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INTERNATO M´EDICO UNC

POLIFARMÁCIA
Nathália Milanez Suzigan

Médica da Estratégia de Saúde da Família

UBS CAIC - Mafra


" É uma arte importante administrar medicamentos de


forma adequada, mas saber quando suspendê-los ou
omiti-los por completo é uma arte ainda maior e mais
difícil de aprender."

Philippe Pinel (1745-1826)

INTRODUÇÃO
Estima-se que até 2025 haverá 1,2
bilhão de pessoas com idade
acima de 65 anos, e as pessoas
com mais de 80 anos compõem o
segmento etário de crescimento
mais rápido na população.

Cerca de metade das pessoas com mais de 65 anos tem pelo menos
três doenças crônicas coexistentes. Aproximadamente uma pessoa
em cada cinco tem cinco ou mais doenças. O número médio de
fármacos utilizados em idosos em muitos países é cerca de sete.
Em países desenvolvidos, o uso excessivo

de medicamentos é a maior ameaça à

saúde das populações mais idosas com

morbidade crescente – provavelmente

mais ameaçador do que as doenças para

as quais os fármacos são prescritos.

A polifarmácia causa aumento da

mortalidade e também está associada a

uma pior qualidade de vida, além de

efeitos negativos específicos sobre a

função, incluindo piora da mobilidade,

cognição e nutrição, além de quedas e

fadiga.
Os regimes complicados de

medicamentos > reduz a adesão,

especialmente nas pessoas mais

velhas.

Não se sabe em que nível esses

efeitos negativos da polifarmácia

são reversíveis com a redução da

carga de medicamentos
REAÇÕES ADVERSAS (RAM)

Pelo fármaco diretamente,


por interações com outros medicamentos
pela interação entre o fármaco e outros problemas de saúde
confusão e do peso de regimes terapêuticos complexos.

As reações adversas aos medicamentos (RAMs) também representam


uma carga econômica significativa tanto para a pessoa que os utiliza
como para o sistema de saúde.

Estima-se que as hospitalizações resultantes do uso inapropriado de


medicamentos em adultos mais velhos representem 17% de todas as
internações, enquanto as reações adversas aos tratamentos são a
quarta causa mais comum de morte hospitalar nos EUA.

Entre as RAMs que levam a hospitalizações, cerca de dois terços


envolvem interações entre fármacos; pouco mais de uma em cada dez
envolve uma dose excessiva de um medicamento; e cerca de uma em
cada dez envolve interações entre fármacos e doenças.
May e colaboradores desenvolveram conceitos da

Medicina Minimamente Disruptiva:


A abordagem do desafio da polifarmácia deve ser feita

em dois níveis:
em primeiro lugar, compreender suas origens e

desencadeantes ao nível da população, das políticas e

dos profissionais;
em segundo lugar, desenvolver uma abordagem

minimamente disruptiva para os cuidados clínicos

individuais que incorpore os quatro princípios da MMD:


Estabelecer a carga do tratamento.
Encorajar a coordenação na prática clínica.
Reconhecer a comorbidade nas evidências clínicas.
Priorizar a partir da perspectiva da pessoa que recebe

os cuidados.
RISCO DE REAÇÕES ADVERSAS
O risco de RAM é de 13% para dois ou mais fármacos, 38% para
quatro ou mais e 82% para sete ou mais fármacos.
O número de reações adversas em um idoso aumenta de forma
rápida após cinco medicamentos, e idosos são mais suscetíveis a
RAMs pelo número de fármacos que usam, pelo potencial
aumentado de interações entre os fármacos e dos fármacos com as
doenças, bem como porque são fisiologicamente menos adaptáveis
e mais vulneráveis – pessoas idosas experimentam RAMs com
frequência seis vezes maior do que a população de adultos mais
jovens.
LIMITAÇÕES
As evidências para os tratamentos aplicados em populações idosas
são geradas em populações não representativas dos idosos na
atenção primária.
As pessoas idosas costumam ser excluídas dos ensaios clínicos
randomizados (ECRs) e aquelas incluídas não representam a
população idosa geral com multimorbidade.
Os achados dos ECRs podem superestimar o balanço entre
benefícios e riscos em favor do aumento da prescrição no grupo
com menos chance de tolerar isso.
Caso clínico 1

Paciente A.S.J., 72 anos (masc).


