquer
signiOcado real. Estou cansado de ouvir pessoas dizerem na igreja que querem
ver seus familiares convertidos. Estou cansado de ouvi-las dizer que estão
preocupadas com seu casamento problemático, quando é apenas conversa,
retórica vazia.
Não quero mais ouvir sobre imoralidade no nosso país, sobre a depravação da
sociedade, sobre corrupção e desonestidade nos negócios. Estou cansado de
ouvir sobre os muçulmanos que estão cada vez mais fortes, sobre o
enfraquecimento do cristianismo, sobre a falta de vida na Igreja. Tudo isso
também não passa de retórica vazia, nunca muda nada.
Vejo o mundo entrando cada vez mais na igreja, impactando a igreja ao invés de
ser impactado por ela. Vejo a música tomando conta da casa de Deus, o
entretenimento tomando conta da casa de Deus, uma verdadeira obsessão com
apresentações e entretenimento. Há uma aversão à repreensão, à disciplina;
ninguém quer ouvir nada negativo.
O que foi que aconteceu com a angústia na casa de Deus? O que aconteceu com
angústia no ministério? Nem sequer se pronuncia essa palavra na nossa era
amimada. Angústia signiOca extrema dor e a^ição, as emoções aguçadas de tal
forma, em virtude das condições interiores ou daquelas à sua volta, que o
sofrimento se torna profundo, agudo, intenso. Angústia é profunda dor, tristeza, a
agonia do coração de Deus.
A Situação de Ruína
Toda verdadeira paixão nasce da angústia. Toda verdadeira paixão por Jesus
nasce de um batismo de angústia. Se examinar as Escrituras, verá que quando
Deus decidia restaurar uma situação arruinada, ele procurava um homem que
orava e o levava às águas de angústia. Ele dividia com esse homem sua própria
angústia por causa do que estava acontecendo com seu povo. Ele o levava a um
verdadeiro batismo de angústia.
Agora, não me entenda mal: eu creio no amor de Deus. Prego sempre sobre a
misericórdia e a graça de Deus, sobre o seu amor de aliança. Creio que é
importante falar sobre a bondade e a longanimidade de Jesus. Multidões de
pessoas, porém, estão sendo bombardeadas hoje com mensagens de auto-ajuda.
As pessoas estão transformando a graça de Deus em sensualidade, em cobiça
carnal. Tornamo-nos como os Olhos de Israel, que diziam as palavras certas, mas
cujo coração não estava reto com Deus (veja Dt 5.28,29).
“Estejam, pois, atentos os teus ouvidos […] à oração do teu servo, que hoje faço à
tua presença, dia e noite, pelos Elhos de Israel, teus servos; e faço conEssão pelos
pecados dos Elhos de Israel, que temos cometido contra ti; pois eu e a casa de
meu pai temos pecado” (Ne 1.6).
Um dos homens que fazia parte da delegação chamava-se Hanani. Sabemos que
era um homem temente a Deus porque posteriormente foi nomeado como um
dos governantes da cidade (Ne 7.2). Por que ele ou um dos outros não tinha
uma solução para a situação? Por que Deus não os usou para restaurar a
cidade? Porque não houve nenhum sinal de angústia! Não havia lágrimas,
nenhuma palavra de oração.
Tem alguma importância para você o fato de que a Jerusalém de Deus atual, a
Igreja, está em aliança com o mundo? Que há tanta frieza por toda parte?
Multidões de pessoas estão caindo em passividade total. Preferem ir a igrejas
onde podem ouvir mensagens suaves; não querem mais ouvir falar de ira ou
repreensão. A ruína em que estamos – isso lhe importa?
Ou, chegando mais perto da sua vida pessoal, você se importa com a condição
da Jerusalém de dentro, do coração? Tem percebido os sinais de ruínas que
lentamente drenam sua paixão e poder espiritual? Ou está cego à mornidão, cego
à mistura que vai se inOltrando imperceptivelmente? A cegueira espiritual, quando
chega, raramente é notada. Geralmente é a última coisa a ser reconhecida por
um Olho de Deus que está em processo de decadência.
Como você reagiria se seu pastor ou alguém que o acompanha, conhece bem e
se preocupa com sua vida chegasse e lhe dissesse: “Eu o amo, mas preciso
dizer-lhe a verdade. Você está mudando, está caindo de onde estava antes. Há
algum elemento do mundo que está invadindo seu coração. Não sei o que o está
in^uenciando, mas vejo mudanças em sua vida. Não há mais aquele
quebrantamento, a compaixão que antes tinha por sua família. Não vejo
preocupação pelos seus familiares que não conhecem a Jesus. Você está
mudando; pouco a pouco, algo está lhe acontecendo”.
Será que você cairia de joelhos se a ruína que nem havia percebido de repente
fosse revelada diante dos seus olhos? Apesar dos louvores maravilhosos e cultos
abençoados, muitos estão mudando para o pior e nem se aperceberam disso.
Estamos perdendo nossa garra. É a estratégia do inimigo – tirar sua garra para
lutar em oração e chorar diante de Deus. Você Oca acomodado, assistindo à
televisão, enquanto sua família caminha para o inferno!
Será que você realmente se importa que os seus familiares ou amigos estejam
caminhando para o inferno enquanto nos aproximamos cada vez mais do Om de
tudo? Você se preocupa com a possibilidade de se perderem pessoas tão
próximas a alguém que ama a Jesus? Onde está a angústia, onde estão as
lágrimas? Onde está a lamentação, onde está o jejum? Onde estão as pessoas
que se levantam no meio da noite para expressar sua angústia em oração? Onde
está a conOssão de pecados, pecados próprios e pecados dos Olhos ou do
cônjuge diante do Senhor? Foi exatamente isto que Neemias fez (Ne 1.6). Foi
também o que Daniel fez (veja Dn 9.5-14).
