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SAÚDE DA FAMÍLIA E COMUNIDADE IV

SAÚDE DA CRIANÇA
VIOLÊNCIA INFANTIL
Nathália Milanez Suzigan
Médica

CASOS CLÍNICOS

OBSERVAÇÕES A SEREM CONSIDERADAS NUMA SITUAÇÃO DE ABUSO NA

AVALIAÇÃO DA CRIANÇA

Dificuldades de aprendizagem
- reflexo da má-organização familiar, da negligência dos pais ou do estresse
associado ao abuso
Postura hipervigilante no ambiente em que se encontra
Comportamento opositor
- enfrentamento aprendido algumas vezes pela criança como forma de
autoproteção
Comportamento muito amadurecido para a idade
- "pseudoadulto", precoce, erotização exagerada.

OBSERVAÇÕES A SEREM CONSIDERADAS NUMA SITUAÇÃO DE ABUSO NA

AVALIAÇÃO DA CRIANÇA

Comportamento regressivo
- quando a criança, sem outra razão aparente, começa a apresentar
comportamento típico de fase anterior da infância.
Baixa autoestima
- resultado de se sentir "suja" ou culpada pelo abuso ou, ainda, quando passa
a aceitar o rótulo de incapaz (comum no abuso psicológico).
Comportamento compulsivo:
- forma de lidar com o estado ansioso subjacente à situação de abuso.

OBSERVAÇÕES A SEREM CONSIDERADAS NUMA SITUAÇÃO DE ABUSO NA

AVALIAÇÃO DA CRIANÇA

Dificuldade para se divertir


- tanto em função da baixa autoestima quanto do receio dos riscos de
socializar.
Inversão no padrão de cuidados na familia:
- por exemplo, a criança se torna exageradamente ansiosa para atender às demandas
e necessidades dos pais e cuidadores, ou quando passa a desempenhar, muitas vezes
com aprovação dos adultos, um papel de responsabilidade muito acima do que seria
indicado para sua idade, porte fisico e maturidade psicológica.
Isolamento social
- enquanto mecanismo de proteção ou para esconder certos comportamentos.
SUSPEITAS
Lesões inconsistentes com a história relatada
História que muda repetidamente com o questionamento
Crianças levadas a numerosos médicos ou departamentos de
emergência diferentes
Crianças que são trazidas repetidamente com lesões traumáticas
A demora em procurar cuidados médicos para uma lesão

FATORES GERALMENTE ENVOLVIDOS NA GÊNESE DE UMA SITUAÇÃO

DE ABUSO INFANTIL
Componentes associados ao agressor
Componentes associados à vítima
Componentes associados ao meio social
Componentes associados à família

FATORES GERALMENTE ENVOLVIDOS NA GÊNESE DE UMA

SITUAÇÃO DE ABUSO INFANTIL


Componentes associados ao agressor
- abuso ou dependência de substâncias (álcool e drogas), histórico de abuso
na infância, baixa autoestima, transtornos de conduta, psiquiátricos ou
psicológicos.
Componentes associados à vítima
- situação de dependência (própria da infância, mas mais grave em vitimas
mais jovens ou na vigência de outros transtornos mentais e neurológicos ou
doenças genéticas), sexo da vítima diferente do desejado por ela, condições
de saúde que exigem maiores cuidados (prematuridade, doenças
neurológicas, etc.), histórico de abusos anteriores, ser uma criança não
desejada ou não planejada.
FATORES GERALMENTE ENVOLVIDOS NA GÊNESE DE UMA

SITUAÇÃO DE ABUSO INFANTIL


Componentes associados ao meio social
- falta de leis deproteção à infância, grandes desigualdades sociais, ambiente
com alto índice de marginalidade, desemprego, analfabetismo, aceitação de
violência como forma normal de punição (em especial agressões corporais),
pobreza, pouco estimulo à criação de ambientes de desenvolvimento seguro e
envolvimento social saudável para crianças e adolescentes.
Componentes associados à família
- pais jovens (adolescentes), gravidez não planejada, pouca compreensão do
papel parental, cuidados pré-natais inadequados, familias uniparentais, familias
vivenciando situações de conflito, violência conjugal, familias substitutas, familias
com padrão fechado de comunicação, familias com grande número de filhos.
NEGLIGÊNCIA
Tipo mais comum de violência
Omissão de cuidados básicos à criança, como o oferecimento de alimentos,
medicamentos, vestuário, apoio emocional, afeto, proteção e cuidados de higiene.
As regras de trânsito conferem proteção à criança, e desobedecê-las (p.ex., não
colocar nelas o cinto de segurança) pode caracterizar uma situação de
negligência;
Negligência educacional: os pais não matriculam a criança na escola ou permitem
suas faltas às aulas mesmo após terem sido informados que é inapropriado.
Uma lesão ou doença ocorrida devido à falta de supervisão adequada pode ser
um sinal de negligência. A não satisfação das necessidades básicas de nutrição,
cuidados de saúde ou segurança pode ser outra forma de negligência.
ABUSO FÍSICO
Uso intencional de força física contra a criança ou adolescente, muitas vezes sob a
justificativa de se obter disciplina.
É mais comum em meninos, e os agressores geralmente são os próprios pais da
criança.
Na maioria das vezes, o abuso físico deixa marcas: as agressões mais frequentes são
tapas, beliscões, chineladas, queimaduras (por água quente ou cigarros), mutilações,
murros, intoxicações (p. ex., por benzodiazepinicos e anti-histamínicos, com o intuito
de sedar criança), sufocação e espancamentos.