HMP: HAS, DM2, DAC (IAM em
julho de 2019, submetido à
colocação de stent metálico) e ICC
USO ORAL:

1. ENALAPRIL 20MG 2X AO DIA

2. ESPIRONOLACTONA 25MG 1X AO DIA

3. ASPIRINA 100MG 1X AO DIA

4. CLOPIDOGREL 75MG 1X AO DIA

5. CARVEDILOL 6,25MG 2X AO DIA

6. SINVASTATINA 40MG 1X AO DIA, ANTES DE DORMIR

7. ANLODIPINO 10MG 1 X AO DIA

8. FUROSEMIDA 20MG 1X AO DIA

9. METFORMINA 850MG 2X AO DIA

10. OMEPRAZOL 20MG 1X AO DIA


Caso clínico 1

Paciente se queixa de dor nas


pernas e trouxe exames:

Hb 12,5 Glic 95 CT 197 HDL 42 TG


113 K: 5,8 CPK 400 (VR 30-200)
Caso clínico 2

Paciente C.T.S., 68 anos (fem)


HMP: HAS, Dislipidemia, Estenose
mitral severa (troca valvar em
2002- válvula metálica)
USO ORAL:

1. LOSARTANA 50MG 2X AO DIA

2. HIDROCLOROTIAZIDA 25MG 1 X AO DIA

3. SINVASTATINA 40MG 1X AO DIA, ANTES DE DORMIR

4. VARFARINA 5MG 1X AO DIA

5. IBUPROFENO 400MG 3X AO DIA (AUTOMEDICAÇÃO. EM USO HÁ 5 DIAS

PARA DOR NAS COSTAS –S.I.C)


Veio na consulta:
Assintomática, exame físico
normal, PA 160/100

Trouxe exames:
Hb 12 Glic 93
CT 189 HDL 44
TG 112 RNI 3,8
Caso Clínico 3

Paciente A.E.S, 69 anos (masc)


HMP: HAS, Fibrilação atrial
crônica, Dislipidemia
USO ORAL:

1. ANLODIPINO5MG 2X AO DIA

2. CARVEDILOL 12,5MG 2 X AO DIA

3. SINVASTATINA 20MG 1X AO DIA, ANTES DE DORMIR

4. AMIODARONA 200MG 1X AO DIA

5. VARFARINA 5MG 1X AO DIA


Refere tontura constante.
Trouxe TAP: RNI 3.7 (02/22)
Histórico no prontuário:
05.21: RNI 1.4
07.21: RNI 2.3
10.21: RNI 1.8
12.21: RNI 4.5
Hoje, exame físico normal,
exceto FC 43.
Caso Clínico 4

Paciente P.O.F, 50 anos (fem)


HMP: HAS, Depressão, Fibromialgia

Solicita renovação de receitas:


USO ORAL:
1. ENALAPRIL10MG 2X AO DIA
2. FLUOXETINA 20MG 1X AO DIA
3. AMITRIPTILINA 25MG 1X AO DIA
SÍNDROME SERATONINÉRGICA
- Alterações do estado mental: ansiedade, agitação, desorientação e
delírio.
- Manifestações autonómicas: podem incluir diaforese, taquicardia,
hipertermia, midríase, náuseas e vómitos, diarreia e hipertensão.
- Hiperatividade neuromuscular: tremores, rigidez muscular,
hiperreflexia, mioclonia e clono ocular (estes achados tendem a ser
mais pronunciados nas extremidades inferiores)

Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) –


Fluoxetina, Citalopram, Paroxetina, Sertralina, Escitalopram
Inibidores da captação de serotonina e norepinefrina (ICSNs)
(Duais): venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina
EXEMPLOS DE PRESCRIÇÕES EM CASCATA:

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