Angústia ou Preocupação?
Esta igreja [Times Square Church, Nova York] foi gerada na angústia, seis meses
de angústia e lágrimas. Eu estava pastoreando uma igreja pequena numa
cidadezinha aconchegante na Pensilvânia, EUA, quando comecei a clamar: “Oh,
Deus, estou árido e vazio. Se isso que tenho é tudo que o Espírito Santo pode
dar, não o quero mais”. Entrei em grande desespero, semanas e semanas
clamando ao Senhor, confessando minha própria falta de vida e esterilidade.
Depois vim a Nova York para fazer campanhas nas ruas da cidade. Enquanto
andava pelas ruas, vi gente vendendo um tipo de heroína, o tipo mais forte, o tipo
que “matava”, como eles diziam. Lembro-me de como caí em prantos, ali mesmo;
não me importei com as multidões que estavam passando – sentei-me num
hidrante, ao lado de um prédio, e chorei! Eu estava em angústia, a umas quatro
quadras de onde a igreja está hoje, na Broadway, chorando e agoniando. Eu não
estava procurando um ministério, não estava pensando em ediOcar uma igreja;
estava sentindo a dor de Deus por uma cidade perdida. Era a mesma dor que
sentira, anos antes, quando nasceu o ministério DesaOo Jovem.
Quero lhe dizer uma coisa que aprendi nestes 50 anos de ministério. Se algo não
for gerado na angústia, se não nascer através do Espírito Santo, se você não vir
ou ouvir falar de ruína de forma a impeli-lo a cair de joelhos, se não passar por
um batismo de angústia que o leva a orar e a buscar a Deus, tudo o que Ozer
não representará nada aos olhos do Senhor. Nunca produzi nada que tivesse
algum valor para Deus em todos estes 50 anos que não fosse gerado em agonia.
Nunca, nunca – o resto foi apenas fruto da minha carne.
As Duas Opções
Nessa hora, na sua angústia, você terá de tomar uma decisão. Você pode
levantar-se do lugar de angústia e dizer: “Não posso lidar com isso. Já era difícil
para mim, agora está demais. Não quero. Deus, para mim chega! Quero ser
apenas um cristão normal. Não quero carregar esse tipo de peso. Não quero ter
de chorar em favor da minha família. Vou tomar a vitória ‘pela fé’”. E, então, você
sairá de lá e voltará à sua passividade.
Ou, então, seu coração pode clamar: “Oh Deus, teu nome está sendo blasfemado,
estão escarnecendo do Espírito Santo, o inimigo está tentando destruir o
testemunho da Odelidade do Senhor. Não pode Ocar assim, temos de confrontá-
lo”. Se isso acontecer, Deus virá e lhe dirá: “Já in^amei o seu coração com a
revelação do meu; dividi a minha angústia com você. Estou permitindo que você
sinta um pouco do que sinto de tal maneira que caia de joelhos. E, se realmente
quiser tomar o meu peso sobre seu coração, falarei com você e lhe darei uma
palavra de direção”.
Foi isso que aconteceu com Neemias. Ele saiu das águas de angústia com uma
palavra clara que ninguém pôde rejeitar. Levou a cidade e a nação a cair de
joelhos em oração e arrependimento (Ne 8).
O profeta Amós clamou: “Ai dos que andam à vontade em Sião, espreguiçando-se
nas camas, comendo e entoando suas canções, sem se a^igirem com a ruína de
José” (veja Am 6.1-6). O sentido da palavra no hebraico é que não estavam se
agonizando em oração por causa da decadência em José (ou Israel). Não
sentiam agonia, não se angustiavam por causa da situação do povo de Deus.
Comédia, sim; canções alegres, sim; festança, entretenimento, prazer, convívio
alegre, sim. Choro, angústia, jejum, oração – não, não queremos isso.
Agora, Deus não nos chamou para vivermos na angústia. A angústia é o processo
de gerar, de dar à luz aquilo que Deus quer formar, para tirar da ruína a sua
família (ou outra pessoa ou igreja, conforme ele lhe revelar) e operar uma
restauração sobrenatural. Assim, do meio desse batismo na angústia, surge algo
maravilhoso: um toque instantâneo, o discernimento da voz de Deus. Assim
como no batismo nas águas, você sai da angústia e entra num novo lugar em
que conhece instantaneamente a voz de Deus.
Veja como aconteceu com Neemias: ele estava jejuando e orando. Estava em
lamentação, a ponto de deixar uma marca em seu semblante. O rei notou, pois
Neemias era o copeiro. Um dia, ao levar o vinho ao rei, este lhe perguntou: “Por
que está tão abatido, por que seu semblante está triste?”. Ali não dava tempo
para Neemias ir à parte e abrir seu coração ao Senhor; não dava para pedir ao rei
três dias para orar e jejuar. Ele precisava de uma palavra instantânea.
“Por que este semblante abatido, Neemias?” Ele disse que “temeu sobremaneira”
(Ne 2.2).
“Então orei ao Deus dos céus; e disse ao rei…” (vv.4,5). Em outras palavras, oração
instantânea e direção instantânea. Conhecendo a voz de Deus…
Há momentos em que você não saberá o que fazer, em que não disporá de
tempo para se retirar e orar. Terá de conhecer a voz de Deus. “Este é o caminho,
andai por ele.” Instantâneo. É um resultado glorioso do batismo na angústia.
Foi o que Neemias fez: lembrou Deus da sua aliança com Moisés (Ne 1.8,9). Ele
disse: “Foi isso que tu prometeste, Deus”. Quando você permite que Deus o
conduza para além de mera preocupação e de emoções passageiras, você tem
todo direito de lembrar Deus de cada uma de suas promessas de aliança.
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