SÍNDROME DE MÜNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO


Ocorre quando pais ou responsáveis provocam ou simulam na criança sinais e sintomas
de doenças que ela não tem.
A suspeita deve ocorrer quando o profissional de saúde compara a gravidade do que é
apresentado pelos responsáveis com um intrigante bom estado geral da criança após o
exame físico e propedêutica adequada.
Geralmente, a "doença" é recidivante e persistente. A criança, durante a simulação, é
submetida a sofrimento físico (ingestão de medicamentos, coleta de exames
desnecessários, injúrias diversas para a "montagem" do personagem, etc.) e psicológico
(múltiplas internações, incorporação do rótulo de ser doente, etc.). Neste caso, o
perpetrador mais comum é a mãe.

SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO


Pode não deixar marcas evidentes
Mas em geral, o diagnóstico é feito pela combinação de hemorragias
retinianas e subdurais (surgidas quando o bebê, em geral com idade
inferior a 6 meses, é sacudido violentamente no sentido
anteroposterior)
Pode levar a graves lesões cerebrais, ao atraso do desenvolvimento e
até à morte.

ABUSO PSICOLÓGICO
trata-se de toda forma de discriminação ou desrespeito em relação à
criança
um dos tipos mais comuns de abuso, e um dos mais difíceis de ser
caracterizado devido à falta de materialidade dos acontecimentos.
Pode envolver também o isolamento intencional da criança pelos pais
e cuidadores e a estimulação ao crime, ao consumo de drogas e à
prostituição.

ABUSO SEXUAL
Pode ocorrer na ausência de outras formas de abuso e na maioria das vezes não deixa

marcas físicas evidentes (exceto em situação de flagrante, quando a vítima é levada

aos serviços de urgência e a lesão é avaliada).


Ocorre quando a vítima tem desenvolvimento sexual inferior ao do agressor e é exposta

(por ameaças, mentiras e violência) a estímulos eróticos impróprios para a sua idade, a

fim de satisfazer o agressor ou outras pessoas


Nesse caso, como em outras formas de abuso, é importante lembrar que o agressor

também precisa de cuidados (em geral, também foi abusado na infância).


Pode ou não ocorrer intercurso sexual (com penetração oral, vaginal ou anal).
ABUSO SEXUAL
Meninas são mais abusadas que meninos, e o agressor geralmente é uma pessoa

conhecida da familia ou mesmo membro dela.


O abuso é repetitivo, podendo levar anos até que se torne conhecido.
O diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em crianças deve levantar

sempre a suspeita de abuso sexual, bem como comportamento exageradamente

erotizado por parte da criança, gravidez precoce (especialmente se não se consegue

extrair da vítima a identidade do pai), autoflagelação (na ausência de outras

condições estressantes) e fugas constantes de casa.


ABUSO SEXUAL
Também se considera situação de abuso quando a criança, por condições sociais

inapropriadas (como domicílio de tamanho reduzido), se vê em situação de observar as

relações sexuais dos pais, negligentes quanto a este cuidado com a infância (a criança

acaba exposta a estímulos eróticos visuais impróprios).


Deve-se lembrar, ainda, que segundo o artigo 127 do Código Penal, é considerado

crime de estupro ter conjunção carnal ou praticar qualquer ato libidinoso com menor

de 14 anos, do sexo feminino ou masculino, ainda que haja consentimento da vítima e

experiência sexual prévia.


EXAME FÍSICO
ALGUNS LEMBRETES PODEM SER ÚTEIS DURANTE O EXAME:
genitálias e nádegas raramente são áreas envolvidas em acidentes
domésticos;
presença de lesões em vários estágios de cicatrização (indicando abuso
crônico);
proceder a investigação mais cuidadosa em crianças com condições
precárias de higiene (pensar em negligência);
hemorragias no couro cabeludo podem indicar puxões, assim como
amolecimento de base dos dentes e desvio anormal da abertura bucal
podem atestar agressões com socos;
queimaduras arredondadas podem ser causadas por cigarros
lesões de órgãos genitais, sangramento anal, petéquias no palato e sinais
de sêmen ou de ISTs são alertas de abuso sexual.
CONDUTA
APOIO DA EQUIPE
AUXILIO DO ACS
MANUTENÇÃO DO SIGILO DURANTE A INVESTIGAÇÃO
NOTIFICAÇÃO AO CONSELHO TUTELAR
AÇÕES DE EDUCAÇÃO
ATENÇÃO CONTÍNUA A VÍTMA E FAMILIARES
ENCAMINHAMENTOS E INTERNAÇÃO
VÍNCULO!

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