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Sinais e Fatores de Violência Doméstica em Crianças e Jovens.

Violência Doméstica, é um problema social que persiste ao longo dos tempos e este, atinge
crianças, idosos, homens e mulheres indiscriminadamente. Estes crimes de abuso verbal, físico
e também sexual é um fenómeno que se tem repetido no seio da nossa sociedade, tendo por
base dogmas políticos e religiosos incentivados e perpetuados na estrutura patriarcal em que
vivemos.
De facto, é verdadeiro afirmar-se que as mulheres se demonstram estatisticamente as maiores
vítimas de violência doméstica, segundo o relatório anual da APAV de 2019 que registou um
total de 8.394 casos. No entanto, as crianças e jovens são uma população onde se tem notado
um aumento gradual nos casos de violência doméstica, onde segundo o relatório da APAV de
2019 se registou um total de 1.473 casos (em anexo?). Neste sentido, é importante explorar e
refletir sobre as características do fenómeno de violência doméstica neste grupo em específico,
tendo em conta que são um grupo especialmente vulnerável a violência, e particularmente
dependentes às figuras de prestação de cuidados, sendo estes os pais ou os detentores da sua
guarda, que por sua vez também podem ser em grande parte dos casos os agressores. O impacto
da violência sobre a criança ou o jovem é bastante variável, sendo que este pode não manifestar
sintomas da experiência de vitimização, ou inclusive, estas apenas se manifestarem mais tarde
após o trauma. O impacto também depende de vários fatores como a duração e frequência dos
abusos e o estado de saúde da criança. Os atos de violência contra as crianças e jovens assumem
diversas formas, passando por: violência física; violência psicológica e emocional; violência
sexual; exposição à violência interpessoal ou conjugal entre outras. Invariavelmente, a violência
contra crianças compromete sempre o seu desenvolvimento e bem-estar, sendo que, esta deixa
sempre consequências na criança ou jovem que experiencia este tipo de situação.
Primeiramente, as consequências a nível de saúde atingem domínios psicológicos e físicos,
podendo gerar lesões fatais ou que incapacitem a criança ou jovem, défice cognitivos que pode
afetar o aproveitamento escolar, psicológicas e emocionais como sentimentos de abandono ou
até mesmo depressão, e comportamentos de risco como abuso de substâncias precocemente.
Para além disto, ao serem expostos a este tipo de abusos, potencializa-se o abandono escolar
por parte das vítimas, tal como a adoção de comportamentos desviantes que podem gerar
conflitos com a lei e até reprodução dos mesmos atos violentos aos que foram sujeitos.
Neste sentido, é importante estar atento aos sinais que podem denunciar se uma criança ou
jovem esteja ou não sujeito a violência doméstica, sendo importante realçar que sinais são
apenas indicadores que carecem de uma observação mais detalhada. Os sinais são variados
podendo estes serem de espécie comportamental, física ou relacionais a criança ou jovem. A
nível comportamental a vítima manifesta comportamentos agressivos na família e em outros
contextos como na escola. A mudança do padrão alimentar também é um sinal, como vómitos,
compulsão ou recusa alimentar. Outros sinais comportamentais são as atitudes desviantes e
consumo de substâncias ilegais, como também a apatia e dificuldade na expressão de emoções
sobre qualquer assunto. Por fim, baixa autoestima, absentismo escolar e até pensamentos
suicidas são sinais comportamentais evidentes de violência doméstica. Já no que se refere aos
sinais físicos estes são mais evidentes e específicos como equimoses (nodoas negras)
recorrentes, traumatismos acidentais nas diferentes partes do corpo (ex: rosto, braços), sinais
de automutilação, sonolência e carências graves a nível de higiene ou alimentar. No que se
refere aos sinais relacionais a criança ou jovem estes passam por isolamento ou desinteresse
por interações socias, medo do agressor, manifestar papel de cuidador, ou seja inversão de
papéis, e ansiedade e preocupação constante em relação a cetos membros da família.
Qualquer criança pode ser vítima de violência doméstica, e os fatores e contextos em que
ocorre são destintos e diversificados, a nível geral estas ocorrem devido ao défice de
competências educativas e parentais, vinculação insegura ou falta de laços afetivos entre os pais
ou prestadores de cuidados com a criança, exposição da criança à violência presente na família
como a violência parental entre os pais, e ou, conflitos entre cônjuges incluindo separação ou
divorcio. Estes fatores são os que podem potencializar as manifestações de violência doméstica
para com a criança ou jovem. Para além destes fatores gerais existem os que são associados ao
progenitor ou detentor da guarda da criança ou jovem em questão, sendo estes uma alta
reatividade a situações de stress, pouca capacidade de gestão emocional, baixa autoestima,
carência de capacidades educativas e parentais, expectativas irrealistas em relação a criança ou
jovem, falta de empatia e de laço afetivo e ter experienciado contextos de violência doméstica
na sua infância ou juventude. Paralelamente, temos os fatores relacionados a criança sendo os
mais realçados crianças ou jovens com condições frágeis de saúde como deficiência sensorial,
intelectual, física ou até mesmo deficiência mental, e crianças ou jovens com temperamento
mais complicado com maior dificuldade em acalmar. Neste seguimento, é também importante
realçar os fatores de agravamento da violência doméstica. Estes, são eventos ou circunstâncias
na vida da criança ou dos progenitores ou detentores da guarda que alteram e dificultam a
dinâmica familiar e que potencializam os maus tratos, sendo estes variados como: luto familiar;
desemprego; migração; detenção ou prisão; doença grave de familiares; alteração brusca da
situação laboral; pandemias entre outros. Por fim, temos os fatores de proteção; que são
variáveis físicas, psicológicas e sociais que podem remover ou minorar os atos de violência
doméstica. Estes são diversificados e podem ser relacionados com a criança ou jovem ou com
os familiares e contexto familiar em geral. Em relação a criança ou jovem, os fatores de proteção
são: bom sucesso escolar, vinculação segura com os progenitores ou detentores da guarda, boas
competências sociais e emocionais. Já os fatores de proteção em relação ao contexto familiar
são: família funcional, boa integração comunitária, capacidade de recorrer aos serviços de
apoios comunitários como serviços sociais e de saúde.
Conclusão:

Em suma, podemos concluir que a violência doméstica é um problema social que cada vez mais
se tem manifestando no seio da nossa sociedade, e que atinge diferentes grupos não sendo
apenas direcionado para as mulheres, pois como podemos observar ao longo deste trabalho tem
aumentado progressivamente em crianças e jovens. Com este trabalho, podemos refletir sobre
os diferentes fatores que potencializam o fenómeno da violência doméstica e as suas diferentes
manifestações, tal como o seu crescimento acentuado agora em Portugal devido a pandemia do
COVID-19 vivida nos tempos de hoje. Podemos assim também, inferir que os casos de
violência doméstica com crianças e jovens enquadra-se num crime que a nível do panorama
nacional tem tido uma inegável expressão que tem de ser combatida de forma integrada. Sendo
assim, é fundamental conhecer as expressões desta problemática de modo a se promover o bem-
estar e qualidade de vida das nossas crianças e jovens de modo a minorar os casos e incidências
de violências doméstica.

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